Recomeço por Laris Nunes
Capítulo 1
Por Larissa Nunes
1
Era aniversário da cidade, feriado prolongado, cidade toda parada, mas os pensamentos de Júlia não paravam.
A cabeça em um turbilhão constante, descreviam a alma. Os olhos marejavam e o sorriso amarelado tentava, sem sucesso, esconder o vazio.
Um poço de frustrações, uma coleção de mágoas e o medo incontrolável de amar de novo, não foram suficientes para impedi-la de se apaixonar por Luísa.
Já se passaram muitos anos desde o primeiro oi, mas está mais difícil controlar agora.
– Oi Lu, estou ligando apenas pra saber como foi seu dia.
– Júlia, antes que você comece, acho melhor a gente se afastar. Eu tenho a minha vida e neste momento não cabe "nós" e você deveria entender. Você merece bem mais...
– Bem mais que você consegue me oferecer e você tem uma pessoa, já entendi todo esse blá blá blá. Eu sumo desde que você me explique porque quando estamos perto, sua respiração muda, seu corpo se aconchega ao meu e seus olhos não me encaram, como se caso me olhassem por mais de um minuto, pudessem entregar todo o segredo por trás do seu não.
– Isso é tortura! Para...
Júlia se questionava e não encontrava respostas, pelo menos nenhuma plausível. Já sabia que se afastar não mudava em nada, mas talvez devesse tentar.
Alguns meses se passaram e em uma tarde de folga, Júlia pôde ver de longe Luísa, enquanto escolhia algo na vitrine de sua loja favorita.
– Oi Lu!
– Júlia! Nossa, que engraçado te encontrar aqui.
– Ruim?
– Lógico que não. Só estranho.
– Quer tomar um café?
– Não sei se deveríamos...
– Ok.
– Mas, estou com saudade e quero conversar.
Você deveria me deixar falar, cabeção!
Júlia apenas sorriu.
– Como está sua mãe? O trabalho? Como está tudo?
– Jú, nada de mudanças, tudo a mesma e você?
– Acho que também. Senti sua falta, Luísa.
– Eu também senti a sua, mas foi uma decisão necessária. Gosto muito de você e você estava sofrendo.
– E você acha que me mantendo longe, resolveu?
– Não sei! Vamos mudar de assunto, Júlia.
– Tinha esquecido como é dialogar com uma capricorniana chata.
– Desculpa ai, miss simpatia!
E da mesa ao lado foi possível ouvir as gargalhadas.
Como sinal de trégua marcaram de sair, no final de semana. Iriam até um pub que inaugurou na cidade.
2
Enfim chegou sábado.
Luísa concordou que Júlia lhe buscasse.
Noite agradável. A banda tocava Engenheiros do Hawaii, as duas conversavam sobre tudo, como de costume.
Beberam um pouco e se olhavam como se o afastamento nunca tivesse acontecido.
Estava quase amanhecendo. As luzes do bar que até então estavam apagadas, se acenderam.
– Vamos embora, Jujuba!
– Nossa, a quanto tempo você não me chama assim, Luluzinha?
– Desde que eu cresci, otária!
– E você cresceu?
Luísa sorriu e Júlia parecia satisfeita com o clima afetuoso.
Durante o caminho todo, comentaram lembranças e distribuíram gargalhadas.
Assim que chegou em frente ao apartamento de Luísa, Júlia tirou o cinto de segurança e se aproximou.
– Júlia!!!
– Lú, por favor relaxa.
– Jú, é que, você sabe, é que...
Tira a mão do meu pescoço.
Luísa sorriu.
– Eu sou apaixonada por você! E não sei do que você tem medo, Luísa.
– Não é medo, mas por favor, para.
Júlia puxou Luísa pra mais perto e lhe beijou.
Como se aquele beijo fosse um start, as mãos começaram a percorrer os corpos, ambas ficaram ofegantes e pareciam se saciar de uma fome imensurável de carinho e prazer.
– Eu quero você Lu.
– Eu estou aqui, então...
Luísa tentou concluir a frase mas não conseguira.
Júlia lhe beijava o corpo todo. Percorria cada canto de seu corpo e lhe excitava.
Fizeram amor ali, no carro, ferozmente. E insaciáveis, subiram até ao quarto de Luísa.
3
Depois de momentos de prazer intenso, Luísa dormiu e Júlia se pôs a pensar, ainda em êxtase em tudo que acabara de acontecer.
– Lu. Você é tão linda! Será que tá me ouvindo?
Luísa nem se movia.
Júlia atravessava anos de lembrança até essa noite, fazia planos, quando o celular de Luísa tocou. Era Marcelo.
– Jujuba, é meu celular?
– Acordou assim, do nada? Eu estava falando com você.
– Júlia, não ouvi, assustei com o celular, pensei que...
CARACA!!!! O Marcelo!
– É, acho que era ele. Eu vi no visor.
– Ele deve estar vindo pra cá.
– Luísa, você vai mesmo ignorar o que aconteceu essa noite?
– Júlia, depois a gente fala disso. Preciso que você vá embora.
– Disso? Precisa?
– É, preciso. Por favor, sem drama.
Júlia juntou as peças de roupas, que estavam espalhadas no quarto, e foi descendo as escadas, enquanto Luísa sussurrou um pedido de desculpas, quase que imperceptível.
Tão imperceptível quanto a foto das duas ainda crianças, na sala do apartamento.
Já no carro, Júlia começou a conversar consigo mesma.
– Uma idiota, é isso que sou. Deveria esperar o Marcelo chegar e explicar pra ele o que aconteceu essa noite. Até faria isso, se ao menos eu soubesse o que aconteceu!
Quando chegou em casa, Júlia viu que Luísa havia enviado mensagens.
“Jú, minha Jujuba, me desculpa! Não deveria ter acontecido, mas não vou negar o quanto foi bom.
Porém, as coisas não são simples quanto parecem, pra você. Existe muita coisa. Eu sempre tive medo de confundir nossa amizade.
A gente se conhece desde criança e quando ficamos no colégio foi numa brincadeira, e desde então eu nunca mais considerei essa hipótese. Me doía cada vez que via você triste ou então quando me dizia que estava apaixonada e eu não podia corresponder.
Eu tenho o Marcelo, mesmo com todos os problemas, que como minha amiga, você conhece bem, eu tenho uma história e você viu isso nascer, enquanto se arriscava em aventuras e paixões com várias meninas.
Sempre admirei essa sua coragem e força em se aceitar e assumir, sem receios, pra todos, quem você é, mas preciso admitir pra nós que não me imagino sendo forte assim.
As coisas estão bem embaraçadas na minha mente agora, e não consigo pensar em nada além de tudo que fizemos e como isso pode nos afastar.
Sei que você deve estar resmungando, pensando porque afastar.
Mas Júlia, eu não posso brincar com o que você sente e no momento não sei o que estou sentindo.
Perdão e obrigada por cada segundo.
A gente se vê.”
4
Júlia leu mais de uma vez e optou por não responder naquele momento.
Tirou a roupa e se olhou no espelho. Vestígios de uma noite intensa pelo corpo todo.
O banho foi mais demorado que o normal. Pensamentos confusos, mas assim que saiu do banheiro, Júlia respondeu a mensagem de Luísa.
“We keep this love in a photograph
We made these memories for ourselves
Where our eyes are never closing
Hearts were never broken
And time's forever frozen still
So you can keep me inside the pocket
Of your ripped jeans
Holding me close until our eyes meet”
A mensagem em inglês, era um trecho de uma música conhecida das duas e dizia muito mais que parecia dizer.
Assim que enviou para Luísa, recebeu uma resposta.
“Eu lembrei.”
O trecho dizia:
“Nós mantemos este amor numa fotografia
Nós fizemos estas memórias para nós mesmos
Onde nossos olhos nunca fecham
Nossos corações nunca estiveram partidos
E o tempo está congelado para sempre
Então você pode me guardar no bolso
Do seu jeans rasgado
Me abraçando perto até nossos olhos se encontrarem”
Júlia havia tocado a música pra Luísa, em um dos dias que falou sobre o que sentia e como se sentia. Também lembraram de quando falavam horas ao telefone em inglês para que a mãe de nenhuma delas entendesse.
Luísa não conseguiu disfarçar, para Marcelo, seu descontentamento.
– Lú, está tudo bem?
– Má, não está, mas acho que hoje você não pode me ajudar.
– O que foi que aconteceu?
– Discuti com a Júlia, nada demais, mas você sabe que ela é importante.
– Não é mais novidade vocês brigarem. Desde a faculdade que vocês se estranham com frequência. Você sabe minha tese.
– Que tese Marcelo? Tá defendendo seu doutorado e esqueceu de falar?
– Que mau humor! Minha tese é que a Julinha é apaixonada por você e por isso as implicâncias até mesmo comigo.
– Sério isso Marcelo? Por favor né? Sei que combinamos de passar o dia juntos, mas preciso ficar sozinha.
– Tá bom. Mas amor, se eu estiver certo, podemos dividir você. Eu fico com sua parte chata e ela com a legal. Sendo assim, eu fico com tudo.
Marcelo riu.
– Má, por favor...
– Ok. Me liga se precisar de algo.
E Luísa, acho que você deve ligar para ela.
5
Luísa ficou pesando no que Marcelo havia dito. Deveria então ligar para Júlia? Ligar e falar o que? Conhecia Júlia desde os 9 anos de idade e sabia que naquele momento, ela não iria querer conversar.
Enquanto isso, Júlia pensava sobre tudo o que havia acontecido e da forma que havia acontecido. Lembrou de todos os momentos com Luísa, se questionou em que momento deixou que aquele sentimento nascesse, riu de algumas coisas que fizeram e no fim apenas chorou. Chorou como se tivesse matando tudo aquilo dentro de si. Reconheceu que era momento de ficar longe de Luísa. Não queria perder todos os anos de cumplicidade e amizade, mas não queria continuar em um amor platônico, que doía incessantemente.
Júlia ligou para Fernanda e disse que precisava conversar. Como sempre, Fernanda não hesitou.
– Juju, está tudo bem? Mas independente da resposta, é claro que podemos conversar. Deixa eu adivinhar? Vamos tomar um café?
– Vamos! Preciso de um café muito quente e forte.
– Isso já me diz muito. Em 20 minutos estou na Padoca, ok?
– Obrigada, Fer!
– Júlia, uma última coisa.
– Sim.
– Lú não foi convidada?
Júlia suspirou.
– Sem bufar, eu entendi, até já.
Fernanda, Júlia e Luísa eram amigas a muito. Fernanda era o elemento que sustentava as reconciliações das outras duas, cada vez que brigavam por nada.
– Fernanda, demorou hein?
– Júlia, calma! Já pediu os cafés?
– Sim! Senta aí.
– Os dez minutos a mais, foram porque tive que despistar a Lú. Ela também me ligou. Perguntou se eu havia falado com você hoje e disse que queria me ver. O que foi agora?
– Ela te ligou? Ela deveria estar com o Marcelo agora e ...
Bom, isso não deveria me importar!
– Mas importa, e muito. E nós quatro sabemos!
– Quatro?
– Sim, Júlia. Você, eu, Lú e até mesmo o Marcelo sabemos.
– Droga! Eu e a Luísa trans*mos.
– E você me fala isso assim?????
– Queria que eu falasse como, Fer?
– Sei lá, sou pisciana, acredito no amor. Talvez eu quisesse uma música de fundo e uma descrição digna de uma cena entre Holly e Gerry em P.S Eu Te Amo.
– Fernanda!
– Já parei.
– A gente saiu ontem, porque estávamos distantes e queríamos parar com isso...
Fernanda interrompeu.
– Aí vocês lembraram porque ficam longe? Será que é porque quando estão perto se desejam, mesmo com todo aquele discurso da Luísa, de que tem o Marcelo e todo o resto de coisas, que tenho certeza que ela decorou, pra todos os momentos que você chegar perto dela?
– É, pode ser. Quando fui leva-la embora, nos beijamos e aí...
– Detalhes, por favor. Não sou obrigada a vir aqui e não saber um detalhe!
– Não vai ter detalhe.
– Quem disse?
– Tá, talvez eu fale apenas que foi bom. Muito bom. Que ela não pensou em mais nada. Estava entregue. Totalmente entregue, aliás. Me beijava como se tivessem mil beijos presos dentro de um pote, durante anos. Estava insaciável. Procurava meu corpo, imediatamente, cada vez que eu parecia me afastar do corpo dela.
– Conte-me mais.
– Estávamos no carro e aí subimos. E foi isso! Já falei demais.
– E porque você está mal????
– Porque ela acordou com o Celo ligando e me pediu pra ir embora.
– E qual a novidade? Essa é a Luísa.
E ah, notei que você chamou o Marcelo de Celo, e acho que faz tempo que você não o tratava assim, fizeram as pazes?
– Fer, eu passei os dois últimos anos, acreditado que o Marcelo havia me tirado a Lú.
Que ele havia afastado a possibilidade da gente ficar juntas. Mas hoje percebi que não. O Marcelo não fez nada. Nunca teve a ver com ele.
– Júlia, na verdade, creio que o Celo é a pessoa que mais sofre com isso tudo. Ele tem boa percepção. Ele sempre teve a Luísa pelas metades. O momento mais próximo deles, foi quando você namorou a Tati, que a Luísa, apesar de nunca ter admitido, morria de ciúme e se afastou.
– Você e sua convicção que chega a ser irritante.
– Você deveria acreditar nas minhas convicções.
– Fer, não dá pra levar a intuição amorosa de uma pisciana a sério.
– Ah, não?
E as duas riram.
6
– Podemos pedir mais um café, Juju?
– Sim.
– Me lembro sempre de você me explicando porque gostava tanto de café, sabia? Você dizendo com aquele tom de pessoa madura. “Fernanda, o café marca normalmente o início de um novo dia. Assim que amanhece desejo meu café. Assim que acontece algo de ruim, desejo que nasça um novo dia. Assim que algo bom acontece, lembro que vai amanhecer e que devo equilibrar as sensações, porque tudo passa. Sempre passa. E nesse ciclo de um novo dia, um novo começo, peço meu café!”
– Nossa! Você decorou isso?
– Quase isso. Mas me viciei em café depois dessa explicação!
– Palhaça!!!
Fernanda sorriu.
– Fer, lembra que já havia considerado fazer um mochilão? Pedir uma licença, por tempo indeterminado, para os meus tios, lá na empresa e me jogar em uma viagem?
– Lembro. E deixa eu adivinhar? Você vai fazer isso agora!
– Vou.
– Acho que você deveria falar com a Lú, antes de ir. Não pedir aprovação, antes que você se estresse, mas falar.
– Não sei, vou correr com isso, quero sair daqui em dez ou quinze dias.
– Que rápida! Eu apoio, ajudo no roteiro, com uma condição.
– Lá vem...
– Quero presente de pelo menos dois lugares diferentes. E ah, não demora!! Eu vou morrer de saudade desse seu papo racional, maduro e cheio de cafeína!
– Você é uma linda!!
– Tô acostumada a ouvir isso mesmo.
Mentira!
Júlia gargalhou.
– Obrigada por tudo, Fer. E topo sua condição. Preciso ir agora, vou falar com meu tio já, começar a ajeitar as coisas.
– Sempre impulsiva. Me liga qualquer coisa. Te amo!
– Também te amo, palhacinha!
7
Júlia chegou em casa e imediatamente ligou para o tio, para lhe informar sobre a decisão, de se afastar da empresa. Após isso, iniciou a busca por cursos fora do país, algo que pudesse ocupar sua mente.
Escolheu algumas cidades no Brasil, que pudesse conhecer antes de embarcar para o Canadá, onde havia lhe inscrito para um curso de fotografia, que sempre lhe apaixonou, porém nunca havia se dedicado.
Demorou a dormir, empolgada com roteiro e lista de coisas para fazer.
E assim que amanheceu ligou para Fernanda.
– Fer, bom dia! Comecei a preparar as coisas e descobri que preciso da sua ajuda pra comprar mala e umas roupas. A Lú sempre me ajudava, mas acho que não é o caso.
– Bom dia Jú, são oito da manhã e eu tô de férias, lembra? E óbvio que você não vai pedir a ajuda da Luísa!
– Eu sei que você tá férias, por isso liguei cedo. Se arruma, vou levar as coisas pra tomar o café aí, arrumo tudo enquanto você se arruma! Levanta...
– Tá bom.
– E Fer, ânimo! O dia tá lindo. Beijocas.
– Nossa Júlia, que fora de moda esse beijoca. Tchau!
– Única hora pra te ver de mal humor, quando acorda! Até.
Júlia foi até a casa de Fernanda e depois seguiram às compras.
– Nossa, eu não lembrava que era tão engraçado comprar roupas com você, Júlia!
– Porque, Fernanda?
– Esse teu problema, de achar que não fica bonita, em nenhuma roupa!!!
– E não fico mesmo!
– Ah, para! Você é linda de qualquer jeito e se me recordo bem, sem roupa também!
Júlia ficou corada e sorriu, sem graça.
– Achei que você nem lembrava mais disso.
– Eu lembro Jú. Um segredo, nosso! A propósito, nunca te perguntei, mas você contou isso pra Luísa?
– Claro que não, ninguém sabe.
– Melhor assim. Foi hilário. Você bêbada tentando me convencer que o que sentia pela Lú, era o mesmo que sentia por qualquer amiga, uma coisa normal. Fiquei me perguntando se você sente tesão daquele jeito, por todas amigas, depois daquela noite.
– Fer, poxa! Você me deixa sem jeito. Mas óbvio que não. Descobri depois que era apaixonada pela Luísa. E sobre aquela noite, foi maravilhosa. E só com você, de amiga, que senti isso aí, que você falou.
– TESÃO, Júlia!
– Cala a boca! Tá todo mundo olhando.
Fernanda riu.
– Foi uma insanidade, você sabe. Mas que bom que nunca mudou nada entre nós. Depois de tanto tempo, posso confessar que cheguei a pensar em você, algumas vezes, de outra forma, né? Mas a maturidade nos proporciona o discernimento, graças a Deus! E aí não entrei nessa fria.
– Fria? Só você mesmo. Você nunca me falou isso, antes.
– Você queria que eu tivesse falado? Você ia dizer “ Fer, bela, você é de peixes, lembra? Não existe sex* sem expectativa pra você, agora desencana, que amo a Lú, lembra dela?”.
– Primeiro, você fica péssima tentando imitar minha voz, eu não falo parecendo que tô tendo um derrame assim não, né?
E depois, eu jamais falaria isso. Só achei que foi um momento de carência nosso. Você sempre foi a menina mais gata da turma e eu queria te ter no meu caderninho.
As duas riram.
– Esquece isso, Jú. Faz tanto tempo. E melhor ter você, como amiga mesmo. Agora, anda logo, escolhe as roupas, criatura!
Júlia concordou, e começou a separar o que havia gostado.
Quando Fernanda chegou em casa, viu que Luísa havia lhe enviado mensagens e ligado algumas vezes. Decidiu retornar.
– Lú? Boa tarde! Vi agora que você me ligou.
– Oi amiga, estava ocupada?
– Fui com a Jú, comprar umas coisas.
– Ah sim, e como ela está?
– Bem...
– Será que posso passar aí? Queria conversar. Tá afim?
– Claro, amiga! Estou te esperando.
Fernanda ficou se perguntando como reagiria, caso Luísa contasse sobre a noite com Júlia. Se pareceria surpresa, ou mostraria que sabia.
Sobre a viagem de Júlia, comentar ou não.
E de repente Luísa, estava lá.
– Fer, oi. Imagino que já saiba porque eu vim. Você disse que estava com a Júlia. Ela deve ter lhe contado tudo.
– Tudo? Não tocamos no seu nome hoje, Lú.
Ontem tomamos um café juntas e ela disse apenas que vocês tinham se desentendido e que ela precisava ficar longe dessas briguinhas.
– Só isso?
– Sim. Ela deveria ter mencionado alguma outra coisa?
– Nós dormimos juntas!
– Novidades nisso?
– Transamos, Fernanda!
– Ah, sim. E como foi?
– Diferente. Intenso. Estranho. Incrível.
– Diferente fez sentido. Você tá acostumada a trans*r com o Marcelo, né?
– Eu amo esse teu humor. Boba.
– E o que você pretende agora?
– Não sei. Oque você acha?
– Lú, eu nem deveria, mas vou dizer. A Júlia vai fazer um curso fora. Viaja em breve, o curso tem duração de 6 meses, mas não sei se essa é a data de fato, do retorno dela.
– Ela não me falou nada! Decidiu isso, assim? Com raiva, provavelmente, por tudo que aconteceu. Nós trans*mos e eu pedi pra ela ir embora, que o Celo deveria estar chegando lá.
– Poxa, Luísa, você se supera. É tipo, o prêmio mané, pra não dizer vadia, já que somos amigas.
– Que isso, Fernanda?
– Sério Lú. Amo você. Somos amigas, e acompanho toda essa história. Mas você não acha que exagera, com a Júlia? Você pega pesado. Não quer, mas permite que coisas assim aconteçam e depois pede pra ela ir embora? Você conhece a Júlia, melhor que qualquer pessoa, e a machuca tanto assim. Conhecendo da forma que conhece, se torna covarde em machucar, porque tem consciência exata do que ela vai sentir e como vai ficar. Pensa nisso. Você é muito melhor que isso! Eu sempre acreditei e não me desaponte agora. Não seja covarde. Se não por você, faça pela Jú e também pelo Marcelo!
– Estou zonza, acho que vou pra casa.
– Vai lá. Pensa em tudo.
– Tá, tchau.
– Tchau e por nada, afinal acho que você deveria agradecer. Tô tentando fazer parecer que você é menos babaca.
Luísa saiu desnorteada. Ligou para Júlia, que não a atendeu.
– Jú...
– Oi, Fer!
– Liguei pra te falar que acabei falando da sua viagem para Luísa.
– Ah, então foi isso. Ela acabou de me ligar, mas não atendi. Não tô com clima agora.
– Ela já te ligou? Acho que deveria escrever um livro sobre casais complicados.
Júlia riu do outro lado da linha.
– O que você falou pra ela?
– Ah, ela veio me contar que vocês trans*ram, e dizer que estava confusa, o que não é novidade alguma. É quase que uma condição eterna dela. Aí chamei ela de vadia e ela saiu daqui para te ligar.
Sempre fui ótimas em resumo, lembra?
– Fernanda! Como assim?
– Nada, boba. Só falei que ela tá sendo uma babaca. Tanto com você, quanto com o Marcelo. Que ela pode ser melhor que isso. Agora imagino, que ela queira te ligar e convencer a não viajar.
Outro resumo, fizemos compra atoa!
– Claro que não. Ela não teria coragem pra isso. E não fizemos compra atoa, não!
– Tá bom, vou descansar de vocês agora, obrigada!
8
Luísa remoeu tudo que Fernanda havia dito.
Ligou para Marcelo e disse que queria conversar. O namorado disse que estava indo para lá.
– Amor, tá tudo bem? Tá acontecendo alguma coisa?
– Marcelo, é muito difícil isso, mas não é justo não fazer por covardia.
– Eu imaginei que fossei isso.
– Isso o que?
– Que você iria terminar, Luísa.
– Não é simples quanto parece. Eu gostei muito de você. Eu gosto, aliás. Mas é que eu não posso dizer que eu te amo. Não mais. Eu poderia simplesmente terminar, sem explicar, mas acho que nosso relacionamento merece a sinceridade e transparência desta conversa.
Você sempre esteve certo, sobre a Júlia me amar. E eu creio que nunca tenha enxergado que também a amo. Agora eu sei, Má. E eu preciso de viver isso. Me desculpa.
– Lú, relaxa! Eu sempre soube. Não queria admitir, mas estava na cara, o tempo todo. A gente não quer enxergar, se acomoda, mas eu sabia. Boa sorte na vida e obrigado por tudo.
Se abraçaram e Marcelo foi embora.
Passaram-se alguns dias. Júlia estava cada vez mais ansiosa, mas também já morria de saudades de tudo.
Resolveu sair com Fernanda, como despedida.
– Acho que eu vou sentir falta de tudo isso!
– Tá falando do que exatamente, Jú?
– De casa, das pessoas, do trabalho... de ficar tão perto assim de você.
– Não adianta tentar me seduzir de novo, hoje não vai rolar.
– Jura?
– Não! Por isso, não continue tentando.
Júlia abraçou Fernanda, enquanto riam.
– Estou a menos de três dias de deixar uma aventura pra trás e iniciar outra.
– Você vai voltar, criatura! Parece que tá indo pra sempre, credo.
– Eu vou voltar, lógico!
Enquanto faziam um brinde, Júlia ouviu de longe lhe chamarem.
– Marcelo?
– Ainda sou eu.
– Tudo bem? Cadê a Luísa? Ela tá bem, né?
– Você não sabe? Ela não te contou? Nós terminamos.
Na verdade, ela terminou comigo, descobriu que te ama.
– Não entendi.
– Eu tenho que ir, boa sorte pra vocês.
– Fer, você ouviu isso?
– Sim amiga, tô passada. Eu sou boa mesmo em dar lição de moral nas pessoas.
Júlia riu e disfarçou a curiosidade. Se perguntou o por que Luísa não a procurou.
– Se isso mexeu com você, deveria ligar para ela, Julinha.
– Não!
– Tudo bem. Acho que devemos ir pra casa.
– É...
Véspera da viagem. Tudo pronto.
O celular vibra. Mensagem de Luísa.
“Eu sei que poderia ter lhe procurado antes. Falei com a Fer, agora, e ela me disse que você viaja amanhã e isso me apavorou.
Eu sempre desejei que você fosse muito feliz. Por isso me mantinha tão longe. Acreditei durante anos que não te faria bem. Sempre invejei sua coragem, eu nunca consegui me olhar no espelho e repetir aos demais aquilo que eu via de fato. Nunca admiti que eu gostasse de meninas, até porque acho mesmo que não gosto... Eu gosto de você! Aliás, não gosto. Eu te amo! Desculpa dizer isso, só agora. E não tô fazendo isso pra te convencer a não ir, mesmo que essa seja minha maior vontade. Quero dizer que a noite, que ficamos juntas, foi incrível e que eu queria que todas as noites fossem como aquela, mas pelo menos por um tempo isso vai ter que ser adiado.
Boa viagem meu amor. Eu vou ficar te esperando, na esperança de que você possa pelo menos me ouvir.
Vê se não conhece alguém mais legal, bonita e mais forte que eu.
Até...”
As lágrimas percorreram o rosto de Júlia, enquanto ela repetia as palavras de Luísa.
9
Era a mensagem perfeita. Tudo que Júlia esperou, durante muito tempo.
Pensou em ignorar, mas não o fez.
“Oi, Luísa.
Encontrei o Marcelo e ele comentou que haviam terminado. Sinto muito!
Sobre tudo que escreveu, bom, eu não tenho palavras que consigam expressar como me sinto. Eu esperei muito ouvir isso, mas agora soou meio que egoísta, apesar de você ter dito que não, que não está pedindo que eu não vá embora.
Tudo que você escreveu, antes seria o suficiente pra eu não viajar.
Porém Lú, eu aprendi com você e com tudo que nos aconteceu, que amor não é tudo. Pelo menos não é o suficiente pra nos deixar felizes ou manter duas pessoas juntas, não para sempre.
Tem que haver uma porção de coisas além dele.
Se fosse suficiente, teríamos dado certo antes. Eu amei por nós duas, Luísa.
Eu preciso pensar, conhecer lugares e pessoas. Não que eu tenha que amar outra pessoa, mas também pode acontecer.
Eu estou muito feliz que você tenha se encontrado, admitido quem você é.
Eu sempre te achei forte e sabia que uma hora você também acharia.
Até.”
10
Fernanda buscou Júlia para leva-la até ao aeroporto.
– Dormiu bem? Parece péssima.
– Bom dia, Fer. Digamos que tive uma noite esquisita.
– Hum...Contei para a Lú, sobre você partir hoje.
– Tô sabendo, ela me mandou uma mensagem.
– Dizendo?
– Que me ama. Cômico, se não fosse trágico.
Fernanda ignorou.
– Chegamos.Isso tá me deixando triste. Sei que é para o seu bem, mas vou sentir saudade.
– Eu também vou, mas tô de volta em uns sete ou oito meses.
– Certo. Vou aguardar fotos, notícias e meus presentes.
– Claro!! Se cuida, Fer. Te amo.
– Se cuida também Juju, e também te amo.
Cada passo parecia uma longa jornada.
Fernanda viu Luísa, quando estava indo embora.
– Você veio!
– Vim vê-la de longe.
– Vai ser bom pra ela, Lú.
– Eu sei. Só vou morrer de saudades.
Silêncio.
Cada uma foi pra sua casa.
No outro dia, Fernanda já tinha notícias da amiga e várias fotos.
“Fer, olha essa foto. É a Gruta da Lagoa Azul, simplesmente incrível.”
“Mas, olha! Lindo. Aproveite.”
Os dias foram passando, Júlia cada hora mais empolgada.
“ Fer, pronto, amanhã estou no Canadá! Mando notícias.”
“Okay. Vê se importa umas gringas pra gente.”
“Se servir eu, okay. Depois de seis meses, volto até com sotaque. Rsrs”
“Não. Você não. Não vale.”
A última mensagem que trocava com Júlia, foi interrompida por uma ligação de Luísa.
– Oi Fer, tudo bem?
– Oi Lú, eu tô bem, e você? Que voz terrível.
– Tô bem sim. Tem notícias da Júlia?
– Estava falando com ela quando você ligou. Amanhã estará no Canadá.
– Achei que ela fosse, sei lá, mandar uma mensagem. Tô acompanhado como posso, nas redes sociais.
– Lú, qual sentido teria sair daqui pra ficar longe de você, e manter contato?
– Mas as coisas mudaram, Fer!
– Agora mudaram. Não é como você está pensando. Muita mancada envolvida, né?
– Agora eu sou culpada, por ter me apaixonado depois dela?
– Por isso não, mas por confundi-la, sim.
– Fernanda, super sincera!
– Não deveria te incomodar.
– Não incomoda.
– Que bom.
– Queria saber dela.
– Tudo bem, beijo!
11
Os dias foram passando cada vez mais depressa. Fernanda e Júlia se falavam todos os dias, por mensagens.
“Júlia, nada ainda? Nenhuma gringa?”
“Comigo não. Mas no curso, tem cada uma...”
“E qual os nomes das mais gatas? Cadence? Kate? Emma? Chloe? Charlotte? Chicken?”
“Você está me espionando? Esses nomes, conheci todas, com exceção é claro de CHICKEN. Oque foi isso, Fer? RISOS.”
“Havia acabado minha lista de nomes de mulheres canadenses. Não ria. Se nada der certo, podemos comer o frango, poxa!”
“Eu entendi. Pervertida! Rsrsrsrs. Saudadeeeeee...”
“Eu também.”
Fernanda estava orgulhosa, porém curiosa. Nada, nenhuma pergunta sobre Luísa. Júlia estava leve, como antes.
12
Luísa sentia saudades. Passava o dia aguardando uma publicação de Júlia.
Júlia conheceu Vanessa. Brasileira, natural de Brasília, apaixonada em fotografia.
“Fer, conheci uma moça! Ela é linda, vou te mandar foto. O nome dela é Vanessa. É de Brasília.”
“Jura? Você saiu daqui pra começar um romance com uma brasileira?”
“Não tem romance nenhum. Ela é uma boa companhia. Linda, inteligente e só.”
“Dois dias.”
“Dois dias pra que, Fernanda?”
“Pra ela estar na sua cama.”
“Então deixa eu ir que tenho que ser rápida.”
“Panaca! Rsrsrs.”
Vanessa era de fato, incrível.
Júlia estava encantada.
Falavam sobre tudo. Lugares, músicas, comidas, filmes e pessoas.
Vanessa falou de seu antigo relacionamento. Júlia falou sobre Luísa.
De longe, Luísa viu surgir Vanessa nos comentários das publicações, nas marcações em textos que Júlia amava, e nas fotos.
Cega de ciúme, ligou para Fernanda.
– Fer, tá bem? Quem é essa Vanessa?
– Oi Lú, tô bem sim. Vanessa é uma amiga da Júlia, porque?
– Por nada, achei que pudessem estar namorando.
– Você não sabe? Não te mandaram o convite? Vão casar mês que vem.
– O que?
– Brincadeira, Lu!
– Nem brinca com isso. Já não basta ela estar longe. Ai aparece com essa menina, linda!
– Gata mesmo, né? Se não tivesse com a Júlia, eu até...
– Então, elas estão juntas?
– Não sei, Luísa. A Jú, comentou que estavam se conhecendo.
– Ela não pergunta nada daqui?
– Se a pergunta real era se ela pergunta sobre você, a resposta é, que até agora não.
– Certo, vou voltar a trabalhar.
– Beijo!
13
Luísa se arrastou durante todo o dia, triste como se nada pudesse aliviar aquela sensação.
De repente, ouviu uma voz familiar.
– Uma bebida talvez melhorasse essa sua cara, que a propósito está terrível!
– Marina!
– Oi Luísa, tudo bem?
– Sim. Nem percebi que tinha mais alguém no escritório.
– Estou aqui e lhe convidando para bebermos alguma coisa. Topa?
– Ah, não sei.
– Menina, você não precisa ser triste o tempo todo, sabia? Vamos? Podemos ir no Liberty, o que acha?
– Vai me lembrar da Júlia!
– Qualquer lugar vai, então que seja onde tem birita e uma boa companhia, se eu puder ser pretensiosa.
– Claro que pode. Vamos!
Luísa parecia estar entrando pela primeira vez no badalado bar. Novas sensações, um novo olhar, muitas lembranças de Júlia ali, mas em todas estavam longe, exatamente como hoje.
Marina tinha razão sobre ser uma boa companhia. Luísa sorriu, se divertiu e por algumas horas tirou a máscara da amargura que lhe cobria.
– Muito obrigada pelo convite! Foi incrível.
– De verdade?
– Sim, Marina. Você é incrível.
– Então me agradeça aceitando outro convite. Me fazer companhia sábado, em um churrasco de uns amigos, creio que você conhece a maioria.
– Aceito!
Foram saindo do bar, rindo e conversando, quando esbarraram em Fernanda.
– Lú! Marina!
– Fernandinha!! Consegui tirar a Luísa da toca.
– Não sei se fico feliz ou assustada, Marina.
Luísa sorriu.
– Fique feliz, Fer. Tudo passa, não é?
– Sim, mas essa frase é bordão de uma outra pessoa.
– Que por sinal está fazendo uso dele pra vida, neste momento.
– Certo. Vou entrar. Tchau, meninas!
–Tchau!
14
Assim que entrou no bar, Fernanda mandou mensagem pra Júlia.
“Jú, estou no Liberty! E sabe quem encontrei saindo daqui? Luísa! E com a Marina!
Desculpa mas precisava compartilhar isso.”
“HAHA. Sério isso? Olha que belo casal. Mas o que a senhorita está fazendo aí, sem a minha pessoa? Isso é o que me importa nesta mensagem toda.”
“Ah, sério que você não se importou? Se curou do mal de Luísa? Jura?? E esse lugar é péssimo sem sua pessoa.”
“As coisas foram fazendo sentido longe daí, sabia? Mas te conto pessoalmente. Vou antecipar minha volta. Saudade de casa.”
“Como você me fala isso assim? E a brasileirinha aí?”
“Vanessa? Eu te falei que era uma amiga, você que criou uma história.”
“Sei! E esse lance de saudade de casa é de casa mesmo?”
“Também. Mas aqui consegui ver muita coisa.”
“Também?”
“Saudade de você, além da casa.”
“Já falei pra não me iludir...rsrsrs”
“Saco! Não pode? Rsrs. Não estou. Agora lembrei de você, falando que pensou em nós depois que ficamos aquela noite. Verdade isso?”
“E o que te interessa isso agora? E iludir não pode. Se fizer isso e ainda for minha amiga, vou ter que sair do país para um mochilão e fingir que te esqueci.”
“Nossa, que pesado isso! E me interessa sim. Você é minha amiga, e quero sua sinceridade de sempre.”
“Exato, sou sua amiga! Isso responde, não?
Eu pensei sim, mas tinha o exemplo de duas amigas que não estavam se entendendo.”
“Poxa, você tá de mal mesmo, hein? Ia pedir pra me buscar no aeroporto no final da semana, mas vou ter que deixar.”
“Jura?? Em três dias você estará aqui? Antecipou!!”
“Chego no domingo, na verdade. Antecipei por força maior. Me busca?”
“Claro! E não estou de mal. Mas isso tá tão no passado, que melhor deixar. Me conte depois como vai ser reencontrar seu amor supremo! Rsrsrs”
“Conto. Você vai saber em primeira mão.”
15
Luísa estava encantada com Marina.
Ela era realmente fascinante.
Trocavam mensagens o dia todo.
O celular de Luísa notificou uma mensagem. Foi vê-la sorrindo, acreditando ser de Marina, mas na verdade era de Júlia.
“Lú, oi, já se passaram quatro meses.
Este tempo me fez muito bem, e creio que tenha feito isso a você também.
Você pôde se conhecer melhor, se aceitar.
O que tínhamos, se é que posso dizer assim, é uma história incrível e ambas nos libertamos por conta dela. Eu estou voltando para o Brasil, quero te ver, lhe abraçar forte.
Você me conhece melhor que todos, e sabe o que essa mensagem significa, o que ela quer dizer.
Você não precisa de permissão de mais ninguém, pra ser feliz, Lú! Se permita sempre...
Com amor,
Jujuba.”
“Voltando? Que incrível. Estou com saudade, demais.
Acho que entendi tudo, e vou fazer uso.
Você é meu amor da vida, e me ensinou que nem sempre amar quer dizer estar junto.
Te amo e bom retorno.”
“Bom ler isso, e aproveitando a mensagem... a Marina é bem gatinha, rsrsrsrsrs!”
“Fernanda fofoqueira! E sim, ela é. Sem mais detalhes, por favor”
Marina chegou na mesa de Luísa e indagou.
– Nossa, por que tanta felicidade?
– Júlia mandou mensagem, chega no final de semana.
– Mas já? Digo, ela não ia ficar mais?
– Sabe que não questionei a razão de ter adiantado? Boa observação.
– Em resumo, perdi a companhia do churrasco, correto?
– Não, não está correto! Eu vou com você.
– Jura? Sim, eu e Júlia nos desenrolamos já.
As duas riram e Marina pareceu satisfeita.
Já em sua mesa escreveu uma mensagem para Luísa.
“Difícil te ver assim, sorrindo e não lhe beijar.”
“Concordo que é difícil estar perto de você e não ter essa mesma vontade!”
“Sério?”
“Acho que preciso ir no banheiro. Você não?”
“Já tô indo.”
16
Domingo de manhã.
“Bom dia, Fer...estou ansiosa.”
“Nem me fale, não dormi nada essa noite. Logo estou no aeroporto.”
“Certo.
Falei com a Luísa, avisei que estou voltando.”
“Então avisou o amor, que está chegando. Ela vai estar lá?”
“Quem? O amor? Sim, vai estar. Muito louco isso de se apaixonar pela amiga, né? Ai passo quatro meses longe e vejo tudo que preciso. Loucura. Mal posso esperar.”
“Podia me dispensar dessa então, né?”
“Você! Não, não. Foi você quem fez que eu enxergasse tudo isso. Por favor, hein?”
“Tá bom. Até logo então.”
Assim que chegou no aeroporto, procurou por Luísa, mas não achou. Estava quase na hora do desembarque.
“Te esperando!”
“Chegando!!!! Seus dois presentes estão comigo já!”
“Pelo menos isso né? Não vi o amor aqui ainda, hein? Será que levou um bolo?”
“Não. Ela me avisou que está aí.”
“Além de sobrando, devo estar cega.”
“Acho que está.”
Alguns minutos após a mensagem, Júlia surgiu no portão de desembarque, com duas xícaras na mão. Abraçou Fernanda forte.
– Gostou dos presentes?
– As duas xícaras?
– Na verdade, uma só é sua.
– Uai. Não eram dois presentes? O outro é seu retorno?
– Quase isso.
– Cadê a Luísa?
– Não sei!
– Júlia, você tá estranha. Você disse que ela estava aqui.
– Não! Eu disse que meu amor estava. E está.
– An?
– Você não é lerda assim. Eu estava falado de você. O tempo todo na mensagem eu falei de você.
Quando você falou da noite que ficamos juntas, na véspera da viagem, fiquei me perguntando por que não continuamos? Por que guardamos aquilo?
E respondendo sua pergunta, um presente sou eu e o outro uma das xícaras, sim.
Você decorou o significado do café, não é? Então...
Quero tomar um café com você, Fernanda! Quero começar de novo. Diferente.
Aceita?
– Não acredito que você tá fazendo isso!
Não preciso mais bancar a super amiga protetora, que esqueceu daquela noite?
Não teve um dia sequer que não tenha desejado esse momento, sabia?
Mas, adormeci aquilo tudo e guardei as sensações.
Sobre a sua pergunta. Deixa eu pensar...
Eu quero tomar café com você!"
As duas se beijaram ali, como se estivesse programado e como se pudessem fazer aquele momento durar uma eternidade.
Fim do capítulo
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Manuella Gomes
Em: 21/07/2020
Diferente e interessante.
Gostei do desfecho e adorei Fernanda.
rhina
Em: 15/06/2017
Oi
bomn dia autora.
sobre seu conto.....Bem interessante como dise a Patty
Lindíssimo como disse a Suzi
Muitas vezes é preciso que nos afastermos para enxergar o óbvio
a Suzi está certíssima.
E pensar fora da caixa como vc disse.....mas confesso que no
amor da Júlia e da Luísa não esperava este desenlace.
Mexeu comigo.....de maneira positiva.
Lari Nunes podemos trocar umas palavras.
E poderia fazer um pequeno favor.
Diz a Patty que tentei lhe enviar uma mensagem mas deu erro.
obrigada.
Até.
Resposta do autor:
Rhina, claro que podemos conversar.
Como faremos?
E obrigada pelo carinho.
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patty-321
Em: 14/06/2017
Bem interessante. Pelo q sentir lu e Ju não era pra ser. As vezes se quer tanto viver algo q confundimos tudo. E isso ai. As vezes acho q amo minha amiga, amirvre mulher, que somente me ver como amiga, mas não tenho coragem de me declarar, vc acha q devo arriscar? E tao difícil essas situações. Bjs
Resposta do autor:
Olá!
Creio que você deve analisar se de fato gosta desta pessoa ou só está encantada e confusa.
Costumo dizer que tudo deve ser arriscado, desde que não nos faça mal.
Se permita! Boa sorte... Depois me conte tudo,rs!
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