Depois de voltarmos para o bar, ajudar Camile a tirar o PG da mesa de umas meninas, fazer barraco pra um cara tirar o carro dele da frente do meu, fechamos a noite tentando marcar uma praia. Deixei cada um em casa e fui pra cada de Maria. Quando chegamos, os pais dela estavam na varanda e nos viram chegando. 

- Vc vai vir pra cá amanhã? - perguntou Maria envolvendo os braços no meu pescoço. 

- Acho que não. Vou ficar em casa mesmo. Tô saindo muito e deixando meus tios sozinhos lá. 

- Vc já falou com eles da gente?

- Na.... Assim... Resolvi contar tudo direitinho pra eles depois pra levarem mais a sério, aí tô deixando pra depois. Mas eles sabem que tô com vc mas não tão sabendo que é namoro.

- Acho que vc deveria falar, pelo menos pro seu tio que isso é sério, sim, e não mais um rolo seu. - ela falava isso já com as mãos na cintura, olhando intensamente pra mim. Já estava a tempo suficiente com ela pra saber que aquilo não era bom sinal. 

- Tá bom, amanhã eu converso com eles. - Ela ainda estava chateada. Eu puxei ela pela cintura e fui dar um beijo nela, mas ela deu uma esquivada. 

- Amanhã a gente se fala e vc me conta como foi. - e me deu um beijo e tentou se soltar pra ir embora, mas não deixei.

- Não fica desse jeito, tenta me entender. Meus tios não são que nem seus pais, eu tenho que falar com eles de uma forma que eles não achem meios de ficar lidando com nosso namoro como se fosse nada demais.  - Ela ficou me olhando e suspirou. 

- Desculpa, mô. Só que é chato isso, sabe. Nem parece namoro, mas eu te entendo.

- Olha, amanhã eu falo com eles e se for tudo bem, tentamos um jantar, pode ser? Fala com seus pais e me avisa.

- Tudo bem!

- Ok, agora é melhor vc ir entrando que eu já tá ficando tarde. Ainda tenho que causar boa impressão pra eles kkkk

- Tá boooom kkk. - demos um último beijo e ela entrou. Dei um aceno para os pais dela e fui embora.

Durante o trajeto pra casa fiquei tentando formular um jeito de falar com meus tios. Formar um jeito bem convincente e concreto de que aquilo tudo não era só um namoro qualquer. Quando cheguei em casa eu já tinha desistido de pensar no que falar. Coloquei o carro na garagem e entrei. Eles estavam na sala, assistindo TV, então resolvi falar logo o que tinha que falar e acabar com aquele suspense.

- Tia. - Ela ficou me olhando com aquela cara de "aconteceu alguma coisa, né?" - Olha só..

- Aconteceu alguma coisa? - perguntou meu tio.

- Vcs sabem que eu tô com uma menina já tem um tempinho, né?  - Minha tia fez uma cara de desgosto mas continuou me olhando. Continuei mesmo assim. - Nós estamos namorando e eu queria apresentar ela pra vcs.

Meu tio nunca tinha se posicionado com relação ao que ele pensava de eu ser gay, mas ele nunca foi contra ou falou alguma coisa maldosa, até conversávamos às vezes sobre isso. (muito as vezes mesmo).

Minha tia - Conheceu ela dá onde?

Eu - Da faculdade. Ela estuda comigo.

Meu tio - Qual o nome dela? Tem foto dela ai?

Eu - É Maria Cecília. - Mostrei uma foto linda dela com os pais.

Minha tia - O que eles pensam sobre isso? - minha tia achava que só porque ela não gosta que todos tem que concordar com ela. Ela já quase fez uma merd* quando descobriu que uma das minha amigas, a Josy, era lésbica. Queria ligar pros pais dela, que não sabem dela, pra falar isso e saber o que eles achavam disso. Brigamos feio e no fim, com a ajuda do meu tio, ela desistiu disso, mas também a Josy nunca mais pôde vir aqui em casa de novo.

Eu - Eles aceitam numa boa. Ela tem outra irmã que também é homossexual e eles não se incomodam nem um pouco. 

De uns tempos pra cá, ela não tem esboçado tanto desgosto ou falado tanto quanto antes. Mas até hoje eu não sei se ela tá mais acessível ao assunto ou se só não fala mais.

Meu tio - Trás ela aqui amanhã pra gente conhecer. Ela mora aqui?

Eu - Não, na outra cidade. Eu estava pensando em um jantar amanhã com ela e os pais, aí vcs se conhecem. Vcs têm alguma coisa marcada amanhã?

Minha tia - Não. Que horas o jantar?  - Pra ela se interessar em ir já é um bom sinal. Pelo menos ela estava sendo mais receptiva.

Eu - Vou falar com Maria primeiro pra falar que vcs aceitaram ir.

Meu tio ficou perguntando sobre os pais dela e o que faziam. Depois de um tempo, eles foram dormir e eu fui falar com Maria. Eu estava aliviada que tinha resolvido isso, mas agora faltava a outra parte: os pais dela darem a permissão do namoro. "PQP, mais suspense" pensei.

Fim do capítulo