A Acompanhante por freire
CapÃtulo 27 - Pai?!
Bruna deixou Afonso no orfanato e demorou um tempo para voltar pra casa. Aproveitou que estava sozinha e ficou dirigindo sem rumo durante um tempo, tentando parar de pensar um pouco em tudo que estava lhe afligindo. A ruiva sabia que não tinha o menor direito de sentir ciúmes de Lívia, afinal ela quem tinha mandado a morena se manter afastada e, com isso, aberto brechas para que ela conhecesse e se aproximasse de outras pessoas. No entanto, Bruna não conseguia controlar a angústia e a raiva que sentia quando imaginava que Lívia poderia estar com outra pessoa. Depois que se sentiu mais calma, finalmente rumou para casa.
Quando entrou em sua casa, Bruna sentiu um cheiro gostoso de comida e logo foi para a cozinha, estranhando pois aquela hora Nina não estaria mais trabalhando. A surpresa foi enorme quando ela encontrou Lívia servindo à mesa.
- O que você tá fazendo?
Lívia que não tinha a visto ainda, se assustou levemente, mas não se intimidou com a chegada da ruiva e agiu naturalmente.
- Oi, que bom que chegou! - respondeu sorrindo - Estou servindo nosso jantar.
- Salmão? - Bruna questionou curiosa e desconfiada - Você preparou isso?
- Até aprendi algumas coisas, mas ainda não tô nesse nível. - Lívia brincou e continuou o que estava fazendo - A Nina preparou, disse que fez só porque sabe que eu gosto!
- Pronto, o fã-clube agora tá completo! - Bruna resmungou e deixou Lívia sem entender nada daquele comentário.
- Oi? - perguntou confusa.
- Esquece! Por que você ficou?
Lívia olhou a mesa e constatou que não faltava nada ali, então resolveu não colocar o carro na frente dos bois e ir com calma.
- Janta comigo?
- Lívia... - a ruiva resmungou sem saber bem o que falar.
- É apenas um jantar, só quero que me faça companhia. Por favor?
- Tudo bem.
Mesmo com raiva da morena, Bruna também não queria que ela fosse embora, então acabou aceitando. Mas, sem querer dar o braço a torcer, ficou em silêncio durante todo o jantar. Lívia respeitou o silêncio da ruiva, pois não queria que voltassem a brigar. Apenas quando as duas terminaram de comer, Lívia resolveu falar.
- Obrigada, mais uma vez, por ter deixado eu ver o Afonso e, também, por ter me recebido aqui na sua casa! - falou olhando nos olhos de Bruna - Eu fiquei um pouco receosa de vir até aqui, não sabia se você desejava isso, mas sua mãe acabou me convencendo.
Bruna pensou um pouco antes de responder, tentando manter a calma.
- Não precisa agradecer, Lívia. E também não precisa ter receio nenhum de vir aqui, essa casa também é do Afonso, você pode visitá-lo sempre que quiser, desde que não traga sua amiga!
Lívia teve que segurar o riso.
- Tudo bem, como você quiser. Mas não se preocupe, a Rafaela só quis conhecer o Afonso por me ouvir falar muito dele.
- Pois então, já conheceu. - Bruna falou irritada - Meu filho não precisa dela por perto!
- Ela não é má pessoa, Bruna, não precisa disso tudo! E outra, ela é só minha amiga!
- Jura? - Bruna perguntou irônica - Não sabia que suas amigas eram tão íntimas a ponto de atender seu celular, te acompanhar em todo lugar que você vai e outras coisas que eu não devo saber.
- Então foi você quem me ligou? - Lívia ficou feliz e surpresa ao saber disso - Eu pensei que tivesse sido a Cristina, afinal você não tinha meu número novo.
- Ela me passou o número e eu liguei, o Afonso tava insistindo muito!
- Desculpa não ter atendido, eu estava no banho e aí a Rafa chegou depois dizendo que alguém ligou mas não soube dizer quem era, disse que você desligou muito rápido.
Bruna revirou os olhos ao escutar o nome da loira novamente e levantou da mesa.
- A Rafaela isso, a Rafaela aquilo, não aguento mais. Se vamos ficar conversando sobre sua amiguinha, você pode ir embora!
Lívia levantou e a segurou, impedindo que saísse da cozinha. Aproveitando que estavam próximas da parede, Lívia a empurrou até que Bruna não tivesse como escapar. Mesmo irritada, Bruna ficou sem reação com a proximidade entre elas.
- Eu não vou embora! - Lívia falou olhando nos olhos da ruiva, estavam tão perto que Bruna sentia o hálito de Lívia enquanto ela falava - Você me perguntou porquê fiquei aqui, não é? Eu fiquei por você! Fiquei aqui pois sei que você sentiu a minha falta tanto quanto eu senti a sua, fiquei porque a gente precisa conversar e eu não aguento mais adiar essa conversa e ficar longe de você. Eu sei que você tá irritada por causa da Rafaela e que você fica cega de ciúmes, mas nem isso vai me fazer desistir de conversar contigo. E nem adianta brigar comigo, eu só saio daqui depois que a gente conversar!
Involuntariamente, as mãos de Bruna foram parar na cintura da morena que, se aproveitando da abertura cedida, se aproximou ainda mais. Lívia estava prestes a beijar Bruna, quando ouviram novamente o toque de seu celular e a ruiva rapidamente se afastou. Lívia continuou no mesmo lugar, ainda sem acreditar que estavam sendo interrompidas de novo e pensando que deveria ter desligado o aparelho assim que aconteceu na primeira vez.
- Atende logo isso, a Rafaela deve estar preocupada. - Bruna falou debochada.
Lívia revirou os olhos, com raiva de si mesma e procurou o aparelho. Sentiu alívio quando viu o nome no visor.
- Oi, mãe - fez questão de dizer em alto e bom som para a ruiva escutar - Sim, estou bem, e a senhora?
Bruna ficou mais aliviada e se distraiu tirando a louça do jantar. Acabou não ouvindo mais a conversa e foi pega de surpresa quando Lívia se aproximou lhe estendendo o celular.
- Ela quer falar com você! - Lívia explicou.
- Como assim? Por que a sua mãe quer falar comigo? - perguntou cochichando.
- Não sei, eu disse que estava na sua casa e ela pediu pra te passar o celular.
Bruna não estava muito à vontade com aquela situação, afinal, a única vez que falou com a mãe da morena foi logo após o encontro no restaurante. Acabou pegando o celular, mesmo desconfiada.
- Alô, dona Luciana?
- Oi, Bruna. Como você está, querida?
- Estou bem, e a senhora? Fico feliz que você e Lívia tenham se acertado!
- É exatamente sobre isso que quero falar contigo, querida.
- Sobre você e Lívia? - perguntou confusa e deixando a morena atenta, pois também não sabia o motivo da mãe querer falar com Bruna.
- Não, sobre a Lívia e você. - Bruna engoliu em seco ao ouvir aquilo, mas permaneceu calada - Olha, querida, eu vou direto ao ponto e espero muito que você entenda que quero apenas o bem das duas. Na verdade, quero te pedir para não cometer o mesmo erro que eu cometi.
- Como assim, dona Luciana?
Lívia que observava a conversa sem fazer ideia do que estava sendo dito por sua mãe, estava ficando preocupada ao ver as expressões de Bruna.
- Eu abri mão da Lívia há alguns anos atrás, mesmo não tendo essa intenção, foi o que eu fiz e é o maior arrependimento da minha vida, querida. Não estou falando isso por ser mãe dela, estou apenas tentando lhe abrir os olhos! Não espere o tempo passar para correr atrás, talvez você não tenha a mesma sorte que eu tive de reencontrá-la. Espero que você pense com carinho nessas palavras, afinal, quando eu precisei você deu uma forcinha pra gente se acertar, estou apenas retribuindo. Diga a ela que voltarei a ligar amanhã, boa noite, querida!
E então Bruna ouviu o som da chamada sendo finalizada, sem ter tido a chance de falar qualquer coisa, mas com a cabeça confusa por tudo que havia acabado de escutar.
- Bruna? - Lívia chamou atenção da ruiva, que parecia perdido em outro mundo. - O que ela queria falar com você?
- Me agradecer por ter ajudado vocês a se acertarem. - mentiu.
- E você ta desse jeito só por causa disso? - Lívia questionou desconfiada.
- Só estava pensando numas coisas. - falou fugindo do assunto. - Toma seu celular.
Lívia aproveitou que Bruna foi para a varanda, para falar com Rafaela antes que a loira ligasse e acabasse atrapalhando novamente.
"Não preciso que me busque. Não se preocupe, estou bem. Quando chegar, te explico tudo!"
Não demorou mais que alguns segundos para a loira responder.
"Cuidado, Lívia, você vai acabar se machucando ainda mais nessa história. Não acha melhor vir logo para casa? Preparei nosso jantar e esperava que me fizesse companhia."
"Desculpa, Rafa, não queria te deixar sozinha, mas acho que estou fazendo progressos aqui. Preciso ir, depois nos falamos, beijos"
Antes mesmo da loira responder, Lívia desligou o celular para não correr risco de ser interrompida novamente. Sem perder mais tempo, a morena serviu duas taças de vinho e foi à procura de Bruna, que estava deitada no sofá da varanda com os olhos fechados. Lentamente, Lívia se aproximou e sentou ao seu lado, deixando as taças sobre a mesa de centro, passou a fazer um carinho leve em seu rosto. A morena sorriu quando viu que seu carinho não foi recusado pela ruiva, que continuou com os olhos fechados, apenas apreciando o toque leve e tão carregado de sentimentos.
- Eu trouxe vinho. - Lívia falou chamando atenção da ruiva que, finalmente, abriu os olhos.
- Obrigada! - a ruiva falou aceitando a taça oferecida e sentando para dar um longo gole no liquido.
- Vai com calma, não quero que você esqueça dessa noite.
- Como se eu conseguisse esquecer cada momento que passo com você - Bruna resmungou sem pensar e Lívia sorriu feliz com a pequena confissão feita pela ruiva.
- Olha, Bruna...- Lívia aproveitou o espaço que a ruiva estava dando e uniu suas mãos, brincando enquanto fazia carinho em seus dedos - Eu respeitei a sua vontade e me mantive distante por mais de um mês. Mesmo morrendo de vontade de ligar, te procurar, fazer qualquer coisa pra te ver, te abraçar e ouvir sua voz outra vez, eu respeitei o espaço que precisava. - Bruna apenas observava as expressões da morena, que olhava para frente sem querer encará-la. - Mas o tempo passou e eu sei, não adianta você negar isso pra mim, sei que toda saudade que eu tenho dentro de mim, você tem ai dentro também!
- Lívia...
- Por favor, me deixa terminar. - Lívia insistiu - Eu sei que o que fiz foi errado, não quero me eximir da culpa que carrego. E sei que não deve ser fácil pra você acreditar em tudo que digo, mas você me conhece, Bruna, porque eu fui verdadeira em cada segundo contigo. Por mais que eu tenha forçado um primeiro encontro, depois disso nunca ousei mentir pra você, até mesmo a minha profissão você ficou sabendo no nosso primeiro encontro. E eu sei, também, que tudo que nós passamos juntas foi tão real pra mim quanto pra você. Não estou te pedindo pra esquecer os meus erros, mas para deixá-los no passado e tentar, aqui no presente, dar uma chance pro que a gente sente. Será que isso é pedir muito?
Bruna ficou calada por alguns segundos, que pareceram horas para Lívia. A ruiva tentava assimilar tudo o que havia acontecido naquele dia, desde a presença de Rafaela, o quase beijo na cozinha, a conversa com Dona Luciana até as palavras que acabara de ouvir, mas sentia uma agonia tão grande que não sabia o que era melhor naquele momento.
- Eu não sei, Lívia! - respondeu desanimada - A minha cabeça continua tão confusa, eu não sei o que fazer, não sei se sou capaz de olhar pra você e não lembrar de que tudo começou com uma mentira, e não lembrar que você foi amante do meu marido enquanto também estava comigo...
- Sabe o que é engraçado?! - Lívia indagou com certa ironia na voz e olhou para Bruna, só ai a ruiva percebeu as lágrimas em seus olhos - Depois de tudo que ele fez, você ainda se refere ao Eduardo como seu marido. Isso deve ser mais fácil do que me desculpar, né? - a morena sorriu triste - Acho que não tem mais jeito, nada que eu diga aqui vai mudar o que você pensa ou fazer com que você mude de ideia, então acho que já vou indo...
Assim que Bruna viu a morena se levantando decidida a ir embora, algo dentro de si gritou para que ela impedisse. Ela não sabia ao certo se fora influência das palavras de Luciana, mas parecia o certo a se fazer.
Lívia levantou enxugando as lágrimas que insistiam em descer e foi em direção a entrada da casa para buscar suas coisas. Mas antes que entrasse, escutou a voz da ruiva lhe chamando.
- Lívia, fica...
A morena olhou para Bruna, notando que ela também tinha os olhos cheios de lágrimas e não resistiu a vontade enorme que tinha de realmente ficar. Bruna bateu a mão no sofá, lhe chamando para voltar para onde estava e sendo prontamente atendida.
- A minha cabeça está uma confusão enorme, Lívia. - com carinho, passou a enxugar as lágrimas do rosto da morena - Eu realmente não sei o que fazer e nem como vai ser daqui pra frente, mas eu acho que estou disposta a tentar! - terminou sorrindo.
A mudança de expressão no rosto de Lívia foi tão rápida que Bruna sorriu ainda mais quando viu o sorriso iluminado da morena. Sem aguentar mais tanta saudade, Bruna a trouxe para perto e uniu seus lábios aos dela, sentindo seu coração acelerar com o simples gesto. O beijo foi carregado de saudades e diversos sentimentos. Enquanto matavam saudade do gosto uma da outra, as duas mulheres sentiam que o peito poderia explodir devido ao turbilhão de sentimentos que cada uma possuía dentro de si. O toque das línguas, que se encaixavam sedentas, as mãos que acariciavam e apertavam uma a outra, o cheiro, o calor do corpo, tudo que fez tanta falta para as duas estava presente naquele beijo tão cheio de amor.
- Você tá falando sério? - Lívia perguntou boba, ainda com o rosto colado ao da ruiva.
- Eu acho que nós já falamos demais por hoje! - Bruna respondeu - Só fica aqui comigo essa noite, e amanhã a gente pensa nisso tudo.
Dito isso, Bruna voltou a deitar-se, trazendo a morena junto com ela. Assim, aconchegadas no abraço uma da outra, as duas acabaram pegando no sono e passando a noite ali mesmo.
O dia havia amanhecido e o sol estava lindo no céu. Por conta disso, todas as crianças do orfanato estavam brincando pela área externa e aproveitando o dia para se divertir. Afonso estava no balanço com outros dois amigos quando viu um homem que ele não conhecia se aproximando dele e ficou um pouco acuado.
- Ei, garotão, você é o Afonso, não é? Eu trouxe uma coisa para você!
- Oi, sim, sou eu! - respondeu ainda desconfiado - Que coisa?
- Um presente! - falou o homem sorrindo para ganhar a confiança do garoto - Vem aqui abrir pra ver se você gosta.
Afonso e as crianças tinham em mente que quando algum estranho chegava com presentes e coisas do tipo, eram pessoas interessadas em adotá-los. Pensando nisso, o garoto ficou ainda mais desconfiado, pois não queria correr o risco de ser adotado por outra pessoa, que não fosse Bruna.
- Não quero receber presentes de um estranho! - respondeu bravo.
- Mas eu não sou estranho, Afonso.
- Então quem é você?
- Meu nome é Eduardo, e eu sou seu pai!
Fim do capítulo
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lia-andrade
Em: 14/03/2017
Que Maravilha, as coisas se ajeitando para elas. Espero que seja pra valer. Agora a aproximação do Eduardo com Afonso não é nada bom..
Beijos
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patty-321
Em: 13/03/2017
Não dar pra pensar q esse crápula do Eduardo está aí pra conhecer o filho. Ai ai. Medo. Bruna resolveu dar mais uma chance pra elas ótimo. Morta de ciúmes. Me parece q a Rafaela edtsva com alguma esperança de ficar com Lívia.dai daeeee. Ela e dá . Bruna. Bjs
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Mille
Em: 13/03/2017
Aí ai aí senhorita Freire
O que esse doente do Eduardo vai querer com Afonso acho que coisa boa não é, capaz dele inventar que a Bruna que o abandonou espero que o Tiago chegue e tire o Afonso de perto dele.
Lívia e Bruna se entendendo muito bom
Bjus e até o próximo
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