Entre Lambidas e Mordidas -- Capítulo 18

Yasmin entrou na mansão e foi direto para a sala. Encontrou Anita sentada no enorme e confortável sofá desfrutando da leitura de um livro e tomava seu tradicional chá noturno.

-- Boa noite Anita! Pedro já chegou? -- perguntou com voz trêmula e insegura.

Anita levantou a cabeça e seu olhar frio caiu sobre Yasmin.

-- Boa noite Yasmin! Pedro ainda não chegou. Relaxe um pouco e tome um chá comigo, fará bem a você.

Yasmin estava impaciente; Estava disposta a ter uma conversa definitiva com Pedro, mas receava por uma atitude violenta por parte dele.

-- Não. Obrigada -- caminhou até o balcão de bebidas e serviu-se de uma dose generosa de whisky. Ingeriu a bebida com o primeiro trago.

-- Aconteceu alguma coisa? Você me parece muito nervosa Yasmin.

-- Tenho um assunto muito complicado a tratar com o Pedro -- falou olhando para o copo vazio em sua mão.

-- Pense bem o que vai fazer -- disse em tom ameaçador com a xícara de chá na mão -- Meu filho está passando por momentos de muito estresse e não pode incomodar-se.

Yasmin teve vontade de dizer umas belas verdades para a dama de ferro, mas preferiu ficar calada e não arranjar mais confusão.

-- Vou esperar por ele no quarto -- Yasmin deixou Anita falando sozinha. Não suportava mais a arrogância daquela mulher.

O jantar foi agradável, Roberta sabia como ser apaixonante e divertida. Os quatro decidiram esticar a noite em um novo clube na cidade. Ela gosta de dançar e beber, e para Matias e Vinícius que também amam dançar, foi a companhia perfeita.

E a noite terminou com as duas bêbadas, rindo das palhaçadas do Matias e... Completamente encantadas uma com a outra.

-- Entra -- falou Lavínia dando passagem para que Roberta entrasse em seu quarto -- Não olhe a bagunça. Sequer tive tempo para desfazer totalmente a mala -- falou sentando-se na cama.

-- Não se preocupe comigo -- Roberta se escorou contra a parede, cruzando os braços e pernas -- Então você é funcionária da Vargas? Qual o departamento?

--Trabalho no Departamento de Pesquisas -- deu umas palmadinhas na cama e Roberta se sentou na frente dela -- Sou farmacêutica...

-- Bioquímica -- completou Roberta -- Formou-se esse ano. Trabalha apenas alguns meses na Vargas. Antes de se formar trabalhava na DESPAL. Matias é o diretor do departamento, Luiz Carlos é o presidente da empresa e Pedro é o vice-presidente. Você mora em uma republica com mais quatro garotas, a Daniela, a Bianca, a Marjorie e a Paula. O que mais?

Lavínia ficou de boca aberta e encarou Roberta sem saber o que dizer e até mesmo o que pensar.

-- Você é uma espiã? -- perguntou se afastando dela -- Você é uma espiã industrial?

-- Hummm! Até que seria bem interessante -- murmurou ela -- Mas não passo de uma veterinária perdida no fim do mundo.

Lavínia piscou nervosamente e engoliu em seco.

-- Fala a verdade Roberta, se é esse mesmo o seu nome -- um calafrio passou pelo corpo de Lavínia. Sentiu medo -- Quem é você?

Roberta não estava sentada tão próxima de Lavínia, mas podia sentir o calor que emanava do corpo da farmacêutica.

-- Meu nome é mesmo Roberta, não menti, sou tia da Daniela. Os Pauly e os Vargas têm uma longa e trágica história -- disse ela com rosto fechado -- E essa história eu vou lhe contar agora.

Yasmin abriu devagar os olhos e assustou-se com a luz matinal que iluminava o quarto. Deu um pulo da cama e olhou para o relógio.

-- Meu Deus! Oito horas -- buscou organizar os pensamentos. Dormiu esperando Pedro e com certeza ele não havia entrado no quarto.

Escovou os dentes e cabelos com pressa. Vestiu a primeira roupa que encontrou e foi até a porta para sair. Tentou abri-la, mas foi em vão, estava trancada.

Yasmin bateu, gritou, mas ninguém apareceu. Estava ficando desesperada.

-- PEDRO! ANITA! -- berrou por socorro com todas as forças de seus pulmões, porém não foi atendida -- Maldito seja esse homem. Maldita seja essa família.

Procurou pelo celular e não encontrou. O coração dela, já acelerado de nervosismo, começou a dar pulos. Cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar.

Daniela pegou o celular e olhou para a tela. Não havia nenhuma mensagem de Yasmin. A decepção tomou conta do seu coração. Por curiosidade olhou o horário do seu último acesso.

-- Ontem as 16h00min? Poxa! Ao menos eu fui à última pessoa com quem ela conversou.

Assim que a porta do elevador se abriu, Daniela saiu correndo.

-- Bom dia seu guarda! -- berrou para o porteiro.

-- Ei, ei, ei -- ele a chamou -- Vem cá garota.

-- Fala.

-- Não sou guarda -- disse bravo -- Sou porteiro.

-- E daí? Também não sou garota. Sou a Daniela -- apoiou os cotovelos no balcão e o encarou -- Desembucha.

-- Tenho informações preciosas -- disse ele enquanto apertava o botão da cancela.

-- Quais informações? -- Era óbvio que o cara queria algo em troca, mas Daniela se fez de desentendida.

-- Você sabe que eu estou aqui só para fazer o meu trabalho, não é mesmo? Mas ontem um homem todo arrumadinho esteve aqui fazendo perguntas a respeito da dona Yasmin.

-- Quem é Yasmin? -- os olhos de Daniela naquele momento pareciam duas chamas acesas.

-- Como assim? Quem é Yasmin? -- o homem ficou confuso -- Tá louca? Yasmin é a dona do apartamento, sua amiga.

Daniela ficou sem saber o que dizer.

-- Então esse é o nome dela? Até isso ela mentiu -- falou desanimada -- O que o cara perguntou?

-- De repente esqueci -- coçou a cabeça.

Daniela abriu a mochila e tirou um nécessaire preto.

-- Primeiro fala, depois recebe.

-- Ele queria saber com quem a dona Yasmin estava? Se ela vem muitas vezes aqui? E se eu havia notado algo de diferente entre vocês duas?

-- Interessante! -- Daniela ficou pensativa. Sua desconfiança era real. Yasmin realmente tem outra pessoa.

-- E o meu pagamento? -- estendeu a mão.

-- Ah, já ia esquecendo. Pega aqui -- entregou o nécessaire para ele.

-- Está vazio. Pra que eu vou querer isso?

-- Enche com o dinheiro que você deve ter recebido do tal almofadinha para dar todas as informações sobre nós. Seu guardinha de merd*.

Daniela saiu indignada. O cara era o maior salafrário. Com certeza tinha passado o relatório completo para o tal homem misterioso.

-- Hoje à noite a Jéssica, ou melhor, a Yasmin, vai ter que se explicar direitinho.

-- Esta história é cruel demais Roberta, fica difícil até de acreditar -- Lavínia cruzou as mãos em cima da perna e a encarou firmemente.

-- Mas que droga Lavínia -- o ceticismo dela irritou Roberta -- Então pergunta para a Dani. Pede para ela contar a história para você.

-- Porque você mentiu para ela?

-- Porque se ela soubesse que sou a tia dela, não ia querer ir para São Paulo. Estaria grudada em mim até agora. Já foi difícil sem ela saber, imagina se soubesse.

Lavínia riu concordando.

-- Nisso você tem razão.

Riram as duas, depois ficaram caladas apenas se olhando.

Os olhos delas compartilhavam da mesma intensidade.

Quando Roberta a puxou para os seus braços, Lavínia sentiu-se mole, entregue. Afundou os dedos nos cabelos delas colando os lábios em um beijo urgente, quente, saboroso.

Embriagando-a com seus beijos, Roberta a conduziu para dentro do Box. O som do chuveiro e da água caindo sobre seus corpos abafava os gemidos que ecoavam pelo pequeno banheiro. E quando finalmente retiraram toda a roupa, não teve mais jeito, ficou quase insuportável de controlar. Roberta desceu sua boca, pela barriga dela, desceu beijando aquela garota que tanto queria.

Trocaram beijos e caricias embaixo d'água. Voltaram para o quarto e mesmo molhadas, deitaram na cama.

Roberta beijou no meio das pernas de Lavínia, desejosa, beijou-a, ch*pou-a, fazendo com que ela ficasse mais e mais excitada. E quando sentiu que ela estava molhada de tesão, subiu a sua boca de encontro a dela, passando pela barriga e seios. Os olhos de Roberta acariciaram-na esfomeada.

Deu pequenas mordidas, e ch*pando, devagar, carinhosamente, mexendo com a mão, em movimentos para cima e baixo, e quando Lavínia estava quase a goz*r, Roberta subiu novamente sobre ela.

Lavínia queria retribuir e fez com que dois dedos entrassem em Roberta. Mexendo-os, deixando-a ainda mais molhada. Movimentava o sex* dela, sem parar, e assim nesses movimentos goz*ram uma na mão da outra, deixando escorrer pelos corpos o gozo de cada uma.

E satisfeitas, cansadas, se beijaram e dormiram abraçadas.

Pedro parou antes da porta, abriu-a lentamente, inclinou levemente o corpo para olhá-la dentro do quarto. Pediu licença e entrou. Seus olhos se cruzaram, um silêncio de alguns segundos que pareceram horas.

-- Não me odeie Yasmin -- com olhos arregalados em seu rosto, Pedro fechou a porta e caminhou até a esposa -- Eu amo você mais do que tudo.

Yasmin levantou os olhos para ele. Sua expressão neutra não dizia muito, mas o corpo encolhido e trêmulo falava mais do que tudo.

-- O que você fez foi imperdoável. Algumas atitudes ou palavras acabam sendo ainda mais hostis do que agressões físicas. Você me humilhou deixando-me presa aqui.

-- Você que me obrigou a isso Yasmin -- Pedro se ajeitou em uma poltrona no canto do quarto, cruzou as pernas e olhou para a parede.

Yasmin prestou atenção em como o olhar dele se perdeu na foto do casamento.

-- Casamos há tão pouco tempo e você já está me desrespeitando Yasmin. A esposa deve obedecer em tudo ao seu marido. A esposa deve se submeter a seu marido em...

-- Cala a boca Pedro! -- Yasmin berrou -- Eu te amei e respeitei Pedro. Agora só sinto desprezo.

Pedro não via naquela mulher que falava a doce, e ingênua Yasmin com quem havia se casado. Que havia aceitado o casamento imposto pela mãe. Ela havia amadurecido, e essa nova Yasmin que começa a surgir era corajosa e perigosa demais para suas pretensões.

-- Caramba, é você mesma Yasmin? -- perguntou com ironia -- Preciso falar com a sua mãe. Ela não vai gostar nada...

-- Não, Pedro. Deixe minha família fora disso.

-- VOCÊ ESTÁ SAINDO COM UMA MULHER! - Pedro berrou com toda a força -- Como pode me trair com uma mulher?

-- Sim -- disse Yasmin, tentando manter-se forte e calma -- Eu me apaixonei por aquela mulher -- Sinto muito por isso, mas eu tinha que te dizer -- falou com um sorriso fraco.

-- O QUE? -- perguntou incrédulo -- O QUE PRETENDE YASMIN?! Envergonhar-me diante de todo o Brasil? O que as pessoas vão falar? Meu Deus! Vão me destruir.

-- O nosso casamento acabou Pedro, mas isso não significa que não possamos ser amigos -- falou andando de costas enquanto ele caminhava em sua direção -- Quero continuar sendo sua amiga, se você permitir.

-- AMIGA? 

Pedro estava transtornado, revoltado. Começou a quebrar tudo no quarto.

-- Vai ficar com ela? Pedi-la em casamento? -- deu uma gargalhada.

Pedro sentia uma raiva incontrolável e o seu instinto de macho traído o dominou. Ele começou a agredi-la e feri-la de forma covarde e feroz.

-- VOCÊ É UMA VAGABUNDA! -- lhe deu uma bofetada tão forte o quanto pôde.

-- Eu lhe odeio! Seu covarde! -- murmurou ela, secando os olhos ao se erguer.

Yasmin era corajosa e ainda que lhe doesse na cara a bofetada que Pedro lhe tinha dado com toda sua força, partiu para cima dele.

-- Desgraçada vou te matar -- deu um chute nela e uma série de socos.

Ele queria deixar mais do que um lábio inchado. Queria desfigurar aquele rostinho lindo.

Ouviu batida forte na porta. Antes de abrir olhou para Yasmin caída no chão, deu um sorriso cínico carregado de deboche.

-- O que está acontecendo? -- Luiz entrou desesperado no quarto e foi até onde a cunhada estava caída -- Ficou louco? -- não duvidava que Pedro tivesse matado Yasmin se não tivesse surgido a tempo. Essa certeza o fez estremecer -- E se ela o denunciar?

-- Nesse caso eu a mato -- foi até a porta -- Mato ela e a amante dela.

Entre 1980 e 2013 foram assassinadas 106.093 mulheres, 4.762 só em 2013. O país tem uma taxa de 4,8 homicídios para cada 100 mil mulheres, a quinta maior do mundo, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que avaliaram um grupo de 83 países.

Outro dado importante do estudo é o local do homicídio: 27,1% deles acontecem no domicílio da vítima, indicando a alta domesticidade dos assassinatos de mulheres.

Pesquisa do Senado brasileiro estima que mais de 13,5 milhões de mulheres já tenham sofrido algum tipo de agressão. Esse número equivale a 19% da população feminina com 16 anos ou mais.

Das que sofreram violência, 31% ainda precisam conviver com o agressor. E pior: das que convivem com o agressor, 14% continuam sofrendo violência.

Outra pesquisa mostra que 77% das mulheres que relatam viver em situação de violência sofrem agressões semanal ou diariamente. E 82,5% das mulheres relataram que elas são praticadas por homens com quem mantêm ou mantiveram algum vínculo afetivo.

Denuncie. O número 180 da Central de Atendimento à Mulher recebe denúncias e orienta mulheres vítimas de violência. As denúncias recebidas são encaminhadas aos sistemas de Segurança Pública e Ministério Público de cada um dos Estados e do Distrito Federal. Após o recebimento da denúncia, a central dá início à apuração. As ligações são gratuitas e o serviço funciona 24 horas.

Também é possível denunciar por meio do aplicativo Clique 180.

Se você tem um animalzinho de estimação e quiser mandar a foto dele para participar da capa de uns dos capítulos do romance, envie nesse whats: 47 91333878. Não se esqueça de colocar o nome do fofinho (a) para participar da história.

A capa será atualizada após uma semana.

Fim do capítulo