Capítulo 6 Revelações parte 1
Vanessa
Era manhã quando Vanessa acorda com alguns flashes de sol batendo em seu rosto. Sente uma pequena pontada no pescoço por ter dormido de mau jeito, ela olha para o lado e ver Julia dormindo ao seu lado no sofá serenamente, dá um pequeno sorriso, mas acaba se desfazendo quando Julia se espreguiça a fazendo cair no chão, não tinha percebido que estava na beirada.
- Porr*! – Xingou alto quando bateu a bunda no chão e bateu o braço na mesinha de centro tentando se apoiar. Ela ouviu Gabriela gargalhar da cozinha. – Está rindo do que? – Falou com a mão no braço fulminando a amiga de raiva.
- Bom dia pra você também! – Falou levantando a xícara rindo da cara de Vanessa.
- Hã? O que houve? – Julia acorda espantada com o barulho, olhando para todos os lados. Quando seus olhos pousam em Vanessa no chão, a olhando com raiva. – O que faz no chão?
- Nada Julia! – Disse com raiva se levantando. Gabriela a todo custo estava tentando não rir da cara da amiga. Vanessa saiu pisando duro em direção ao banheiro.
- O que deu nela? – Perguntou Julia sem entender.
- Acordou de mal humor. – Falou Gaby tomando um gole de seu café.
Após Vanessa sair do banheiro, Julia foi atrás dela querendo saber o porquê daquele nervoso todo. Gabriela explicou que ela havia a derrubado no chão, depois de muito rir da cara de Vanessa e ela quase xingar as duas, Julia foi pedir desculpas. A manhã foi regada de brincadeiras e conversas paralelas.
- Bom meninas eu tenho que ir! – Anunciou Vanessa, voltando para a cozinha com o celular na mão. Jorge tinha ligado para avisar que estava saindo do aeroporto, havia chegado um pouco mais cedo do que o esperado combinaram de sair para almoçar juntos aquela tarde.
- Mais já? Achei que íamos pegar uma praia hoje! – Falou Julia
- Opaa tô dentro! – Falou Gabriela animada.
- Só falar em praia que você se anima né...! – Falou Julia irônica.
- Lógico meu amor, tenho que exibir meu corpinho. – Falou dando um beijo no ombro. Julia revirou os olhos diante da cena. – Deixa eu me vestir.
- Para de ser feia garota... Vai lá periguete e vê se vista uma roupa descente. – Zombou Julia, Gabriela a olhou por cima do ombro mostrando seu dedo do meio. Vanessa apenas observava a cena rindo das duas. – E você não vai? – Perguntou Julia a encarando.
- Não Ju, eu vou almoçar com Jorge hoje. Nós vemos a noite? – Falou se aproximando ficando entre as pernas da outra e apoiando seus braços no pescoço dela. Julia enlaçou a cintura de Vanessa a abraçando.
- Eita que não posso sair um minuto de perto que já estão se agarrando! – Falou Gabriela entrando na cozinha, fazendo Julia a olhar com raiva. – Eu não duvido nada que um dia vocês ainda vão se pegar! - Saiu gargalhando desviando do chinelo que Julia tacou em sua direção.
- Vai a merd* Gabriela! – Gritou Julia irritada. Vanessa apenas balançava a cabeça rindo delas.
- Eu vou indo então... Nós vemos a noite meu anjo. – Falou dando um beijo estalado no rosto de Julia. – Até mais tarde Gaby! – Gritou
- Até Van! – Gritou de dentro do banheiro.
- Eu te acompanho até a porta. – Se prontificou Julia pulando do banco, pegando seu chinelo. Caminharam até a porta, Vanessa lançou um pequeno sorriso e saiu entrando no elevador, deixando Julia parada observando- a. Quando o elevador se fechou ela encostou a porta a trancando.
- Cuidado pra baba não cair. – Julia não tinha percebido sua amiga até ela se pronunciar, ela olhou para Gaby séria. Pegou o chinelo de seu pé e saiu correndo atrás da ruiva, que só ria a todo o momento.
- Você me paga Gabriela! – Gritou jogando um par de chinelos que acabou acertando a porta do quarto.
No fim da tarde Vanessa entrava na garagem de seu prédio, ela havia passado a tarde toda com seu noivo, jantaram, depois foram passear pelas ruas de São Paulo. Vanessa começou a lembrar da primeira vez que viu Jorge Henry Muller. Loiro alto, com os olhos castanhos claros, andava sempre bem vestido, o que mais chamou a atenção dela foi o sorriso e fora que era um perfeito cavalheiro. Após dar um longo passeio à tarde com Jorge, resolveram voltar para casa se arrumar para ir à festa da prima de Julia, que estava comemorando seu noivado. Ela correu para o banheiro, tomar seu banho e se arrumar. Vanessa colocou seu vestido preto que havia comprado, resolveu colocar seus saltos finos. Assim que terminou de se vestir, deu uma pequena olhada em seu visual, dando um sorriso aprovador, colocou um batom vermelho e deixou seus cabelos caírem sobre os ombros, deu uma ultima olhada e saiu.
Saiu caminhando pelo estacionamento a procura do seu carro, quando recebe uma mensagem de Jorge dizendo que estava esperando do lado de fora. Quando chegou do lado de fora encontrou seu noivo encostado no carro de braços cruzados, ela paralisou dando uma boa avaliada em seu visual. Ele estava com aparência mais casual, uma camiseta azul marinho, um tanto apertada mostrando seu corpo bem definido e por cima uma jaqueta preta. Quando olhou para Vanessa, sua boca se abriu, ele a achou deslumbrante naquele vestido, ela simplesmente corou diante de seu olhar.
- E então? -Perguntou se aproximando do noivo.
- Simplesmente linda! – Falou com os olhos brilhando. Ele deu uma boa olhada no decote da noiva a fazendo dar um meio sorriso.
- Olha nos meus olhos amor. – Falou divertida, levantando seu queixo para olhá-la nos olhos.
-Impossível, se estão chamativos. – A puxou pela cintura depositando um beijo em seu pescoço a fazendo arrepiar. – Não vejo a hora de tirá-lo! – Sussurrou.
- Para de ser tarado! – Vanessa disse fingindo indignação o afastando. Henry deu uma pequena risada, pegou na mão da noiva depositando um beijo.
Minutos depois eles estavam estacionando o carro do outro lado da rua, havia muitos carros por ali, viram algumas pessoas conversando do lado de fora com um copo de cerveja. Henry abriu a porta para que Vanessa pudesse descer e entrelaçou seus dedos nos dela que apenas sorriu, caminharam direto para a casa, algumas pessoas que estavam por ali lançaram olhares para Henry e outros já olhavam para Vanessa, que não passou despercebido pelo noivo da jovem. Ele acabou apertando a mão dela, a fazendo olhá-lo com cara de interrogação.
- Vanessa Stevens! – Gritou uma voz na porta. Quando olhou, era Josy, a prima de Julia. Fazia pouco tempo que se conhecia, mas já eram bem amigas.
- Josy! – Disse indo abraçar a moça.
- Olha para você, está linda! – Falou a olhando dos pés a cabeça. Josy deu uma piscadinha e olhou por cima dos ombros da morena para o loiro parado logo atrás. - Quem é o galã de filme ali? – Perguntou curiosa. Vanessa virou-se olhando para o noivo que sorriu e veio caminhando até as duas.
- Josy, esse é o Jorge Henry... - Fez uma pausa quando os dois se cumprimentaram. –Meu noivo. – Terminou recebendo um olhar indignando da outra.
- Estão esse é o famoso, prazer Josy Willians - Falou animada.
- Prazer! – Falou o homem pegando a mão em um comprimento.
- Vamos pessoal entrar, daqui a pouco teremos surpresa! – Disse batendo palminha animada.
Henry pegou a mão de Vanessa entrelaçando seus dedos, ela virou o rosto dando um sorriso doce para seu noivo e caminharam direto para dentro da casa. Vanessa olhou cada detalhe, era bem grande, uma cor neutra, moveis bem posicionados, tudo bem decorado. Ela ficou admirada com o ambiente, seus olhos vagaram por todo o local, havia muitas pessoas conversando, rindo. Mas seus olhos se prenderam em um ponto da sala, ou melhor, em uma pessoa. Ficou hipnotizada pela mulher a sua frente, ela estava linda aos seus olhos, usava um short curto que mostrava bem suas pernas definidas, uma blusa regata branca e seus velhos all star de sempre, carregava sua câmera no pescoço, estava conversando animada com uma mulher, o que a deixou com uma pontinha de ciúmes. Pelos anos que conhecia Julia, Vanessa nunca havia reparado tanto em como Julia tinha um belo corpo, seu coração deu um pequeno salto quando viu aquele sorriso, mas seus pensamentos foram dissipados quando Henry lhe deu um pequeno selinho nos lábios, uma pequena irritação tomou conta de seu ser, mas disfarçou com um pequeno sorriso forçado.
- Vou buscar uma bebida amor, já venho! – Disse indo à procura da cozinha, deixando Vanessa sozinha, que saiu olhando por toda parte para ver se encontrava Julia, mas ela havia sumido. Quando ia procurar um lugar para se sentar, acabou se esbarrando com uma pessoa.
- Puta merd*! – Xingou se segurando no braço da pessoa que havia esbarrado.
- Desculpa você está... – Quando olhou pra a moça a sua frente o ar lhe faltou nos pulmões, seu coração deu um salto. Elas ficaram se encarando por alguns instantes.
As duas se afastaram, mas sem tirar as mãos uma do braço da outra. Julia segurou-a pela mão a levando para os fundos da casa.
- Para onde que nós vamos Julia? – Perguntou intrigada.
Julia permaneceu calada. Quando chegaram do lado de fora da casa, a boca de Vanessa se abriu formando um pequeno “O”. Correu seus olhos pelo gramado era um lindo jardim, onde tinha várias rosas brancas e vermelhas bem cuidadas, flores de várias cores e tamanhos, alguma árvore. Estava maravilhada com todo que via a sua frente, quando se vira para Julia, havia uma rosa branca em sua mão que lhe entregará. As duas caminharam até um banco onde havia um pequeno chafariz jorrando água, sentaram-se sem dizer nada uma para outra.
- Está uma linda noite, não acha? –Disse Julia quebrando o silencio. Vanessa a olhou de canto de olho, já havia percebido que Julia estava um pouco estranha, conhecia a amiga muito bem para saber que algo a perturbava.
- Ju... O que te perturba! – Disse olhando o céu estrelado. Julia vira sua cabeça franzindo o cenho, estava intrigada de como Vanessa sabia que algo a perturbava. Vanessa da um pequeno suspiro virando seu corpo em direção a outra, olha diretamente em seus olhos buscando alguma resposta que acabou não vindo. – Não me olhe com essa cara, te conheço muito bem e sei quando algo te perturba.
Julia segura seu olhar por frações de segundos, abaixa sua cabeça, mas Vanessa a levanta, fazendo sinal de que ela poderia se abrir e dizer o que realmente estava acontecendo. Segurou a mão da amiga, sentindo um pequeno arrepio que subiu por sua espinha, mas ignorou naquele momento e continuou apertando firme a mão de Julia, lhe passando confiança. Aliás elas eram amigas por muito tempo, não entendia por que Julia estava tão receosa naquele momento.
- Realmente nada me perturba Vanessa! – Disse melancólica. Virou seu corpo para frente soltando as mãos de Vanessa e começou a olhar para o céu.
- Julia, não me venha com essa, eu te conheço tempo o suficiente para você me dizer que não tem nada te incomodando. – Falou irritada, odiava profundamente quando Julia lhe escondia as coisas. – Você esses dias está assim, não me fala as coisas, eu tenho que ficar adivinhando o que você esta sentindo, o que você esta pensando... Poxa Ju, achei que éramos amigas, que contávamos tudo uma para outra!
- É POR QUE SOU SÓ ISSO PARA VOCÊ! – Gritou olhando nos olhos de Vanessa. Olhando a burrada que acabara de falar, foi se recolhendo virando seu rosto novamente para frente. – Vanessa, por favor, pare não se intrometa mais nas minhas coisas.
Vanessa ficou horas sem entender a explosão de Julia, ela só queria ajudar, pois se preocupava com a amiga, mas o que lhe intrigou foi o que Julia quis dizer com “ Só sou isso para você”, Isso o que? O que realmente ela quis dizer com isso.
- Sabe de uma coisa você tem razão, não me meterei mais na sua vida Julia, não vou ficar o tempo todo tentando te ajudar, indo atrás de você para saber se está bem, para você me tratar assim! – Disse raivosa se levantando. – Deixa eu ir que meu noivo está me esperando.
Vanessa saiu caminhando apressada pelo gramado, mas foi interrompida por um puxão em seu braço, ficando a poucos centímetros do rosto da outra. Seus corpos colados um no outro, suas respirações descompensadas. Sem conseguir desviar os olhos, Vanessa passou a encarar por fração de segundos a boca de Julia, ela nunca cogitara dessa possibilidade de querer beijá-la, mas naquele momento um desejo impróprio estava tomando conta de si.
- Me desculpa, não sei o que deu em mim. –Disse Julia com a voz um tanto rouca. Vanessa sentiu seu corpo vibrar com aquela voz, fechou seus olhos momentaneamente para não perder a razão, seu coração estava batendo descompensado, naquele momento. “O que é isso meu Deus!”. – Meu amor está tudo bem? – Perguntou Julia suavemente sem se soltar passando seu polegar nas bochechas de Vanessa.
No momento em que Vanessa abriu seus olhos, viu um misto de expressões em seu olhar, um misto de intensidade e ao mesmo tempo preocupação, queria muito entender tudo aquilo que sentia por Julia. As duas foram se aproximando lentamente uma do rosto da outra seus lábios quase se tocando.
- Genteee, vamos... –As duas deram um salto quando ouviram a voz de uma pessoa vindo da porta. – Atrapalho alguma coisa?
Julia e Vanessa olham para a porta e vêem Gabriela parada olhando de uma para outra. Julia lança- lhe um olhar serio para sua amiga.
- Amor, te achei! – Falou outra voz logo atrás de Gabriela.
Henry olha de uma para outra, intrigado por que todas estavam paradas ali.
- Algum problema? – olhando para cada uma.
Querendo sair dali, Vanessa vai em direção do noivo o puxando para dentro da casa, deixando Julia e Gabriela sozinhas.
Quando os dois entram Vanessa convence de que não havia acontecido nada, era só estava conversando com Julia e Gabriela foi chamá-las. Henry convencido da historia da noiva a puxa para um beijo. Quando eles se separam, Vanessa vê de relance Julia saindo e Gabriela indo atrás dela, mas acaba voltando para dentro com uma feição preocupada. Henry segue os olhos da noiva para saber para onde ela estava olhando.
- Vai lá conversar com ela amor. Vou pegar uma água para beber. – Disse dando-lhe um selinho.
Vanessa sai caminhando até onde Gabriela estava, mas Josy acaba chegando junto também.
- Gaby onde minha prima foi? –Perguntou preocupada.
- Ela foi para casa, disse que não estava se sentindo muito bem e saiu, pediu pra mim te pedir desculpas. – Falou dando um pequeno.
- Depois ligo para ela. E você Van, como estão os preparativos? –Perguntou curiosa.
- Estão indo bem, Henry marcou de me levar para conhecer seus pais. Fora o nervoso está indo tudo bem. - Falou sorrindo.
A conversa fluiu por um tempo ate Henry se juntar a elas. Vanessa pediu para que ele a levasse para seu apartamento, pois ia ter uma entrevista logo cedo, depois de muito protesto para Vanessa dormir onde ele estava hospedado, Henry acabou a levando para seu apartamento.
Ao entrar em seu apartamento, Vanessa sentiu seus pensamentos sendo perturbados pela cena que teve com Julia, o quase beijoque iria acontecer. Passando seus dedos por seus lábios, pensando na sensação de senti-la tão perto, vendo onde seus pensamentos iriam dar balançou sua cabeça de um lado para o outro para espantá-los. Ela tinha que esquecer a todo custo àqueles sentimentos, alias Julia era sua melhor amiga e outra ela iria se casar com Henry.
Depois de ter tomado um bom banho deitou-se olhando para o teto, por mais que queria esquecer, seus pensamentos sempre iriam até Julia, ficou curiosa para saber o que Julia queria lhe dizer e por que estava agindo tão estranho aquela noite. Ficou muito preocupada com a forma que havia saído da festa, percebeu que Julia estava um pouco fora do normal. Com tanta preocupação em sua mente, resolveu ligar para Julia, querendo saber se estava bem.
Pegou seu telefone e começou a discar o numero de Julia, começou a chamar, Vanessa achou muito estranho, por que sempre que ligava ela atendia de primeira. Depois da quinta tentativa ouviu uma voz do outro lado da linha.
“Alô Julia?”
“Oi, a Julia está dormindo, quer deixar recado?”
“Desculpa quem fala?”
“Victoria, sou uma amiga dela.”
“Sei... Amanha eu ligo para ela obrigada.”
Sem dar tempo de a mulher responder, Vanessa estava com tanta raiva que desligou na cara da outra.
- Não acredito que ela esta com as putas novamente! –Disse serrando os dentes.
“Depois de quase me beijar, ainda sim ela foi atrás de um rabo de saia”. Vanessa percebeu que Julia não gostava de ninguém, parecia tudo um jogo para ela, sentiu algumas lagrimas rolarem pelo seu rosto. Deitou em seu travesseiro e desabou a chorar.
- Por que eu fui gostar logo de você Julia? E logo agora? – sussurrou entre soluços.
Depois de tanto chorar acabou adormecendo.
Fim do capítulo
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