Capítulo 15
Quando estávamos nos aproximando das duas que estavam dançando, Charlie puxou o celular e olhou surpresa para o visor parou seus movimentos, logo em seguida mostrou o visor para Claire que imediatamente parou seus movimentos e falo algo para ela que devido a musica não consegui ouvir, gesticulou de forma preocupada e assim que notou nossa aproximação calou-se, luz da tela do celular apagou.
- O que vamos fazer? – foi o que ouvi Charlie dizer
- Algum problema? –Blair olhou para elas como se entendesse o que aquela troca de olhar significava.
- Não que eu saiba – Claire responde, enquanto os lábios de Charlie se moveram para dizer algo que não saiu.
- Porque será que não estou convencida? – Blair cruzou os braços sobre o peito com um olhar serio para Claire – Claire, não acha que já me deve muitos esclarecimentos? Poxa, você nunca teve segredos comigo, agora olha pra você, não me avisa que está no Brasil, se comporta de forma estranha perto dela – apontou para mim – sem ofensa Vic e está de segredinhos agora com minha prima, o que está acontecendo com você... Melhor quem é você?
Claire revirou os olhos, respirou fundo passou as mãos pelos seus logos cabelos ruivas em gesto nervoso.
- Samuel viu uma foto nossa na mesa bebendo no Facebook – Ela disse essas palavras olhando para mim, logo se voltou para Blair que permanecia na mesma posição - Agora ele está vindo para cá, esclarecendo seu drama: Samuel é irmão mais velho do noivo da Victoria, ela sabe que ele é gay, ele acha que estou interessada nela, sabe como ele é quando enfia algo na cabeça, ainda mais que durante uma visita minha a Campus foi ela quem me acompanhou e tipo que acontece uma espécie de clima, porem nada significativo... Tudo foi esclarecido na casa de Charlie, mas ele é um teimoso que tira conclusões precipitadas e foi isso que você perdeu ,tem dei um resumo no coquetel mais cedo.
- Como assim vindo para cá? – Foi minha vez de falar.
- Foi o que ele disse na mensagem.
- Espera, que rolo – Blair sacudiu a cabeça – Sam é seu cunhado? – Perguntou para mim, apenas balancei minha cabeça de forma positiva – e onde está seu noivo?
- Ele teve que fazer uma viagem de ultima hora, por isso não estava no coquetel comigo hoje.
- Gente, vamos deixar para conversa sobre isso outra hora – Charlie guardou o celular de volta no bolso – O que importa é que a fera esta vindo ai, precisamos ficar tranquilas afinal não há nada de errado aqui certo?
- Você tem toda a Razão Charlie, vamos continuar nos divertindo, não há nada de errado aqui – Sorri para conforta Claire que ainda parecia inquieta olhando seria para Blair – Se ele falar algo deixe que eu me entenda com ele, vim aqui de livre e espontânea vontade.
- Victoria tem razão – Blair sentenciou – Vamos Bailar.
******
Dançamos por algum tempo, senti minha garganta secar e decidi pegar algo para beber, Charlie veio comigo, pegamos dois copos e nos dirigimos para fora perto da piscina, sentamos no banco. Estava um pouco incomodada com toda situação que Samuel estava causando por praticamente nada, pensei que depois na nossa conversa em minha casa havia colocado um ponto final nessa historia que ele inventou na própria cabeça. Soltei um suspiro e senti a mão quente de Charlie se apoia como um gesto gentil sobre meu ombro.
- Tudo bem?
- Na verdade não – Parei meu olhar sobre vapor que subia da agua aquecida da piscina.
- Quer me contar o que está te perturbando, prometo não vou contar a ninguém – ela levantou a mão cruzando os dedos –Juramento de escoteira que nunca fui.
- Como pode jurar se não é – sorri para ela.
- Pode até não ser um juramento valido, mas conta o fato que poderia mentir dizendo que fui e contar seus segredos, mas já estou sendo sincera, isso não conta como gesto de boa fé? – Ela esboçou um sorriso maroto de canto.
- Até que faz Sentido – Soltei um suspiro – Samuel é o que me perturba, não consigo entender porque ele tem essa determinação em me manter longe da Claire, Não vejo nenhum motivo logico... Sei que prometi que ficaria longe, mas a determinação dele nisso me faz ser teimosa também, Sei que ela é bonita, mas ele não confia que estou noiva do irmão dele e isso é compromisso serio?
- Victoria eu entendo seu lado, mas também compreendo o dele- Ela fez uma breve pausa como se lembrasse de algo- Você não conhecia Claire antes dela ir para França... Veja bem sou amiga dela não me compreenda mal, mas o passado dela é bem complicado... Samuel quer apenas te proteger
- Por que você não me conta de uma vez?
- Claire tem um apelido entre nós que é devoradora de corações, porque no colégio e durante a faculdade sua principal obsessão era a de iludir inúmeras garotas, ela jogava com as pessoas e quando se sentia entediada as descartava sem a menor consideração e mesmo com essa reputação as meninas se jogavam aos montes para cima dela, ela gostava desse tipo de jogo.
- Mesmo assim vocês como amigos dela não acham que ela possa ter mudado ou sei lá?
- De certa forma Samuel acredita nela, mas não a ponto de confiar cegamente –Ela soltou um suspiro – A questão aqui é maior, não é um jogo com pessoas desconhecidas, se trata do irmão e da família dele, nessas questões Sam é extremamente exagerado.
- Embora eu compreenda o ponto onde Sam está e todas as questões de família, proteção e etc. Ainda sim por que ele não confia em mim? – Esse era o ponto que mais me incomodava daquela situação.
- Vic, ele sabe como Claire pode ser persuasiva quando quer algo; difícil admitir, mas ela é uma ótima manipuladora; em algumas vezes até brinquei com ela dizendo que ela era como sereias da mitologia que afogam as pessoas sem ela perceberem – Ela deu um leve sorriso sacana.
- Ela não vai me afogar – Falei convicta.
- Tem certeza?- Ela bebeu um gole generoso de seu copo.
- Tenho – Embora soubesse que aquilo não era 100% verdade, algo dentro de mim se comportava como imã em relação a ela, queria conversa com alguém sobre isso, mas quem poderia me ouvir sem me julgar e apenas me dizer que talvez fosse passageiro ou normal esse efeito Claire, poderia me abrir com Charlie ela parecia alguém que não faria julgamento, embora estivesse defendendo as atitudes de Samuel – Charlie?
- Só um momento – Ela pegou o aparelho do bolso – Sam?
Ouve um silencio no qual ela parecia atenta ao que era dito.
- Estou com Victoria perto da piscina, Claire e Blair estão dançando acho – Outro breve silencio da parte dela o que estava me deixando um pouco nervosa, até que ela espichou o pescoço procurando por algo – Não estou te vendo... Estamos perto da piscina, Sam venha logo, vou desligar.
Ela desligou o aparelho e o guardou novamente e dentro do bolso e olhou para mim, virou o restante do liquido de seu copo.
- Ele chegou, quer entrar e procura-lo ou esperar por aqui?
- Vamos esperar por ele aqui mesmo, sinceramente não estou muito afim de encontra-lo.
- E por que não está afim de me encontrar Vic?
A voz serena de Samuel se fez presente, e por Deus porque ele tinha que chegar justo agora? Olhei para ele de pé em nossa frente com as mãos no bolso da jaqueta de couro marrom, não havia percebido até então que o tempo tinha esfriado.
- Você veio para dar sermão?
- Não – Ele olhou em volta – mas acho que você me deve uma explicação.
- Por que acha isso? – Levantei uma das sobrancelhas em um tom de desafio.
- Pelo simples fato que Ed me disse que estaria no coquetel da universidade, mas está aqui.
- E estava no coquetel, mas Claire me convindo para vir a essa festa e eu aceitei, algum problema com isso Sam?
- Você tinha me prometido algo, se lembra?
- Sim, seja sincero Samuel qual o seu real problema com Claire?
- Nenhum – Ele olhou incerto para Charlie – Mas...
- Sam mais nada... Achei que esse assunto já estivesse mais que resolvido depois daquela conversa, acha mesmo que não sou capaz de ver o que é certo e errado? – Fiquei de pé o que fez ele recuar dois passos - De hoje em diante aceite o fato que se eu quiser vou ser amiga de Claire, não só dela com de Charlie, Blair e quem mais eu quiser.
- Vic não estou te proibindo, creio que me não compreendeu.
- Não importa, estou sendo clara o suficiente agora? – Ele apenas balançou a cabeça de positivamente – Ótimo, agora vou pegar algo para beber.
****************
Estava Na sacada bebendo e olhando para o pessoal próximo a piscina, quando vi Charlie e Vic sentarem e beber algo. Embora em algum momento eu tenha decidido que deixa-la para la era o melhor as minhas atitudes não estavam deixando claro.
- Claire?
- B, eu já sei o que vai dizer – Era compreensivo todo o seu desapontamento para comigo.
- Não sabe – Sua voz saiu tão seria que tive que me virar e olhar para ela – As vezes você me acha tão dramática quanto Sam, mas eu vejo como você olha para ela – Indico com a cabeça para fora – Vejo como tenta não olhar, sabe que pode me contar qualquer coisa?
Jeito que eu olho para ela? Tento não olhar? Tudo bem que Blair me conhecia melhor até que minha própria mãe, mas não havia parado para pensar que talvez pudesse me comporta de forma diferente perto dela. Analisando tudo eu sempre me pego olhando para ela e quase impossível não olhar. Eu queria muito me aproximar dela só que era complicado, era como uma barreira invisível de pessoas, motivos e razoes para não acontecer nem o fato dela estar ali no mesmo lugar que eu. A julgar pelas coisas que fiz antes, de como eu já fui também não ia me querer perto dela ou de qualquer pessoa, porem desde a doença da minha mãe as coisas mudam drasticamente e Blair acompanhou todo esse processo bem de perto, embora Sam fosse meu melhor amigo ainda sim ele não pode ver as coisas que aconteceram, na verdade para ele eu apenas parei de agir como uma adolescente rebelde para uma herdeira talvez mais responsável o qualquer coisa do tipo.
- Eu olho para ela diferente?
- Sim, fica evidente quando tenta não olhar, chegar a ser engraçado – ela olhou para as duas lá embaixo conversando – Mas isso é porque te conheço, para os outros pode ser normal.
- Ainda não entendi como posso olhar diferente para ela – Olhei na mesma direção que Blair.
- Esse olhar – Voltei rapidamente meu olhar para B – É como se tivesse um brilho oculto, quase como magnético, você se move ela se move.
- B não se preocupe, se alguém vê uma rosa bonita essa pessoa não vai querer toca-la ou ficar admirando sem se importa com o resto?
- Então está me dizendo que quer tocar naquela rosa? – Ela sorriu
- Não é assim, o Motivo magnético – Fiz aspas com as mãos – é o mesmo da sua prima – Ela olhou as duas inertes conversando.
- Sam Chegou – Ela arregalou os olhos
- Ótimo – Cruzei os braços soltando um logo suspiro – Se quiser me acompanhar vou procurar algo mais forte que cerveja para beber nessa festa.
Passou um tempo e finalmente todos nós ficamos juntos e conversando perto da piscina, Sam não havia dito nada para mim, apenas jogava olhares de vigia me analisando sempre que havia alguma interação entre mim e Vic. A única coisa que me incomodou de fato foi a aproximação repentina entre Charlie e Vic.
- Acho que já está na minha hora – Sam falou olhando diretamente para mim – Gostaria de uma carona Vic?
- Não, Vou daqui a pouco não se preocupe.
- Não tem problema posso esperar mais um pouco e te levar – Ele insistiu olhando fixamente para ela que agora me parecia bem irritada.
- Sam – Ela soltou um suspiro – Já te disse que não precisa se incomodar posso ir embora de taxi, uber ou com uma das meninas.
- É Sam, relaxa eu levo Vic sã e salva para casa – Charlie falou dando uma piscada para Vic.
O que estava acontecendo ali entre aquelas duas que agora pareciam melhores amigas do crime e por que raios Sam não estava fuzilando Charlie com olhar? Mais o que eu havia perdido desde que deixei as duas sozinhas?
- Tudo bem – Sam levantou e despediu-se de todos.
Passamos mais algum tempo na festa e por volta das 03da manhã decidimos que já estava na hora de ir para casa.
- Então vamos todas com meu motorista? – Eu sugeri.
- Acho prudente, já que todas nós bebemos.
- B você vai para casa?
- Não, pode me deixar na casa de Charlie – Blair se apoiou no meu ombro e olhou para Vic – Amanhã/Hoje temos um compromisso não é priminha?
Blair já estava alta com toda a certeza, olhei para Vic que ainda não tinha dito nada sobre ir ou não para casa com a gente.
Caminhamos para fora da casa procurando pelo carro que havia nos trazido do coquetel até ali. Avistei a alguns metros caminhamos em silencio, como o vidro do carro era escuro imaginei que Alfredo estava dormindo enquanto nos aguardava, me aproximei da janela do motorista.
- Será que ele está dormindo? – Charlie falou baixo.
Bati de leve no vidro e não houve nenhuma movimentação.
- Acho que sim – Vic falou analisando, enquanto Blair se apoiava do outro lado tentado ver algo dentro do carro.
Bati mais uma vez porem mais forte.
- Alfredo? – Bati novamente- Alfredo?
Ouvi então uma movimentação dentro do carro era a porta destravando e o vidro descendo.
- Me desculpe senhorita Lamartine – Ele parecia constrangido e cara de sono era aparente, ele abriu a porta e saiu em um pulo – Eu acabei....
- Tudo bem Alfredo - Tentei tranquiliza-lo, ele abriu a porta de trás – Eu vou na frente.
- Você vai atrás, eu já estou aqui – Blair já estava entrando no lado do passageiro na frente.
Soltei um suspiro e entrei atrás, Alfredo fechou a porta e voltou para o banco do motorista descendo o vidro que separava os acentos da frente e olhando pelo retrovisor diretamente para mim.
- Senhorita para onde?
- Para casa da Charlie primeiro Alfredo.
A viagem estava em pleno silencio, Blair parecia totalmente inerte com os olhos fechado tento arriscar que ela tenha pegado no sono, Charlie estava sentada entre mim e Victoria mexendo no celular, já Victoria estava olhando para fora do carro distraída em algum pensamento. O carro parou e Alfredo ia descer para abrir a porta mais foi interrompido por Blair.
- Não precisa Alfredo – Ela olhou pra trás em busca de Charlie – Vamos priminha, estou morta – Ela abriu a porta e desceu.
Abri a porta do meu lado e sai, senti o ar gelado da madrugada que me fez ter um leve arrepio e tremor com o choque da mudança de temperatura, olhei Blair recolhido nos próprios braços próxima do portão enquanto Charlie saia do Carro. A acompanhei até calçada e dei um abraço leve em Blair.
- Boa noite B, amanhã a gente fala – Soltei Blair e fitei Charlie com as chaves na mão, dei-lhe um beijo no rosto de Charlie – Bom noite.
- Boa noite Claire – ela se afastou – deu um aceno então percebi que Vic havia aberto o vidro e estava acenando para Blair e para ela – Boa noite Vic, avisa quando chegar – ela deu uma piscada.
- Pode deixar.
- Charlie vamos – Blair enlaçou o braço da prima – Ta frio.
Charlie soltou um sorriso e foi indo até o portão, quando me virei para voltar ao carro, Alfredo já estava com a porta aberta me esperando, entrei e a sensação de ar quente dentro do carro fez meu corpo relaxar, olhei novamente pra fora e vi o portão se fechando, elas já haviam entrado e agora eu estava sozinha com Victoria, o nervosismo começou a surgi até a minha atenção ser chamada por Alfredo:
- Senhorita para onde agora?
- Para – Foi ai que me dei conta de que não sabia o endereço para a casa de Victoria, ela percebeu e antes que eu pudesse pergunta ou dizer qualquer coisa ela informou.
- Consolação, conhece o prédio Nilton Torres?
- Sim – Alfredo olhou para ela pelo retrovisor.
- Nesse prédio.
- Tudo bem senhorita – Ele subiu o vidro que separava os bancos da frente ela olhou para mim.
- Desculpe não saber seu endereço, muito indelicado da minha parte – encostei minha cabeça no banco olhando para o teto.
- Tudo bem – ela se ajeitou no banco – precisamos conversa.
De imediato meu corpo se tencionou e levantei a cabeça para olha-la, sua expressão estava seria embora estivesse escuro dentro do carro podia ver claramente seus olhos azuis sérios.
- Conversa?
- Sim, Claire não tivemos a oportunidade de conversa sobre o que aconteceu naquela noite que Samuel saiu transtornado da casa da minha mãe, ele foi até minha casa no dia seguinte disse que vocês haviam conversado e tudo estava esclarecido e me pediu para não te procurar – Agora algumas coisas faziam sentido em relação a Sam aparecer naquela festa, logicamente o motivo era por mim porem mais ainda porque ele havia pedido pra ela ficar longe – não quis discutir com ele então apenas concordei, mas me incomoda o fato dele parece uma sombra que não larga do meu pé quando o assunto é você...
- Vic – Eu a interrompi
- Me deixa termina, por favor – Eu assenti – Você me parece uma boa pessoa e não entendo os motivos dele, Charlie me disse que poderia ser o seu passado, mas francamente eu não acho que possa ser assim, eu sou adulta e você também e embora eu não saiba se você era assim eu acredito na sua mudança, acredito no melhor das pessoas – ela pegou minha mão e apertou carinhosamente, aquele azul escuro me fitando com ternura preencheu meu corpo com sentimento acolhedor. Ouvir dela quem nem ao menos sabia que tipo de pessoa horrível eu já fora um dia, trazia uma esperança, sensação boa de alguém fora minha mãe e Blair as únicas capazes de verem minha mudança, minha evolução; foi impossível não sorrir para ela que gentilmente ainda segurava minha mão com carinho – Eu quero ser sua amiga se permite... Já deixei isso claro com Samuel hoje.
- Vic – Retribui o carinho de sua mão segurando com mais firmeza – Não sabe o quanto me deixa feliz ouvir alguém me dizer que acredita na minha mudança, realmente não me orgulho da pessoa que já fui e das coisas que eu fiz, mas aquela pessoa não existe mais, eu quero muito construir uma amizade com você, não quero causar problemas para você, hoje mais cedo quando Charlie recebeu aquela mensagem não pude deixar de me sentir culpada por ter te colocado naquela situação, me senti imatura.
- Você não pode pensar assim, aceitei seu convite.
- Eu sei, mas eu deveria ter um pouco de bom senso.
- Claire pare com isso, por favor – o tom dela saiu meio ríspido o que indicava que ela poderia estar ficando irritada, confirmando que ela detestava se sentir controlada ou não gostava muito de drama e logo eu Drama queen – Caso Sam fale algo com você me conte pois também não quero afetar a amizade de vocês.
- Tudo bem – ela soltou minha mão e nesse momento eu senti como um golpe de ar gelado, ela olhou para frente e soltou um leve suspiro que eu não teria notado se não estivesse olhando para ela, recostei de novo meu corpo no banco do carro olhando para o vidro escuro que dava acesso ao banco da frente vendo meu reflexo e imaginando algo para acabar com aquele silencio que se instalou. - Gostou da festa?
- Foi bem divertida – ela sorriu para mim – na verdade estou com um pouco de sono.
- Vai demorar um pouco para chegar no Centro, esse condomínio da Charlie é muito afastado do centro – ela estava a uma certa distancia mas ainda sim próxima e percebi seu corpo vindo em minha direção, sua cabeça recostou sobre meu ombro e senti o leve perfume de seus cabelos negros se espalhando sobre meu braço, por alguns segundo eu fiquei tensa não movi um musculo.
- Tudo bem se eu te usar de apoio? – Posso estar imaginando coisas mas essa pergunta me pareceu tão insegura e ao mesmo tempo tão inocente que o meu corpo relaxou e eu fiz um movimento para acolhe-la e percebi o corpo dela se tencionar e fazer uma breve menção de se afastar.
********************
Vou admitir que ideia idiota foi essa de se apoiar nela? Estava tudo legal Victoria, vocês se esclarecerem arco-íris e unicórnios. Foi tão automático e falar sobre sono logo em seguida mesmo naquele carro que era enorme; eu poderia facilmente me ajeitar ali perto da janela; mas institivamente meu corpo apenas foi e quando senti seu calor e corpo tenso dela de encontro com o meu me arrependi de imediato e então perguntei se havia algum problema, porem qualquer movimento dela me faria sair correndo no mesmo instante, não sei porque mais parecia aqueles jogo de campo minado. Senti o corpo dela fazer menção de se mover talvez para sair daquela ousadia da minha parte, mas ele apenas relaxou e pude ouvir a voz dela que saiu quase como um sussurro:
- Tudo bem – Para minha surpresa ela me acolheu em um abraço fazendo nossa proximidade aumenta, não tem como não dizer isso, mas meu coração deu pulo, ela se acomodou de forma mais confortável e tentei acompanhar pra não ficar de mau jeito também.
Ela encostou seu queixo de leve sobre minha cabeça e com o braço passou por sobre meu ombro em um abraço quente e até arisco a dizer cheio de carinho. Fechei meus olhos soltando o ar que parecia ter prendido por uma eternidade com aquela movimentação e senti o coração dela meio agitado mas já se acalmando o silencio se presente, olhei para a janela vendo as luzes da cidade e não senti quando adormeci ali com aquele abraço tão carinhoso .Quando estávamos nos aproximando das duas que estavam dançando, Charlie puxou o celular e olhou surpresa para o visor parou seus movimentos, logo em seguida mostrou o visor para Claire que imediatamente parou seus movimentos e falo algo para ela que devido a musica não consegui ouvir, gesticulou de forma preocupada e assim que notou nossa aproximação calou-se, luz da tela do celular apagou.
- O que vamos fazer? – foi o que ouvi Charlie dizer
- Algum problema? –Blair olhou para elas como se entendesse o que aquela troca de olhar significava.
- Não que eu saiba – Claire responde, enquanto os lábios de Charlie se moveram para dizer algo que não saiu.
- Porque será que não estou convencida? – Blair cruzou os braços sobre o peito com um olhar serio para Claire – Claire, não acha que já me deve muitos esclarecimentos? Poxa, você nunca teve segredos comigo, agora olha pra você, não me avisa que está no Brasil, se comporta de forma estranha perto dela – apontou para mim – sem ofensa Vic e está de segredinhos agora com minha prima, o que está acontecendo com você... Melhor quem é você?
Claire revirou os olhos, respirou fundo passou as mãos pelos seus logos cabelos ruivas em gesto nervoso.
- Samuel viu uma foto nossa na mesa bebendo no Facebook – Ela disse essas palavras olhando para mim, logo se voltou para Blair que permanecia na mesma posição - Agora ele está vindo para cá, esclarecendo seu drama: Samuel é irmão mais velho do noivo da Victoria, ela sabe que ele é gay, ele acha que estou interessada nela, sabe como ele é quando enfia algo na cabeça, ainda mais que durante uma visita minha a Campus foi ela quem me acompanhou e tipo que acontece uma espécie de clima, porem nada significativo... Tudo foi esclarecido na casa de Charlie, mas ele é um teimoso que tira conclusões precipitadas e foi isso que você perdeu ,tem dei um resumo no coquetel mais cedo.
- Como assim vindo para cá? – Foi minha vez de falar.
- Foi o que ele disse na mensagem.
- Espera, que rolo – Blair sacudiu a cabeça – Sam é seu cunhado? – Perguntou para mim, apenas balancei minha cabeça de forma positiva – e onde está seu noivo?
- Ele teve que fazer uma viagem de ultima hora, por isso não estava no coquetel comigo hoje.
- Gente, vamos deixar para conversa sobre isso outra hora – Charlie guardou o celular de volta no bolso – O que importa é que a fera esta vindo ai, precisamos ficar tranquilas afinal não há nada de errado aqui certo?
- Você tem toda a Razão Charlie, vamos continuar nos divertindo, não há nada de errado aqui – Sorri para conforta Claire que ainda parecia inquieta olhando seria para Blair – Se ele falar algo deixe que eu me entenda com ele, vim aqui de livre e espontânea vontade.
- Victoria tem razão – Blair sentenciou – Vamos Bailar.
******
Dançamos por algum tempo, senti minha garganta secar e decidi pegar algo para beber, Charlie veio comigo, pegamos dois copos e nos dirigimos para fora perto da piscina, sentamos no banco. Estava um pouco incomodada com toda situação que Samuel estava causando por praticamente nada, pensei que depois na nossa conversa em minha casa havia colocado um ponto final nessa historia que ele inventou na própria cabeça. Soltei um suspiro e senti a mão quente de Charlie se apoia como um gesto gentil sobre meu ombro.
- Tudo bem?
- Na verdade não – Parei meu olhar sobre vapor que subia da agua aquecida da piscina.
- Quer me contar o que está te perturbando, prometo não vou contar a ninguém – ela levantou a mão cruzando os dedos –Juramento de escoteira que nunca fui.
- Como pode jurar se não é – sorri para ela.
- Pode até não ser um juramento valido, mas conta o fato que poderia mentir dizendo que fui e contar seus segredos, mas já estou sendo sincera, isso não conta como gesto de boa fé? – Ela esboçou um sorriso maroto de canto.
- Até que faz Sentido – Soltei um suspiro – Samuel é o que me perturba, não consigo entender porque ele tem essa determinação em me manter longe da Claire, Não vejo nenhum motivo logico... Sei que prometi que ficaria longe, mas a determinação dele nisso me faz ser teimosa também, Sei que ela é bonita, mas ele não confia que estou noiva do irmão dele e isso é compromisso serio?
- Victoria eu entendo seu lado, mas também compreendo o dele- Ela fez uma breve pausa como se lembrasse de algo- Você não conhecia Claire antes dela ir para França... Veja bem sou amiga dela não me compreenda mal, mas o passado dela é bem complicado... Samuel quer apenas te proteger
- Por que você não me conta de uma vez?
- Claire tem um apelido entre nós que é devoradora de corações, porque no colégio e durante a faculdade sua principal obsessão era a de iludir inúmeras garotas, ela jogava com as pessoas e quando se sentia entediada as descartava sem a menor consideração e mesmo com essa reputação as meninas se jogavam aos montes para cima dela, ela gostava desse tipo de jogo.
- Mesmo assim vocês como amigos dela não acham que ela possa ter mudado ou sei lá?
- De certa forma Samuel acredita nela, mas não a ponto de confiar cegamente –Ela soltou um suspiro – A questão aqui é maior, não é um jogo com pessoas desconhecidas, se trata do irmão e da família dele, nessas questões Sam é extremamente exagerado.
- Embora eu compreenda o ponto onde Sam está e todas as questões de família, proteção e etc. Ainda sim por que ele não confia em mim? – Esse era o ponto que mais me incomodava daquela situação.
- Vic, ele sabe como Claire pode ser persuasiva quando quer algo; difícil admitir, mas ela é uma ótima manipuladora; em algumas vezes até brinquei com ela dizendo que ela era como sereias da mitologia que afogam as pessoas sem ela perceberem – Ela deu um leve sorriso sacana.
- Ela não vai me afogar – Falei convicta.
- Tem certeza?- Ela bebeu um gole generoso de seu copo.
- Tenho – Embora soubesse que aquilo não era 100% verdade, algo dentro de mim se comportava como imã em relação a ela, queria conversa com alguém sobre isso, mas quem poderia me ouvir sem me julgar e apenas me dizer que talvez fosse passageiro ou normal esse efeito Claire, poderia me abrir com Charlie ela parecia alguém que não faria julgamento, embora estivesse defendendo as atitudes de Samuel – Charlie?
- Só um momento – Ela pegou o aparelho do bolso – Sam?
Ouve um silencio no qual ela parecia atenta ao que era dito.
- Estou com Victoria perto da piscina, Claire e Blair estão dançando acho – Outro breve silencio da parte dela o que estava me deixando um pouco nervosa, até que ela espichou o pescoço procurando por algo – Não estou te vendo... Estamos perto da piscina, Sam venha logo, vou desligar.
Ela desligou o aparelho e o guardou novamente e dentro do bolso e olhou para mim, virou o restante do liquido de seu copo.
- Ele chegou, quer entrar e procura-lo ou esperar por aqui?
- Vamos esperar por ele aqui mesmo, sinceramente não estou muito afim de encontra-lo.
- E por que não está afim de me encontrar Vic?
A voz serena de Samuel se fez presente, e por Deus porque ele tinha que chegar justo agora? Olhei para ele de pé em nossa frente com as mãos no bolso da jaqueta de couro marrom, não havia percebido até então que o tempo tinha esfriado.
- Você veio para dar sermão?
- Não – Ele olhou em volta – mas acho que você me deve uma explicação.
- Por que acha isso? – Levantei uma das sobrancelhas em um tom de desafio.
- Pelo simples fato que Ed me disse que estaria no coquetel da universidade, mas está aqui.
- E estava no coquetel, mas Claire me convindo para vir a essa festa e eu aceitei, algum problema com isso Sam?
- Você tinha me prometido algo, se lembra?
- Sim, seja sincero Samuel qual o seu real problema com Claire?
- Nenhum – Ele olhou incerto para Charlie – Mas...
- Sam mais nada... Achei que esse assunto já estivesse mais que resolvido depois daquela conversa, acha mesmo que não sou capaz de ver o que é certo e errado? – Fiquei de pé o que fez ele recuar dois passos - De hoje em diante aceite o fato que se eu quiser vou ser amiga de Claire, não só dela com de Charlie, Blair e quem mais eu quiser.
- Vic não estou te proibindo, creio que me não compreendeu.
- Não importa, estou sendo clara o suficiente agora? – Ele apenas balançou a cabeça de positivamente – Ótimo, agora vou pegar algo para beber.
****************
Estava Na sacada bebendo e olhando para o pessoal próximo a piscina, quando vi Charlie e Vic sentarem e beber algo. Embora em algum momento eu tenha decidido que deixa-la para la era o melhor as minhas atitudes não estavam deixando claro.
- Claire?
- B, eu já sei o que vai dizer – Era compreensivo todo o seu desapontamento para comigo.
- Não sabe – Sua voz saiu tão seria que tive que me virar e olhar para ela – As vezes você me acha tão dramática quanto Sam, mas eu vejo como você olha para ela – Indico com a cabeça para fora – Vejo como tenta não olhar, sabe que pode me contar qualquer coisa?
Jeito que eu olho para ela? Tento não olhar? Tudo bem que Blair me conhecia melhor até que minha própria mãe, mas não havia parado para pensar que talvez pudesse me comporta de forma diferente perto dela. Analisando tudo eu sempre me pego olhando para ela e quase impossível não olhar. Eu queria muito me aproximar dela só que era complicado, era como uma barreira invisível de pessoas, motivos e razoes para não acontecer nem o fato dela estar ali no mesmo lugar que eu. A julgar pelas coisas que fiz antes, de como eu já fui também não ia me querer perto dela ou de qualquer pessoa, porem desde a doença da minha mãe as coisas mudam drasticamente e Blair acompanhou todo esse processo bem de perto, embora Sam fosse meu melhor amigo ainda sim ele não pode ver as coisas que aconteceram, na verdade para ele eu apenas parei de agir como uma adolescente rebelde para uma herdeira talvez mais responsável o qualquer coisa do tipo.
- Eu olho para ela diferente?
- Sim, fica evidente quando tenta não olhar, chegar a ser engraçado – ela olhou para as duas lá embaixo conversando – Mas isso é porque te conheço, para os outros pode ser normal.
- Ainda não entendi como posso olhar diferente para ela – Olhei na mesma direção que Blair.
- Esse olhar – Voltei rapidamente meu olhar para B – É como se tivesse um brilho oculto, quase como magnético, você se move ela se move.
- B não se preocupe, se alguém vê uma rosa bonita essa pessoa não vai querer toca-la ou ficar admirando sem se importa com o resto?
- Então está me dizendo que quer tocar naquela rosa? – Ela sorriu
- Não é assim, o Motivo magnético – Fiz aspas com as mãos – é o mesmo da sua prima – Ela olhou as duas inertes conversando.
- Sam Chegou – Ela arregalou os olhos
- Ótimo – Cruzei os braços soltando um logo suspiro – Se quiser me acompanhar vou procurar algo mais forte que cerveja para beber nessa festa.
Passou um tempo e finalmente todos nós ficamos juntos e conversando perto da piscina, Sam não havia dito nada para mim, apenas jogava olhares de vigia me analisando sempre que havia alguma interação entre mim e Vic. A única coisa que me incomodou de fato foi a aproximação repentina entre Charlie e Vic.
- Acho que já está na minha hora – Sam falou olhando diretamente para mim – Gostaria de uma carona Vic?
- Não, Vou daqui a pouco não se preocupe.
- Não tem problema posso esperar mais um pouco e te levar – Ele insistiu olhando fixamente para ela que agora me parecia bem irritada.
- Sam – Ela soltou um suspiro – Já te disse que não precisa se incomodar posso ir embora de taxi, uber ou com uma das meninas.
- É Sam, relaxa eu levo Vic sã e salva para casa – Charlie falou dando uma piscada para Vic.
O que estava acontecendo ali entre aquelas duas que agora pareciam melhores amigas do crime e por que raios Sam não estava fuzilando Charlie com olhar? Mais o que eu havia perdido desde que deixei as duas sozinhas?
- Tudo bem – Sam levantou e despediu-se de todos.
Passamos mais algum tempo na festa e por volta das 03da manhã decidimos que já estava na hora de ir para casa.
- Então vamos todas com meu motorista? – Eu sugeri.
- Acho prudente, já que todas nós bebemos.
- B você vai para casa?
- Não, pode me deixar na casa de Charlie – Blair se apoiou no meu ombro e olhou para Vic – Amanhã/Hoje temos um compromisso não é priminha?
Blair já estava alta com toda a certeza, olhei para Vic que ainda não tinha dito nada sobre ir ou não para casa com a gente.
Caminhamos para fora da casa procurando pelo carro que havia nos trazido do coquetel até ali. Avistei a alguns metros caminhamos em silencio, como o vidro do carro era escuro imaginei que Alfredo estava dormindo enquanto nos aguardava, me aproximei da janela do motorista.
- Será que ele está dormindo? – Charlie falou baixo.
Bati de leve no vidro e não houve nenhuma movimentação.
- Acho que sim – Vic falou analisando, enquanto Blair se apoiava do outro lado tentado ver algo dentro do carro.
Bati mais uma vez porem mais forte.
- Alfredo? – Bati novamente- Alfredo?
Ouvi então uma movimentação dentro do carro era a porta destravando e o vidro descendo.
- Me desculpe senhorita Lamartine – Ele parecia constrangido e cara de sono era aparente, ele abriu a porta e saiu em um pulo – Eu acabei....
- Tudo bem Alfredo - Tentei tranquiliza-lo, ele abriu a porta de trás – Eu vou na frente.
- Você vai atrás, eu já estou aqui – Blair já estava entrando no lado do passageiro na frente.
Soltei um suspiro e entrei atrás, Alfredo fechou a porta e voltou para o banco do motorista descendo o vidro que separava os acentos da frente e olhando pelo retrovisor diretamente para mim.
- Senhorita para onde?
- Para casa da Charlie primeiro Alfredo.
A viagem estava em pleno silencio, Blair parecia totalmente inerte com os olhos fechado tento arriscar que ela tenha pegado no sono, Charlie estava sentada entre mim e Victoria mexendo no celular, já Victoria estava olhando para fora do carro distraída em algum pensamento. O carro parou e Alfredo ia descer para abrir a porta mais foi interrompido por Blair.
- Não precisa Alfredo – Ela olhou pra trás em busca de Charlie – Vamos priminha, estou morta – Ela abriu a porta e desceu.
Abri a porta do meu lado e sai, senti o ar gelado da madrugada que me fez ter um leve arrepio e tremor com o choque da mudança de temperatura, olhei Blair recolhido nos próprios braços próxima do portão enquanto Charlie saia do Carro. A acompanhei até calçada e dei um abraço leve em Blair.
- Boa noite B, amanhã a gente fala – Soltei Blair e fitei Charlie com as chaves na mão, dei-lhe um beijo no rosto de Charlie – Bom noite.
- Boa noite Claire – ela se afastou – deu um aceno então percebi que Vic havia aberto o vidro e estava acenando para Blair e para ela – Boa noite Vic, avisa quando chegar – ela deu uma piscada.
- Pode deixar.
- Charlie vamos – Blair enlaçou o braço da prima – Ta frio.
Charlie soltou um sorriso e foi indo até o portão, quando me virei para voltar ao carro, Alfredo já estava com a porta aberta me esperando, entrei e a sensação de ar quente dentro do carro fez meu corpo relaxar, olhei novamente pra fora e vi o portão se fechando, elas já haviam entrado e agora eu estava sozinha com Victoria, o nervosismo começou a surgi até a minha atenção ser chamada por Alfredo:
- Senhorita para onde agora?
- Para – Foi ai que me dei conta de que não sabia o endereço para a casa de Victoria, ela percebeu e antes que eu pudesse pergunta ou dizer qualquer coisa ela informou.
- Consolação, conhece o prédio Nilton Torres?
- Sim – Alfredo olhou para ela pelo retrovisor.
- Nesse prédio.
- Tudo bem senhorita – Ele subiu o vidro que separava os bancos da frente ela olhou para mim.
- Desculpe não saber seu endereço, muito indelicado da minha parte – encostei minha cabeça no banco olhando para o teto.
- Tudo bem – ela se ajeitou no banco – precisamos conversa.
De imediato meu corpo se tencionou e levantei a cabeça para olha-la, sua expressão estava seria embora estivesse escuro dentro do carro podia ver claramente seus olhos azuis sérios.
- Conversa?
- Sim, Claire não tivemos a oportunidade de conversa sobre o que aconteceu naquela noite que Samuel saiu transtornado da casa da minha mãe, ele foi até minha casa no dia seguinte disse que vocês haviam conversado e tudo estava esclarecido e me pediu para não te procurar – Agora algumas coisas faziam sentido em relação a Sam aparecer naquela festa, logicamente o motivo era por mim porem mais ainda porque ele havia pedido pra ela ficar longe – não quis discutir com ele então apenas concordei, mas me incomoda o fato dele parece uma sombra que não larga do meu pé quando o assunto é você...
- Vic – Eu a interrompi
- Me deixa termina, por favor – Eu assenti – Você me parece uma boa pessoa e não entendo os motivos dele, Charlie me disse que poderia ser o seu passado, mas francamente eu não acho que possa ser assim, eu sou adulta e você também e embora eu não saiba se você era assim eu acredito na sua mudança, acredito no melhor das pessoas – ela pegou minha mão e apertou carinhosamente, aquele azul escuro me fitando com ternura preencheu meu corpo com sentimento acolhedor. Ouvir dela quem nem ao menos sabia que tipo de pessoa horrível eu já fora um dia, trazia uma esperança, sensação boa de alguém fora minha mãe e Blair as únicas capazes de verem minha mudança, minha evolução; foi impossível não sorrir para ela que gentilmente ainda segurava minha mão com carinho – Eu quero ser sua amiga se permite... Já deixei isso claro com Samuel hoje.
- Vic – Retribui o carinho de sua mão segurando com mais firmeza – Não sabe o quanto me deixa feliz ouvir alguém me dizer que acredita na minha mudança, realmente não me orgulho da pessoa que já fui e das coisas que eu fiz, mas aquela pessoa não existe mais, eu quero muito construir uma amizade com você, não quero causar problemas para você, hoje mais cedo quando Charlie recebeu aquela mensagem não pude deixar de me sentir culpada por ter te colocado naquela situação, me senti imatura.
- Você não pode pensar assim, aceitei seu convite.
- Eu sei, mas eu deveria ter um pouco de bom senso.
- Claire pare com isso, por favor – o tom dela saiu meio ríspido o que indicava que ela poderia estar ficando irritada, confirmando que ela detestava se sentir controlada ou não gostava muito de drama e logo eu Drama queen – Caso Sam fale algo com você me conte pois também não quero afetar a amizade de vocês.
- Tudo bem – ela soltou minha mão e nesse momento eu senti como um golpe de ar gelado, ela olhou para frente e soltou um leve suspiro que eu não teria notado se não estivesse olhando para ela, recostei de novo meu corpo no banco do carro olhando para o vidro escuro que dava acesso ao banco da frente vendo meu reflexo e imaginando algo para acabar com aquele silencio que se instalou. - Gostou da festa?
- Foi bem divertida – ela sorriu para mim – na verdade estou com um pouco de sono.
- Vai demorar um pouco para chegar no Centro, esse condomínio da Charlie é muito afastado do centro – ela estava a uma certa distancia mas ainda sim próxima e percebi seu corpo vindo em minha direção, sua cabeça recostou sobre meu ombro e senti o leve perfume de seus cabelos negros se espalhando sobre meu braço, por alguns segundo eu fiquei tensa não movi um musculo.
- Tudo bem se eu te usar de apoio? – Posso estar imaginando coisas mas essa pergunta me pareceu tão insegura e ao mesmo tempo tão inocente que o meu corpo relaxou e eu fiz um movimento para acolhe-la e percebi o corpo dela se tencionar e fazer uma breve menção de se afastar.
********************
Vou admitir que ideia idiota foi essa de se apoiar nela? Estava tudo legal Victoria, vocês se esclarecerem arco-íris e unicórnios. Foi tão automático e falar sobre sono logo em seguida mesmo naquele carro que era enorme; eu poderia facilmente me ajeitar ali perto da janela; mas institivamente meu corpo apenas foi e quando senti seu calor e corpo tenso dela de encontro com o meu me arrependi de imediato e então perguntei se havia algum problema, porem qualquer movimento dela me faria sair correndo no mesmo instante, não sei porque mais parecia aqueles jogo de campo minado. Senti o corpo dela fazer menção de se mover talvez para sair daquela ousadia da minha parte, mas ele apenas relaxou e pude ouvir a voz dela que saiu quase como um sussurro:
- Tudo bem – Para minha surpresa ela me acolheu em um abraço fazendo nossa proximidade aumenta, não tem como não dizer isso, mas meu coração deu pulo, ela se acomodou de forma mais confortável e tentei acompanhar pra não ficar de mau jeito também.
Ela encostou seu queixo de leve sobre minha cabeça e com o braço passou por sobre meu ombro em um abraço quente e até arisco a dizer cheio de carinho. Fechei meus olhos soltando o ar que parecia ter prendido por uma eternidade com aquela movimentação e senti o coração dela meio agitado mas já se acalmando o silencio se presente, olhei para a janela vendo as luzes da cidade e não senti quando adormeci ali com aquele abraço tão carinhoso .Quando estávamos nos aproximando das duas que estavam dançando, Charlie puxou o celular e olhou surpresa para o visor parou seus movimentos, logo em seguida mostrou o visor para Claire que imediatamente parou seus movimentos e falo algo para ela que devido a musica não consegui ouvir, gesticulou de forma preocupada e assim que notou nossa aproximação calou-se, luz da tela do celular apagou.
- O que vamos fazer? – foi o que ouvi Charlie dizer
- Algum problema? –Blair olhou para elas como se entendesse o que aquela troca de olhar significava.
- Não que eu saiba – Claire responde, enquanto os lábios de Charlie se moveram para dizer algo que não saiu.
- Porque será que não estou convencida? – Blair cruzou os braços sobre o peito com um olhar serio para Claire – Claire, não acha que já me deve muitos esclarecimentos? Poxa, você nunca teve segredos comigo, agora olha pra você, não me avisa que está no Brasil, se comporta de forma estranha perto dela – apontou para mim – sem ofensa Vic e está de segredinhos agora com minha prima, o que está acontecendo com você... Melhor quem é você?
Claire revirou os olhos, respirou fundo passou as mãos pelos seus logos cabelos ruivas em gesto nervoso.
- Samuel viu uma foto nossa na mesa bebendo no Facebook – Ela disse essas palavras olhando para mim, logo se voltou para Blair que permanecia na mesma posição - Agora ele está vindo para cá, esclarecendo seu drama: Samuel é irmão mais velho do noivo da Victoria, ela sabe que ele é gay, ele acha que estou interessada nela, sabe como ele é quando enfia algo na cabeça, ainda mais que durante uma visita minha a Campus foi ela quem me acompanhou e tipo que acontece uma espécie de clima, porem nada significativo... Tudo foi esclarecido na casa de Charlie, mas ele é um teimoso que tira conclusões precipitadas e foi isso que você perdeu ,tem dei um resumo no coquetel mais cedo.
- Como assim vindo para cá? – Foi minha vez de falar.
- Foi o que ele disse na mensagem.
- Espera, que rolo – Blair sacudiu a cabeça – Sam é seu cunhado? – Perguntou para mim, apenas balancei minha cabeça de forma positiva – e onde está seu noivo?
- Ele teve que fazer uma viagem de ultima hora, por isso não estava no coquetel comigo hoje.
- Gente, vamos deixar para conversa sobre isso outra hora – Charlie guardou o celular de volta no bolso – O que importa é que a fera esta vindo ai, precisamos ficar tranquilas afinal não há nada de errado aqui certo?
- Você tem toda a Razão Charlie, vamos continuar nos divertindo, não há nada de errado aqui – Sorri para conforta Claire que ainda parecia inquieta olhando seria para Blair – Se ele falar algo deixe que eu me entenda com ele, vim aqui de livre e espontânea vontade.
- Victoria tem razão – Blair sentenciou – Vamos Bailar.
******
Dançamos por algum tempo, senti minha garganta secar e decidi pegar algo para beber, Charlie veio comigo, pegamos dois copos e nos dirigimos para fora perto da piscina, sentamos no banco. Estava um pouco incomodada com toda situação que Samuel estava causando por praticamente nada, pensei que depois na nossa conversa em minha casa havia colocado um ponto final nessa historia que ele inventou na própria cabeça. Soltei um suspiro e senti a mão quente de Charlie se apoia como um gesto gentil sobre meu ombro.
- Tudo bem?
- Na verdade não – Parei meu olhar sobre vapor que subia da agua aquecida da piscina.
- Quer me contar o que está te perturbando, prometo não vou contar a ninguém – ela levantou a mão cruzando os dedos –Juramento de escoteira que nunca fui.
- Como pode jurar se não é – sorri para ela.
- Pode até não ser um juramento valido, mas conta o fato que poderia mentir dizendo que fui e contar seus segredos, mas já estou sendo sincera, isso não conta como gesto de boa fé? – Ela esboçou um sorriso maroto de canto.
- Até que faz Sentido – Soltei um suspiro – Samuel é o que me perturba, não consigo entender porque ele tem essa determinação em me manter longe da Claire, Não vejo nenhum motivo logico... Sei que prometi que ficaria longe, mas a determinação dele nisso me faz ser teimosa também, Sei que ela é bonita, mas ele não confia que estou noiva do irmão dele e isso é compromisso serio?
- Victoria eu entendo seu lado, mas também compreendo o dele- Ela fez uma breve pausa como se lembrasse de algo- Você não conhecia Claire antes dela ir para França... Veja bem sou amiga dela não me compreenda mal, mas o passado dela é bem complicado... Samuel quer apenas te proteger
- Por que você não me conta de uma vez?
- Claire tem um apelido entre nós que é devoradora de corações, porque no colégio e durante a faculdade sua principal obsessão era a de iludir inúmeras garotas, ela jogava com as pessoas e quando se sentia entediada as descartava sem a menor consideração e mesmo com essa reputação as meninas se jogavam aos montes para cima dela, ela gostava desse tipo de jogo.
- Mesmo assim vocês como amigos dela não acham que ela possa ter mudado ou sei lá?
- De certa forma Samuel acredita nela, mas não a ponto de confiar cegamente –Ela soltou um suspiro – A questão aqui é maior, não é um jogo com pessoas desconhecidas, se trata do irmão e da família dele, nessas questões Sam é extremamente exagerado.
- Embora eu compreenda o ponto onde Sam está e todas as questões de família, proteção e etc. Ainda sim por que ele não confia em mim? – Esse era o ponto que mais me incomodava daquela situação.
- Vic, ele sabe como Claire pode ser persuasiva quando quer algo; difícil admitir, mas ela é uma ótima manipuladora; em algumas vezes até brinquei com ela dizendo que ela era como sereias da mitologia que afogam as pessoas sem ela perceberem – Ela deu um leve sorriso sacana.
- Ela não vai me afogar – Falei convicta.
- Tem certeza?- Ela bebeu um gole generoso de seu copo.
- Tenho – Embora soubesse que aquilo não era 100% verdade, algo dentro de mim se comportava como imã em relação a ela, queria conversa com alguém sobre isso, mas quem poderia me ouvir sem me julgar e apenas me dizer que talvez fosse passageiro ou normal esse efeito Claire, poderia me abrir com Charlie ela parecia alguém que não faria julgamento, embora estivesse defendendo as atitudes de Samuel – Charlie?
- Só um momento – Ela pegou o aparelho do bolso – Sam?
Ouve um silencio no qual ela parecia atenta ao que era dito.
- Estou com Victoria perto da piscina, Claire e Blair estão dançando acho – Outro breve silencio da parte dela o que estava me deixando um pouco nervosa, até que ela espichou o pescoço procurando por algo – Não estou te vendo... Estamos perto da piscina, Sam venha logo, vou desligar.
Ela desligou o aparelho e o guardou novamente e dentro do bolso e olhou para mim, virou o restante do liquido de seu copo.
- Ele chegou, quer entrar e procura-lo ou esperar por aqui?
- Vamos esperar por ele aqui mesmo, sinceramente não estou muito afim de encontra-lo.
- E por que não está afim de me encontrar Vic?
A voz serena de Samuel se fez presente, e por Deus porque ele tinha que chegar justo agora? Olhei para ele de pé em nossa frente com as mãos no bolso da jaqueta de couro marrom, não havia percebido até então que o tempo tinha esfriado.
- Você veio para dar sermão?
- Não – Ele olhou em volta – mas acho que você me deve uma explicação.
- Por que acha isso? – Levantei uma das sobrancelhas em um tom de desafio.
- Pelo simples fato que Ed me disse que estaria no coquetel da universidade, mas está aqui.
- E estava no coquetel, mas Claire me convindo para vir a essa festa e eu aceitei, algum problema com isso Sam?
- Você tinha me prometido algo, se lembra?
- Sim, seja sincero Samuel qual o seu real problema com Claire?
- Nenhum – Ele olhou incerto para Charlie – Mas...
- Sam mais nada... Achei que esse assunto já estivesse mais que resolvido depois daquela conversa, acha mesmo que não sou capaz de ver o que é certo e errado? – Fiquei de pé o que fez ele recuar dois passos - De hoje em diante aceite o fato que se eu quiser vou ser amiga de Claire, não só dela com de Charlie, Blair e quem mais eu quiser.
- Vic não estou te proibindo, creio que me não compreendeu.
- Não importa, estou sendo clara o suficiente agora? – Ele apenas balançou a cabeça de positivamente – Ótimo, agora vou pegar algo para beber.
****************
Estava Na sacada bebendo e olhando para o pessoal próximo a piscina, quando vi Charlie e Vic sentarem e beber algo. Embora em algum momento eu tenha decidido que deixa-la para la era o melhor as minhas atitudes não estavam deixando claro.
- Claire?
- B, eu já sei o que vai dizer – Era compreensivo todo o seu desapontamento para comigo.
- Não sabe – Sua voz saiu tão seria que tive que me virar e olhar para ela – As vezes você me acha tão dramática quanto Sam, mas eu vejo como você olha para ela – Indico com a cabeça para fora – Vejo como tenta não olhar, sabe que pode me contar qualquer coisa?
Jeito que eu olho para ela? Tento não olhar? Tudo bem que Blair me conhecia melhor até que minha própria mãe, mas não havia parado para pensar que talvez pudesse me comporta de forma diferente perto dela. Analisando tudo eu sempre me pego olhando para ela e quase impossível não olhar. Eu queria muito me aproximar dela só que era complicado, era como uma barreira invisível de pessoas, motivos e razoes para não acontecer nem o fato dela estar ali no mesmo lugar que eu. A julgar pelas coisas que fiz antes, de como eu já fui também não ia me querer perto dela ou de qualquer pessoa, porem desde a doença da minha mãe as coisas mudam drasticamente e Blair acompanhou todo esse processo bem de perto, embora Sam fosse meu melhor amigo ainda sim ele não pode ver as coisas que aconteceram, na verdade para ele eu apenas parei de agir como uma adolescente rebelde para uma herdeira talvez mais responsável o qualquer coisa do tipo.
- Eu olho para ela diferente?
- Sim, fica evidente quando tenta não olhar, chegar a ser engraçado – ela olhou para as duas lá embaixo conversando – Mas isso é porque te conheço, para os outros pode ser normal.
- Ainda não entendi como posso olhar diferente para ela – Olhei na mesma direção que Blair.
- Esse olhar – Voltei rapidamente meu olhar para B – É como se tivesse um brilho oculto, quase como magnético, você se move ela se move.
- B não se preocupe, se alguém vê uma rosa bonita essa pessoa não vai querer toca-la ou ficar admirando sem se importa com o resto?
- Então está me dizendo que quer tocar naquela rosa? – Ela sorriu
- Não é assim, o Motivo magnético – Fiz aspas com as mãos – é o mesmo da sua prima – Ela olhou as duas inertes conversando.
- Sam Chegou – Ela arregalou os olhos
- Ótimo – Cruzei os braços soltando um logo suspiro – Se quiser me acompanhar vou procurar algo mais forte que cerveja para beber nessa festa.
Passou um tempo e finalmente todos nós ficamos juntos e conversando perto da piscina, Sam não havia dito nada para mim, apenas jogava olhares de vigia me analisando sempre que havia alguma interação entre mim e Vic. A única coisa que me incomodou de fato foi a aproximação repentina entre Charlie e Vic.
- Acho que já está na minha hora – Sam falou olhando diretamente para mim – Gostaria de uma carona Vic?
- Não, Vou daqui a pouco não se preocupe.
- Não tem problema posso esperar mais um pouco e te levar – Ele insistiu olhando fixamente para ela que agora me parecia bem irritada.
- Sam – Ela soltou um suspiro – Já te disse que não precisa se incomodar posso ir embora de taxi, uber ou com uma das meninas.
- É Sam, relaxa eu levo Vic sã e salva para casa – Charlie falou dando uma piscada para Vic.
O que estava acontecendo ali entre aquelas duas que agora pareciam melhores amigas do crime e por que raios Sam não estava fuzilando Charlie com olhar? Mais o que eu havia perdido desde que deixei as duas sozinhas?
- Tudo bem – Sam levantou e despediu-se de todos.
Passamos mais algum tempo na festa e por volta das 03da manhã decidimos que já estava na hora de ir para casa.
- Então vamos todas com meu motorista? – Eu sugeri.
- Acho prudente, já que todas nós bebemos.
- B você vai para casa?
- Não, pode me deixar na casa de Charlie – Blair se apoiou no meu ombro e olhou para Vic – Amanhã/Hoje temos um compromisso não é priminha?
Blair já estava alta com toda a certeza, olhei para Vic que ainda não tinha dito nada sobre ir ou não para casa com a gente.
Caminhamos para fora da casa procurando pelo carro que havia nos trazido do coquetel até ali. Avistei a alguns metros caminhamos em silencio, como o vidro do carro era escuro imaginei que Alfredo estava dormindo enquanto nos aguardava, me aproximei da janela do motorista.
- Será que ele está dormindo? – Charlie falou baixo.
Bati de leve no vidro e não houve nenhuma movimentação.
- Acho que sim – Vic falou analisando, enquanto Blair se apoiava do outro lado tentado ver algo dentro do carro.
Bati mais uma vez porem mais forte.
- Alfredo? – Bati novamente- Alfredo?
Ouvi então uma movimentação dentro do carro era a porta destravando e o vidro descendo.
- Me desculpe senhorita Lamartine – Ele parecia constrangido e cara de sono era aparente, ele abriu a porta e saiu em um pulo – Eu acabei....
- Tudo bem Alfredo - Tentei tranquiliza-lo, ele abriu a porta de trás – Eu vou na frente.
- Você vai atrás, eu já estou aqui – Blair já estava entrando no lado do passageiro na frente.
Soltei um suspiro e entrei atrás, Alfredo fechou a porta e voltou para o banco do motorista descendo o vidro que separava os acentos da frente e olhando pelo retrovisor diretamente para mim.
- Senhorita para onde?
- Para casa da Charlie primeiro Alfredo.
A viagem estava em pleno silencio, Blair parecia totalmente inerte com os olhos fechado tento arriscar que ela tenha pegado no sono, Charlie estava sentada entre mim e Victoria mexendo no celular, já Victoria estava olhando para fora do carro distraída em algum pensamento. O carro parou e Alfredo ia descer para abrir a porta mais foi interrompido por Blair.
- Não precisa Alfredo – Ela olhou pra trás em busca de Charlie – Vamos priminha, estou morta – Ela abriu a porta e desceu.
Abri a porta do meu lado e sai, senti o ar gelado da madrugada que me fez ter um leve arrepio e tremor com o choque da mudança de temperatura, olhei Blair recolhido nos próprios braços próxima do portão enquanto Charlie saia do Carro. A acompanhei até calçada e dei um abraço leve em Blair.
- Boa noite B, amanhã a gente fala – Soltei Blair e fitei Charlie com as chaves na mão, dei-lhe um beijo no rosto de Charlie – Bom noite.
- Boa noite Claire – ela se afastou – deu um aceno então percebi que Vic havia aberto o vidro e estava acenando para Blair e para ela – Boa noite Vic, avisa quando chegar – ela deu uma piscada.
- Pode deixar.
- Charlie vamos – Blair enlaçou o braço da prima – Ta frio.
Charlie soltou um sorriso e foi indo até o portão, quando me virei para voltar ao carro, Alfredo já estava com a porta aberta me esperando, entrei e a sensação de ar quente dentro do carro fez meu corpo relaxar, olhei novamente pra fora e vi o portão se fechando, elas já haviam entrado e agora eu estava sozinha com Victoria, o nervosismo começou a surgi até a minha atenção ser chamada por Alfredo:
- Senhorita para onde agora?
- Para – Foi ai que me dei conta de que não sabia o endereço para a casa de Victoria, ela percebeu e antes que eu pudesse pergunta ou dizer qualquer coisa ela informou.
- Consolação, conhece o prédio Nilton Torres?
- Sim – Alfredo olhou para ela pelo retrovisor.
- Nesse prédio.
- Tudo bem senhorita – Ele subiu o vidro que separava os bancos da frente ela olhou para mim.
- Desculpe não saber seu endereço, muito indelicado da minha parte – encostei minha cabeça no banco olhando para o teto.
- Tudo bem – ela se ajeitou no banco – precisamos conversa.
De imediato meu corpo se tencionou e levantei a cabeça para olha-la, sua expressão estava seria embora estivesse escuro dentro do carro podia ver claramente seus olhos azuis sérios.
- Conversa?
- Sim, Claire não tivemos a oportunidade de conversa sobre o que aconteceu naquela noite que Samuel saiu transtornado da casa da minha mãe, ele foi até minha casa no dia seguinte disse que vocês haviam conversado e tudo estava esclarecido e me pediu para não te procurar – Agora algumas coisas faziam sentido em relação a Sam aparecer naquela festa, logicamente o motivo era por mim porem mais ainda porque ele havia pedido pra ela ficar longe – não quis discutir com ele então apenas concordei, mas me incomoda o fato dele parece uma sombra que não larga do meu pé quando o assunto é você...
- Vic – Eu a interrompi
- Me deixa termina, por favor – Eu assenti – Você me parece uma boa pessoa e não entendo os motivos dele, Charlie me disse que poderia ser o seu passado, mas francamente eu não acho que possa ser assim, eu sou adulta e você também e embora eu não saiba se você era assim eu acredito na sua mudança, acredito no melhor das pessoas – ela pegou minha mão e apertou carinhosamente, aquele azul escuro me fitando com ternura preencheu meu corpo com sentimento acolhedor. Ouvir dela quem nem ao menos sabia que tipo de pessoa horrível eu já fora um dia, trazia uma esperança, sensação boa de alguém fora minha mãe e Blair as únicas capazes de verem minha mudança, minha evolução; foi impossível não sorrir para ela que gentilmente ainda segurava minha mão com carinho – Eu quero ser sua amiga se permite... Já deixei isso claro com Samuel hoje.
- Vic – Retribui o carinho de sua mão segurando com mais firmeza – Não sabe o quanto me deixa feliz ouvir alguém me dizer que acredita na minha mudança, realmente não me orgulho da pessoa que já fui e das coisas que eu fiz, mas aquela pessoa não existe mais, eu quero muito construir uma amizade com você, não quero causar problemas para você, hoje mais cedo quando Charlie recebeu aquela mensagem não pude deixar de me sentir culpada por ter te colocado naquela situação, me senti imatura.
- Você não pode pensar assim, aceitei seu convite.
- Eu sei, mas eu deveria ter um pouco de bom senso.
- Claire pare com isso, por favor – o tom dela saiu meio ríspido o que indicava que ela poderia estar ficando irritada, confirmando que ela detestava se sentir controlada ou não gostava muito de drama e logo eu Drama queen – Caso Sam fale algo com você me conte pois também não quero afetar a amizade de vocês.
- Tudo bem – ela soltou minha mão e nesse momento eu senti como um golpe de ar gelado, ela olhou para frente e soltou um leve suspiro que eu não teria notado se não estivesse olhando para ela, recostei de novo meu corpo no banco do carro olhando para o vidro escuro que dava acesso ao banco da frente vendo meu reflexo e imaginando algo para acabar com aquele silencio que se instalou. - Gostou da festa?
- Foi bem divertida – ela sorriu para mim – na verdade estou com um pouco de sono.
- Vai demorar um pouco para chegar no Centro, esse condomínio da Charlie é muito afastado do centro – ela estava a uma certa distancia mas ainda sim próxima e percebi seu corpo vindo em minha direção, sua cabeça recostou sobre meu ombro e senti o leve perfume de seus cabelos negros se espalhando sobre meu braço, por alguns segundo eu fiquei tensa não movi um musculo.
- Tudo bem se eu te usar de apoio? – Posso estar imaginando coisas mas essa pergunta me pareceu tão insegura e ao mesmo tempo tão inocente que o meu corpo relaxou e eu fiz um movimento para acolhe-la e percebi o corpo dela se tencionar e fazer uma breve menção de se afastar.
********************
Vou admitir que ideia idiota foi essa de se apoiar nela? Estava tudo legal Victoria, vocês se esclarecerem arco-íris e unicórnios. Foi tão automático e falar sobre sono logo em seguida mesmo naquele carro que era enorme; eu poderia facilmente me ajeitar ali perto da janela; mas institivamente meu corpo apenas foi e quando senti seu calor e corpo tenso dela de encontro com o meu me arrependi de imediato e então perguntei se havia algum problema, porem qualquer movimento dela me faria sair correndo no mesmo instante, não sei porque mais parecia aqueles jogo de campo minado. Senti o corpo dela fazer menção de se mover talvez para sair daquela ousadia da minha parte, mas ele apenas relaxou e pude ouvir a voz dela que saiu quase como um sussurro:
- Tudo bem – Para minha surpresa ela me acolheu em um abraço fazendo nossa proximidade aumenta, não tem como não dizer isso, mas meu coração deu pulo, ela se acomodou de forma mais confortável e tentei acompanhar pra não ficar de mau jeito também.
Ela encostou seu queixo de leve sobre minha cabeça e com o braço passou por sobre meu ombro em um abraço quente e até arisco a dizer cheio de carinho. Fechei meus olhos soltando o ar que parecia ter prendido por uma eternidade com aquela movimentação e senti o coração dela meio agitado mas já se acalmando o silencio se presente, olhei para a janela vendo as luzes da cidade e não senti quando adormeci ali com aquele abraço tão carinhoso.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Sem comentários
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook: