Abri a porta e a cara do Ryan tava de assustado – o que é viado?

- temos um grande problema

- e o que seria?

Ele me olhava com cara de quem não queria me dar aquela noticia

- solta logo viado, o que é? É pegadinha?

- olha, desculpa, mas a Rachel esta aqui! – falou ele fechando  os olhos

Eu gelei, não senti minhas pernas, minha cabeça girava, comecei a suar, sabia que a Laura não iria entender meu rolo com a Rachel e eu iria perder ela.

- quem é Rachel? – ouvi sua voz perguntar

Virei-me pra ela e enxerguei tudo turvo.

Soltei um pigarro – quem? Rachel quem, quem Rachel? – comecei a falar embolado e com voz falhando

- essa Rachel que seu amigo falou – disse ela apontando para Ryan

O Ryan por um instante entrou no banheiro – prazer sou Ryan um dos melhores amigos dela – pegou na mão e falou de beijo e abraço.

Puxei o Ryan pela camisa e o jogando pra fora do banheiro – vaza daqui viado, você me fudeo

- aiii, precisa ser agressiva assim, está nervosa é? – falou sussurrando

- estou, não sei por onde começar – disse com expressão preocupada e sussurrava

- chega, eu não quero saber quem raios é essa Rachel, porque algo me diz que você é comprometida e acabou de trair alguém – senti ela vindo em direção a porta e falando essas palavras com a voz de choro misturado com raiva. A segurei pela cintura antes de passa pela porta e trazendo-a de volta para o banheiro.

- vou lhe ajudar Mila – falou Ryan e olhou para Laura – Rachel é uma garota que ela está ficando – virou as costas e saiu

Eu fechei meus olhos, suspirei fundo, pois naquele momento percebi que tinha me dado mal, eu ainda segurava ela pela cintura, o banheiro estava quieto demais, ela não mais se mexia e fazia qualquer outro movimento se não fosse sua caixa de peito subindo e descendo com sua respiração, ficamos alguns segundos assim até ela gritar

- me solta – falou com raiva e me empurrando, eu me apressei e fiquei em frente a portae fechando em seguida, e ela virou-se de costas para mim

- Laura? – falei baixo

- não fale comigo

- por favor, precisamos conversar.

- não, não precisamos. – ela continuava de costas, tentei me aproximar e pegar no seu braço, mas ela fez recusa, voltei a me afastar e com sinceridade falei

- me desculpa!

Ela soltou um riso de desespero, ficou em silencio por talvez 6 segundos e virou-se de frente para mim – desculpas? Você está pedindo desculpas para mim? Você traiu alguém...

- eu não trair ninguém – a interrompi

- como não? Você está ficando com essa tal de Rachel, e sua feição mudou quando foi dito o nome dela aqui....

- porque eu não fazia ideia de que ela vinha – interrompi novamente e falando brava e rangendo os dentes

- porque você traria sua namorada pra um lugar onde tinha uma otaria que você queria pegar?– falou sendo sarcástica e gritando

- não é assim Laura, ela não é minha namorada, não temos nada, não somos mais do que duas amigas...

Ela me interrompeu dessa vez – duas amigas não tem relacionamentos amorosos – fixou seus olhos cheios de lagrimas sobre os meus

- Laura deixe-me explicar tudo pra você!

- eu não quero ouvir nada Milena, só quero sair daqui e ir pra outro lugar, eu tenho nojo de você, odeio traições – falou gritando de raiva e querendo sair

- eu não vou deixar você sair daqui antes de conversamos – falei segura

- e então eu grito – falou me afrontando

- então grite, mas eu não abro essa porta – rebati sendo firme com ela

Ela apenas me olhava, e eu só pensava em como me explicar, talvez ela não intendesse meu relacionamento com Rachel, e fosse se afastar, não sei mais o que pensar, eu não posso ter as duas, eu não quero ter a duas, só quero a Laura e ver ela assim nesse estado estava me machucando por dentro, preciso contar a verdade, se ela acreditar ou não ai já é com ela. Tomei uma decisão importante de conta-la tudo.

- me deixa sair, nós não temos o que conversar – disse ela

- eu deixo, eu faço o que você quiser, eu sumo da sua vida se você pedir, mas me escuta, só isso que eu lhe peço, me escuta e depois você pode sair e fazer o que quiser.

Ela parou, me olhava apreensiva, com cara de que não acreditava no que acontecia. Senti seu corpo indo pra trás e se sentando no vaso

- você tem 5 minutos, nada além do que isso!- falou baixando a cabeça

- é o suficiente! – falei me abaixando diante dela

Ela continuava com cabeça baixa, eu sentia suas lagrimas caírem, sua mão tremia, e eu vi que ela realmente não é fã de traição, e quem é ne? Mas eu vi que eu iria perde-la ali e eu não queria

- não sei como começar – eu disse nervosa

- que tal pelo começo – falou ela com voz falha e de choro

Respirei fundo, depositei minhas mãos em seus joelhos e comecei a falar olhando pra ela e ela de cabeça baixa – Eu sou brasileira, certo? – ela assentiu com a cabeça – a Rachel também é, ela é uma modelo, nos conhecemos em trabalhos, começamos uma amizade, mas com tempo eu comecei a me sentir atraída por ela, ela por sua vez se dizia hetero, mas eu sentia que ela não era. Depois de um tempo ela começou a dar em cima de mim, a fazer joguinhos e eu entrei nessa brincadeira, ate um belo dia irmos parar na cama. Ela não queria que a sociedade soubesse da gente então pediu sigilo total, e foi ela, eu juro, foi ela quem sugeriu sermos somente amantes, eu gostei, na verdade eu adorei, tínhamos um “relacionamento aberto” possa-se dizer, pois nunca falamos em namorar, em ser exclusiva uma da outra, ou qualquer coisa do gênero. Fizemos um trato, se estivéssemos na mesma cidade, nós estaríamos juntas, mas quando não, nós poderíamos pegar quem nós quiséssemos, e era o que eu sempre fiz e ela também, eu nunca senti uma gota de ciúmes dela, e pelo que eu via ela também não sentia de mim. Eu não há amo como mulher, como alguém que eu quero, eu há amo como amiga, alguém pode contar comigo pra sempre, pois vou está sempre lá.

- mas ela está na cidade, você a traiu – disse ela mais contida e com voz baixa

- eu sei, eu não queria, eu te juro isso. Mas quando eu te vi, eu não sei, algo mudou, eu nunca, nunca, nunca senti isso por ninguém, todos os meus amigos sabem. Eu preciso estar ao seu lado o tempo todo, eu queria muito ter você em minhas mãos...

- então sou mais uma! – falei soltando um ar de sarcástica

- não, não ,não, claro que não. Eu lhe disse a verdade agora a pouco, eu não sei o que você fez comigo, meu coração palpitou muito rápido quando te conheci, quando você me tocou algo aconteceu em minha barriga, pensei em ate ser dor de barriga.. – ela sorriu – eu queria muito você, não sei explicar. A Rachel não é minha namorada, ontem antes mesmo deu-lhe conhecer eu já estava pensando em dar um basta nisso, pois estava com medo da Rachel se apaixonar e eu machuca-la, porque eu nunca pensei em namorar serio com ninguém. Mas ai você apareceu, e caralh*.... – alguns segundos em silencio, ela levantou a cabeça e me olhava dentro dos olhos – e você mudou algo em mim. Eu não queria que você ficasse sabendo da Rachel assim, eu iria contar, talvez – dei de ombros – ou não, nunca se sabe. Mas o mais importante era que eu estaria com você, exclusivamente com você.

- me diz uma coisa, seja sincera – falou ela sendo rígida

- claro – respondi de imediato

- ela estava na festa ontem?

- porque, o que muda?

- sim ou não?

- sim! – engoli a seco

- e você flertava comigo, íamos ate nos pegar no banheiro – se levantou, e eu em seguida – você acha que eu devo confiar em você  depois disso, você quebrou a confiança com ela, mesmo namorando ou não. Ela estava la e você dava em cima de outra, nem um simples trato você respeitou, e porque você me respeitaria?

- porque eu não sou assim – gritei desesperada – eu sempre honrei com minhas palavras, nunca machuquei ela, ou qualquer outra pessoa, ai você com esses olhos de me matar, aparece em minha frente fazendo com que eu desonrasse com minha promessa a ela, eu quis me controlar, mas você não dava espaço..

- talvez se você tivesse me dito que teria alguém – falou ficando bem próxima da minha boca, comecei a sentir sua respiração.- eu te daria a porr* do espaço.

Olhando sem piscar, dentro dos seus olhos – o que você queria que eu lhe dissesse? Em??? oi Laura, não flerte comigo pois eu tenho uma amiga com quem transo as vezes e ela esta aqui, tenho que respeita-la porque fiz uma promessa a ela, vamos esperar ela sair da cidade sei la quando, para darmos um beijo, ou nós quem podemos sair? – olhava fixamente em seus olhos e falava sarcástica – em? era isso, porque não ia funcionar, você não ia me querer.

- eu não me importo mais - Falou indo pra porta. Segurei seu braço ela olhou pra trás – me solta, você falou que ia deixar eu sair se lhe escutasse, e pra mim já deu.

- você me deu 5 minutos e eu estou no prazo! – falei arqueado as sombrancelhas

- o que tem mais para falar? – suspirou

- tenho a perguntar

- o que?

- o que você quer que eu faça?

Ela sorriu – o que? Você é louca, eu não quero nada!

- como assim?

- eu não sei Mila, eu só quero me afastar de você, já vi que você é confusão!

Sentei-me no vaso, coloquei minha mão na cabeça e sorria – você não sabe o quanto me machuca ver isso acontecer.

- pra mim também, não gosto de traições, seja ela qual for

Levantei e fui em sua direção – cara, me diz o que fazer que eu faço, qualquer coisa, só não me deixa – gritei com ela, e ao mesmo tempo lhe encostando na porta, colando nossos corpos, sentia sua respiração acelerar e o mesmo batia em minha boca.

- afasta-se de mim – falou ela falhando a voz

- você quer isso? – perguntei

- sim!

- seu corpo diz ao contrario.

Ela me empurrou e abriu a porta e de imediato eu gritei – então é isso que você quer? Que eu continue com a Rachel ? porque se eu continuar como eu estou com ela, além de pegar ela, eu vou pegar varias outras, então é isso! Você não me quer?

Ela me olhava apreensiva e de sua boca saia as palavras – sim é isso que eu quero! – e saiu com os passos apressados pelo corredor.

Fiquei la parada olhando aquela cena acontecer, bati a porta do banheiro, virei para pia e comecei a gritar comigo – que merd* que eu fiz, caralh*- balançava minha cabeça como quem não acreditava, sentir meu corpo suar frio, liguei torneira e comecei a passar agua por meu rosto, e nuca. Olhava pra mim pelo espelho e sem acreditar na merd* que tava se tornando minha vida. – ela não quer isso? Então tá, vai ser isso. Talvez ate pra ela o que acabou de acontecer com a gente foi nada, eu era só mais uma que não deu certo... quer saber vou seguir minha vida, como se ela nunca tivesse passado por aqui. Chega de sofrer – pensei comigo. Suspirei fundo, passei a toalha pelo meu rosto e sai do banheiro em direção a cozinha, chegando me deparei com a Rachel em altos papos com Ryan, Diana e algumas pessoas que estavam lá. Continuei a andar, em direção a Rachel, quando olhei para o lado a Laura estava encostada na pia, recuada, sem conversar com ninguém, só soltava risos falsos

- baby, você resolveu aparecer – disse Rachel toda animada, estirando a mão para mim e me chamando

- oi baby – falei sem graça e com riso frouxo – você veio?

Encostei perto dela, que estava sentada no banco, a abracei de lado, ela envolveu sua mão na minha cintura e eu envolvi a minha em seu pescoço, ela me deu um selinho demorado, o que ate estranhei mas sorri.

- você tava onde? – olhei pra Laura que me dava outro estilo de olhar, um olhar que me machucou.

- tava no banheiro, ai recebi uma ligação, o Ryan foi la me avisa que você tava aqui, nem tava acreditando – passei minhas mão pelo seu cabelo, e resolvi não mais olhar para a Laura.

Ela sussurrou em meu ouvido – não está brava por eu ter vindo não né?

- claro que não – segurei sei rosto, - que bom que apareceu. Hoje é dia de comemorar não é mesmo? – todos gritaram sim.

Ficamos ali conversando com o pessoal, eu já não mais cruzava meus olhos com o da Laura, e também nem a procurava entre as pessoas, me foquei em ficar ali com a Rachel, já que foi o que ela mesma me mandou fazer. Dançamos muito, brincávamos, bebemos, caímos na piscina, e claro a Rachel não saia do meu pé, me beijava toda hora. Brincamos na piscina de briga de galo, que foi muito bom. A Rachel tinha se soltado mais, tava mais liberal na frente dos meus amigos, não sei no que deu nela. Ate que eu tava bem pelo que ocorreu mais cedo, o mais certo era tirar a Laura da minha cabeça, e não deixar meu coração completar o amor por ela em 100%.

Já era boca de 9:00 pm quando o Ryan falou que já queria ir, eu também tinha que ir por que teria uma outra festa. Nos ajeitamos pegamos nossas coisas, a galera insistiu pra nós ficarmos, mas eu não podia. Fomos nos despedindo, o Ryan falou com a Laura que estava no sofá do lado de fora com algumas pessoas, a Rachel também falou com ela, e eu internamente sorri da situação, mas no fundo destruída, porque o olhar dela sobre mim era de tristeza, e eu me despedacei. Acenei com a cabeça e a mão

Na saída a Diana nos levou a te a porta, cumprimentou a Rachel e o Ryan. Na minha vez ela me abraçou forte e falou

- temos que conversar, me ligue!

Me afastei e assenti com a cabeça. Demos tchau a ela e fomos para o carro em direção pra casa.

Chegamos, nos arrumamos, o Ryan foi com a gente, e fomos pra festa do Léo, um amigo nosso. Como a maioria das pessoas presentes na festa eram brasileiro, a Rachel mal encostava em mim, até o Ryan e o Léo perceberam, vieram até mim pra falar.

- vix puta, larga essa daí, nem está te dando bola! – disse o Léocom cara de nojo e dando de ombros

- é viada, ela tava toda toda hoje la na Diana, menina, parecia um casal perfeito, mas agora está ai quem nem encosta em você! – ressaltou o Ryan

A única coisa que eu fazia era responder com a cabeça, e sem tirar os olhos da Rachel, e no fundo algo sempre me diz que vai ser assim, ela não vai me assumir, só sou um caso pra ela, mesmo ela me amando ou sei lá, ela não quer mostrar pra sociedade que gosta de mulheres. Terminamos a noite e fomos pra casa, o Ryan ainda ficou la com o Léo. Cheguei em casa calada e calada eu fiquei, tomei banho, vesti o pijama e deitei na cama. Ela fazia o mesmo.

- o que deu em você hoje? – perguntou ela

- como assim? – perguntei sem perceber

- sei lá, tavamos bem e você se afastou – disse ela se assegurando de que quem fez isso foi eu, na aquela hora percebi o que ela tentava fazer, tentava jogar algo que ela fazia pra cima de mim.

- me desculpa, mas é que eu sou assim meio bipolar – dei uma piscada, desliguei a luz do abajur fechei o livro e me ajeitei na cama para dormir. Ela fazia o mesmo e se deitou no meu braço. Passei a noite pensando no dia, não na Rachel, mas sim na Laura, como foi maravilho estar com ela e que eu não teria mais aquilo. Passei a noite em claro sem saber o que fazer, e a Rachel dormia que nem uma pedra do meu lado!

Fim do capítulo