Isadora sentou no sofá da sala, tentou colocar a cabeça em ordem, precisava compreender o que se passava com a amiga, no entanto, nada do que ela pensava fazia sentido.

 

 

 

“Por que ela queria esquecer tudo? O que será esse tudo?”

 

 

 

Júnior chegou acompanhado de Débora, avisando que passaria a noite fora, e, enquanto ele pegava suas coisas, Isadora explicou a amiga que permaneceria no apartamento, pelo menos até Melissa acordar e as duas conversarem. Débora abriu a boca para falar algo, mas foram interrompidas pela companhia.  Isadora se levantou para atender a porta, e ficou surpresa quando abriu e se deparou com uma morena muito parecida com Melissa, ao seu lado estava Enrico.

 

 

 

-- Oi Isa, tudo bem? – a loirinha balançou a cabeça e deu passagem para os dois, e só então Enrico percebeu a surpresa de Isadora.

 

 

 

-- Essa aqui é Haidê, ela estuda com Cristina e me ajudou a resgata-la das mãos daquele lá. – olhou para morena. – Haidê, essa é a Isadora. – frisou bem o nome da loirinha.

 

 

 

-- Olá Isadora!

 

 

 

-- Oi Haidê. – apertaram as mãos, e só então Débora se meteu.

 

 

 

-- Você é irmã de Melissa?

 

 

 

-- Somos apenas amigas da faculdade.

 

 

 

-- Meninas, licença, mas queria vê-la. Está tudo bem com ela, Isadora?

 

 

 

-- Dormiu o dia quase todo... Pode entrar. – apontou para o quarto, sabia o quanto Enrico se preocupava com a maluca que amava.

 

 

 

-- Então vou vê-la. – olhou para Haidê – Você vem? – a morena percebeu o jeito como Isadora lhe olhou e declinou do convite.

 

 

 

-- Aguardo aqui. – Isadora apontou o sofá e ela sentou, observando-a em silêncio.

 

 

 

-- Você se parece muito com Melissa. – Debora declarou olhando-a bem. – Parece não é Isa? – a loirinha ficou em silêncio e a ruiva prosseguiu de onde havia parado antes das visitas entrarem. – Amiga, eu serei sincera com meu ponto de vista: essa mulher é louca, bipolar, ou tem algum outro transtorno... Qual seria o motivo para ela ter estes acessos como o de ontem? Como este que você acabou de falar? – segurou as mãos da amiga e olhando em seus olhos concluiu - Isso só teria explicação se ela estivesse apaixonada por você.

 

 

 

-- Melissa? Apaixonada por mim? Só nos sonhos. – começou a rir.

 

 

 

-- Sonhos às vezes se tornam pesadelo. Essa garota não tem maturidade emocional. – Haidê tossiu chamando atenção das duas.

 

 

 

-- Desculpem! – olhou de uma para outra e parou na ruiva – Sou amiga de Cristina desde o inicio das aulas, e posso garantir, que de bipolar não tem nada. – olhou para Isadora. – Talvez imaturidade emocional por ter medo de assumir seus sentimentos que são vistos a olhos nus. – voltou a olhar para ruiva – Mas isso, eu acredito, que seja um defeito geral. E concluindo... – olhou novamente para Isadora – Às vezes os príncipes encantados do cavalo branco, aparecem em cavalo preto e são, na verdade, princesas cheias de defeitos, afinal somos humanos. – Haidê declarou tudo de uma forma delicada e pontual. Isadora a olhou bem, entendeu o recado e sorriu. Logo em seguida Enrico voltou para sala.

 

 

 

-- Ela apagou por completo. Chamei, cutuquei, e nada. – falou para Haidê.

 

 

 

-- Tudo de novo? – o moreno deu de ombros.

 

 

 

-- O que? Do que estão falando? – Isadora perguntou preocupada. Enrico observou os atentos e curiosos olhos de Débora, e resolveu inventar algo.

 

 

 

-- Quando ela acordar, melhor ouvir o que ela tem a lhe dizer.

 

 

 

-- Mas...

 

 

 

-- Isadora espere ela se acordar e conversem. – encerrou o assunto. – Vamos lá Haidê? – a morena se despediu das duas e quando caminhou até a porta, Júnior a chamou.

 

 

 

-- Mel, você tá melhor? – Haidê se virou olhando-o bem. – Ave Maria! – gritou dando um pulo para trás – Pensei que era Melissa, mas é uma mulher mais linda ainda. Olha Isa, se a Mel não lhe quiser, se apega  essa, tá ligada? – Enrico revirou os olhos de forma afetada, enquanto Haidê segurou o riso. Isadora ficou vermelha e Débora o empurrou para fora do apartamento.

 

 

 

**********************************

 

 

 

Isadora ficou sozinha, e como estava cansada, não havia dormido quase nada na noite anterior, resolveu tomar um banho, mas antes, pegou o telefone e pediu uma pizza. Riu de si mesma: “o mundo poderia explodir, e, meu apetite permaneceria o mesmo”.

 

 

 

Melissa acordou, abriu os olhos e percebeu que era noite. Ela passou a mão ao lado da cama e sentiu a ausência da sua pequena. Um desespero doeu fundo, levantou-se, e o medo não encontra-la mais deixava suas pernas bambas. Foi até a sala, e encontrou Isadora, sentada no sofá, assistindo televisão, com uma pizza imensa pela metade e um litro de refrigerante quase vazio. Ela cruzou os braços e não pode deixar de sorrir.

 

 

 

-- O mundo pode acabar, explodir e a senhora comendo. – disse sorrindo.

 

 

 

-- Quem acaba é o mundo, e não o meu apetite. – respondeu mastigando - Senta aqui, vem comer comigo. – pediu com um brilho enigmático no olhar. Melissa sentou e pegou uma fatia da pizza.

 

 

 

-- Como uma pessoa pequena assim come tanto e não engorda?

 

 

 

-- Tenho um bom metabolismo. – olhou a amiga comendo com vontade a pizza e resolveu que aquele seria o momento certo para investigar o motivo das angústias. – Mel, você namorou aquele homem de ontem?

 

 

 

-- Sim.

 

 

 

-- Você o amava?

 

 

 

-- Não.

 

 

 

-- E já amou algum dos seus “ficantes”, namorados, alguém da sua lista?

 

 

 

-- Eu nunca amei ninguém de verdade. – falou após pensar um pouco, levantou-se e foi em direção à cozinha. Isadora viu aquele corpo quase nu, pois ela ainda permanecia de calcinha e uma camiseta bem justa ao corpo. “Ah não! Como me concentro vendo esse bumbum perfeito?”

 

 

 

-- Ninguém? – perguntou surpresa, observando a amiga voltar com um pote de requeijão, este era o maior vício de Melissa. Em tudo ela passava requeijão, isso atiçou o pensamento da loirinha que se imaginou no lugar da fatia de pizza, recebendo aquela boca em contato com seu corpo.

 

 

 

-- Isa, eu fiquei a noite toda trans*ndo com o último cara com quem sai – mordeu a pizza - Foram três orgasmos incríveis. – aquilo lembrou a primeira vez que conversaram sobre trans*r com namorado.

 

 

 

-- Uau! Então você sentia alguma coisa por ele? Três orgasmos? Não é para qualquer um Mel. – disse se contorcendo de ciúmes.

 

 

 

-- Três orgasmos que ele sentiu, não eu. – completou enquanto pegava um pouco de refrigerante do copo da amiga.

 

 

 

Isadora sorriu, lembrando o primeiro namorado de Melissa, e a mesma resposta que ela deu anos atrás, era repetida agora.

 

 

 

-- Lembrei-me da sua primeira vez, e a forma entusiasmada que me contou. – viu a amiga sorrindo com a lembrança - Você sentiu alguma vez isso? – perguntou timidamente e falando baixinho.

 

 

 

-- O que? Orgasmos? Não. – olhou bem as esmeraldas que tanto lhe enfeitiçava e completou - Acho que isso não existe, e se existir, eu sou uma pedra de gelo porque nunca senti. – fez um sinal negativo com a cabeça, sorriu e bebeu mais um pouco do refrigerante do copo de Isadora – Talvez eu seja “autorgasmica”, só consigo prazer quando me toco. – as duas caíram na risada, e Melissa mostrou os longos dedos se mexendo. Isadora viu uma oportunidade surgir.

 

 

 

-- Não fala assim Mel. – tentou consola-la, passando a mão pelo seu rosto e logo em seguida comentou sobre o seu pensamento. – Quer dizer... Você só sente prazer quando se toca?

 

 

 

-- Quando sou eu mesma sim, mas não acho que seja orgasmo. – mordeu seu pedaço de pizza com bastante requeijão - Falo sério Isa, acho que isso de orgasmo – fez uma careta com a boca cheia - deve ser lenda – sorriu – Você já sentiu? – sujou o canto da boca com requeijão, Isadora, de forma sensual, aproveitou a oportunidade, limpou com o polegar e lambeu o dedo. – “Isadora, não faz isso novamente, eu não vou aguentar”. – pensou quase engasgando.

 

 

 

-- Meu Mel, você está com muita fome, mas sabe que esse nome é “larica”, não é? – Melissa  olhou um pouco envergonhada. – Não estou lhe repreendendo, só que me preocupo com você, e não sei o que seria de mim se lhe acontecesse algo. – Melissa segurou sua mão e beijou. Estava envergonhada. – Promete não fazer mais isso?

 

 

 

-- Eu havia prometido a Enrico, mas... – baixou a cabeça – Quebrei a promessa. – quase sussurrou.

 

 

 

-- Então promete para mim, eu converso com ele e consigo seu perdão. – falou sorrindo. Melissa sorriu e balançou a cabeça.

 

 

 

-- Prometo nunca mais usar qualquer tipo de droga. – Isadora sorriu em consentimento. – Quer que assine algo?

 

 

 

-- Sua palavra me basta. – Melissa retribuiu o sorriso e mordeu o pedaço de pizza, e voltou a passar requeijão no resto.

 

 

 

-- Isa...

 

 

 

-- Hum...

 

 

 

-- Responde a pergunta.

 

-- Qual?

 

 

 

-- Você já sentiu orgasmo? – olhou para loirinha – Seja sincera, assim como eu fui.

 

 

 

-- Sempre fui sincera com você. – voltou a limpar o requeijão no canto da boca da morena e sorriu com malícia.

 

 

 

“Será que me tocar serve também como orgasmo?” – pensou querendo ri com a expressão de surpresa da morena.

 

 

 

-- Já, e posso garantir que é maravilhoso. – essa não era a resposta que Melissa gostaria de ouvir, ela parou com o pedaço de pizza no ar e os olhos azuis fixos na loirinha. Segurou a expressão de decepção enquanto Isadora conseguia disfarçar bem a mentira.

 

 

 

-- Vai ver é isso, preciso arrumar uma mulher para me ensinar a sentir. – aquele comentário deixou a loirinha feliz, e era mesmo uma indireta – Preciso ir a uma dessas boates gays para arrumar uma mulher linda, ou você tem alguma amiga para me apresentar? – quis provocar.

 

 

 

-- Boate? Amiga? Do que você está falando? – agora controlava o ciúme.

 

 

 

-- Em ter uma experiência lésbica como disse uma vez, talvez assim eu conheça um orgasmo, como comentou agora. – respondeu sorrindo – Ou será que nem com mulher eu consigo um? – Isadora sentiu uma raiva imensa do comentário da morena, pensou um pouco e viu aquela, a oportunidade perfeita para se declarar, mas precisava ser sutil e agir com calma. Sabia que era um jogo, e estava sendo avaliada, também.

 

 

 

-- Mel, vamos fazer uma aposta? – perguntou após tomar um gole de refrigerante, fingindo uma segurança que não sentia.

 

 

 

-- Aposta? – sorriu – Isa, você sempre perde as nossas apostas.

 

 

 

-- Quer ou não? – fez uma careta.

 

 

 

-- Tudo bem. O que vamos apostar?

 

 

 

-- Três orgasmos. – falou com indiferença, como se fosse à coisa mais comum do mundo, uma simples aposta qualquer. Olhou bem a expressão da amiga e voltou a beber seu refrigerante naturalmente. – “O Oscar vai para: Isadora.” – pensou com sua própria interpretação, porque, na verdade, estava nervosa.

 

 

 

-- O QUE? – perguntou após quase engasgar com a pizza.

 

 

 

-- Quero apostar três orgasmos. – sorriu – Deixe-me tentar, quem sabe você aprende alguma coisa comigo? – “Com esta ganhei também o Globo de Ouro”.

 

 

 

-- Tentar o que? – “O que ela está querendo? Enlouquecer-me? E que experiência é essa?”.

 

 

 

-- Melissa, agora você parece com o Júnior. Ainda não entendeu? Não queria saber como é um orgasmo? Tentar com uma mulher? Então vamos apostar... – provocou com um sorriso malicioso.

 

 

 

-- Você quer trans*r comigo? Apostar três orgasmos? – “Essa vai ser a melhor aposta da minha vida” – pensou fazendo de conta que ainda não havia entendido.

 

 

 

-- Exato. Vou lhe proporcionar três orgasmos em uma só noite. – “Isadora, você definitivamente, enlouqueceu. Por que não chega para ela e se declara? Seria tão mais fácil!”.

 

 

 

-- E se você perder? – Melissa ainda não acreditava no que acabava de ouvir, ela sabia que não tinha como sua pequena perder desta vez.

 

 

 

-- Serei sua escrava por uma semana, vinte quatro horas por dia. – falou, pegando o copo de refrigerante e bebendo tudo de uma vez, quase se engasgando, não podia demonstrar o nervosismo.

 

 

 

“Nunca desejei tanto perder uma aposta” – pensou Melissa.

 

 

 

-- Isa, você nunca ganhou uma aposta... – quis disfarçar seu desejo, mas seus olhos falavam outra coisa.

 

 

 

-- Tenho certeza que esta eu ganharei. – “Isadora, você enlouqueceu? Que convicção é essa?”.

 

 

 

-- E se você ganhar? – perguntou em um tom de malícia, os olhos denunciavam seu desejo, Isadora percebeu e sorriu.

 

 

 

-- Você será minha escrava sexual por uma semana, vinte e quatro horas por dia. – Melissa fez uma cara pensativa, fingindo dúvidas, mas estava certa de que aceitaria.

 

 

 

“Sou sua escrava agora, é só me deixar”. – a morena segurava o sorriso de satisfação.

 

 

 

-- Sabe que nunca ganhou uma das nossas apostas não é? – “Preciso valorizar mais meu passe”. - pensou quase gritando de felicidade

 

 

 

-- Existe primeira vez para tudo. – sentiu aumentar sua frequência cardíaca e a vontade de sorrir.

 

 

 

-- Eu serei sua escrava sexual, e você só minha escrava?

 

 

 

-- Posso fazer tudo o que me mandar, será minha dona. – respondeu fingindo desinteresse, mas sentia seu sex* latejar.

 

 

 

“Bem Melissa, independente do resultado, vai rolar sex* direto com essa pequena deliciosa”. – pensou enquanto sentia a umidade aumentar entre as pernas. - Topo. – apertaram as mãos selando o acordo. – Hoje à noite?

 

 

 

-- Não! Amanhã, preciso me preparar. – “Preciso aprender como é... preparo psicológico, devo ler alguma coisa?... Como inventei isso hein? Nunca transei na minha vida.”.

 

 

 

-- Preparar para trans*r? – mantinha a calma, estava tão feliz que sentia o coração galopar.

 

 

 

“Será minha primeira vez Mel, e não vai ser uma trans* qualquer... Farei amor com a mulher dos meus sonhos... Finalmente falo isso: fazer amor com a mulher que amo” – pensou sorrindo. – Sim, ou você não quer ter os orgasmos? – provocou novamente.

 

 

 

-- Precisa tanto preparo assim para dar orgasmos? – recebeu um sorriso seguido de um sinal de sim com a cabeça – Terei orgasmos ou correrei o Ironman? – Isadora lhe fez uma careta.

 

 

 

-- Por isso mesmo, quanto mais ansiosa em ganhar de mim, mais prazer irá sentir. – concluiu passando a língua umedecendo os lábios, e depois mordeu a pizza que estava na mão de Melissa.

 

 

 

-- Pequena você está tão segura de si que isso me deu vontade...  – agarrou a loirinha, que se fez de difícil, afastando-a em seguida.

 

 

 

-- Amanhã Melissa. – disse se levantando – Sempre fomos amigas e agora preciso lhe sentir como uma mulher desejável... – viu a expressão de dúvida na morena - Apressada come cru – brincou - Quero você relaxada, é isso o que quis dizer. – sorriu, estava pensando como seria o clima, teria de preparar tudo como sonhou.

 

 

 

-- Para onde você vai? – estava com o queixo caído tamanha era a segurança de Isadora.

 

 

 

-- A senhora dormiu o dia inteiro, por conta daquela droga que eu não quero nem lembrar o nome. Eu fui para aula, arrumei um pouco essa bagunça onde moramos e ainda estudei. – piscou para a morena – Agora vou dormir. – estava saindo da sala e fez um sinal como quem lembra alguma coisa e retornou – Ah, quando terminar este lanche limpe as coisas.

 

-- Ei, quem fez a bagunça foi você. – argumentou.

 

 

 

-- Mas quem vai limpa-la é você. Não deixe nada sujo, senhora esconde sujeira. – saiu em direção ao quarto.

 

 

 

-- Isa, cadê nosso hóspede? – gritou para amiga que havia desaparecido dentro do quarto, uma ideia surgiu em sua cabeça, e em seguida um sorriso, ela estava cheia de planos.

 

 

 

-- Foi dormir na casa de Débora. – gritou do banheiro.

 

 

 

 “Não espero essa aposta até amanhã de forma alguma”. – pensou sorrindo. - "Arrumar tudo com rapidez, ela me conhece e vai conferir como estão as coisas... Ela não pode desconfiar de nada" - Correu para arrumar toda a bagunça da sala, lavou os pratos com rapidez, deixando-os no escorredor. Pegou o interfone e falou com o porteiro.

 

 

 

-- Portaria

 

 

 

-- Tulipa?

 

 

 

-- Oi dona Melissa.

 

 

 

-- Tulipa estou cansada, estudei o dia inteiro e por isso lhe peço que não deixe ninguém subir, não quero visitas de qualidade alguma, nem dos meus pais.

 

 

 

-- Tudo bem dona Melissa, a senhora quem manda, não deixarei ninguém lhe incomodar.

 

 

 

-- Nem o vento Tulipa. - estava com um sorriso cínico no rosto.

 

 

 

-- Nem o vento dona Melissa.

 

 

 

-- Obrigada e boa noite. – como sempre direta, o pobre homem só de ouvir sua voz tremia. – “O que mais poderia atrapalhar? Telefone!” – foi até o aparelho e desconectou-o – “Agora uma rápida revisão: visita, nem pensar... telefone, exterminado..." - enumerava entre os dedos da mão o que poderia atrapalhar a noite tão desejada - "falta mais alguma coisa... Nossa, até cansei com esta correria. Ela já deve ter saído do banho” – voltou correndo para o quarto, diminuindo a velocidade e agindo com uma falsa naturalidade quando abriu a porta, viu Isadora passando hidratante no corpo. 

 

 

 

Isadora terminou o banho, vestiu o camisão velho de Melissa e estava terminando de passar hidratante. Melissa foi em direção ao armário, pegou uma camisa e quando se virou viu a loirinha saindo.

 

 

 

-- Ei, para onde a senhorita pensa que vai?

 

 

 

-- Dormir.

 

 

 

-- Seu quarto por enquanto é este. – disse apontando para o quarto que antes era só seu.

 

-- Júnior não vem dormir hoje. – “Esses olhos cor de céu não me enganam: Melissa, você está aprontando!”.

 

 

 

-- Vai que ele briga com Débora, ou os dois discutem por alguma bobagem, ou simplesmente ela expulsa ele ou...

 

 

 

-- Tudo bem Mel, eu durmo com você. – Isadora percebeu um sorriso malicioso e vitorioso na amiga, confirmando suas suspeitas de que ela estava planejando algo.

 

 

 

Melissa foi cantarolando para o banheiro: You must remember this/ A kiss is still a kiss/ A sign is just a sign/ The fundamental things aplly /As time goes by…”

 

 

 

“O que será? Ela já aprontou ou está preparando? Melhor ver como estão às coisas lá fora”. – Isadora aproveitou que ela foi para o banho e deu uma rápida vasculhada na casa procurando por qualquer coisa que incriminasse a morena, no entanto, sua busca havia sido inútil. – “Eu sei que ela está aprontando...” – Ouviu o barulho de água cessar e correu para cama, deitou-se e preferiu fingir que estava dormindo, pretendia ver até onde ela iria.

 

 

 

Melissa tomou seu banho calmamente, ainda se arriscou em cantar um pouco – “Estou a dois passos, do paraíso, talvez eu fique... eu fique por lá”... “Pequena, hoje eu viro sua escrava sexual permanente”. – pensou sorrindo.  Escovou os dentes, passou hidratante pelo corpo e retornou ao quarto, vestindo apenas um camisão, e um sorriso imenso no rosto. Ela deitou na cama e viu que Isadora estava dormindo, premeditadamente, passou o braço pela cintura da loirinha, aferrando-se ao corpo menor. Propositalmente, ela começou a assoprar, levemente, no ouvido da sua pequena.

 

 

 

-- Mel fica quieta! Estou com sono. – resmungou tentando controlar o efeito daquele corpo colado ao seu.

 

 

 

-- Não consigo ter sono perto de você assim. – sussurrou em seu ouvido. Isadora imediatamente abriu os olhos.

 

 

 

-- Mel... af...afa...afaste-se en...então... - pediu com dificuldade.

 

 

 

-- Por que não começar a aposta hoje? – começou a assoprar novamente, puxando o corpo para mais perto do seu.

 

 

 

-- Porque eu não quero perdê-la, uma simples aposta você joga na minha cara... Imagina se fico como sua escrava por vinte e quatro horas...

 

 

 

-- Shiii... – interrompeu - Eu quero você Isa e sei que você também me quer. – Isadora não acreditava no que ouvia, virou-se para o lado, foi difícil olhar dentro dos olhos que tanto amava, mas pode perceber com o pouco de claridade o sorriso malicioso da amiga. Sem pensar, ela segurou o rosto da morena, beijando-lhe de cada lado. 

 

 

 

-- Amanhã... Hoje estou com sono - fingiu uma determinação que nunca existiu.

 

 

 

-- Desta vez vai acontecer e nada vai atrapalhar. - Isadora não conseguiu pronunciar uma só palavra ou mover qualquer músculo do corpo. Melissa forçou o encontro entre os dois lábios, invadindo aquela boca que há anos desejava. Foi um beijo faminto, avassalador, exigente, que aos poucos foi se tornando calmo e apaixonado. As duas línguas bailavam em uma sincronia inigualável. Melissa tremia, ela não sabia explicar, parecia que uma corrente elétrica invadia seu corpo, e cada vez que Isadora aliviava a pressão, a morena exigia mais, intensificando o beijo e o momento. Quando sentiram que precisavam de ar, elas se soltaram, e a morena subiu no corpo menor – Isa, eu lhe quero como nunca desejei alguém. - sussurrou no ouvido da loirinha enquanto mordiscava o lóbulo da orelha.

 

 

 

-- Não. – tentava tomar forças – Melissa, a aposta começa amanhã... – sua respiração oscilava de frequência a cada nova investida da morena - Está fazendo isso para eu perder... Conheço seu lado competitivo... – tentava evitar o contato. - Você não entende? – perguntou enquanto a morena mordia e lambia seu pescoço. Tentava adquirir forças para falar – Eu preciso preparar o clima certo.

 

 

 

-- O clima é agora Isa... Eu e você nos amando. – argumentou em um sussurro enquanto mordia seu queixo, para logo em seguida capturar seus lábios em um beijo lento, explorando cada gosto, sensação transmitida por sua pequena.

 

 

 

-- Não Melissa. – empurrou à morena que caiu para o outro lado da cama. Melissa estava perplexa, levantou-se da cama em seguida e ascendeu a luz da cabeceira.

 

 

 

-- Você não me quer? – estava confusa e perguntou sem aquela certeza de antes – Quer dizer, isso será só pela aposta? – Isadora sentiu a mágoa nas palavras da morena e tentou explicar, mas foi impedida com a revelação – Eu pensei que você sentisse alguma coisa por mim... Po... Por... Porque eu sempre quis você... Quer dizer... - estava completamente envergonhada, e sentia que seria repelida, tentava se explicar para não perder a amizade da loirinha - Eu sempre quis... Depois que descobri que lhe amava... Isso foi quando você começou a namorar aquela lá do colégio - não queria nem lembrar o nome da garota para não sentir ciúme - Des... Desde aquela época eu... Eu... Eu lhe amo Isadora.  E... Eu ti... Tinha dú... Dúvidas p... Por medo, mas se... Sem... Sempre lhe amei.  – disse quase em um sussurro. Isadora não sabia se chorava ou sorria, o coração parecia querer sair pela boca, às mãos tremiam, e se estivesse em pé, certamente cairia com a falta de forças. Sua Melissa, a morena que tanto desejava sentia o mesmo por ela. A loirinha admirou a morena, que sempre foi determinada, destemida, agora estava ali, gaguejando ao expor seus sentimentos. – Fala alguma coisa, pelo amor de Deus! – Isadora procurou forças que não tinha, com dificuldade, esticou as mãos em direção à morena, puxando-a pelo camisão. Melissa voltou a sentar ao seu lado.

 

 

 

-- Mel, essa aposta eu perdi, assim como todas as outras. – acariciou o rosto da morena – Eu quero preparar o momento, porque eu nunca... – tentou achar as palavras sem parecer romântica demais ou forçar uma inocência – Sempre desejei que minha primeira vez fosse com você, sonhei com este momento há anos... Esta aposta foi à única forma que encontrei de tê-la... De conseguir realizar meu sonho... Meu desejo em sentir seus beijos, nem que fosse por uma noite. – completou com a voz embargada. Melissa abriu um sorriso imenso após ouvir a confissão da sua pequena, ela sentou mais próxima à amiga, pegou sua mão e beijou.

 

 

 

-- Mas você disse que havia sentido orgasmos. Era mentira? – recebeu um sinal afirmativo.

 

 

 

-- Eu me tocava pensando em você. – Melissa sentiu uma alegria, uma corrente elétrica tomando todo o seu corpo quando escutou aquelas palavras, e não pode deixar de sorrir.

 

 

 

-- Eu sempre sonhei com seu corpo, com seus beijos – beijou a mão menor – Vamos deixar o momento nos levar, amanhã será outro dia e você faz como sempre sonhou. – voltou a acariciar o rosto da loirinha com o dorso da mão – Eu tenho certeza que sentirei o mesmo desejo por você ou talvez mais do que agora. – beijou-lhe rapidamente – Agora, deixe-me amá-la... Vamos tentar?

 

 

 

-- Mel, eu também lhe quero, mas tenho medo de estragar tudo... – tentava se explicar quando foi interrompida.

 

 

 

-- Que diferença faz agora ou amanhã se você tem medo? – olhou dentro dos olhos verdes, havia pouca luz no ambiente – Eu não sei como amar uma mulher, mas quero muito aprender, preciso lhe fazer feliz, isso me faz feliz. – beijou as mãos de Isa, novamente – Vamos aprender juntas?

 

 

 

Isadora acabou cedendo e algumas lágrimas rolaram, deixando um rastro em seu rosto, após ouvir aquelas palavras.

 

 

 

-- Shiii... Não chore, faça isso apenas se for por prazer. – pediu beijando a face da loirinha, enxugando-a.

 

 

 

-- Eu lhe amo Mel... Eu lhe amo desde que lhe conheci, sempre lhe desejei... – beijou os olhos e depois o queixo da morena.

 

 

 

-- Eu também lhe amo Isa. – Melissa retirou o camisão da loirinha, que logo em seguida fez o mesmo com sua roupa. As duas ficaram de joelhos em cima da cama, uma de frente para outra. Isadora viu aquele corpo lindo a sua disposição, observou os seios firmes e passeou com seus dedos sobre ele, descendo depois pelo abdômen definido e retornando em seguida, como se tentasse mapear cada parte daquilo que sempre cobiçou. Melissa ao sentir o toque da loirinha, fechou os olhos por alguns segundos, deixando-se levar pela maciez daqueles dedos curiosos. Quando Isadora retornou até seus seios, foi à vez da morena explorar o corpo menor.

 

 

 

-- Seu corpo é lindo, sempre foi. - beijou de leve cada seio - Sonhei muitas vezes em tê-lo. - passeava com a mão sentindo o cheiro daquela pele com penugens loiras - Sempre quis lhe beijar, passear por estes pelinhos loiros que muitas vezes senti eriçados.

 

 

 

-- Eu conheço cada cicatriz deste corpo... Cada centímetro... Cada curva, cada músculo. – foi a vez de Isadora fechar os olhos e se deixar levar por suas mãos percorrendo o corpo moreno - Conheço cada expressão deste rosto, destes olhos que sempre foram meu céu... - passava os dedos contornando os olhos, sobrancelhas, boca, nariz e queixo de Melissa que se deixava levar pelo som daquela voz sussurrada sensualmente e suas carícias. Havia uma troca de carinhos, uma busca onde ambas pretendiam se conhecer mais, gravar os detalhes dos seus corpos, sentir-se mutuamente. Era uma descoberta lenta e prazerosa. Melissa contemplava os seios redondos de Isadora, enquanto esta se entretinha com seu abdômen definido e musculoso. Entregaram-se a um novo beijo, lento, sem urgência. Melissa, carinhosamente, deitou Isadora, olhando-a nos olhos, voltou a beija-la, foi descendo os beijos pelo corpo loiro, admirando-o, ela não sabia definir o que sentia. Qual o significado daquela eletricidade ao ser beijada ou tocada por Isadora.

 

 

 

-- Seu corpo... Ele é lindo - disse após beijar todo o corpo menor. - Seus olhos são como as águas verdes do oceano, onde eu quero mergulhar, penetra-lo e conhece-lo por inteiro. - voltou a beijar a boca de Isadora, realizava uma exploração maravilhosa, jamais havia beijado assim, com tanta necessidade de ser correspondida, de sentir o bailar das duas línguas. - Isa, eu sempre vou lembrar este momento como o mais feliz da minha vida. - voltou a beijar o queixo e os olhos - Meu amor... - voltou a olhar o corpo menor - Deixe-me ama-la por inteiro. - ela olhou para Isadora esperando um consentimento, recebeu como resposta um sorriso. Vagarosamente, foi retirando a calcinha da loirinha, beijando toda a região que antes estava coberta. Ela contemplava a perfeição do corpo menor, a rigidez das coxas torneadas, as pernas grossas, pés perfeitos. Sentiu a mesma eletricidade de antes, assumindo o controle dos seus sentidos. Começou a beijar e lamber seus pés, subindo pelas pernas e coxas, colocou-se entre suas pernas, e depois beijou e mordiscou o abdômen, até se entreter, novamente, com seus seios. Isadora sentia um calor, a mesma eletricidade que sua morena sentia uma força que tomava conta do seu corpo, não sabia explicar bem o que era aquilo, mas gostava. A cada gemido da loirinha, Melissa intensificava seus carinhos. Ao descer a mão, colocando-a entre as pernas da sua pequena, ela pode sentir o excesso de umidade produzido com suas caricias e com uma voz rouca de desejo sussurrou em seu ouvido – Isso tudo é para mim? – a loirinha mal conseguiu pronunciar um “sim”. Melissa introduziu um dedo e iniciou uma massagem provocativa, produzindo um efeito fantástico. Ela massageava o sex* de Isadora, observando-a, vendo seu corpo responder aos seus carinhos e beijos – Ensina a lhe dar prazer Isa, quero ser sua por completo... Sua escrava sexual. - Isadora puxou a cabeça morena próximo a sua boca, beijando-a com paixão. Melissa sorriu novamente, separando-se daqueles lábios que tanto desejou – Eu lhe amo... Amo seu corpo, seu apetite, seu cheiro, seu jeito de sorrir franzindo o nariz... Deixe-me lhe dar tudo o que você merece. - desceu a cabeça, colocando uma das pernas da sua pequena apoiada em seu ombro, expondo, desta forma, o seu alvo. – Posso experimentar seu sabor? – ela não conseguia pronunciar nada, sentia a respiração ofegante, a boca seca, e no impulso empurrou a cabeça da morena entre suas pernas. Melissa sorriu e começou a bailar com sua língua, buscando o ponto intumescido que levaria sua pequena a loucura. Os gemidos da loirinha saiam como suaves notas de melodia para a morena que sentindo as convulsões aumentarem, imaginou ser um orgasmo, pediu novamente que ela liberasse seu mel – Vai amor, tenta goz*r gostoso para mim, quero sentir seu gosto. – Isadora sentiu o corpo tremer, uma convulsão a fez curvar o corpo para trás, abrindo mais as pernas, tendo seu sex* explorado pela curiosa língua da morena. Isadora caiu na cama exausta, com o corpo suado, olhos fechados e a respiração descompensada, tentou retomar o fôlego e quando abriu suas esmeraldas, percebeu aqueles olhos azuis e zombeteiros lhe observando, deitada por cima do seu corpo – Meu anjo, você é linda.

 

 

 

-- Você acabou comigo. – disse ainda ofegante.

 

 

 

-- Ainda não, mas chegarei lá. – respondeu com um sorriso malicioso e cheio de quintas intenções – Será que isso foi um orgasmo?

 

 

 

-- Olha Mel se não foi um orgasmo, foi algo simplesmente fantástico! – respondeu com um imenso sorriso - Agora é minha vez de sentir seu corpo e seu gosto – pediu.

 

 

 

-- Linda, não existe sua ou minha vez, somos uma só agora. – explicou passeando com os nós dos dedos pelo corpo menor – Você me deu, com seu corpo, o que nunca ninguém havia me feito sentir, e para que não tenha dúvidas, sinta você o efeito do seu corpo no meu. – pegou a mão pequena e levou entre suas pernas, colocando-a, dentro da sua calcinha. Isadora ao sentir aquela umidade, deixou-se levar por um desejo desconhecido, automaticamente ela inverteu as posições, retirou a calcinha da morena e juntou seus sex*s, molhados, esfregando um contra o outro. Aquele atrito mexeu com Melissa, deixando-a louca. Falava coisas desconexas, perdendo o total controle das suas ações, entregando-se de vez aos desejos da sua pequena.

 

 

 

-- Você vai goz*r para mim meu amor... – esfregava-se mais ao corpo moreno – Rebola para mim. – Melissa sentia o atrito e gemia de prazer. Isadora se colocou entre suas pernas, iniciou uma dança com sua língua, buscando a fonte daquela umidade.  Melissa pediu que a loirinha lhe tocasse, e logo foi atendida. Isadora massageava e lambia seu sex*, um dedo curioso que antes lhe massageava, agora era introduzido, fazendo a morena gem*r e arquear um pouco o corpo. Um segundo dedo e por fim o terceiro massageando com força, para depois começar com fortes estocadas, quando sentiu que o corpo de Melissa estava chegando ao clímax do prazer, voltou a colocar sua língua, repetindo os gestos iniciais, fazendo sua morena goz*r gritando seu nome. Isadora sentindo como o corpo de Melissa reagia as suas provocações, foi tomada por uma nova onda de prazer, levando-a a um gozo inexplicável, como ela mesma definiu depois. Os dois corpos, suados e cansados, abraçaram-se e ficaram juntinhas, curtindo o calor de cada uma.

 

 

 

-- Isa – sussurrou, após recuperar sua respiração.

 

 

 

-- Hum.

 

 

 

-- Isso foi mesmo um orgasmo? – apertou mais o corpo menor contra o seu - Porque se foi, adorei goz*r. – concluiu de forma zombeteira, beijando depois o topo da cabeça loira – Agora viciei.

 

 

 

 

 

-- Agora vai querer goz*r toda hora? – perguntou sorrindo

 

 

 

-- Viciei em você sua bobona, mas se quiser me fazer isso novamente, estamos à disposição. – voltou a beijar o pescoço da sua pequena loirinha.

 

 

 

-- Melissa, você não se cansa? – estava com os olhos fechados curtindo as brincadeiras da sua morena.

 

 

 

-- Você já cansou? Nossa meu amor, seu condicionamento físico está péssimo. – falou com ironia – Amanhã mesmo começaremos a treinar novamente.

 

 

 

-- Repete. – virou-se para Melissa, olhando dentro das safiras que amava, depois de inverter as posições e subir o corpo moreno.

 

 

 

-- O seu condicionamento físico?

 

 

 

-- Não, o que falou antes.

 

 

 

-- Amor?

 

 

 

-- Hunhum... – abriu um lindo sorriso – Diz que sou seu amor novamente.

 

 

 

-- Isadora Marcondes Melo, eu lhe amo. Amo você, amo seu jeito de falar, de contar histórias, de sorrir, de andar remexendo este quadril que me leva a loucura, mas, de tudo isso, o que mais amo é você, minha Isadora... Só minha. – beijaram-se apaixonadamente. – Você é meu amor. – beijou a boca que acabava de concluir: seria seu vicio permanente.

Fim do capítulo