Se a vida tem pequenas alegrias uma delas é tirar a chave do bolso e abrir a porta que dá para a nossa casa , o nosso mundo. Encostar o porta-chaves ao teu na mesa da de entrada, tem qualquer uma cumplicidade ínfima .
A casa esta cheia de ti e eu respiro com uma alegria renovada . Oiço como um burburinho a água do chuveiro , imagino as pequenas gotas a desenharem os contornos do teu corpo, vejo a espuma do shampoo a escorrer no teu pescoço e pelo meio do teu peito .
Já não sou eu que atravesso o corredor em direcção dos salpicos do chuveiro , agora sou apenas desejo e luxuria que quer encontrar-te.
A pequena divisão cheia de vapor dá-me a sensação de estar num sonho , um sonho bom , ao fundo o teu corpo, meio abstracto através do vidro, tem uma luz que guia a minha loucura.
Dispo o que resta em mim da civilização e entro no teu banho, esse teu sorriso molhado, convite insano para que mergulhe no teu beijo .
Escorremos nos azulejos em carinhos nossos, envolvo-me em ti, tenho pressa de alcançar a tua intimidade . Tenho sede de amor.
Perco-me no teu olhar que me fala de prazer e de êxtase puro.
Gota a gota se mistura com a água, bocadinhos da nossa essência, escoa-se pelo ralo da banheira água, vai na direcção do mar em curvas e contra-curvas . Eu e tu continuamos debaixo do chuveiro sentindo a água em salpicos apressados, enquanto sem pressa espalhamos em nós a espuma do shampoo .
Alaya

Fim do capítulo