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Todos os sonhos do mundo por marcialitman

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Palavras: 1191
Acessos: 2843   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo XIV

Os ponteiros do relógio se mexiam diante dos olhos de Marina e tudo o que ela queria era impedir que eles continuassem andando. Queria que o tempo parasse o suficiente para que ela pudesse colocar os pensamentos no lugar. Mas não adiantava; o mundo continuava a girar contra a sua vontade e tudo parecia mais confuso a cada segundo que passava.

Ela atendeu o telefone celular, sem deixar de encarar o relógio que a hipnotizava.

— Ei, Cláudia.

— Tem compromisso hoje?

Marina moveu a cabeça para a esquerda e para a direita.

— Não…

— Bom, estou prestes a mudar a sua resposta. ‘Tô esperando você abrir a sua porta.

Quando o telefone desligou, Marina o tirou de perto de seu ouvido, olhando para a tela e tentando ver se ela conseguia ter alguma resposta para o que tinha acabado de acontecer. Como seu objetivo não se cumpriu, ela resolveu que iria então abrir a porta.

— Achei que você ‘tava ligando da livraria e que ia me chamar pro lançamento.

Cláudia deu um sorriso de lado.

— Pessoalmente sempre dá mais certo pra você.

Marina deu de ombros, sentando no sofá.

— Ela não precisa de mim. Você pode fazer companhia. E… bem, ela pode sempre chamar a ex, atual ou sei lá o que ela é.

Um suspiro profundo e Cláudia já estava sentada ao lado de Marina.

— Se ela tivesse voltado com a tal moça, não acha que teria ido com ela ao lançamento, e não comigo?

Ela olhou para Cláudia.

— Você tem razão. Mas…

— Nada de mas - ela interrompeu Marina, segurando a mão dela. — Só vamos lá apoiá-la e deixa o resto acontecer.

Cláudia levantou, ficando de frente para Marina, estendendo a mão. Marina olhou para os olhos da amiga, pegando a mão e resolvendo que não deveria ficar ali parada, deixando o tempo continuar a andar.

.::.

Quando os olhos de Marina cruzaram com os de Luciana, ela soube que deveria estar naquele lugar e nenhum outro. Não se perdoaria se perdesse aquele dia.

Marina piscou para Luciana, antes de ir para o caixa pegar um dos livros da amiga. Depois de pagá-lo, andou para a fila, entortando o nariz para o tanto de gente na sua frente. Contou em sua mente o tempo que a separava de Luciana e, a cada movimento da fila, seu sorriso aumentava.

— Você sabe que não precisava pegar essa fila, não é?

Marina sorriu, deixando que Luciana pegasse o livro de suas mãos e lhe indicasse o lugar para se sentar, bem ao lado dela.

— E me privar do ritual de fã? Nem pensar.

O riso de Luciana trouxe o seu. Era sempre assim para Marina quando estavam juntas: alguma coisa fazia com que elas estivessem em constante sintonia.

Marina observou enquanto Luciana abriu o livro em uma página qualquer, encostando a ponta da caneta na folha de papel.

— Vamos sair amanhã à noite?

A frase fez com que Marina perdesse o fôlego no mesmo segundo. Ela então se lembrou de respirar, continuando a sorrir.

— Claro, a gente combina com o pessoal pra ver aquele filme…

— Não, Marina, você não entende – Luciana a interrompeu,  colocando a mão sobre a sua na mesa. — Só… eu e você.

O calor da mão de Luciana percorreu cada centímetro do corpo de Marina em um único segundo. Elas tinham saído juntas tantas vezes, sim, mas o significado daquelas palavras mostrava que aquele seria um momento diferente de todos os outros. Marina respirou devagar, tentando colocar os pensamentos em ordem. Havia uma pressão para que a resposta, algo que a deixava ainda mais tensa. Ela indicou o livro, tentando fazer com que os olhos de Luciana se desviassem, assim ela poderia fazer com que as palavras saíssem com alguma coerência.

— Sim, eu quero sair com você.

Luciana interrompeu a escrita, olhando para Marina.

— Sim?

— Sim.

Marina achou graça ao ver Luciana apressar o autógrafo e pegou o livro assinado em mãos.

— Mal posso esperar.

As duas se levantaram, e Luciana indicou a câmera da pessoa da editora que estava responsável pelas fotos dos leitores com a escritora. Ela olharam para a lente e fizeram a pose, juntando os seus rostos para que o rapaz tirasse a sua fotografia.

.::.

Marina observava Luciana à distância, conversando, rindo e interagindo com todas aquelas pessoas que estavam ali para vê-la e prestigiá-la.

— Você já viu Luciana tão confortável cercada de tantas pessoas?

Olhando para Cláudia, Marina colocou a mão na boca.

— Não, nunca.

— Ela ‘tá no lugar onde pertence.

Marina voltou a olhar para Luciana, um sorriso se abrindo em câmera lenta.

— Sim, ela está. Mas acho que falta uma coisa ainda.

Ela então olhou para Cláudia, deixando que o silêncio entre as duas desse o significado das palavras.

.::.

A livraria estava se esvaziando, deixando apenas uns poucos compradores para trás, além dos funcionários que estavam colocando todas as coisas no lugar. A tranquilidade contrastava com o intenso movimento que tinha tomado conta do lugar meia hora antes.

Marina estava encostada em uma prateleira, folheando o livro em suas mãos. De vez em quando seus dedos selecionavam de propósito a página do autógrafo, lendo as letras cursivas mais uma vez. O coração acelerava mais uma vez e ela sorria.

Em algum momento Luciana, que conversava com alguém da editora, se aproximou dela, e Marina fechou o livro num piscar de olhos, como se ele fosse um diário repleto de segredos que desejava manter longe do conhecimento da humanidade.

— Que dia corrido.

Luciana parou ao lado de Marina, olhando para a frente.

— Você parecia feliz hoje. Realizada.

Marina olhou para Luciana quando ela riu alto.

— Então eu consegui disfarçar meu nervoso?

— Muito bem, nem deu pra perceber.

Luciana começou a olhar para os próprios pés e Marina respirou fundo.

— Mas acho que consegui ficar mais calma quando você apareceu.

Os olhares se encontraram e Marina pensou que poderia se perder na imensidão daquelas orbes verdes.

— Eu não podia perder isso, Lu.

Luciana se aproximou dois passos.

— Então você não estava mais brava comigo?

— Eu não estava brava.

— Não foi o que pareceu do meu ponto de vista.

Marina deu de ombros e Luciana riu.

— Eu achei que você tinha voltado com a sua ex.

Luciana ficou séria de repente.

— Mas eu não voltei. Dei um ponto final em tudo.

— E ela aceitou numa boa?

— Ela não teve muita saída — Luciana se aproximou mais um pouco, tocando o rosto de Marina. — Quando eu disse que estava apaixonada por você.

Marina viu quando Luciana mordeu o lábio inferior e ela soube que a pressão estava ao seu lado. Sua respiração ficou pesada e as faces esquentaram.

— Foi um bom argumento, de fato.

 

Os olhos de Marina se fecharam quando Luciana começou a acariciar seu rosto com o dedão. Esse gesto de Luciana pareceu durar uma eternidade, até que parou de repente. Então ela sentiu o toque dos lábios de Luciana nos seus. 

Fim do capítulo


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Comentários para 14 - Capítulo XIV:
mari86
mari86

Em: 30/10/2017

No Review

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rhina
rhina

Em: 19/12/2016

 

Demais....lindo...fofo.....romântico 

e mais cheio de significados e lutas......e vitórias. 

Rhina

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