--Oi meu amor, o que houve ? – A menina começou a chorar

--Paola, calma me diz o que houve? – Levantou preocupada

--A mãe vai ficar muito brava.

--Depende do que você fez – Disse achando a garota dramática

--Ela vai me matar.

--Não vai, ela é sua mãe e ti ama.

--Ela vai me matar sim tia.

--Por que ela ti mataria?

 

 

--Eu estou grávida tia. – Disse e começou a chorar

--Gra, grávida? Como assim você tem dezessete anos Paola – Disse surpresa

--Eu sei tia, foi sem querer.

--Sem querer? Você foi obrigada ?

--Não – Disse com a voz baixa

--Então não foi sem querer, droga Paola era só usar uma merd* de camisinha, não custava nada.

--Usamos, mas estourou eu acho, foi minha primeira vez, não sei se colocou errado. – Estela respirou fundo lembrou-se quando Anne engravidou dela, era nova também.

--Tudo bem, calma não se desespere, já contou para o pai da criança?

--Não ele é um Irlandês, já voltou para casa, foi expulso da escola.

--Tem algum contato com ele?

--Não tia, não sei muito dele.

--Tudo bem, vou comprar uma passagem, a procuração que tenho para resolver as suas coisas ainda está valida, vou ai e conversamos direitinho.

--Não demora estou com medo.

--Tudo bem, eu vou ver isso, fica calma tudo vai dá certo.

--Está bem, dinda?

--Oi meu amor

--Eu te amo

--Também minha linda agora fica calma. – Desligou o celular e correu para pegar seu notebook viu uma passagem para a terça, daria tempo de resolver tudo, o problema seria esconder da família a viagem, foi pedir ajuda a amiga.

--Val acordada?

--Sim estava desenhando um pouco – Disse mostrando o caderno.

--Estou com um problema, vou precisar de sua ajuda.

--O que houve?

--A Paola acabou de me ligar desesperada, descobriu que está grávida.

--Nossa serio? – Disse espantada

--Serio, está assustada, vou lá busca-la comprei a passagem para terça-feira, vou precisar de sua ajuda para despistar os outros.

--Tudo bem pode deixar, mas acho que não vai ser fácil por que não fala com o Toni?

--Vou fazer isso, fica tranquila.

--Vai demorar?

--Não creio que uns dois dias eu acho.

--Pode deixar, nossa a Anne vai pirar.

--Vai mesmo ela com toda aquela política totalmente correta vai dá merd*.

--Nem me fala, isso vai dá uma mega confusão.

--Mas ela também engravidou cedo da Paola não pode julgar a menina.

--É, mas ela sempre foi ditatorial nisso, falando que foi um descuido que não poderia ter acontecido, e que ela sempre se cuidasse.

--E o namorado dela como reagiu?

--Foi um garoto da escola de musica, deve ser um desses moleques, foi expulso da escola e voltou para casa.

--Serio? Nossa ela deve está perdida... – Emendaram uma longa conversa a loira acabou cochilando no quarto da amiga mesmo.

 

--Thiago vou precisar me ausentar por uns dias, você vai ficar a frente de tudo.

-- Tudo bem, quanto tempo?

--Creio que chego na sexta.

--Tudo bem, vamos que teremos uma longa reunião. – Eles se trancaram por um longo tempo com os responsáveis pela auditoria e o diretor de compras ele se mostrou muito nervoso a respeito das perguntas que foi feito a ele principalmente quando se tratava de Rebeca.

--Obrigada, qualquer coisa eu ti chamo novamente – Estela disse para o homem que se mostrou preocupado.

--Algum problema doutora?

--Não muito pelo contrario você está fazendo um ótimo trabalho obrigada – Mentiu, ele saiu da sala com um sorriso aberto.

--Claramente está acontecendo algo de muito podre ai – Thiago disse

--Também notamos isso, estamos achando que estava acontecendo algum desfalque, só não sabíamos qual, mas vamos descobrir doutora pode ter certeza.

--Tudo bem e não demore nisso está bem?

--Sim senhora – Os auditores saíram.

--Será que a Rebeca está envolvida?

--Eu estou muito desconfiada disso, então de olho nela esses dias.

--Pode deixar, vamos almoçar?

Vou resolver umas coisas daqui a pouco me encontro com você lá – O advogado saiu e ela pegou o celular e fez uma vídeo chamada para o irmão.

--Oi mana estava com saudades desse rostinho lindo foi?

--Também estou meu gato, onde você está?

--Vim almoçar com as mães estou esperando elas chegarem.

--Vai para o quarto quero conversar uma coisa seria contigo.

--Nossa Estelinha o que houve de tão grave assim – Ele começou saiu indo para o quarto sem desligar o telefone. –Pronto pode soltar a bomba.

--A Paola me ligou ontem, ela está desesperada.

--O que aconteceu com ela? – Disse assustado.

--Ela descobriu que está grávida Toni.

--Meu Deus! – Exclamou sentando na cama.

--Isso mesmo, meu Deus.

--E a Anne já sabe?

--Ainda não ela estava desesperada, vou pra lá amanhã e vou trazê-la, para conversamos pessoalmente.

--É ela vai surtar.

--Vai mesmo, por isso quero trazer ela para conversamos e decidir o que fazer.

--Ela só tem dezessete anos é uma criança.

-- Mas fez outra e temos que resolver isso da melhor maneira possível.

--Tadinha da minha princesinha deve esta apavorada.

--E está, não liga para ela, eu prometi não contar a ninguém.

--Está certo, vou segurar a barra por aqui, cuida dela.

--Pode deixar eu vou cuidar, agora vou almoçar as coisas aqui parecem que só pioram e ainda acontece isso para eu ter que me ausentar.

--Mas a prioridade agora é dela.

--É mesmo, fica bem, qualquer coisa me liga.

--Ligo sim te amo mana. – Despediram-se e Estela foi almoçar, o dia passou rápido e ela logo na manhã do dia seguinte pegou o voo para Londres e foi encontrar sua sobrinha, chegou já passava das dez da noite.

--Dinda onde você está?

--No dormitório da faculdade.

--Pode sair agora?

--Não já tocou o sinal para recolher, onde a senhora está?

--Acabei de chegar ao hotel, é próximo dai, vou pegar um taxi e vou para ai. – Estela o fez, pegou um taxi e foi ate a escola, identificou-se e o inspetor acompanhou a loira ate o quarto da afilhada.

--Dinda ! – A menina a abraçou firme e começou a chorar.

--Oi meu amor,como você está.- Entrou no quarto dela.

--Estou com medo tia – Disse sentando ao seu lado.

--Fica calma vai dá tudo certo, amanhã eu vou conversar com a diretora e vou pedir para trancar suas aulas, depois decidimos o que fazer.

--Eu não queria desistir da musica tia, eu estava ensaiando para um concerto há semanas iria ser uma apresentação enorme. – Deitou no colo da tia escutaram a porta abrindo e a colega de quarto dela entrar que também era brasileira.

--Oi boa noite – Disse entrando no quarto. – Paola já disse que não precisa ter essa criança, olha só você está apavorada e é apenas uma adolescente. – Sentou na cama em sua frente

--Ei calminha ai, que ideia é essa? – Olhou para Paola –Você quer tirar essa criança é isso?

--Não sei tia o que a senhora acha?

--Paola a vida é sua você é quase de maior e pode decidir o seu futuro, mas eu como sua tia e pessoalmente sou contra o aborto acho que a criança não tem nada a ver com a sua inconsequência, mas a vida e o corpo pertencem a você e como medica não permitirei que você o faça em qualquer lugar.

--Aqui é legalizado ate a 24ª semana – A amiga de quarto de Paola disse.

--Mesmo assim não posso concordar com isso sem seus pais saberem.

--Eu não sei o que eu faço tia – Disse voltando a chorar.

--Vamos para o hotel comigo meu anjo, lá conversamos. – A menina pegou umas roupas e saíram, foram caladas ate o quarto de hotel.

--Vou tomar um banho, já jantou?

--Já – Ela sentou na cama de cabeça baixa.

--Pede algo para mim, estou faminta. – A medica foi para um banho quente e relaxante, assim que saiu escutou baterem na porta.

-- Deve ser seu jantar. – A menina foi abrir a porta enquanto a tia colocava uma roupa mais confortável.

--Não quer comer mesmo? – Disse abrindo o prato, assim que o cheiro da comida tomou o quarto à garota correu para o banheiro e começou a vomitar. – Pelo visto,não vai querer – A loira disse indo segurar os cabelos dela.

--Eu vou ficar na varanda esperando a senhora acabar – Paola foi para uma pequena varanda que tinha no quarto e ficou lá sentindo o vento frio daquela cidade, já estava acostumada com aquilo tudo sempre sonhou ser uma grande musicista, e cada dia que passava ganhava mais notoriedade para sua musica.

--Pronto, já acabei vem para dentro está frio – Estela disse abrindo a porta de vidro que dava aceso para a varanda.

--Deixa um pouco aberta para o cheiro da comida sair – Paola pediu e Estela sentou ao seu lado.

--Não se preocupa, você nunca estará sozinha você tem uma família que te ama, uma enorme família que te ama incondicionalmente.

-- Eu sei dinda, é que eu não sei se vou conseguir, tenho muito sonhos pela frente tia, faltam três anos para me formar, já iria ser solista em um dos maiores concertos de Londres, isso é mais que um sonho para mim e agora eu vejo ele escorrendo pelos meus dedos.

--Mas quem disse que esse sonho acabou? Deixa eu dá um exemplo bem próximo a você, certo dia a sobrinha de uma colaboradora veio morar na casa da minha família, um menina linda – Falava como se estivesse contando uma historia de conto de fadas – Meu irmão só foi bater os olhos nela que ficou louco de amor, mas ela era uma menina durona sabe, não queria saber de romance apenas queria ser advogada, mas ele não desistiu com todo seu jeito sedutor conseguiu conquistar a menina que era cheia de marra – Paola sorria de como a tia contava a historia. – Pois bem depois de alguns meses ela engravidou, e seu mundo desabou, ela ate então não tinha muito era apenas sobrinha de uma empregada domestica que a criava, mas o que ela não imaginava é que assim que ela entrou na vida daquela família se tornou um deles e se tem uma coisa que essa família sabe ser é acolhedora, assim que soube da gravidez foi um choque de inicio mas uma alegria geral e a garota se sentiu amada, no dia em que a criança nasceu foi uma enorme festa e alegria depois com a ajuda de todos e essa garota se tornou uma ótima advogada e agora uma juíza federal renomada e muito durona por sinal, fim – Olhou para a menina que sorria do jeito que a tia falava –Gostou da historinha?

--Gostei sim  - Sorriu

--Agora vamos entrar que estou congelando – Puxou a menina para dentro do quarto, deitaram e a mais velha abraçou a afilhada.

--Dinda?

--Oi meu anjo

--A senhora se separou mesmo da tia Yasmim? Não tem mais volta?

--Não sei querida, a vida é tão cheia de surpresas, não é mesmo?

--É sim – Disse já bem sonolenta, logo as duas estavam dormindo.

 

--Droga de celular – Estela disse pegando o aparelho  e vendo a foto do seu irmão na tela. – Oi Toni?

--Então como estão as coisas?

--Ela está aqui dormindo está muito confusa, a deixei pensar mais um pouco vou acorda-la e conversar serio com ela.

--Tudo bem, assim que tiver alguma informação me liga. – Desligou a loira foi conferir suas mensagens viu uma que deixou seu coração acelerado, era a Elis.

--Parece que minha filha é mais inteligente que eu, afinal pegou seu telefone agendou o numero e ainda colocou dois corações nele ao agendar. – Sorriu ao lembra da garotinha.

--É a Fran é mais inteligente que nós duas juntas.  - Estela respondeu e foi ao banheiro fazer sua higiene matinal, assim que saiu encontrou a garota sentada na cama com um olhar distante.

--Bom dia meu anjo dormiu bem?

--Melhor que nos últimos três dias.

--Sei que é uma coisa difícil, mas temos que conversar serio hoje. – Sentou ao lado da jovem

--Eu sei tia. – Abaixou a cabeça

--Você já tomou uma decisão?

--Já dinda, não vou tirar essa criança, eu não sei como é possível, mas já a sinto. –Passou a mão na barriga

--Ai minha linda que bom. – Abraçou a afilhada feliz pela decisão

--Vamos resolver as coisas que sei que a senhora está ocupada com o trabalho. – A loira arrumou-se e saíram direto para a escola onde a menina estudava, mesmo relutante a diretora trancou a matricula, compraram as passagens para o outro dia.

--Ainda bem que a mãe e o pai estava ocupado no dia da minha matricula e passou a procuração para a senhora, senão iria ser um problema para resolver tudo isso.

--É mesmo, agora vamos jantar que ainda vamos fazer suas malas.

--Não têm muitas coisas aqui apenas roupas. – Elas entraram em um restaurante pequeno próximo a escola de musica

--Não estou reclamando, mas não poderíamos ir em um restaurante melhorzinho?

--É que eu me acostumei com a comida daqui é a única que ainda segura no meu estomago, eu vinha aqui com a galera e a comida é maravilhosa. – Fizeram os seus pedidos e depois a Estela notou a afilhada sorrindo

--Do que está sorrindo.

--Imaginando a cara da Vó Emy quando descobrir que vai ser bisavó – Estela começou a sorrir junto

--Acho que ela vai gritar de alegria, depois vai começar a xingar falando que não é tão velha assim, depois da crise de idade e vai começar a chorar escondido de alegria. – Estela falou e elas sorriram, após o jantar foram arrumar as roupas e poucos pertences da garota ela despediram-se dos amigos e foram para o hotel, no outro dia logo cedo embarcaram de volta para o Brasil, assim que chegou ligou para Anne.

--Oi sumida, perdeu-se em Recife foi?

--Oi cunhada gata, estou em São Paulo, o Gui está em casa?

--Sim acabei de chegar.

--Ótimo daqui a pouco chegamos ai para almoçar.

-- Tudo bem, vamos esperar – Paola estranhou o vamos, mas nada disse.

 

--Quem era?

--A Estela, disse que vem jantar aqui conosco.

--Que legal, estou morrendo de saudades da mana – Gui disse feliz.

--Vou pedir para colocarem mais um prato na mesa . – Eles esperaram um tempinho e logo a companhia da casa tocou.

 

--Fique tranquila meu anjo vai dá tudo certo – Estela pegou na mão da menina para dá forças e logo o viu  o irmão abrir a porta.

--Mana quantas sau... – Olhou para o lado e viu a filha –Paolinha o que você está fazendo aqui ? – Ficou confuso.

--Oi pai – Abraçou o pai que a levantou como sempre fez quando a abraçava.

--Filha o que você está fazendo aqui? – Anne levantou aproximou-se também confusa.

--Oi mãe – Abraçou a mãe.

--Eu a trouxe, temos uma coisa para conversar. – Estela disse entrando

--O que aconteceu? – Gui perguntou preocupado.

--Vamos sentar gente, o Matheus está em casa?

--Não está na casa da Elise o que houve? – Anne estava muito preocupada.

--Bem domingo a Paola me ligou desesperada – Estela falava com a voz calma para não preocupar os pais da garota. –Ela tem uma coisa para falar, mas antes quero que a escute, e tenham calma. – Os três olharam para a garota que ate então estava de cabeça baixa

--O que houve filha? – Gui perguntou preocupado

--Er... É eu estou estou – Gaguejava

--Fala logo Paola, já estou tendo um troço-  Anne disse

--É que eu, eu estou grávida – Disse e começou a chorar.

--Eu não acredito nisso, sua irresponsável! – Anne disse levantando – Como você deixou uma coisa dessas acontecer Paola, você sabe a responsabilidade de se ter um filho? Nem um ovo você sabe fritar quando mais trocar uma fralda? – Anne gritava em desespero andando de um lado para o outro

--Calma Anne ela está nervosa – Estela tentou abrandar

--Calma? Estela não tente passar a mão na cabeça dela ela não podia fazer isso, você não tem noção do quando é difícil se ter um filho na idade dela, eu sei tudo pelo o que eu passei e não foi fácil eu sempre disse a ela para se cuidar, por mais que eu falei o quanto foi complicado ter um filho fora de hora ela ainda fez uma idiotice dessas e... – Foi interrompida por uma voz firme

 

--Chega Anne! Nossa filha não é uma idiotice, CHEGA se acalme olha o estado dela – Guilherme sentou ao lado da filha que apenas chorava. –Ei não chora tá eu tô aqui – Abraçou a filha que apenas chorava, Anne nada disse apenas saiu da sala.

Fim do capítulo