-- Você é louca Juliana!

 

-- Não quero falar com você Júlio, quero falar com a Lívia!

 

-- Vai embora garota, agora deu para se drogar é? Você não é bem-vinda a minha casa!

 

Pulei da cama, não dava para ficar trancada no quarto ouvindo aquela gritaria dos dois.

 

Minha cabeça deu uma rodada e fiquei um pouco ainda sentada, apenas por ter me levantando rápido da cama, pois havia bebido pouco na minha festinha. O quarto de hospedes dos meninos era perto da sala, assim dava para ouvir a conversar e a gritaria.

 

Corri de encontro a sala, desacreditada com a situação, descalça, descabelada,  mas ainda bem que estava vestida.

 

-- O que faz aqui juliana? -- perguntei a olhando, parecia que estava drogada mesmo.

 

-- Vim te impedir de casar! -- tentou-se aproximar.

 

-- Muito cedo para ouvir piadas! Pode ir!

 

-- Não vou a lugar algum! -- impedi sua aproximação e automaticamente me afastei.

 

-- Fique aí parada!

 

Ela não ficou, dei um empurrão que ela caiu sobre o sofá.

 

-- Você é minha! -- ela falava sem parar.

 

Minha paciência já tinha ido embora quando vejo Júlio entrar com um segurança na sala.

 

-- Arranca essa mulher daqui, pode jogar no meio da rua -- falei já com raiva da situação.

 

O segurança pegou ela pelos braços e arrastou para fora, mas sem antes levar  alguns pontáveis e tapas.

 

-- Nunca pensei que essa mulher fosse tão louca -- Júlio disse arrumando o cabelo que estava bagunçado pela Juliana.

 

-- Nem eu! -- respondi -- Acho que ela deve está sofrendo ou está com algum problema, porque ninguém muda tanto assim.

 

-- Depois desse episódio, vamos deixar Juliana para lá e vamos nos organizar para seu grande dia -- Marcelo bateu palmas.

 

-- Vai me contar agora como será?

 

-- Não, será supressa para você também, apenas siga o que eu falar -- Júlio concluiu.

 

Fui tomar um banho rápido e depois tomei café com os meninos. O dia começaria com uma limpeza de pele, isso eles adiantaram, saímos para uma clínica de estética que os meninos frequentavam, ambos falaram mil elogios.

 

Lá passei quase duas horas entre massagens e cremes, confesso que foi bem relaxante, os meninos confiscaram meu celular em nenhum momento pude conversar com Bruna, nem ninguém. Almoçamos em um restaurante que gostávamos e era perto da clínica, depois os meninos me levaram para a casa deles.

 

Quando cheguei fiquei surpresa com a equipe de maquiadores e cabelereiras que me aguardavam.

 

-- Júlio não é cedo demais para começar a me arrumar?

 

-- Seria se o casamento não fosse ao por do sol.

 

-- Não seria pela amanha e já havíamos mudado para a noite?

 

-- Mais eu mudei de novo querida -- deu uma gargalhada --  Agora será na praia, não consegui a casa antiga dos seus pais, mas consegui autorização para o casamento na praia e armei tudo claro, a festa será em um clube próximo, você conhece.

 

-- Sério? -- fiquei surpresa com essa mudança.

 

-- Sim, então não vamos perder tempo! -- bateu palmas -- Marcelo pode ir levar a Bruna para o clube, ela não vai entender nada, mas siga nosso plano, conte apenas o necessário sobre o casamento.

 

-- Certo, baby! -- eles se beijaram e Marcelo saiu.

 

-- Planejou tudo né amigo?!

 

-- Claro querida, tudo certinho, agora pessoal temos uma noiva para produzirmos.

 

 

A maquiagem era simples e delicada, mas muito perfeita, os olhos marcados por lápis preto e um batom clarinho. O vestido era lindo, muito diferente do que tinha provado antes, era branco com muitas camadas de tecido esvoaçante na saia bem levinho, um belo decote e as costas quase toda nua, havia uns bordados espalhados pelo mesmo.

 

-- Lindo! Muito minha cara! -- falei para Júlio.

 

-- Eu sei amiga, eu sou o máximo mesmo né?

 

-- Só confirmo se contar como é o de Bruna!

 

-- Claro que não contarei, mas você ficará surpresa, pode ter certeza.

 

Depois de experimentar o vestido que ficou perfeito no meu corpo, começaram o penteado, me deram duas opções e eu gostei mais um que ficava com o cabelo preso atrás com um arranjo pequeno de flores e alguns fios soltos, era bem moderno, só não sabia se conseguiria ficar com ele intacto por tantas horas.

 

-- Está linda! -- Júlio estava emocionado.

 

Despedimos da equipe, agradeci muito pela ajuda.

 

Júlio e eu descemos ao estacionamento para pegar estrada, fui dirigindo e ele tomando conta do vestido no banco de trás.

 

Todo o caminho fiquei muito ansiosa, era meu casamento, era tudo novo e intenso. Bruna, herança, responsabilidades e problemas.

 

Mas só pensei nisso durante o caminho, pois quando chegamos e vi o ambiente esqueci tudo.

 

O lugar estava lindo, ainda fazia muito calor, pois ainda era cedo. Havia algumas cadeiras, tentas, a decoração estava com flores brancas por toda a parte, o altar tinha velas, estas estavam protegidas pelo vento, ao longe vi meus avós, fui até eles o  cumprimentar.

 

-- Estão lindos! -- falei.

 

Vovó estava com um vestido levinho e vovó de terno.

 

-- Vamos, amiga -- era Júlio -- Vamos colocar seu vestido na tenda de apoio, pois aqui as noivas não podem se atrasar já que temos horários a cumprir.

 

No caminho cumprimentava alguns amigos, já haviam chegado pessoas da empresa, da faculdade e até jornalistas vieram cobrir para seus blogs o casamento.

 

Em meia hora estava pronta com o vestido, maquiagem retocada e me preparei indo para a entrada do tapete vermelho. Sim, eles colocaram tapete vermelho, agora tinha entendido porque me deram uma sandália baixinha e não ficaria descalça.

 

Vi Bruna chegar no carro de Marcelo, quando desceu há poucos metros de mim era indiscutível sua beleza, meus olhos ficaram atentos aos seus movimentos, seu vestido era fininho da cintura para cima com uns detalhes de renda, estava sem sutiã, mas os detalhes de rosas cobria-os, de mangas longas, abaixo da cintura era justo e o tecido muito leve parecia uma seda, uma grande abertura do lado direito. Ela olhava todo o ambiente, seus cabelos soltos e um maquiagem leve, mas muito linda, e quando me viu sorriu, aquele sorriso que adoro.

 

Marcelo trouxe-a até mim.

 

-- Andou aprontando né? -- ela me falou ainda sorrindo.

 

-- Dessa vez sou inocente tá? -- pisquei.

 

-- Meninas vamos começar o cerimonial -- Marcelo falou -- temos programação e horários que não podem ser ultrapassados.

 

-- Tudo bem, eu quero casar logo mesmo,  sem falar que minha noiva está muito sexy! -- falei segurado a mão de Bruna.

 

Caminhei com Bruna de mãos dadas sendo observado por vários olhinhos atentos, Dona Suzi, uma senhora que faria uma oração iniciou, e logo após Elizabete que era tabeliã do cartório ficou responsável pela parte do civil.

 

O casamento acontecia sem problemas, tudo natural, mas quando chegou a bendita hora do sim tivemos uma surpresa.

 

-- Não permitirei que se case com essa aí Lívia! -- ouvi a voz da minha mãe, não era nem preciso virar para saber quem era, respirei fundo e segurei a mão de Bruna mais forte.

 

Quando me virei ela já se aproximava de nós.

 

-- Mãe, melhor dar a volta e ir embora!

 

-- Você não vai se casar com ela, não vou deixar!

 

-- Der um motivo para eu não casar?

 

-- Ela é uma prostituta e oportunista que só quer o seu dinheiro!

 

-- Vai embora, esse não foi o convite que te mandei, Bruna não é a senhora.

 

-- Ela não é pessoa para você!

 

-- Vai embora mãe, não confunda ela com você, sabe o que eu quero dizer! Então vai embora antes que eu chame os seguranças.

 

-- Você não percebe a gravidade? Essa mulher vai fazer sua vida um inferno!

 

-- Pare mãe!

 

-- Não vou deixar você casar com essa vagabunda, estragar sua vida...

 

-- Chame os seguranças Júlio -- pedi -- Mãe, por favor, não estrague mais este momento.

 

-- Como você não ver que ela é uma puta, só quer seu dinheiro -- ela gritava.

 

-- Mãe, ela não é você! E você sabe disso!

 

-- Como ousa me comparar a ela?

 

-- Não estou comparando, não seria louca de fazer isso com a Bruna, a senhora sabe tanto quanto eu quem é a oportunista aqui!  Agora acompanhe os seguranças!

 

-- Você vai se arrepender Lívia! -- ela saiu com os seguranças.

 

-- Desculpa! -- falei olhando para Bruna, era constrangedor aquele momento, me virei para os convidados -- Desculpem este momento há pouco, mas dizem que casamento sem barraco não é casamento, e DR de mãe e filha se encaixa em um barraco também, mas o momento ruim já passou, vamos voltar ao momento lindo!

 

Ouvi alguns gritos de apoio e até aplausos, beijei o rosto de Bruna e Elizabete voltou com cerimônia.

 

Fizemos nossas juras, assinamos, depois nossos padrinhos e enfim o beijo.

 

O pôr do sol nos ajudou com uma bela paisagem ao fundo, o vento trazia promessas de dias menos intensos e com mais amor.

 

Beijei a aliança de Bruna e ela fez o mesmo com a minha.

 

-- Eu te amo! -- ela adiantou-se em dizer.

 

-- Eu também te amo! Vamos para a festa?

 

-- Tem festa?

 

-- Ouvi falar que sim!

 

-- Você fez tudo isso né? Depois vem dizer que foi os meninos -- abraçamo-nos um minuto.

 

 

-- Depois te conto tudo -- demos mais um beijo, mas logo fomos separadas porque os meninos queriam que fossemos logo para o clube onde seria a festa.

 

Fim do capítulo