Milena~

 

Gloria mandou o cliente entrar.

 

- Bom dia Srtª Milena. – o rapaz estendeu a mão

 

- Bom dia Srº... – fiz cara interrogativa

 

- Claudio – respondeu

 

- Srº Claudio – peguei em sua mão – sente-se – lhe indiquei a cadeira – então o que lhe traz aqui?

 

- Sua fama – sorriu....

 

 

 

Passei o resto do dia em reunião com o senhor Claudio, que o mesmo tinha varias ideias para fazer na sua casa, só estava precisando organiza-las, eu ate gostei do rapaz, bastante alegre e simpático. Despedimo-nos e ele foi embora. Estava arrumando minhas coisas e pedi a gloria pra ir à ala da maquete e manda as ideias do cliente para serem feitas. Peguei todas minhas coisas e fui saindo pela porta, senti minha bexiga pesar – aii tenho que ir ao banheiro – falei comigo mesma – fui ao banheiro, fiz xixi e ouvi uma zuada vindo do meu escritório, - talvez seja a Gloria que já tenha voltado – comecei lavar minhas mãos e ouvi uma musica, estranhei – Gloria – chamei, mas sem respostas – GLORIA – gritei e a mesma coisa, senti uma escuridão vindo da direção do meu escritório, abri a porta devagar, não sabia o que ia encontrar, ao abrir a porta o som estava mais alto e a sala no escuro, caminhei pra fora do banheiro – Oiiii... – chamei, então uma luz da luminária de minha mesa ascendeu, dei um passo pra traz e franzi a testa com cara assustada

 

- Oi – saiu uma voz sexy

 

- o que merd* você está fazendo em minha sala? – já começava a ficar irritada

 

A luz refletia em seu semblante, e era nítido ver sua face, então mordeu os lábios – vim ver você meu amor... – se levantou e veio em minha direção

 

Dei dois passos para atrás e me bati na parede – Não ouse tocar em mim – era tarde, pois seu corpo que estava completamente nu colou ao meu, ela passou sua língua em meu pescoço e mordeu a ponta de minha orelha – se afasta, não quero ser grossa com você.- resmunguei.

 

- calma querida, porque você está assim tão áspera comigo? – mordeu o meu queixo fazendo provocações – eu te amo tanto... – sussurrou em meu ouvido – agora nós podemos ser uma da outra, já que não trabalhamos mais juntas.

 

 

 

***************

 

3 anos antes.....

 

 

 

- Oi senhor Fernando – dei a mão para cumprimentar meu novo sócio

 

- Olá minha querida – ele foi super gentil e cumprimentou-me de volta

 

- sente-se – mostrei-lhe o sofá – o que devo a honra de sua visita agora? Não veio aqui pra desistir do negocio né?

 

- não minha filha – deu um sorriso divertido – jamais, entrei certo de que nós nos daríamos bem – estava sentado em meu sofá de pernas cruzadas e tomava um whisky 12 anos.

 

- então já que não é isso, o que posso fazer pelo o senhor? – tomei um gole

 

- bem – se ajeitou no sofá vindo um pouco pra frente e entrelaçando as mãos – você sabe que eu tenho uma filha né?

 

- sim, claro, - respondi – Camila ne? – fiz um esforço pra tentar lembrar-me dela

 

- sim, ela mesma, minha única filha – sorriu ao lembra-se dela – ela está fazendo um curso de Publicidade e Propaganda, entrou na faculdade com 16 e agora está com 19 anos assim de sua idade – sorriu novamente.

 

- sim, somos novas – sorri.

 

- e ano que vem ela termina o curso, eu queria que ela fizesse outro curso, mas ela se identificou com esse, sempre quis ser uma grande empresaria – fez algumas graças com as mãos – e eu vim pedir seu consentimento para coloca-la na parte publicitaria aqui.

 

 

 

Eu estava paralisada com o que o homem falava, eu já tinha pessoal nessa parte mas a moça estudou em boa universidade (FASHION INSTITUTE OF TECHNOLOGY), era uma boa, já que tínhamos pouco tempo no mercado e ela vinha com grandes requisitos .

 

- olha senhor Fernando – hesitei-me, mas logo continuei – o senhor sabe que já temos chefes na área e vários outros que trabalham com a gente. – respirei – e-e-eu não posso coloca-la no nível maior, porque seria injusto com os outros que vem a quatro anos ai me ajudando a levantar a empresa, pois tem gente que eu conheço quando eu vim morar aqui, então eles tão junto comigo desde o início, eu seria uma baita de uma filha da minha mãe – sorri no pensamento – se eu os tirasse e colocasse a sua filha.

 

- eu te entendo e não tiro sua razão, e acho digno o jeito que você pensa e fala comigo de igual pra igual, e não de um homem segundo maior sócio. – o sorriso dele era de orgulho – não tem nenhuma área que você posso coloca-la?

 

Eu fiquei alguns segundos pensando e conclui – pensando bem Sr. Fernando, tem sim.

 

- qual? – ele deu uma pausa – quer dizer, ela aceita.

 

- mas eu nem disse o que é!

 

- então fale – brincou

 

- tem um trabalho que eu quero abrir, não é grande coisa, mas influencia muito aqui.

 

- diga – falou interessado

 

- ela pode comandar a área de escolhas de modelo para as publicidades, e pode também comandar algumas que ela mesma consiga ou pelo senhor, ai vai depender. Porque aqui nos trabalhamos em conjuntos, vamos atrás de clientes e jogamos dentro da empresa.

 

- jogam? – franziu a testa

 

- ahh o senhor entendeu ne, tipo compartilhamos os clientes e tal

 

- como assim? – expressão de incrédulo

 

Eu gelei – é... Sabe, não somos egoístas em nosso trabalho.

 

Ele começou a sorrir do nada – calma minha filha, to brincando, eu entendi. – se recompôs – E olha ela aceita

 

- então por mim, ta tudo bem.

 

- ela começa quando?

 

- quando ela quiser, tenho uma mesa pra ela na área de publicidade. O senhor sabe que aqui a empresa é pequena e estamos começando, é tudo muito simples.

 

- eu sei relaxe.

 

- meu sonho é ter um prédio só pra mim.

 

- um dia você realiza, é só ter...

 

- trabalho duro – bate continência pra ele, fazendo-o sorrir.

 

- trago-a amanha para lhe apresentar.

 

- ok!

 

Despedimos-nos e ele se foi.

 

 

 

 

 

No dia seguinte....

 

 

 

Alguém bateu em minha porta

 

- pode entrar – falei

 

- licença – senhor Fernando colocou a cabeça pela porta

 

- oii senhor Fenando – levantei-me – entre

 

- licença – ele entrou e atrás dele uma moça, muito bonita por sinal.

 

- tudo bom? – o cumprimentei

 

- sim, - pegou em minha mão – vim trazer minha filha.

 

- ahh sim – a fitei

 

- Prazer, Camila – falava meio tímida.

 

- prazer é todo meu – falei – sentem-se

 

- então filha, essa é a sua chefe – disse ele sorrindo.

 

- recém-formada ne? – perguntei

 

- sim.... – respondeu

 

 

 

Dali em diante conversou sobre tudo, ela me contou o que gostava, estávamos na parte de nos conhecer. Mostrei sua mesa, mostrei seus colegas de trabalho, ela sempre atenda em tudo, queria conhecer tudo e a todos, muito simpática à menina.

 

O tempo foi passando e a empresa começou a ser reconhecida, e começamos a ganhar mais, e abrimos outras áreas de trabalho, eu me virava a mil pra estudar em duas faculdades ao mesmo tempo, quase não sobrava tempo pra mim. Depois de quase dois anos trabalhando duro, decidimos mudar a empresa de lugar, e conseguimos um prédio só pra gente e a empresa já estava estourada, muitas gentes sempre nos procuravam, começamos a abrir filiais, foi difícil no começo, mas logo pegamos o ritmo.

 

Todos os colegas de trabalho marcaram de ir numa boate pra comemorar a vitória, e eu claro que aceitei. Meu relacionamento com Camila era timo, todo mundo gostava da garota, ela um verdadeiro prodígio, se empenhava mesmo, não é atoa que virou diretora de marketing da empresa.

 

 

 

Já na boate...

 

 

 

- oi – falou Camila em meu ouvido

 

- oi – respondi tomando um gole de meu drink

 

- to tão feliz que estamos crescendo – sua felicidade era nítida

 

- eu também estou não consigo acreditar que temos um prédio só pra gente – eu praticamente gritava, por conta da zuada.

 

Seus olhos estavam fixados em minha boca, e meus olhos no seus olhos. Como um raio, ela me puxou para um canto escuro da boate, encostou-me na parede e me beijou. Eu não tive reação, parada eu estava parda eu fiquei. Quando cai em mim, eu a empurrei.

 

- nãooo – gritei

 

Ela insistiu e me abraçou, eu tentava fugir – eu quero você Milena, desde o primeiro dia que te vi

 

 

 

Eu estava atordoada com o que ela falava, eu não tinha nenhum sentimento pela garota, éramos amigas, e ainda por cima trabalhávamos juntas.

 

- não, – gritei novamente empurrando ela com mais força. Sai da boate feito flash, e ela atrás de mim.

 

- o que eu fiz? – perguntou-me

 

- nada – falei engolindo a saliva e prendendo os dentes

 

- eu beijo mal? – foi se se encostando a mim e colocou seus braços em meu ombro

 

- não, – falei suspirando forte.

 

- então é o que? – segurou meu rosto com suas mãos

 

- é que a gente trabalha juntas, eu sou chefe, você é filha do segundo maior acionista – engoli a seco mais uma vez – não sei ta errado.

 

- o que? – franziu a testa – como assim ta errado?

 

- nós trabalhamos juntas, é falta de ética namorar alguém do trabalho.

 

- você não gosta de mim? – deu um selinho fazendo voz manhosa

 

- Camila, você é uma menina tão doce, tão amável, eu não sou pra você, eu gosto de você e n...

 

- então – interrompeu-me, me deu outro selinho e sorriu – eu também gosto de você

 

- Camila, me escuta – segurei seu rosto e olhei dentro de seus olhos – eu gosto de você como amiga, alguém com quem eu sempre conto, e não como namorada ou alguém que eu queira pegar.

 

- não podemos ficar juntas? – perguntou com voz de choro

 

- não, – respondi com receio

 

- por quê? – parecia incrédula

 

- porque trabalhamos juntas, Camila. – segurei seu rosto – isso nunca vai dar certo.

 

Vi de seus olhos escorrerem lagrimas, ela me deu um tapa na cara e saiu correndo.

 

- que porr* foi essa? – briguei comigo mesma, passando a mão no meu rosto. – essa garota é doida?

 

 

 

Os meses foram se passando e a Camila não era mais doce, vivia brigando com todos e ninguém a suportava mais, tentei ajuda-la, mas ela não queria saber de mim, me culpava por destruir seu conto de fadas, agora que conto é esse, ninguém sabe!

 

 

 

**********

 

 

 

- o que? – minha voz saiu como um grito – você é maluca – empurrei ela e sai dali

 

- o que? Digo eu – caminhou em minha direção – você alegou que não ficaria comigo porque trabalhávamos juntas, eu fiz de tudo e você não quis, e agora meu amor, nós podemos ficar juntas – se jogou em meus braços, envolvendo suas pernas em minha cintura, eu simplesmente joguei ela no sofá.

 

- CAMILA – gritei – Para de cena, senta ai e fica – estava irritadíssima – você é louca ou o que?

 

- sim, sou LOUCAA – começou a gritar – mas sou louca por você e por mais ninguém.

 

- VOCE É MALUCA, LOUCA -  eu gritava apontando o dedo pra ela.

 

- você me quer que eu sei – ela sentou-se no braço do sofá e abriu as pernas

 

- Camila – reclamei franzindo a testa

 

- mas que porr* é essa aqui? – perguntou no automático a Gloria

 

Camila parecia uma psicopata e só fazia sorrir

 

- Gloria, fecha essa porta e me espera lá fora – falei firme

 

- ela não quer participar? – perguntou rindo e passando a língua pelos dentes

 

- não, ela não quer – cheguei perto dela – cadê suas roupas? – olhei pro chão e catei tudo e joguei no colo dela – vaza daqui, vai embora, eu não te quis antes e não te quero agora!

 

- oque? – sua feição mudou – você ta me dispensando outra vez?

 

- sim, estou – fiquei cara a cara com ela – vaza daqui, vai viver sua vida longe de mim.

 

Ela começou a vestir a roupa e a chorar ao mesmo tempo – você não me ama... você nunca me amou, porque você me iludiu?

 

- que? – gritei no automático

 

- você disse naquela época que não ficávamos juntas porque trabalhávamos juntas, não poderíamos misturar as coisas, e agora não quer ficar comigo?  Você me iludiu!

 

- olha Camila, nós temos conceitos diferentes de ilusão viu.

 

Terminou de vestir a roupa e chegando à porta – você vai se arrepender de fazer isso comigo, escute o que eu lhe digo – saiu batendo a porta com força.

 

Eu me jogue no sofá e a Gloria entrou

 

- menina que babado foi esse? – disse incrédula.

 

Acabei que lhe contei tudo, o que ocorreu no passado e o que acabou de acontecer. Ela ficou de boca aberta, nunca soube de nada disso, e não era pra menos, já que eu nunca contei pra ninguém. No fim Gloria ainda constatou o porquê Camila ficou tão angustiada e fechada esses anos todos.

 

Já era no fim da tarde, cheguei em casa e fui tomar banho e me ajeitar pra sair. Liguei pra Gloria, a convidando pra ir conosco, e prontamente ela aceitou. Por volta das 7:20 p.m. o Ryan e a Gloria chegaram aqui em casa.

Fim do capítulo