Capítulo 1
Há um tempo vazio quando não estás . A beleza das coisas fica envolvida numa sombra, como uma prenda esquecida dentro de papel de embrulho, vê-se tudo e não se sente nada.
Esse tempo que se arrasta por entre a multidão, pelas palavras secas, pelos olhares vazios . Tempo de desespero, tempo que a impaciência me corroí e quase chego a odiar-te por esta dor dentro do peito.
Pouco a pouco desembrulho a vida e o tempo tão próximo de chegares é um vento que sacode as árvores e as folhas velhas caiem formando aquele tapete estaladiço e dourado em que nos tornamos crianças outra vez .
O momento em que entras neste nosso mundo o tempo ... (ah esse malvado ) foge tão rápido que os beijos, as caricias não cabem todos dentro dele . Mesmo nessas noites tão preenchidas de luxuria e desejo, não demos ainda todo amor que há em nós. Mesmo com cada segundo aproveitado, mesmo com as roupas rasgadas na pressa de querer, não chegam os dias, as noites, que temos para saciar esta vontade de provar a pele , de beber a essência . E mesmo que o cansaço venha e o corpo explorado, esvaído se entregue por momento ao sono, há-de haver sempre um recomeço ainda antes do tempo te levar outra vez para esse mundo por onde andamos a sós cheios de pressa de nos encontramos e gastarmos o tempo que nos resta fazendo amor sem tempo nem espaço .
Alaya
Fim do capítulo
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Bia Ramos
Em: 11/04/2019
Oi autora, tudo bem?
Suas palavras paracem um grito sufocado, uma vontade contida... Como se tivesse um lamento que precisa ser liberto...
Eu adorei, gosto de coisas que me fazem pensar, me fazem questionar o pq delas.... Li duas vezes e em cada, uma interpretação difererente... Me fez lembrar da canção "Tempo" Nanna Caymi... Igualmente misteriosa, assim como o proprio Tempo!
Parabéns
Bia
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