Fanfic inspirada no poema: Meu destino (Cora Coralina)
5. Beatriz em “Meu Destino”
Fanfic inspirada no seguinte poema:
Meu destino (Cora Coralina)
"Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.
Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.
Não te procurei, não me procurastes –
íamos sozinhos por estradas diferentes.
Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida…
Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.
Esse dia foi marcado
com a pedra branca
da cabeça de um peixe.
E, desde então, caminhamos
juntos pela vida…"
Beatriz em “Meu Destino”
Aos dez anos, me mudei para o Rio de Janeiro, minha mãe e eu morávamos no Paraná, porém ela prestou um concurso e nos mudamos. No ano anterior meu pai tinha nos abandonado sem nenhum aviso prévio, ele se apaixonou por uma aluna e com ela fugiu. Minha mãe sofreu bastante, ficou alguns dias deprimida e eu revoltada. Após alguns meses ela se jogou no trabalho e se empenhou em cuidar da única filha.
Eu me apaixonei pela cidade maravilhosa já no primeiro dia, logo que chegamos corri para a praia, fiquei encantada, eu ainda não conhecia o mar e foi paixão a primeira vista. Para a minha sorte nós moramos em um edifício a beira mar e sempre estudei em uma escola que fica a cinco quadras da minha casa. Meus hobbys são: estudar e surfar. Sou muito tranquila, passo horas sozinha sentada na areia contemplando o mar. Tenho poucos amigos e não tenho hábito de sair, gosto de passear ou viajar com a minha mãe, juntas já conhecemos vários locais e ela é a minha melhor amiga; até meus segredos eu compartilho com ela, ou melhor, entre nós não existe segredo.
Minha mãe me compreendi e me apoia em tudo. Lembro que durante a adolescência ela me auxiliou muito em todas as minhas descobertas.
- Mãe, hoje o Pedro me beijou.
- E você gostou?
- Não, eu assustei e nem foi bom como eu imaginava. Acho que eu não sei beijar.
- Filha, o meu primeiro beijo também não foi bom, estranhei bastante e você é nova, vai ter bastante tempo para aprender.
Cerca de um ano depois voltamos a conversar sobre beijos...
- Beatriz, como foi o aniversário ontem? Você chegou tarde e eu já estava dormindo.
- Foi muito bom (respondi sorrindo).
- O aniversariante gostou do presente?
- Sim, o Fábio adorou. Disse que a camisa vai servir.
- Você esta com um sorriso bobo hoje, qual o motivo de tanta felicidade?
- Mãe, ontem na festa de 16 anos do Fábio, a irmã dele me beijou.
- Irmã? Mulher? Você beija meninas filha?
- Eu não sei, acho que sim.
- Como é nome dela?
- Rafaela, ela é tão bonita.
- E como foi isso? Me conta!
- Eu já a conhecia da praia, ela não estuda conosco, já faz cursinho e é dois anos mais velha do que eu. Ontem, nós ficamos dançando juntas, conversamos bastante e ela me trouxe até em casa, nós nos beijamos no carro dela e foi tão bom, foi diferente e fiquei feliz.
- Uau! Beatriz se você ficou feliz é o que importa.
- Mãe, será que eu sou gay?
- Então filha, só você pode responder isso. A Rafaela é?
- Sim, ela já namorou uma menina.
- Beatriz, tudo isso é novo para você, tenha paciência e se permita. O importante eu já te disse, é ser feliz.
Depois da festa eu não encontrei mais a Rafaela, seu irmão que é meu amigo me contou meses depois que ela tinha reatado com a namorada.
Quando eu terminei o colegial fiz um intercâmbio e fiquei quase um ano no Canadá. Foi à fase mais difícil da minha vida, pois fiquei longe da minha mãe. Porém, este período foi importante, criei maturidade e certa independência.
No meu retorno matei as saudades da minha mãe e corri para o mar, senti muita falta das praias cariocas e foi numa tarde em que eu voltava da praia que você me sorriu. Nós já tínhamos nos visto anteriormente, já que moramos no mesmo condomínio, porém nunca conversamos, na realidade sempre nos desencontramos. Você seguia para um lado e eu para o outro, indiferentes uma da outra. Nunca nos procuramos. Mas desta vez foi diferente, seu olhar estava curioso e seu semblante desejoso. Foi engraçado, pois você me chamou e eu corri ao seu encontro. Nos apresentamos, nos encantamos e conversamos. Foi a partir deste dia que não mais nos desgrudamos, descobrimos semelhanças e juntas nos completamos.
Minha mãe tinha razão, com o tempo aprendi a beijar e a me aceitar.
Manuela é contigo que eu quero sempre estar. Você é o meu destino, meu abrigo e o meu ninho. Ainda bem Manu, que você teve a coragem de me chamar, de me beijar e de me amar.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Lea
Em: 01/09/2022
Me encanta esses contos,mesmo que não tenha um "final feliz".
*
Beatriz teve muita sorte de ter uma mãe,amiga,companheira, mãe mãe.
*
E o amor a encontrou,foi natural!
*
Boa tarde, May!
Tenha uma ótima quinta-feira!
Resposta do autor:
Boa tarde! Lea, como vai?
Muito obrigada pela leitura e por ter deixado seu comentário. Bjs!
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]