--Não aguento mais isso – Falou a loira levantando da cadeira

--Ai que susto – Gritou Geraldo que estava concentrado no computador

--O que houve Estela? – Thiago perguntou preocupado.

--Eu não aguento mais isso, estou a dez dias dentro dessa sala, eu não aguento mais, qualquer problema estou na emergência, se eu não ver sangue dentro de alguns minutos eu vou pirar – Disse levantando e pegando seu jaleco dentro do seu armário.

--Que jeito de falar – Thiago fez uma careta.

--É isso mesmo, se eu não tiver que colocar um osso no lugar ou fazer nem que seja uma sutura eu vou pirar, serio – Pegou o seu estetoscópio colocou no pescoço, vestiu o jaleco e saiu saiu da sala.

--Ela é sempre assim? – Thiago perguntou ao secretario da medica

--Você não viu nada ainda – sorriu

--Ainda não me acostumei com esses médicos, são tão... – Ficou sem saber o que falar

-- Desalmados? Sanguinário?

--Isso sanguinário

--Também pensei isso no começo, mas acho que como uma  droga sabe o cheiro do sangue parece que cria dependência – Ele disse sorrindo

--Deus me livre, odeio sangue. – Thiago falou e o outro sorriu

 

 

 

--Oi boa tarde,  temos quantos plantonista? – Estela perguntou a chefe do setor.

--Boa tarde doutora, estamos com dois clinico, um cardio e um trauma, como a senhora pediu algum problema?

--Temos muito movimento?

--Normal para uma sexta-feira.

--Tudo bem, me ajuda a arrumar um consultório livre, se eu ficar mais um minuto naquela sala vou pirar – Disse sorrindo.

--Claro o consultório 3 esta desocupado.

--Otimo, avisa na recepção por favor?

--Claro doutora, qualquer coisa é só chamar.

--A sala tem telefone?

--Não senhora.

--Então pede para a Rebeca ir ate a sala quero falar com ela. – Saiu par ao consultório enquanto esperava o primeiro paciente ligou para o irmão.

--Oi maninho que saudade.

--Eu também maninha morrendo de saudades, como estão as coisas ai? Ainda está viva?

--Ainda sim, vim para a emergência um pouco senão iria pirar.

--Ainda bem que voltei a atender, já estava enlouquecendo sem operar, me diz saiu para algum lugar?

--Só se for de madrugada, entro nessa hospital ás oito da manha e saiu ás dez da noite,  ainda não resolvi metades dos problemas.

--A auditoria já tem algo concreto para você?

--Não ainda, estão divididos em setores, para ver o que tem que ser ajeitado.

--Não esquece de sair um pouco, não vai ficar de domingo a domingo ai dentro.

--Eu sei, agora vou desligar enfim um paciente, beijinhos.

--Beijinhos e se cuida.

--Pode deixar – Desligou o celular e viu uma garota com uma fantasia de fada entrando no consultório e reconheceu ela de cara.

--Oi doutora veja que legal está minha bota – Mostrou a bota com vários desenhos coloridos no gesso.

--Ola princesa Anna , nossa como ficou linda sua bota.

--Eu não gostei muito dela, de uma coceira.

--Vamos tirar ela então, mas me diga se comportou direitinho?

--Sim bem comportadinha.

--Mentira doutora ela não queira parar quieta – O garoto que a acompanhava disse com cara de bravo

--Leo você não pode me dedurar, lembra o que a mãe disse é feio – a medica não aguentou e sorriu.

--Mas é para seu bem, não posso esconder algo assim.

--É isso mesmo seu irmão está certo, vamos ver esse pé – Colocou a criança na maca e ela mesmo se encarregou de tirar o gesso da menina que conversava bastante.

--Tia a senhora é bonita, bem que a mãe disse – Estela sorriu com o comentário espontâneo da garota.

--Fran a mãe vai ti matar por isso, você sabe não é?

--Eu não mentir – Ela disse sorrindo – E você também achou a tia bonita – Estela olhou para o rapaz que estava vermelho

--Muito obrigada pelo elogio, você também é muito bonita, posso te chamar de Fran?

--Prefiro Beyonce, é mais fashion, mas vou deixar a senhora me chamar de Fran as vezes.

--Tudo bem Beyonce, consegui mexer o pé? – Ela movimentou o pé

--Consigo sim.

--Doi quando eu faço isso ? – Começou a mexer o pé da menina.

--Não tia, está bom.

--Então está certo, está curada desse pé – Disse passando um pano para limpar a sujeira do gesso

--Queria tá curada da outra doença mal também tia – Abaixou a cabeça deixando Estela com um nó na garganta

--Oh meu anjo, mas você vai melhorarar, só vai demorar mais um pouquinho.

--É Fran não podemos ficar triste lembra?

--Tá certo, já posso dançar tia?

--Pode sim meu amor, só não vai dá muitos saltos para não magoar o pé combinado? – Ela balançou a cabeça e desceu devagar da maca.

--Tchau tia – Abraçou a loira que retribuiu

--Tchau minha linda – Fez um carinho no rostinho da criança.

--Obrigada doutora. – O rapaz cumprimentou.

--Qualquer coisa é me procurar está certo? – Entregou um cartão ao garoto que balançou a cabeça e saiu.

--Doutora um acidente de moto chegando à ambulância falou que o paciente está com politraumatismo. – Uma enfermeira disse a ela que respirou fundo matando a saudades adora tudo aquilo.

--Tudo bem, a ambulância está longe?

--Cinco minutos doutora.

--Otimo, estarei esperando -  Ela viu Rebeca aproxima-se

--Voltou a atender Estela?

--Nunca deixei Rebeca, só estava ocupada no momento.

--Então pediu para me chamarem?

--Sim quero saber o porquê nunca encontro um pediatra na emergência.

--É que os que temos estão sobrecarregados.

--Então contratamos outro, abra a vaga assim que a auditoria acabar iremos contratar mais um como plantonista inicialmente.

--Tudo bem – Disse com a cara feia.

--Agora deixe-me ir que tenho uns ossinhos para consertar – Disse pegando um par de luvas e indo para a entrada da emergência.

 

 

--Será que ela vai demorar? – Thiago perguntou para o secretario de Estela.

--Creio que vai, o quadro do paciente estava bem critico, ela disse que poderíamos ir.

--E ela vai como?

--Ela liga para um umber, vamos – O advogado entrou no carro da medica e foram para casa.

 

 

--Boa cirurgia doutora – Um medico já de idade que estava na sala de cirurgia com ela disse – Sua vó ficaria orgulhosa.

--Muito obrigada doutor Humberto o senhor também foi ótimo, eu estava precisando disso, não aguentava mais ficar naquele escritório. – Sorriu para o senhor simpático

--A Ana também era assim, ficava dias sem atender, depois ia correndo para emergência obstétrica.

-- Sinto falta dela. – Disse saudosa.

--Ela está bem melhor que nós pode ter certeza, agora vai descansar.

--Vou sim obrigada, foi para o descanso dos médicos e sem sono ficou mexendo nas redes sociais, por um bom tempo ate saltar aos seus olhos uma marcação com a Yasmim em uma balada com  varias garotas em torno dela.  – E disse que estava mal – Falou para si mesma,não sentiu ciúmes, mas sentiu-se incomodada com isso, levantou e foi direto para o vestiário, colocou sua roupa e saiu do hospital, pegou um taxi e pediu para ir ate o Recife antigo já tinha visitado o lugar outras vezes que esteve na casa da vó, sabia que em plena sexta feira a noite o lugar deveria está lotado, desceu do carro olhando o local que fervilhava de gente, caminhou um pouco e entrou em um barzinho, lá pediu uma bebida e ficou pensando em sua vida, nunca quis está assim ter que trabalhar para esquecer de tudo que aconteceu em sua vida, não sentia magoa pelos que ocorreu e sim por nunca conseguir ser feliz nos seus relacionamentos, tinha que viver, entre um drink e outro viu uma silhueta familiar aproximando-se

--Ola doutora, resolveu descer ao mundo dos mortais?

--Não foi uma escolha e sim uma necessidade pode ter certeza disso.- Levantou o copo

--E veio sozinha?

--Não tenho muitos amigos aqui e a única que era para está ao meu lado não pode vim ainda – Falou de sua amiga Valeria.

--Estou com um grupo de amigos ali, se quiser nos dá a honra da sua companhia doutora Estela – Disse sorrindo

--Laura não precisa me chamar de doutora.

--Desculpa Estela, se quiser se juntar a nós – Disse apontando para uma mesa com dois homens e três mulheres.

--Não vou atrapalhar?

--Não mesmo, vamos lá se não gostar do papo inventa um desculpa e vai para casa.

--Então está certo – Foi com a morena e percebeu os olhares de todos quando ela passava.

--Pessoal essa aqui é a dou – Olhou para ela. – Quer dizer a Estela. – Apresentou à loira. –E esses são meus amigos eles mesmo se apresentam, pois estou cansada – Laura sentou e a loira fez o mesmo, logo depois das apresentações elas começaram a conversar, logo ela percebeu que os dois homens eram um casal igualmente a duas das três mulheres.

--Então Estela seu marido deixou você vim sozinha para o Recife? – Suely a que estava sozinha sentada ao seu lado perguntou apontando para a aliança que a loira ainda usava e Estela sorriu

--Não minha esposa, que dizer ex esposa – Disse olhando para a peça de metal

--Ainda não se acostumou não foi? – Laura perguntou

-- Não, muito recente

--Com o tempo acostuma, eu demorei uns dois meses para tirar a minha.

--A mais você teve um bom incentivo para tirar – Um dos rapazes falou

--Claro, que tive – Falou sorrindo

--E parece que depois desse incentivo desandou de vez – Uma das mulheres falou.

--Como assim? – Estela perguntou

--Depois que conheceu o lado bom de ser solteira aos trinta passou a conquistar corações das sapinhas da cidade.  – O rapaz disse e Laura ficou com vergonha

--Era para eu fazer isso, par ver se esquecia de vez essa historia toda – Estela disse pensativa.

--Estamos aqui para isso - Sueli falou e Estela olhou para Laura que sorriu como se dissesse você que sabe.

--Isso foi um convite? – Disse olhando melhor a mulher que era muito linda, magra cabelos vermelhos olhos castanhos claros, resolveu não pensar muito.

--Depende, se sentiu convidada? – Olhou nos olhos da loira.

--Não sei veremos – Tirou a aliança e colocou na bolsa.

--Eu vou sair desse meio, curto um a três, mas assim não – A mulata disse levantando e indo para a cadeira do outro lado da mesa, deixou as duas que flertavam descaradamente por noite a dentro.

--Nossa já está bem tarde, onde posso arrumar um taxi por aqui? – Estela disse depois de muita conversa com a mulher de conversa sedutora.

--Não vou te levar ate um taxi se posso te dá uma carona, aceita?

-- Pode ser, então foi um prazer conhecer vocês, até a próxima. – Cumprimentou a todos com dois beijinhos

-- Se joga que você vai gostar – Disse Laura no ouvido da medica quando foi despedir-se, a loira apenas afirmou balançando a cabeça.

--Vamos então?

--Claro- Começaram a caminhar ate encontrar o carro da mulher que fez questão de abrir a porta para ela, assim que entrou no carro viu um jaleco no banco traseiro

--Medica também? Qual especialidade?

--Oftalmologista. – Disse sorrindo.

--Um agora entendo o porquê seus olhos são tão lindos, sabe bem como usa-los. – A mulher que já ia ligar o carro tirou a mão da chave e puxou a loira para um beijo molhado cheio de desejo, no começo a loira sentiu-se estranha, a muitos anos não beijava outra mulher a não ser a Yasmim, mas depois se deixou levar pelos lábios molhados da outra.

--Você está atrás de romance? – Suely foi direta

--Nem um pouco – Ela também foi direto ao ponto.

--Então quer realmente ir para casa?

 

--Depende se você ir junto – Levantou a sobrancelha de forma sensual.

Fim do capítulo