Sabrina Almeida olha incessantemente aquele pedaço de seu paraíso localizado na ilha dos sonhos, estava sentado à beira da praia, o dia ainda não tinha clareado. Amava aquele lugar com sua alma. Fora criada ali, e desde de cedo soube que era ali que queria passar o resto de sua vida.

Apesar de ter estudado por anos fora, nunca cogitou a possibilidade de não voltar aquele pedaço de paraíso e dar continuidade nos negócio que seu pai levou anos pra concretizar, apesar de sua morte que ocorrera a dois anos, Sabrina descobriu que a pousada dos sonhos estava em situação financeira crítica, por algum tempo se culpo por achar que seu pai gostou mais que devia em sua educação, os custos de seu estudo eram altos, em um dos melhores colégios na França, fora as viagens que tivera que fazer.

Havia me formado em administração para dar continuidade aos negócios. Já tinha me formado a alguns anos, e quando retornara ainda aproveitou algum tempo a companhia do pai, antes desse a deixar.

Tenho 31 anos, apesar de não ser um modelo de perfeição, pois era um pouco mais cheinha que a maioria das mulheres de hoje em dia, chamava atenção por suas coxas grossas e bumbum arrebitado, apesar que o único exercício que praticava era correr na praia e nadar, uma de minhas paixões. Tenho 1,64 de altura e pesava 62 quilos, muitos diriam que estava acima do peso, mais isso nunca me incomodou.

Algumas pessoas falavam que eu chamava atenção por meu sorriso, que diziam iluminar, e meu jeito leve de viver a vida.

Minha mãe fugiu com um hospede quando era um bebê, meu pai apesar de ter sofrido muito, encontrou em mim sua fortaleza. Nunca mais a vimos, e sinceramente por anos não me fez falta, pois tinha em minha vida Berta uma senhora que trabalhava conosco desde que me entendo por gente, ela me tem como filha, apesar de ter três filhos dois homens Giovane e Genaro e Amália minha amiga de infância dois anos mais nova que eu. Pois é, por todo aqueles anos não senti falta de minha mãe, até a morte de meu pai, pois não tinha mais nenhum parente consanguíneo que me desse apoio...apesar de ter Berta.

Volto a minha realidade, precisava encontrar um modo de salvar os negócios, sabia que a pousada juntamente com o haras, era o que sustentava muitas famílias da ilha, não poderia deixar tudo aquilo que seu pai construiu por anos, cair nas mãos de pessoas que não visava as famílias daquela terra, e sim o lucro que aquele pedaço de paraíso poderia proporcionar.

Meu advogado e amigo havia lhe falado que teria que conseguir empréstimo para quitar as dívidas mais urgentes. Meu namorado Leo, estava tentando me ajudar como podia. Ele era dono de uma loja de artigos de pesca que ficava na cidade. Namoramos a 1 ano, mas nos conhecemos a muito tempo. As vezes achava que estava com ele por conhece-lo a anos e não por ama-lo, apesar de gostar dele. Mas o apoio que recebi dele quando mais precisei foi de extrema importância pra mim, fora o fato de saber que ele é totalmente apaixonado por mim.

Teria que viajar para capital ainda aquele dia, só esperava conseguir o bendito dinheiro, sentei ali para refletir e também conversar com o pai. Ritual esse que sempre fazia quando estava aflita procurando solução para meus problemas.

Levanta-me e sigo para a pousada, ainda estava cedo mais sabia que Berta já estava acordada, com certeza preparando o café da manhã para os hospedes. Tínhamos a pousada principal que consistia de 20 quartos, alguns de casais e outros de solteiros, e alguns chalés espalhado ao longo da praia, para as pessoas que gostavam de ter mais privacidades. Os chalés eram todo equipados com as mais modernos equipamentos e todos eles possuíam trilhas que levavam tanto a pousada como a praia.

Muitos jovens procurava a ilha dos sonhos por causa da vegetação e trilhas que se estendiam ao longo dessa. Sigo por trás da pousada mas precisamente para a cozinha, e vejo alguns jovens hospedes chegando, com certeza estava acampando. Outro atrativo da ilha.

-Já acordada minha filha? - Berta pergunta logo que entro e praticamente me jogo em um dos enormes bancos que estavam espalhados pela cozinha, pois é tínhamos o costume de nos juntar ali, para conversas ao longo do dia. Alguns hospedes sempre se juntavam a nos nas conversas querendo saber mais, sobre meu paraíso.

-vou ter que ir a capital. Não consegui dormi direito e resolvi seguir até a praia para refletir.

-Minha filha você tem que descansar, vai dar tudo certo. Sei que vai conseguir salvar a nossa praia-era assim que Berta se referia aquele paraíso...nossa praia, o que mais me doía era saber que, se acaso não conseguisse quitar as dívidas, aquilo tudo iria parar nas mãos de empresários e não daria 1 ano pra estar tudo devastado, principalmente a pequena reserva que ficava ali mesmo próximo ao haras.

-sei que vai Berta- tentava ser o máximo confiante, até mesmo porque não adiantava me martirizar antes do tempo, prometera ao pai em seu leito de morte que faria de tudo pra manter aquelas terras, e aquele povo que tanto dependia de seus serviços, para o sustento de suas famílias.

Pego um pedaço de bolo de fubá que Berta havia preparado para os hospedes, e uma xicara com café, não havia notado o quanto estava com fome, só me deu conta quando já estava no segundo pedaço. Amava as delicias que Berta fazia, mas tarde teria que queimar um pouco daquela caloria com a dança, outra de minhas paixões.

Geralmente a noite nos reuníamos com alguns hospedes na praia, onde costumavam cantar e dançar, naquelas horas se sentia livre ao vento, costumava se soltar, mexer seu corpo ao som das músicas tocadas.

Ficou ali conversando com os jovens que haviam chegado, saíram no dia anterior pra acampar e já tinham retornado. Ficou conversando sobre as maravilhas de cenários que a ilha possuía, algumas perguntas por parte deles. Adorava narrar os detalhes de sua principal paixão a ilha dos sonhos.

Esperou dar o horário que teria que ir para cidade, tomo banho e parto com a esperança de conseguir o dinheiro para saldar pelo menos parte das dívidas, da pousada dos sonhos.

...

Giulia não entendia o porquê tinha que viajar até o Brasil para conhecer a tal Ilha que sua madrasta resolvera arrendar, ainda mais que estava fora do ramo de negócios de sua família. Eram todos italiano com exceção a madrasta que era Brasileira, seu pai casou-se com Viviane quando tinha 6 anos, minha mãe morrera ao dar-me a luz em uma complicação no parto e anos depois, meu pai apareceu em sua casa na Itália com tia Vivi, como costumávamos chamar. Informando que pretendia casar com ela, a princípio fiquei chateada mais com o passar dos anos, percebi que ela era uma boa pessoa, e acabei apoiando os dois. Ela tem sido todos aqueles anos como uma mãe pra mim, foi a primeira a me apoiar quando me descobri lesbica. Meu pai não aceitou logo de início, foi tia Vivi que o ajudou a entender que o fato de eu gostar de mulher, não mudaria em nada minha personalidades, nem meus conceitos.

Estava reclamando mais aquela viagem havia surgido em boa hora, serviria para que eu pudesse colocar um ponto final, para aquilo que tinha se tornado minha vida. Tinha terminado um relacionamento recentemente com Pietra. Depois de 3 anos morando juntas, havia descoberto que a pessoa que depositara toda sua confiança, a havia traído. Pietra era reporte, e eu sempre achei normal suas viagens, até descobrir seu relacionamento com seu câmera. Quis fazer uma surpresa a ela em uma de suas viagens, para cobertura de uma reportagem e quem ficou surpresa fui eu. Naquele dia vi meu mundo desabar, ela ainda tentou argumentar falando que só haviam ficado naquela vez, que não havia acontecido nada antes, mais não acreditei. No dia seguinte quando ela chegou em nossa casa, suas coisas já estavam todas arrumadas a expulsei de minha vida, sem pensar nos momentos felizes que passamos juntas. Ela ainda me procurou algumas vezes na esperança de me convencer a voltar, mais eu estava decidida.

Minha família morava em Nápoles cidade Italiana conhecida por ter as melhores pizzarias do mundo, era o ramos de minha família a anos. Aos 38 anos, sempre chamei atenção por minha beleza, tinha 1,75 de altura, morena, cabelos negros lisos acima da cintura e olhos verdes, muitos me classificariam como uma deusa, como já fora chamada algumas vezes.

Já havia tido alguns relacionamentos antes de Pietra, mais aquele realmente me desestruturou, sempre falei desde que a conheci, que tinha encontrado o amor de minha vida, tia Vivi sempre me alertou, vivia dizendo que não era pra criar tanta expectativa, pois as pessoas só se conhecíamos verdadeiramente quando se enxergavam com a alma.

Estava tão concentrada em minhas divagações que não tinha percebido que estava chegando ao meu destino, ou quase. Pelo que Tia Vivi tinha me falado, ao desembarcar na Capital ainda teria uma longa distância pela frente até chegar a tal ilha dos sonhos, com toda certeza era uma ilha sem atrativo algum, não entendia como descobrira tal lugar. Bom mais resolvi ajuda-la quando me solicitou, e serviria para refletir.

Ao desembarcar foi direto a uma locadora, precisava de um carro de preferência com GPS para não ter o risco de se perder, já que a ilha ficava bem distante. Na locadora, uma moça linda a atendeu, uma ruiva espetacular, por sorte eu falava o português fluentemente, Tia vivi sempre fez questão, tanto que na casa do meu pai nossas conversas eram sempre na língua original de minha madrasta.

-Bom dia- a ruiva me olha de cima a baixo, logico que, o que tinha acontecido comigo ainda pesava, mais não vou ser hipócrita em não perceber como os olhares da ruiva sobre meu corpo, haviam mexido comigo.

-Bom dia, estou precisando locar um veículo.

Explico pra ruivinha meu destino. Ela me aconselha a alugar um carro de grande pois até o Cais onde teria que pegar a balsa a estrada era de asfalto, mas ao desembarcasse na ilha, explica a ruiva, que teria correr por estrada de barro até chegar a tal ilha, e a pousada dos sonhos.

Agradeço com um de meus melhores sorrisos, não sabia explicar mais estava me sentindo mais leve, sentia que algo de muito bom iria acontecer, que mudaria minha vida.

No caminho até o cais, admiro a paisagem era quase uma hora de viagem, da cidade até o local da embarcação, no percurso se via poucas casas algumas com campos floridos era um espetáculo de cenário. Respiro aquele ar puro tão diferente das grandes metrópoles, sentia uma nostalgia que não sabia definir, mas era um sentimento gostoso. Uma saudade que não sabia de onde vinha.

Acoplo o pen drive que trazia comigo sempre, com músicas de que me davam paz, minha primeira escolha Chiara Civello amava o tom melodioso, o timbre de voz que apresentava em sua música, me faziam refletir. Esperava passar só alguns dias no Brasil, tinha algumas coisas pendentes na Itália que somente eu poderia resolver, meu Pai a muito tempo largou de mão os negócios para se dedicar as pinturas, desde de novo sua paixão era os quadros, mais só largou mesmo os negócios quando me formei, meu irmão mais novo com 27 anos. Quer dizer meio irmão, pois era filho de meu pai com tia Vivi. Também começava a se interessar pelos restaurantes da família, inclusive o havia deixado em meu lugar enquanto eu viajava.

Cheguei ao cais bem na hora que a balsa ia fazer a travessia. Assim que atraco na ilha dos sonhos, Pedi informações a um rapaz que trabalhava na balsa de como chegar a pousada dos Sonhos. Como a ruiva da locadora havia me falado, a estrada até a pousada não era toda asfaltada, muito de seu percurso era de barro, o que deveria dificultar em períodos de chuva. Penso quando me vejo naquela parte da estrada.

Ao descer sou recebida por um rapaz chamado Ivan, que não tinha mais de 20 anos, era moreno claro, com o rosto com espinhas parecendo ser bem jovem.

Olho ao redor. Havia me enganado ao achar que aquele lugar não fosse atrativo. Observa a pousada com sua fachada em um azul claro e com janelas enormes de vidro, deveria ser bem aconchegante e fria por dentro, bem em frente havia um caminho com arvores de adentravam terreno.

-posso ajuda-la- o rapaz, Ivan me pergunta enquanto analisava o local.

-estou com uma reserva- falo ainda olhando ao redor.

-por aqui por favor- ele era bem educado, esperava que todos os funcionários dali, tivesse a mesma educação do rapaz.

Na recepção não foi diferente, uma moça com aparentemente 29 anos conversava com outros hospedes, explicando o funcionamento e horários da pousada. Assim que terminou virou-se para mim com um sorriso lindo no rosto.

- posso ajuda-la?

-fiz uma reserva, quer dizer fizeram uma reserva pra mim- busco meu documento em minha bolsa- está no nome de Giulia Atenezzi.

A moça, que logo depois soube se chamar Amália, Pesquisa em seu computador por minha reserva.

-está aqui, fizeram uma reserva para senhora em um de nossos chalés- a vejo vira-se para o garoto ao meu lado- Ivan leve as coisas de dona Giulia para o chalé número dois. A senhora poderia confirmar algumas informações? -confirmo com a cabeça, dou as informações desejadas, ela me explica as mesma coisas que a vi falar com os hospedes que estavam com ela quando cheguei.

Quando terminamos o menino Ivan já retornava para recepção, ela pede que ele me mostre o chalé que iria ficar. Fico encantada com o Lugar a trilha que seguimos era toda arborizada, ele me mostra o caminho de pedras que me levaria a praia.

O chalé era encantador, possuía um quarto, sala e cozinha ele todo equipado. No quarto tinha uma varanda que se podia ver a praia, com certeza a noite o frio emperrava ali. Olho para o relógio ainda era cedo e estava cansada da viagem e com sono devido ao fuso horário, tomo um banho demorado e deito um pouco antes do jantar, apesar da fome, o cansaço e o sono eram maiores.

Acorda assustada, estranhando o local. Depois de algum tempo os acontecimentos do dia veem a minha mente, vou ao banheiro lavar o rosto, meu estomago estava reclamando. “Tomara que ainda encontre algo pra comer” penso pois já passavam das 22 horas, ao longe escutava uma música suave, caminho até a varanda de meu quarto, queria saber de onde vinha a música.

 Ao longe na praia tinha um grupo alguns com violão e com outros instrumentos que não consegui definir. Olhava a alegria com que cantavam, mas algo naquilo tudo prende minha atenção, no meio deles uma moça, dançava sensualmente a frente de um rapaz que estava sentado em uma pedra, ele segurava sua cintura e a moça balançava os quadril em uma dança sensual, eu olhava hipnotizada aquela dança, não conseguia desgrudar meus olhos dela, quando de repente a vejo virando-se na direção em que estava me olhando fixamente. A via rebol*r sem que seus olhos abandonasse os meus nem por um segundo.

Fecho meus olhos por uns segundo, e a vejo como se em minha frente. Ao abri-los a dançarina que me despertava a curiosidade não se encontrava mais ali.

-será que estou tendo alucinações?

Fim do capítulo