Capítulo 29
A conversa com os meus pais não foi nada fácil, expliquei todo o ocorrido e deixei eles fazerem o julgamento. Estava no estacionamento esperando a Cássia, tivemos apenas dois tempos naquela sexta, decidi passar na federal para ver a Isabela, sentia saudade da sua companhia.
Havia recebido um convite da Rebecca para uma exposição sua aquela noite, ela convidou todos e quando digo todos é todos mesmo. Eu não sei se seria uma boa ideia, mas Becca contava com a nossa presença, segundo ela, era importante.
- Vamos... – Cássia finalmente apareceu.
- Demorou, já iria te deixar. – falei saindo da caçamba do carro.
- Não é louca. – entramos e ela me olhou seria, raridade. – Viu como a Amanda estava?
- Sim... – encarei o teto. – Parecia que nem estava lá...
- O que você fez na quarta, preocupou a todos, Flávia... Eu nem imagino o que é estar em seu lugar, mas sei que você pode encontrar uma forma melhor de descarregar a tristeza, a raiva... – ela mudou de assunto, mas tocou em um pior ainda.
- Como, por exemplo? – a olhei.
- Eu não sei, ficando perto de quem te faz bem ou socando alguma coisa... – ri dessa última parte e ela também. – Sei lá... Só não daquela forma...
- Tudo bem... Foi um momento de fraqueza, vai ficar como aprendizado. – segurei a mão dela. – Obrigada, não sei se mereço tanta mulher maravilhosa...
- Cuida desse coração...
- Vou cuidar... Vamos juntas a exposição?
- Sem duvida... Se sente preparada para vê-los juntos?
- Não...
- Estaremos lá... Pra você!
Abracei a minha amiga, a minha irmã, agradeci mais uma vez a Deus por tudo, nesses tempos em que o amor virou nada para a maioria, onde o dinheiro fala mais alto, o poder é o objetivo de muitos, ter pessoas como as que me cercavam era um grande achado.
Colocamos uma música agitada, cantamos, xingamos alguns motoristas, depois de quase uma hora, estávamos entrando na federal. Me informei sobre o prédio do curso, aquilo era enorme, deveria ser bom estudar ali.
- Olha ela ali... – Cássia aportou com a cabeça.
Olhei, ela estava vendendo os seus bombons, usava um vestidinho solto, os cabelos presos em um coque, sorria para todos, nem parecia ter passado pelo que passou. Que mulher era aquela?
- Viemos ajudar... – ela estava de costa, conversava com o Rafa e mais umas duas garotas. Ela se virou e me presenteou com um abraço.
- Que surpresa. – a apertei. – Bom te ver... Oi, Cássia...
- Oi Isa, oi Rafa... Oi meninas... – Cássia distribuiu sorrisos.
- Oi... – ela recebeu em coro.
- Flávia, Cássia, essas são Natalia e Taina...
- Prazer, meninas...
- Igualmente...
- Vieram ajudar, branquelas lindas? – Rafa perguntou para nós.
- Exatamente... – falei.
- Meninas, não precisa...
- Mas vamos ajudar mesmo assim, e para não correr o risco de eu comer tudo, me vende logo dez, adoro esses bombons... – Cássia falou tirando risos.
- A tua cunhada não vai ganhar nem um? – fiz bico.
- Golpe baixo... Toma...
- Vocês são muito figuras... – Rafa comentou divertido.
- Olha quem fala! – Isa, Natalia e Taina falaram juntas, me fazendo rir.
- Bem-vindo ao grupo, moreno lindo... – falei pondo a mão sobre o ombro do Rafa.
- Ta vendo Isa? Lindo... – Rafa falou convencido.
- Lá vem...
Cássia e eu pegamos vários bombons da Isa, todos se divertiam muito com as loucuras da Cássia, ela com toda certeza teria futuro na área de venda. Andamos bastante pelo campus da federal, eu estava me sentindo muito bem em estar ali, em estar com a Isabela.
- O meu anjo da guarda agora me parece precisar de cuidados. – olhei para ela com um sorriso, aquela menina era incrível.
- Tem certeza que és desse mundo, boca tentação? – ela soltou uma gargalhada gostosa, fazendo bem a minha alma.
- Me faço a mesma pergunta em relação a você! – seus olhos estavam mais verdes.
- Esses olhos devem deixar os caras dessa faculdade loucos... – saiu e nem reparei.
- Pelo jeito não só os caras... – Rafa falou e saiu no mesmo momento. Eu corei, devo confessar, a Isa não estava diferente.
- Esse Rafa, só matando... – ri para disfarçar o leve rubor.
- Ele é a Cássia devem ser almas gêmeas, só pode... – falei olhando para os dois que iam bem a frente com as outras duas meninas.
- Concordo...
- Almoça conosco? Você e o Rafa? – parei na frente dela.
- Adoraria... – ela sorriu.
- Não tem mais nada, e o de vocês? – Cássia se aproximou com o pote vazio.
- O nosso também já acabou. – sorri com a afirmação.
- Aqui o dinheiro, Isa. – Cássia entregou para a Isabela.
- Não sobrou nada, todos os 350 bombons vendido com sucesso. – Rafa falava orgulhoso.
- Achei três ótimos funcionários... – Isa estava com um sorriso satisfeito no rosto. – Nem sei como posso agradecer, de verdade.
- Não precisa, adianto que vai virar fixo. – a abracei de lado. Sua mão pousou sobre minha cintura.
- Vai se acostumando. – Cássia segurou a mão da Isa. – Quem mandou ser tão fofa.
- Tô com ciúmes... – Rafa fez cara cão abandonado.
- Oh meu Deus... – Nós três o abraçamos. Enquanto as outras meninas apenas riam.
- Deixa a Eliza te pegar agarrado a tanta mulher. – Natalia debochou.
- Tem lugar pra todas... – Rafa falou brincalhão.
Aquela manhã foi incrível, me permiti ficar desligada de tudo de ruim que me rodeava, não sei explicar o bem que a presença daquela mulher me fazia, mas meus pensamentos me traíram por breves segundos, mas afastei a loira da minha cabeça. Como três loucos juntos não dá em boa coisa.
- Aumenta o som, Flávia. Adoro essa música...
- Então me acompanhem...
Pode ficar aqui sou eu quem vou partir
O que a gente construiu não é preciso dividir
Fizemos tantos planos, compramos tantas coisas
Mas o amor é longe disso
Precisamos de um tempo em relação a nós dois
Depois decidimos o final, espero que seja um final feliz
Se o nosso amor se acabar eu de você não quero nada
Pode ficar com a casa inteira e o nosso carro
Por você eu vivo e morro
Mas dessa casa eu só vou levar
Meu violão e o nosso cachorro
Isa ria as gargalhadas de nós três, o sorriso dela havia virado o meu vício, pois eu sempre me pegava tentando vê-la daquela forma. Devo confessar que me assustou um pouco, mas eu não iria dar atenção para coisas bobas naquele momento. Eu estava feliz, o resto eu ajeitava depois.
Chegamos em casa, meus pais não viriam almoçar, então seria apenas Paloma, Nicole, Cássia, Isabela, Rafa e eu. Emily estava ocupada com as empresas, mas nos encontraríamos à noite, Rebecca estava ocupada com a exposição de mais a noite.
- Pelo menos dessa vez eu não serei a única vela... – olhei para Paloma e Cássia. – Vão saber o que é estar na minha pele.
- Ta solteira porque quer. – Nicole me olhou.
- Não quero alguém só para usar o título de minha namorada, Nicole. – revirei os olhos.
- E o que você procura, Flá? – Rafael me perguntou, todo mundo me olhou. Até Marcinha e Lili.
- Eu quero sentimentos, Rafa... Quero alguém que não sinta vergonha de si própria... – lembrei de Amanda. – Quero alguém que me ame, que demonstre isso... – olhei para o copo de suco a minha frente. – Quero alguém que eu possa cuidar, ligar no meio da madrugada, para ouvir a voz, por a saudade não deixar esperar até o amanhecer... Eu quero tudo que o amor puder me oferecer... – Amanda veio com toda força em minha mente. - Seja bom... Seja ruim... Alguém para imaginar como seria o futuro juntos, em uma casinha, com os filhos... – Isa me olhava com um sorriso de lábios. Olhei para a íris verde, sorri de volta.
- Que lindo, minha filha... – Lili se emocionou, quebrei o contato com os olhos de Isa. Nicole me olhava com uma sobrancelha arqueada.
- Ela quer coisa séria... – Cássia tentou quebrar meu constrangimento.
- Sou uma moça de família, dona Cássia. – fiz cara de convencida.
- Isso mesmo, segue o exemplo da tua cunhada, Cássia. – Paloma cutucou, fazendo a gente rir.
- Mas eu sou tudo isso, amor... – Cássia reclamou.
- Olha a melação, por favor... – Nicole reclamou.
- Suas irmãs são muito divertidas. – Isabela falou só para eu ouvir.
- Ainda não viu nada, daqui a um tempo será com você a zuação... – falei olhando para as duas. – Você ainda é café com leite, depois se prepara...
Isabela me olhou sorrindo, eu bem que deveria parar de olhar tanto para ela, não é? Continuamos o almoço, o Rafa parecia até uma criança quando se juntava com a Cássia, trazendo para nós risos fáceis.
Depois do almoço a Eliza, namorada do Rafa, ligou e veio busca-lo, pedi para a Isa ficar mais um pouco, ela avisou os pais e ficou. Nicole foi encontrar o Júlio, ficando assim somente as quatro.
- Vamos ver um filme? – Paloma sugeriu.
- Eu quero... – Isabela animou-se.
- Romance? – Cássia nos olhou.
- Pode ser. Vou fazer pipoca pra vocês e brigadeiro para mim...
Deixei as três no quarto, preparei a pipoca, levei um tempinho com o brigadeiro, mandei uma mensagem para a Cássia vim me ajudar com a jarra de suco. Levamos tudo pro quarto, o colchonete estava no chão, ficamos as quatro nele. Cássia colocou o filme e sentamos para assistir.
- Qual é o filme? – Perguntei para Cássia.
- Eloise... – fiz cara de interrogação.
- Lésbico?
- A Isa topou, Flávia...
- Tá tudo bem, coisa branca... – olhei para Isa.
- Tudo bem...
Não disse que aquela garota era de outra galáxia? Isabela descansou a cabeça sobre as minhas coxas, Paloma me olhou com um sorrisinho besta. Passei a fazer carinho em seus cabelos castanhos, uma sensação boa visitou o meu peito.
O filme começou, me identifiquei com as personagens, Asia e Eloise, foi tudo muito bonito, intenso, elas fazendo amor foi perfeito. A atriz que interpretava Eloise, era linda demais, uma mistura perfeita de olhos azuis, boca carnuda. O fim não foi o esperado, mas não se pode ter tudo.
- Mania que esse povo tem de matar os personagens... – disse raivosa. - Linda essa Ariadna... Ao menos foi lindo o romance...
- Linda é pouco. – Cássia levou um carão da Paloma. – Vai dizer que não achou?
- Você ainda pode ficar calada, Cássia. – a mesma olhou e se calou.
- Sua irmã é durona. – Isa comentou.
- É de família. – falei orgulhosa. – Zelar pelo o que amamos.
- Exatamente! – Cássia e Isabela se olharam.
- Boa sorte, Cássia... – Isa falou sorrindo.
- Um dia ainda te verei na mesma situação que eu, dona Isabela.
- Cássia! – eu queria me enterrar. – Eu mato tua namorada, Paloma.
- Deixa que eu faço isso... Cássia...
- Vou no banheiro...
A filha da mãe se mandou, Paloma foi logo atrás, olhei para a Isa, percebi o rubor da mesma, fiquei sem saber o que dizer. Olhei para o chão e a bagunça mais uma vez ficou para eu arrumar.
- Folgadas. – abaixei para pegar as cobertas e o colchonete.
- Eu ajudo. – Isa abaixou. – Não precisa de clima estranho. – olhei para ela. – Eu gosto muito de você e nada pode mudar isso.
- Tem certeza que tem só vinte anos? – ela riu.
- Acredito que sim. – ela coçou a cabeça. Eu ri da sua careta.
- Tô achando que não, olhos bonitos...
- Você que me vê com bons olhos... – ela dobrava os lençóis.
- Ainda é humilde... Só me surpreendo. – ela deu uma pequena gargalhada. – Posso te buscar mais tarde? Para irmos juntas a exposição?
- Claro... Foi muito gentil da parte de Rebecca me convidar...
- Elas gostam de você, Isabela. – empurrei os colchonetes para debaixo da cama. – Aceite isso.
- Tudo bem. – ela sorriu. – Posso ser indiscreta?
- Sempre... – eu lhe dei um sorriso.
- Então vou ser... O que aconteceu na quarta? – ela ficou sem jeito. Pensei por uns segundos, era doído falar, mas era a Isa ali, então não haveria mal algum.
- O noivo da Amanda me procurou... – sorri sem vontade. – Ele sabe do que houve entre nós... – Isa tinha uma expressão surpresa. – Falou que ela... Ela chama por mim... Quando dorme...
- Caramba...
- Ele me pediu para ficar longe... To tentando respeitar isso...
- Nossa... É difícil quando duas pessoas se amam, mas não podem ficar juntas... – a mirei com curiosidade. Eu não disse absolutamente nada, apenas a olhei. – Você e esse jeito de me olhar...
- Não controlo... Já virou automático. – sorrimos uma para a outra.
Depois que arrumamos tudo, Isabela ficou por mais um tempo, depois a levei para se arrumar, voltaria antes das oito da busca-la. Cheguei em casa e todas as mulheres ali estavam afoitas para se produzirem, meu pai estava sentado no sofá, apenas ria de toda a zorra. Subi para tomar banho, lavei o meu cabelo, sequei e depois fui fazer a maquiagem. Entrei no closet e escolhi um vestido preto, pouco acima do joelho, rendado, sem mangas. Escolhi um salto da mesma cor, no rosto um batom vermelho, mascara nos cílios e só. Prendi o cabelo em um coque, um par de brincos discretos. Cássia já estava na sala, junto de Paloma, Nicole e meu pai.
- Caramba! Vocês estão lindos! – falei em plena admiração.
- Linda está você! – meu pai disse sincero, enquanto as meninas sorriam em acordo.
- Só falta a mamãe. – mal terminei e ela desceu. Meu pai ficou mudo e houve assovios.
- Linda, meu amor... – meu pai a abraçou.
- Mamãe... – Paloma sorria.
- Vamos?
Meu pai foi junto com a minha mãe, Nicole com o palerma, Cássia, Paloma e eu fomos buscar a Isabela. Demorou bem pouco, buzinei em frente a sua casa, desci e fique esperando. Ouvi o barulho do portão e o meu queixo quase foi ao chão.
- Isa? Como consegue? – ela estava maravilhosa, um vestido verde com renda na parte de cima que chegava até o cotovelo, combinava com os seus olhos, pouco acima do joelho, justo na cintura e solto nos quadris. Usava um batom vermelho, destacando ainda mais os seus lábios volumosos e nos olhos, pouca maquiagem.
- Você está belíssima, Flávia! – ela me analisava.
- Eu? Olha só você! – abobalhada, esse era o meu estado.
- Desculpe atrapalhar o momento fofo das duas, mas precisamos ir! – Cássia falou, só ai voltei à mim.
- Claro.... – abri a porta do carro. – Entre....
- Obrigada! – ela me sorriu.
Rodeei o carro e entrei, dei partida e logo saímos dali, pensei por um momento, eu sabia que a Isabela mexia com o meu corpo, mas eu não seria burra, não nego que ela me atrai, porém eu sabia a quem o meu coração pertencia e eu não estragaria aquele sentimento tão puro que Isa e eu tínhamos, de forma alguma. Se fosse em outra situação, onde não houvesse uma pessoa ocupando a minha mente e coração, certamente eu iria investir, pois não seria nem um pouco difícil se apaixonar por ela, mas nesse momento é algo impossível. Não trocaria toda a nossa admiração, todo carinho, compreensão, todo aquele sentimento lindo por uma atração. Eu estava decidida a dar o meu melhor para nunca machuca-la, pois uma coisa era certa, Isabela Pantoja era alguém importante e pessoas importantes a gente cuida para não perde. E então eu não a perderia por um momento de prazer, mas sim a faria ficar se possível, para sempre em minha vida.
Fim do capítulo
primeiramente, desculpe por não ter respondido.. é oficial... estou sem internet... usando o rot do meu celular para postar esse cap...
com esse problema, o número de postagem diminuirá...
me perdoem... mas continuarei postando....
o cap 30 será narrado por Isa... eeeeeeeh... rsrsrs
li todos os comentarios... com todo carinho e atenção...
para dar continuidade à nossa estória, terei uma co-autora
Luh Kelly... está sendo muito parceira.
obrigada, Luane... :)
postarei e sairei correndo kkkkk
fiz a tatoo... eeeeeh hahaha... ficou legal e até recebi elogio do tatuador, pois sengundo ele, eu fui a única cliente dele que não deu um pio.... hahahaha
a Luh viu... não consegui por aqui... então não dá pra mostrar... aiai
mas se algueém quiser ver... é sóo deixar o ctt...
obrigada por tudo minhas lindas, fico muito feliz com cada coment e a cada leitora nova que sai da moita... sejam bem-vidas... :)
acho que estou esquecendo algo, mas deixo pro proximo cap se lembrar...
dias turbulentos à vista...
boa tarde...
Letícia Corrêa!
ps. adoro vocês!
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