Afeto x Hesitação
- Luary! Por favor, não fique chateada.
- Núbia, me deixe quieta vai ser melhor. Evitemos brigas!
- Mas que culpa eu tenho? Você já foi mais compreensiva.
- Tem uma hora que até as pessoas que são um poço de compreensão cansam.
- Mas minha linda, você precisa entender...
- Já entendi que você se trancafiou neste armário e não quer sair de forma alguma.
- Também não é assim.
- Como não? Estamos juntas já têm dois anos, seu relacionamento anterior você me contou que durou quase quatro anos. O que você esta esperando para sair de cima do muro?
- Para você é fácil dizer, já foi até casada com aquela horrorosa por uns cinco anos.
- Na verdade, seis anos.
- Tudo isso! Nem sei como você aguentou.
- Vamos mudar de assunto, ficar falando de passado que gerou traumas nem é bom.
- Qual o problema de falar? Você não é a bem resolvida?
- Melhor pararmos com isso.
- Você e a mania de querer fugir do diálogo.
- Somente quando você fica exaltada e quero evitar conflitos.
- Conversar é fundamental.
- Chata!
- Bruxa!
- Quer saber, vamos embora!
- Mas Lu, nós nem comemos ainda, mal chegamos ao shopping.
- Até perdi a fome.
- Como? Você tinha dito que estava faminta.
- Até ter sido rejeitada por você mais uma vez.
- Poxa, não foi rejeição, só não quero andar de mãos dadas por aqui e se encontramos algum conhecido?
- Qual o problema disso?
- Vai que tem algum parente, hoje é domingo, shopping lotado.
- Seria bom finalmente conhecer alguém da sua família.
- Imagine se aparece alguém do meu trabalho? Eles são preconceituosos. Já te falei que meus chefes são evangélicos tradicionais.
- Você se preocupa muito com a opinião alheia, este é o grande problema. Você tem medo de não ser aceita, de como vão olhar para você e por isso prefere ficar se escondendo.
- Luary sei que tudo isso te incomoda, mas te peço que tenha mais paciência, sou muito insegura.
- Núbia, eu sou assumida desde os meus 15 anos. Durante a faculdade, quando ingressei na militância LGBT, descobri sobre a importância da visibilidade no combate a homofobia, enquanto for tabu não há evolução. Temos que colocar a cara no sol. Tenho paciência sim e compreendo que cada qual tem seu momento. Mas minha linda, eu não consigo viver assim às escondidas, como se nosso amor fosse algo errado. Eu faço parte da organização da parada gay aqui na nossa cidade e te peço tanto para você me acompanhar nos encontros, porém você sempre evita e inventa desculpas.
- Anjo, tenho muito orgulho de você, queria ter esta sua coragem (afirmou cabisbaixa).
- Vamos para a minha casa? Podemos passar em um drive thru.
- Tudo bem, pode ser e desculpa por ter te chateado.
- ok! Vamos!
- Me desculpa?
- Sim!
- Eu te amo!
- Eu também!
- Me dá um abraço?
- Claro! Mas aqui? Com todas estas pessoas passando?
- É. Preciso de você para me ajudar a lidar com tudo isso, para superar todos os meus medos e hesitações.
- Amor, eu te ajudo com muito prazer e com todo meu afeto!
Fim do capítulo
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rhina
Em: 04/03/2017
OOi
Boa tarde
colocar a cara no sol não é fácil.....
no armário temos. ...ainda que falsa.....a sensação de segurança.
Lindo conto autora.
rhina
Resposta do autor:
Oi! Rhina, como vai? Colocar a cara no sol é assustador, contudo importante. Fico feliz por você ter achado lindo. Obrigada! Beijos e abraço, May.
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