Capítulo 1
A roupa molhada de mim quase me sufoca . As ideias estão embrulhadas numa espécie de nuvem de calor onde o raciocínio não chega . Instinto ! Cheiros , sons , tudo me alerta para o mistério .
Vegetação alta encobre os movimentos estranhamente ágeis rente à terra rachada pelo sol .
Mais uma gota de suor escorre por mim e a sede devastadora queima meus lábios . Quero correr , fugir , mas os pés querem ficar, desvendar o mistério da vasta savana . No calor intenso um arrepio gelado desperta-me os sentidos . Esse silêncio e a respiração surda cada vez mais perto de mim , quase posso sentir o ar , o calor que sai do seu corpo .
Na linha do horizonte uma manada de elefantes segue o seu rumo indiferente às minhas fraquezas . Um elefante bebé brinca por entre os gigantes progenitores .
E outra vez os nossos olhares se cruzam . O grito que se forma em mim não me sai da garganta . Esse olhar desnuda-me a alma . Sinto que enlouqueço sob esse olhar e o pudor que me resta evapora-se .
Avanço e sou fera faminta . O cheiro da carne me excita e não me preocupa quem é quem neste jogo de sedução.
A sombra não me arrefece mas me encosto à casca lascada da árvore em busca de sensatez. Baixo a guarda nesta savana deserta, afinal tão cheia de vida .
Estou preste a perder os sentidos, diante de mim está um mar imenso que avança para me engolir . estendo a mão para beber essa água mas a ponta dos meus dedos roça teu peito . Miragem ? tenho sede , tanta sede da tua boca molhada de luxuria .
Em delírio puxo-te para mim, o desejo leva-me a morder-te , a trincar-te a pele no limiar do prazer e da dor . Apertas-me contra o tronco da árvore , sou agora animal encurralado dos teus desejos. Uma manda de impalas agita-se, o vento avisou do perigo iminente e como uma dança coordenada a corrida pela sobrevivência começa.
Julgo que me desfiz em mil gotas deste calor maldito ou se calhar sequei coma a erva amarela e desfiz-me em areia que rola no teu corpo que me confunde os sentidos .
Dentro desse beijo estão sabores que desconheço, mas que quero e aprendo a gostar , saciando a minha sede de ti . E não importa que a tua mão meio selvagem, revele assim os meus segredos .
Sou presa fácil dos teus desejas. As garras do prazer rasgam-me e eu entrego-me como animal perdido .
O sol vermelho caindo no horizonte acorda a vida selvagem e o uivo do chacal incita a aventura . Eu grito e dou-me sem medo , sou chão , águia , leão , safari onde te perdes sempre que me amas .
Alaya
Fim do capítulo
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