--Mainha a senhora ainda está aqui? – Estela acordou já de manhã e percebeu que estava deitada no braço de Emy.

--Oi filha como você está?

--Estou bem, nossa fazia muito tempo que não tinha uma crise dessas.

--Onde está sua bombinha?

--Como há muito tempo não venho tendo crises, não comprei mais.

--Então trate de comprar novamente. – Emy levantou se espreguiçando –Vou para o quarto, está muito cedo para uma velha quase aposentada está de pé – Levantou e saiu deixando a Estela sorrindo, era uma sortuda em ter duas mães tão amorosas e carinhosas que dariam a vida pela sua felicidade.

--Tia Tete ! Ta melhor? – Os meninos perguntaram assim que ela entrou na cozinha.

--Estou sim meus amores, cadê o beijo da tia – Abaixou-se e eles correram para o abraço dela.

--Tia vamos ter que ir pra escola agora, a vó Carol disse que tem que comer tudinho para ficar forte – Rafael apontou para a mesa posta.

--É isso ai, tem que comer tudinho – Carol reafirmou.

--Chau tia Tete, chau vó Carol – Miguel disse despedindo-se, eles saíram com a babá.

--Está se sentindo melhor filha?

--Estou sim mãe, vou passar na farmácia e comprar umas bombinhas para mim, fazia tempo que não tinha essas crises, estou faminta – Sentou comendo.

--E o coração como está?

--Dolorido mãe, mas vou dá um tempo como eu disse ontem, vou para Recife ainda hoje.

--Isso não seria uma fuga filha?

--Não mãe seria um tempo para pensar melhor, ontem sentei e conversei com a Yasmim, nos liberamos porem vamos pensar melhor se é isso que queremos, apesar que eu tenho certeza do que é o que eu quero.

--É, mas você pretende ficar lá por quanto tempo?

--Não sei espero que ate ajeitar as coisas por lá, mas antes preciso que a senhora me exponha tudo que está acontecendo.

--Primeiro coma depois vamos para o escritório resolver tudo.

--E a senhora vai assumir meus pacientes, tenho duas semanas lotadas de cirurgias.

-- Tudo bem, estou morrendo de saudades da sala de cirurgia, só não volto com tudo porque a Emy fica no meu ouvido, linda vamos curtir a velhice, linda não tem necessidade de ficar se matando naquele hospital – Imitava o jeito que a esposa falava.

--Ela disse que estava muito velha para acordar cedo e correu para o quarto.

--Se deixar ela dorme ate as onze, parece aquelas adolescente que só quer saber de dormir

--A mainha sempre gostou de dormir é igual ao Gui.

--É aqueles dois só falta levar a cama na cabeça. – Conversaram ate acabar o café e logo depois se trancaram dentro do escritório e Carol começou a passar a real situação do hospital delas de Recife.

--Então a senhora acha que tem algum funcionário desviando dinheiro? Mas como?

--Isso filha, não sei como, porem temos um desfalque que pode ser calculado em quase um milhão.

-Não temos nenhuma desconfiança de quem seja?

--Ate o momento não, quem vai averiguar melhor é a auditoria, porem não sei se seria possível eles acharem quem é o verdadeiro culpado, mas creio que com você lá será mais fácil descobrir.

--Temos alguém de confiança lá ?

--Temos uma junta de diretores, o responsável pela administração interina é o Claudio e a responsável clinica é a filha da minha prima a Rebeca, porém não tenho a total confiança neles, alias são poucas as pessoas que eu confio e você sabe disso.

--Tudo bem, lá vou me interando aos poucos, quero levar a Val comigo e vou ver se o Ge quer me acompanhar.

--Seu padrinho perguntou se eu queria que ele disponibilizasse um dos advogados do escritório, ele disse que tem um rapaz que é brilhante e de inteira confiança dele, poderia ajudar.

--Certo, a senhora liga para ele, vou no hospital conversar com o Geraldo e pedirei para ele falar com a sua secretaria para passar as cirurgias.

--Tudo bem, acha que vai dá tempo de ir hoje ainda?

--Vai sim vou alugar um jatinho e vou assim que resolver tudo se eles não puderem ir hoje me encontrarão lá. – Respirou fundo – Mãe será que vou saber lidar com tudo isso sozinha?

--Filha nunca você estará sozinha, lembre-se que sempre estarei aqui, qualquer duvida me ligue ou me chame que irei para lá correndo.

--Eu sei mãe. – Abraçou a mãe.

--Antes de ir para o hospital vamos almoçar. – Encontraram Emy também trabalhando na sala.

-- Ei essas gatinhas aceitariam almoçar comigo? - Disse ao ver as loiras saído do escritório da casa.

--Depende do local do almoço, afinal seria muita honra ter duas loiras dessas almoçando com a senhora. – Carol entrou na brincadeira

--Não sei se teria condições de levar vocês duas para um lugar a altura, mais prometo uma bela refeição lá na cozinha

--Pra mim já topo – Estela disse sentando no colo da mãe.

--Opa uma loira já ganhei só falta a outra -  Estendeu a mão para Carol que sentou na outra perna dela.

--Ai Vó Emy duas loiras gatas no colo hein! Se deu bem – Gabriele entrou na casa e brincou

--Isso é para quem pode minha querida – Sorriu – Porem acho mais sábio levantar que já está pesando na perna, e osso de velho quebra fácil. – As duas levantaram sorrindo

-- Veio almoçar conosco querida? – Carol abraçou a neta

--Foi vó, aqui é mais perto da faculdade e não gosto de comer na rua.

--Pode vim sempre meu amor, vamos que o almoço já deve está servido. -  Comeram e Estela foi para o hospital, o seu secretario não hesitou em aceitar a proposta e disse que no final da mesma semana iria ao encontro da medica, pouco tempo depois batem na porta do seu consultório e ela autoriza a entrada.

--Boa tarde doutora Estela meu nome é Thiago sou o advogado que o doutor Caio falou – Disse sentando na frente

--Boa tarde Thiago, ele já falou tudo que será preciso?

--Sim senhora, me falou por alto tudo que sabia.

--Ótimo, para o padrinho te mandar, creio que você seja bem habilitado para me auxiliar.

--Sou especializado em direito empresarial, estarei a sua disposição para lhe auxiliar.

--Está disposto a mudar-se por tempo indeterminado?

 --Estou não tenho amarras aqui.

--Então quando pode viajar?

--Agora mesmo, isso se o Doutor Caio me liberar.

--Vou ver com ele, estes são meus contatos irei hoje ainda para lá, se der você viaja comigo.

--Certo, voltarei agora mesmo para o escritório e entrarei em contato daqui ha uma hora – Estendeu a mão a cumprimentando e saiu, na porta esbarrou com Geraldo que entrava na sala da medica.

--Quem é esse Deus grego?

--É o advogado que irá conosco.

--Gente adoroo! – Disse com trejeito e a medica sorriu.

--Abaixa o fogo, que acho que é hetero.

--Não me importo ele é homem, e gato – Sentou na mesa dela – Já passei os dados de todos os pacientes já marcados para a dona Silva o jatinho sai às dezenove horas e chega aproximadamente ás vinte e uma no Maximo.

--Otimo, vou resolver algumas questões e vou direto para casa, assim que resolver suas coisas corre para lá, talvez o Thiago vai hoje comigo.

--Vai ficar na mansão ou prefere hotel?

--Não fico na mansão mesmo.

--Precisa que eu avise no hospital sua chegada?

--Não será surpresa adoro não chamar atenção e quero ver a real situação do hospital.

--Isso vai ser interessante, ate mais minha chefinha logo irei ao seu encontro – Falou com pompa levando a medica a cair na gargalhada.

--Ai Ge só você para me fazer sorrir. – Saiu para conversar com o Toni que estava na sala da presidência do  hospital.

--Ai maninha estou só o caldinho, estou louco por uns dias de calmaria.

--Não me assusta mais do que já estou assustado, ao menos você pegou o barco pronto para o mar eu ainda vou ter que reformar o meu. – Sentou desolada.

--É, mas boa sorte com tudo, qualquer coisa que precisar me liga que corro para lá.

--Não se preocupe que vou ligar mesmo.

--Eu sei que vai, agora me diz como ficou com a Yasmim?

--Eu ia pedir divorcio, mas conversamos e decidimos que seria melhor dá um tempo,  vamos viver nossas vidas e ver o que vai restar daqui a um tempo.

--Não sei se vai dá certo, mas eu vou torcer pela sua felicidade sempre.

--Eu sei, agora deixa eu voltar que tenho um monte de coisa para resolver. – Abraçou o irmão e foi resolver algumas coisa, veio chegar em casa no finalzinho da tarde e para sua surpresa encontrou os irmãos e sobrinhos todos lá para se despedir.

--Nossa gente parece que vou me mudar para o exterior, estou aqui do lado duas horas de voo chegam ate mim.

--Mas eu vou sentir saudades mesmo assim maninha – Toni disse chorando.

--É isso ai mana, eu mesmo já estou com saudades – Gui abraçou os dois, nesse clima de despedida logo a hora chegou e Toni Gui e as mães acompanharam ela ate o aeroporto.

--Filha já avisei a dona Severina que você está chegando.

--Avisou a alguém do hospital?

--Não filha fiz como você pediu.

--Será que vão me reconhecer?

--Não sei, só cuidado não confie em ninguém de inicio siga as instruções que te dei.

--Pode deixar – Abraçou a loira. –Mainha vou sentir muitas saudades – Abraçou a mãe morena que já chorava

--Eu também, está com sua bombinha? Não esquece de espalhar elas por toda casa, carro e bolsa, assim que chegar liga e ver se volta a treinar, conversei com a Gaby e ela me contou

--Tudo bem mainha não se preocupe, vou fazer o possível.

--Como não vou me preocupar se você vai morar a mais de trinta quilômetro de mim – Fez bico

--Não faz drama mainha prometo sempre que der eu venho te ver.

-- Vou ficar esperando.- Abraçou novamente ela avistou o jovem advogado na entrada do jatinho, acenou para ele e assim que deu as costas escutou seu nome ser chamado.

--Estelinha espera – Yasmim aproximou-se

--O que você quer? – Perguntou seca

--Me despedir, desculpas loira, perdão por tudo que te fiz – Sem que ela esperasse a beijou, um beijo rápido, pois Estela logo se afastou. –Faça uma boa viagem

--Farei, adeus – Deu as costas e seguiu para dentro do avião, cumprimentou o advogado e os pilotos e entrou, pela janela ainda viu Yasmim ali parada, sentiu um aperto no peito pois sabia que ela a partir daquele momento seria seu passado, não se via ao seu lado e esperava superar tudo aquilo, foi conversando durante todo o tempo com o advogado sobre as primeiras atitudes que teriam e logo foram avisados que iriam pousar.

--Thiago onde você vai ficar?

-- Provisoriamente um hotel, dependendo de como ficar eu vou ver um flat.

--Se você quiser pode ir para a mansão comigo, isso se você quiser claro.

--Não quero incomodar doutora.

--Primeiro me Chama de Estela, segundo não será incomodo nenhum.

--Tudo bem Estela, já que não é incomodo aceito a estadia enquanto não me fixo.

--Não será incomodo aquela casa é tão grande que quando eu era pequena me perdi umas três vezes dentro dela.

--Deve ser gigantesca mesmo.

--Muito, você verá. –Sentiram o avião tocar o chão e logo a comissária de bordo abriu a porta.

--Vamos pegar um taxi, a mansão só mantém dois empregados fixos fora os seguranças, se necessário peço um motorista.

--Eu não sei andar em nada aqui, por enquanto só de taxi mesmo.

--Eu sei andar pouco, mas logo nos acostumaremos, teremos o motoristas do hospital a nossa disposição.

--Vou ligar para o doutor Caio, avisar que chegamos. – Estela estranhou isso e foi direta em perguntar

--Desculpa perguntar, mas como conheceu o padrinho Caio?

--Minha mãe era a zeladora do escritório, ele foi um pai que eu não tive, pagou meus estudos e me fez ser o homem que eu sou. – Disse orgulhoso.

--Ele é demais mesmo, ele deve gostar muito de você para te mandar comigo, se bem conheço ele, não veio ele mesmo porque não pode.

--É e o doutor Bernardo não iria deixar – Disse sorrindo

--É o Padrinho vinha busca-lo aqui.

--Ele é bravo e tem muito ciúmes do seu Caio

--Ele tem suas razões para isso o Padrinho Caio não se aquieta

--É se o doutor Bernardo não marcar pesado ele sai da linha.

--Vou fazer outra pergunta indiscreta, e fique a vontade em não responder – Olhou para o taxista que não prestava atenção na conversa depois olhou para o rapaz – Você é gay? – Ele sorriu

--O que você acha?

--Não sei ainda, não conversamos sobre muitas coisas e enquanto não der pinta será o cara mais hetero desse mundo para mim.

--Nossa nunca me imaginei o cara mais hetero do mundo – Sorriu e ela compreendeu o recado.

--Serio você não dá nenhuma pinta.

--Eu sou bem contido nesse aspecto mesmo, não tenho nada contra mais não sou nem um pouco afeminado.

--Isso é verdade, eu sou péssima em identificar diferente do Padrinho Caio ele é o cara, nunca vi tanta experiência com ele.

--O gaydar dele é ligado em 220, ele percebeu que eu era gay antes de mim eu acho. – Embalaram numa conversa descontraída e depois de trinta minutos chegaram a mansão

-- Chegamos  - Desceram do taxi.

--Nossa é imensa mesmo.

--É a Mansão Feitosa, não faz nada meu estilo, mas como pertence a família a quase um século. - Entraram

--Ola minha querida que bom que você está aqui, nossa como está grande – A governanta muito simpática apareceu na porta.

--Ola dona Severina esse aqui é o Thiago irá ficar conosco.

--Ótimo vou preparar um quarto de hospedes para ele, o seu já está pronto não sei se vai querer continuar no mesmo quarto pois ainda estão suas coisas de adolescente lá.

--Não se preocupe vou adorar me sentir uma adolescente novamente, Thiago fique a vontade vou dormir, pois estou com uma enxaqueca enorme.

--Obrigado, iremos sair a que horas amanhã?

--Quero está lá ás oito, quero dá uma olhada em todas as instalações antes.

--Imagino que sem se identificar não é?

--Isso mesmo, amanhã vou analisar o atendimento, as instalações depois veremos a situação administrativa.

--E onde eu vou entrar nisso?

--Dizem que todo advogado é bom ator é verdade? – Sorriu para ele

--Não sei veremos – Entrou na brincadeira

 

--Vai lá descansar, ate amanhã – Foi para seu quarto e ele continuava da mesma forma desde quando ela tinha quinze anos, a sua avó Ana, sempre fez questão de todos terem um quarto na sua casa, mesmo que só viesse nas férias ou em alguma data especial, sentiu saudades da suas avós, mas sabia que a morte era parte da vida então enxugou as lagrimas e foi para um banho longo e relaxante, mandou mensagem no grupo da família que chegou bem e tirou uma foto do quarto rendeu algumas conversas de memórias depois foi vencida pelo sono, no outro dia acordou cedo e após colocar uma calça jeans e uma blusa de alcinha foi tomar café ao chegar viu a enorme mesa posta com tudo que tinha direito.

Fim do capítulo