Despedida por Lily Porto
Capítulo 20 - Clarice
Ter ido pra cama com a Bárbara, foi... nossa...
Inúmeras foram as vezes que eu desejei aquele momento e torná-lo realidade daquele jeito delicioso foi maravilhoso.
Eu imaginei que fosse "encaixar", pela maneira que ela sempre me excitava mesmo sem perceber. Mas pessoalmente, pele na pele, eu tinha os meus receios.
Na hora eu não pensei, só senti. Mas quando realmente me dei conta, quando realmente voltei pra realidade, eu já estava adormecendo em seus braços.
Como é bom dormir nos braços de quem a gente ama, né? Claro que minha mente já começava a fervilhar, sobre o rumo que as coisas tomariam. Mas não aquela noite, aquela noite eu só queria estar ali nos braços da minha Bah.
Acordar cedo e fazer o café já era um hábito, mas decidi levar na cama pra nós. Primeiro porque queria prolongar o momento que passamos na noite anterior, e segundo por pirraça. A Bah não gosta de comer na cama e eu tenho um prazer enorme em contrariá-la.
Ela ficou toda boba com a surpresa, mas um pouco encabulada com seu corpo. Fiquei meio cismada, mas achei que não era papo para aquela hora.
Por mim a gente passava o resto do fim de semana e do feriado em casa, se curtindo, se conhecendo. Mas ela fez uma porção de planos, nem tive como recusar. Eu só fiquei com medo de que a noite não tivesse sido boa.
Sei lá, pode parecer insegurança minha. Mas, foram mais de 20 anos trans*ndo com a mesma pessoa. Eu meio que sabia como dar prazer pra Andressa e agora estava com alguém que já tinha ficado com muitas mulheres... será que tinha sido mesmo bom pra ela?
Ah... mas enfim... o resto do feriado correu bem. Eu só precisaria ficar mais atenta com a lerdeza da Bah... sempre muito sorridente e gentil, as mulheres dão mole pra ela e ela nem percebe. Acho que foi muito tempo "na pista". Essa Pequena ainda vai me dar muito trabalho.
Ter a família toda reunida em casa foi uma alegria, nunca tinha passado tanto tempo longe do meu filho. Mas pelo visto eu senti mais falta dele do que ele de mim, ele estava mesmo apegado a família da Bárbara. O que também me deixava muito feliz. Sempre fomos muito sozinhos e o Ju sempre foi muito introspectivo. Agora eu tinha que pedir pra ele parar de falar e comer um pouco.
Falei brevemente com o filho da Bah que eu ainda não conhecia. Um homem bonito e bem educado, quase pedi a mão da mãe dele pra mim.
Nossa, eu realmente estava envolvida, mas a insegurança judiava um pouco. Será que realmente era a nossa hora? Será que a Bárbara que estava comigo agora era a mesma por quem me apaixonei a anos atrás?
Eu sei que esses meus questionamentos parecem loucura, mas sou uma pessoa que gosta de alicerces, sabe? Bases, raízes. E a Bárbara vinha numa correria tão louca na vida dela, mergulhada no trabalho, na educação dos filhos, nas ligações e ameaças da ex sem noção. Eu não sei se tinha espaço pra mim e pro Ju nessa bagunça toda.
Sei que eu precisava conversar com ela sobre esses monstros que eu estava criando, mas com a agenda dela e a minha estava cada vez mais impossível. Fora que o Lourenço estava pra chegar e ela só sabia falar disso.
Eu até compreendia, mas me sentia meio de lado. Desde que a gente transou não nos falamos por skype nem uma vez. Eu não cobrei, não queria dar uma de adolescente insegura, mas estava tudo muito estranho.
Minha cabeça andava cheia e pra ajudar o Juninho começou a dar problema no colégio. Ele sempre sofreu bullying por ser fechado, os alunos chamavam ele de nerd. Porém, sempre conversamos muito e ele nunca revidou, sempre comunicava a diretora e a mesma tomava as medidas cabíveis.
Muito me surpreendeu quando fui chamada ao colégio pois ele havia agredido um menino. A diretora não quis entrar em detalhes, disse que ele tinha sido advertido verbalmente, mas que esperava que isso não se repetisse.
– Filho? – falei com ele buscando contato visual pelo retrovisor do carro enquanto íamos pra casa. – Quer me contar o que houve?
– Foi ele, mãe! Falou que eu era filho da "sapatão" e começou a me chamar de "sapatinho". Daí eu me enfureci. – ele falou entre soluços e lágrimas.
– Mas o que foi que a mãe disse sobre brigar no colégio?
– Eu sei mãe. Quando era comigo tudo bem. Mas ele falou de você, sabe? Ele não sabe o que a gente passou. Não era justo. Daí meu sangue ferveu e eu dei um soco na testa dele... e acho que quase quebrou a minha mão. – ele disse abrindo e fechando a mão direita. – Eu não vou fazer mais, eu sei que te envergonhei. A senhora me desculpa?
– Rs.... eu amo você, meu herói! E claro que eu te perdoo, só não faça mais isso, ok? Tem uns anos que conversamos sobre eu gostar de mulheres e não de homens. Ainda estava com a tia Andressa na época. Lembro que tirei suas dúvidas e deixei claro que o mais importante não é a imagem de quem a gente ama, mas tudo o que tem dentro dela. – disse cada palavra bem devagar tentando acalma-lo.
– A alma né mãe? – seus olhos encontraram os meus pelo espelho e ele sorriu.
– Isso filho. Esse seu amigo da escola não teve essa conversa com os pais dele e por isso pensa errado. Só que batendo nele a gente não melhora em nada essa história, né? Então melhor deixar pra lá.
Passado o "papo brabo" terminamos o dia numa lanchonete fast food. Era bom passar um pouco mais de tempo com o meu filho, o trabalho e esse lance complicado com a Bah estavam me fazendo perder o foco nele que sempre foi a minha prioridade.
– Mãe e você e a tia Bárbara? Vocês estão... – ele disse se escondendo atrás do sunday.
– Não sei filho. A mamãe gosta muito dela. Mas tem medo de se machucar de novo.
– Ai... eu só vou namorar com 50 anos. É tudo muito complicado. Tá todo mundo feliz, daí fica todo mundo triste. Daí feliz de novo, mas com outra pessoa. Vídeo game é bem mais fácil.
– Você tem toda razão, meu bem.
Eu me alegrava com a maneira como meu filho crescia. Ele era inteligente, companheiro, respeitador das diferenças e ficava indignado com toda e qualquer injustiça.
Finalmente Lourenço chegou ao Brasil e decidimos ir em caravana busca-lo no aeroporto. Talvez a pior ideia dos últimos tempos.
O clima era de descontração. A Anna e o Ju jogavam no tablet enquanto eu e a Bah conversávamos sobre uma serie que ela é apaixonada e eu não tenho um pingo de paciência. Até que sua mão de quente passou pra fria e suando. E ela soltou a minha.
A Anna correu pra abraçar o irmão e foi abraçada também por uma outra mulher. Que pela reação de Bárbara era Carla.
Pelo que entendi ela estava tão surpresa quanto eu.
– Melhor eu ir... – disse pegando Juninho pela mão.
– Cleo, fica, eu juro que não sabia. Fica, ele quer muito conhecer você.
– Eu também quero muito, Bah. Mas você tem algo pra resolver primeiro. Me liga e a gente marca. Acho que a Carla não vai querer me conhecer.
Fui embora chorando do aeroporto. A ex dela estava de volta e pra reconquistar a família... será que eu tinha alguma chance? Que deveria investir? Será que deveria ter ficado lá do lado dela mesmo sem ter algo oficial?
Sei lá, a Bárbara falou que a mulher é uma louca, melhor não arriscar.
O lance agora é esperar ela me ligar... droga... odeio esperar.
Fim do capítulo
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patty-321
Em: 27/03/2017
Aiii. Q essa mulher veio fazer? E a Cléo precisa ser mais segura. Deveria ter ficado e demarcado território. Mas vamos ver. Torço p elas. Bjs
Resposta do autor:
Pois é, a Cleo não segurou a insegurança e foi embora. Mas a Bah vai tentar resolver isso, tomara que dê certo.
Bjs querida, se cuida.
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Bia Ramos
Em: 25/03/2017
Boa noite!!
Eita!!
Essa expressão explica muito... rs
Sério mesmo que achava que a Cleo era a minha favorita?? Ainda bem que não apostou gata... Ou perderia feio como você mesma disse! Desculpa... rsrs
O problema dessas duas é a insegurança... Vamos prender as duas em uma ilha deserta e só soltá-las quando se declararem?? rs
Enfim... Não achei certa a atitude da Cleo saindo assim do Aeroporto, ainda não sei o que a Bah pensa com isso, mas eu acredito que ela não é mulher de deixar a sua namorada correr assim para longe dela... Estou torcendo pra ela não me decepcionar!! :(
Bom... agora é ficar aqui esperando a autora resolver não nos matar de ansiedade e postar logo o próximo CPT!! rs
Bjs linda... Boa Noite...
Não demora tah!!
;)
Bia
Resposta do autor:
Eita, eita, eita... menina eu jurava mesmo que você gostava mais da Cleo. Ainda bem que não apostei mesmo viu, rs'. A Bah tem umas características meio parecidas com algumas minhas, mas a minha preferida é a Cleo, sabe? Acho ela uma mulher incrível. Tá desculpada, hehe.
A ideia da ilha é boa viu Bia. Mas acho que o próximo capítulo vai fazer vc mudar de ideia quanto a ela. Insegurança é um lance bem complicado, mas logo elas conseguem resolver isso tbm.
Algo me diz que a saida repentina da Cleo não vai deixar a Bah em paz não, daí ela vai abrir os olhos pra algumas coisas. E tomara que vc não se decepcione mesmo com a Bah.
Quero matar ninguém de ansiedade não, se desse postava hoje. Mas, mais uma vez vou ficar devendo essa dobradinha.
Bjs linda, se cuida.
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preguicella
Em: 25/03/2017
Tadinha de Clarice! Pior que as duas só estão nessa pq não tem coragem de abrir o coração e falar o que estão sentindo uma pra outra! Sei bem como é! hahaha
Espero que tudo se resolva logo e Bárbara despache esse encosto que é a Carla rapidamente pro outro continente!
Bjão
Resposta do autor:
Oii, tudo bem?
Falta de coragem é complicado mesmo, pra Bah há alguns anos atrás foi mais fácil recomeçar longe da Cleo. E agora por conta dos desencontros quase que elas não iriam saber tão cedo o que uma sentia pela outra.
Carla não podia ter escolhido hora pior pra aparecer. Mas logo a Bah da um jeitinho nisso ai.
Bjs querida, se cuida.
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