Márcia se dirigiu juntamente com Cláudia e os demais até onde os policiais que perseguiam Guedes se encontravam. Quando chegou logo foi informada de que o capitão fugira em direção ao Jardim Zoológico.

-- E quem mais estava com ele cabo José, deu para ver se tinha alguém?

-- Não coronel mais creio que ele não estava sozinho.

-- E o restante dos seus homens para onde foram? Perguntou Cláudia.

-- Coronel Monteiro os meus homens foram pelo outro lado e segundo informação do sargento Natanael que estava na outra viatura, ele está cercado. Só não sabemos se ele está lá dentro. Mas o soldado Rafael tem um mapa da região que ele conseguiu pela internet porque ele vai trazer os filhos para conhecerem aqui.

Depois de chamar o soldado e verificar o mapa, a coronel Mantovanni deu a seguinte ordem:

-- Perfeito então vamos nos separar e quanto a vocês, tomem cuidado porque um animal acuado pode fazer qualquer coisa e eu quero o capitão Guedes vivo. Respondeu.

Assim que todos se dirigiram aos seus pontos estratégicos, a busca começou. A coronel estava alucinada em pegar Guedes e não sossegaria enquanto não pegasse o capitão. E assim todos adentraram dentro do zoológico. Por ser noite geralmente alguns animais dormiam e outros por serem de hábitos noturnos, estavam acordados. O cabo José acionou a coronel pelo rádio e disse:

-- Coronel Mantovanni a senhora está na escuta?

-- Prossiga cabo o que aconteceu?

-- Pegamos dois meliantes que estavam acompanhando o capitão um deles é o pai que diz não saber das armações do filho.

-- Perfeito cabo onde vocês estão?

-- Em frente aos elefantes coronel, estamos no aguardo de sua presença.

-- Positivo cabo eu e a coronel Monteiro estamos chegando por ai.

Logo que chegaram ao local, a coronel já começou interrogar o pai do capitão.

-- Senhor Fabrício eu vou perguntar uma única vez. Onde está o seu filho?

-- Eu não tenho nada para falar coronel. A senhora quer por o meu filho na cadeia, mas ele é inocente.

A coronel olhou para o velho e disse:

-- Se o seu filhinhoamado fosse tão inocente assim, ele não estaria fugindo e as provas que tenho contra ele, não seriam verdadeiras. Eu vou perguntar somente mais uma vez. Onde está o Guedes?

-- Eu não sei, e se soubesse não diria para você, seu sapatão dos infernos.

A coronel deu um murro na cara do pai de Guedes e disse:

-- Tome cuidado com as suas palavras Fabrício, eu posso não ser tão benevolente com o senhor e por tudo o que vi naquele antro, o senhor vai pegar no mínimo uns doze anos. Isso é se continuar vivo na cadeia porque lá os bandidos adoram cafetões e estupradores. E se o senhor abrir a boca sobre alguma coisa, as onças vão adorar o jantar noturno que elas irão ganhar. Portanto não me tire do sério porque com canalhas e bandidos iguais a você e ao seu queridinho, eu não faço acordo. Podem levá-lo.

Assim que os homens levaram o pai de Guedes preso, a coronel deu a ordem.

-- Senhores nós vamos vasculhar esse zoológico de cabo a rabo nem que leve a noite inteira, mas eu quero esse canalha e se por acaso ele reagir, vocês tem a plena autorização de atirar. Porém, tomem muito cuidado e lembrem-se que uma ratazana acuada pode fazer qualquer coisa. Estamos entendidos?

-- Sim senhora coronel!

Assim que as equipes foram distribuídas as duas coronéis saíram à caça de Guedes. Logo elas receberam um comunicado pelo rádio de que havia algo na área que pertenciam os jacarés.

-- O senhor está com uma visão privilegiada sargento Rafael?

-- Não coronel, mas há algo se mexendo nos arbustos e com certeza não é um jacaré e se for parece dos grandes.

A coronel pensou por alguns segundos e falou:

-- Senhores vamos entrar, mas com cuidado porque sabemos que esses animais costumam fica acordados à noite. Apesar de a iluminação ser boa, precisamos de toda atenção possível. Qualquer movimento atirem.

Os homens começaram a vasculhar todo o local com muito cuidado, logo a foi avistada uma movimentação entre os arbustos.

Enquanto isso na casa da coronel, Andressa ainda não havia conseguido dormir. Levantou e foi até o quarto dos filhos e se certificou que todos dormiam. Gabriel estava totalmente descoberto, a mãe pegou a colcha e foi cobri-lo. Quando estava se dirigindo ao quarto do casal, Celina chamou pela mãe.

-- Oi princesa o que aconteceumeu anjo?

-- Eu quero a mamãe Márcia. Ela vai voltar?

Andressa abraçou a filha e respondeu:

-- Calma meu amor logo a mamãe vai estar aqui. Você sabe que ela sempre volta.

-- O que ela foi fazer mamãe Andressa?

-- Ela foi prender uns homens muito maus! – E agora vamos tentar dormir um pouquinho?

A menina deixou os braços da mãe e foi deitar na cama do casal. Andressa deixou que a filha dormisse com ela e logo as duas já estavam adormecidas.

Enquanto isso a coronel ainda continuava no encalço do capitão e ao passar por um arbusto, sentiu uma pancada nas gostas e acabou caindo. Quando se virou viu que Guedes estava com uma arma apontada em sua direção. Ela sabia que além do capitão ela ainda teria que se preocupar com os jacarés que estavam à espreita.

-- Capitão Guedes que prazer revê-lo. Quer dizer então que você está em seu habitat natural? – Mas que eu saiba ratos vivem no bueiro e não no zoológico.

-- Cale-se Mantovanni, você está em desvantagem e eu estou armado. Agora se levante sua vagabunda, sapatão dos infernos. É hoje que eu te mando para lá sua desgraçada, você arruinou a minha carreira e eu vou devolver o que sobrar de você para a sua esposa.

A coronel começou a rir e isso deixou o capitão mais fulo da vida. Este então lhe deu um chute no rosto ao qual fez sangrar a boca. A coronel se levantou calmamente e num descuido de Guedes partiu para cima dele e os dois caíram dentro do lago. Os amigos chegaram e a coronel Monteiro fez um disparo em direção a um jacaré que se aproximava dos dois. Logo os outros entraram em um alvoroço total e se dirigiram em direção à água. Enquanto isso a coronel tentava se livrar do capitão que a estava afogando. Ela se lembrou de que tinha um punhal que o avô paterno havia lhe dado e ao tirá-lo de dentro da bota, conseguiu acertar o capitão que urrou de dor.

-- Vem Guedes eu posso morrer, mas você vem junto seu desgraçado. E dito isso agarrou o capitão que tentava sair da água. Os outros amigos tentavam distrair os outros jacarés que haviam ido para a água. Enquanto isso o pau torava entre Márcia e Guedes. A coronel conseguiu se soltar do capitão e depois de muito bater, arrastou o para uma pedra que estava próxima. O capitão estava desacordado. Quando se virou para sair da água, viu que um jacaré vinha em sua direção. Ela calculou que não dava tempo de sair e esperou o bote do animal. Nesse momento uma luz surgiu em suas costas e os demais viram que São Jorge e Santo Expedito estavam lhe protegendo. Quando o bicho partiu para cima da coronel, ela se posicionou com o braço esquerdo em direção a sua boca e com o outro conseguiu dominar o animal. Ela mesma não esperava que a sua força fosse dobrar de tamanho e depois de rolar com o bicho, conseguiu se desvencilhar e nadar para a margem. Assim que chegou foi ajudada pelo cabo José que estava atento. O sargento Rafael atirava em direção aos outros jacarés a assim a coronel saia salva. Ela tinha alguns arranhões, mas nada sérios. De repente escutaram um grito e quando olharam um dos jacarés já estava pegando o capitão pela perna e arrastando para dentro da água. Ele se debatia e pedia socorro, pois logo outro jacaré se aproximara. A coronel fez menção de pular novamente dizendo que ela o queria vivo, mas, o coronel Tavares disse:

-- Não há nada que você possa fazer. Ele procurou isso e nós sabemos que se não fosse ele, seria você. Portanto fique em paz.

A última visão da coronel foi ver o capitão ser devorado pelos animais. Nesse momento ela sentiu um misto de pena e justiça. Ali mais um corrupto se fora, mas a sua consciência estava limpa. Ela tinha feito o seu trabalho e cumprido a sua missão. Agora restava voltar para casa e cuidar da esposa e dos filhos. A batalha mais uma vez estava ganha.

Fim do capítulo