Valentina estava almoçando, o dia havia sido sem descanso e a comida maravilhosa de dona Alzira era irresistivel.

--- Se supera cada vez mais na cozinha não é dona Alzira? --- Valentina falou se deliciando.
--- Eu estava assistindo a Ana Maria Braga e peguei essa receita de suflê, gostou?
--- Amei, está mais uma vez de parabens, olha que eu tenho as minhas de cozinheira também viu?!
--- Serio Valie, nem imaginava.
--- Aprendi a me virar cedo, sempre que posso vejo alguma receita na internet!
--- Que bom, minha sobrinha que vai morar comigo também sabe cozinhar muito bem, quem sabe não fazemos uma reunião de troca de receita!
--- Isso seria edificante dona Alzira!

As duas continuaram a conversar sobre pratos e ademais amenidades, dona Alzira gostava bastante de Valentina, apesar da morena ser um pouco reservada. De repente escutaram um grito vindo do andar de cima.

--- É a senhorita Nina! --- falou Alzira assustada.
--- Eu vou lá!

Imediatamente Valentina correu e subiu as escadas já com arma em punho, ouviu mais um grito e adentrou o quarto da ruiva sem aviso.

--- Senhorita! --- Valentina conferiu o quarto, varanda e banheiro... Nada.
--- Esse monstro entrou no meu quarto pela janela! --- Nina gritou apontando uma mariposa na parede.
--- Só um instante! --- Valentina espantou o inseto e voltou-se para a ruiva e só então reparou que a mulher estava apenas de calcinha e sutiã.
--- Aquela coisa horrivel quase me picou!
--- Aquele pequeno inseto? --- Valentina perguntou incredula.
--- Para vocês selvagens esses monstros deve ser totalmente normal mas para mim não! --- falou colocando um blusão.
--- Sim senhorita, a missão está concluida! --- Valentina falou com enfado.
--- Espere!
--- Deseja mais alguma coisa?
--- Você é intrigante baronesa... --- analisou Valentina. --- á noite irei sair!

Falou e virou o rosto para o outro lado e foi em direção ao banheiro trancando a porta atras de si.
Valentina bufou e saiu do quarto, guardou a arma e desceu as escadas lentamente pensando na imagem daquela linda mulher de lingerie.

--- Mulher maluca!
--- O que disse? --- dona Alzira perguntou no pé da escada.
--- Falei que está tudo bem, era apenas um inseto. --- foram juntas até a cozinha.
--- Meu Deus, aquele escandalo todo por causa de um inseto?
--- Pois é, e disse que vai sair de noite!
--- A pilha dela parece que não acaba!
--- Fico imaginando se na cama...
--- O que disse? --- perguntou dona Alzira que de fato as vezes não escutava tão bem e Valentina falou baixo.
--- Disse que vou deitar um pouco na cama para descansar e ficar pronta para de noite!
--- Ah sim minha filha, vá descansar mesmo!


Nina estava em seu quarto procurando uma roupa dentre as milhares que estavam dentro do seu closet, parou para pensar um pouco e lembrou da situação que se passou há poucas horas e começou a sorrir de si mesma.

--- Que cena mais ridicula, eu gritando por causa de inseto menor que minha mão e ainda mais pulando de calcinha e sutiã na frente daquela... Selvagem! --- balançou a cabeça negativamente.
--- Posso entrar?
--- Papai! --- Correu até o pai e o abraçou.
--- Minha filhinha mais linda, tem a mesma mania de quando era criança e me via chegar em casa! --- a abraçou apertado.
--- Que saudades do seus mimos papai!
--- Eu sei minha joia mais preciosa, você e sua irmã são as coisas mais importantes que eu tenho e em falar naquela ingrata, quando virá ver esse velho pai aqui?
--- Oras papai, sabe muito bem que sua filha mais nova adora viajar mundo a fora, duvido nada ela dá uma passada por aqui pela américa do sul e visitar-nos aqui no Brasil!
--- Está feliz em vir morar aqui filha?
--- Muito feliz papai, vai demorar para me acostumar nesse lugar quente e cheio de pessoas selvagens mas até que dá para aturar estando com você!
--- Me diz como pude passar tanto tempo longe dessa doçura que é você?

Inácio estava muito feliz em ter sua primogênita consigo e iria dar um jeito de trazer a caçula para ficar tudo perfeito, sempre foi bastante ocupado com o trabalho mas o tempo que passava com as filhas era um pai exemplar, carinho e protetor.

--- E os namorados, tem algo serio ou só namorico?
--- Terminei um relacionamento de dois anos a pouco mais de quatro meses papai, estou fechada para balanço mas quero me divertir muito!
--- Olha lá hein Nina, essa cidade está cheia de gaviões mal intencionados!
--- Relaxa papai, afinal colocou uma sombra atras de mim não foi?
--- Para o seu bem minha filha, o mundo está uma coisa bem complicada de se viver principalmente pessoas como nós que tem uma boa condição financeira e podemos virar alvo!
--- Ok papai essa conversa novamente não please?! --- falou fazendo manha.
--- Pois bem, hoje não poderei jantar com você minha querida pois tenho uma reunião.
--- Reunião á essa hora da noite?
--- Reunião do charuto, eu e meus amigos levamos cada um uma caixa de charutos diferentes e fumamos de cada caixa e claro jogamos muita conversa fora.
--- Tá bom velho! --- falou sorrindo.
--- Olha o respeito comigo menina e se cuide quando sair, ah e obedeça a baronesa viu!
--- Obedecer uma empregada papai, só pode estar brincando! --- falou um pouco irritada.
--- Boa noite meu bem! --- Inácio saiu antes que sua filha falasse todos as improperes possiveis.


Valentina acordou de 19:00hs e foi jantar na cozinha com Alzira, depois tomou um banho e colocou uma roupa não muito chamativa e nem um pouco demonstrava que estava trabalhando, já que iria acompanhar a ruiva em um ambiente descontraído, não queria se tornar visivel, iria tomar o maior cuidado para que a patroa não se sentisse tão invadida.
Quando bateu 22:00hs estavam na boate, Tulio foi dispensado e Valentina ficou em uma parte reservada apenas observando de longe, não sabia se seus olhos grudaram em Nina pela obrigação ou pelo prazer de olhar uma mulher tão bela, que dançava de uma forma entorpecedora.
Nina havia escolhido um belo vestido para sair, estava animada demais e agora na boate estava dançando sozinha na pista, alguns rapazes se chegavam mas ela se saia e continuava a dançar sozinha, estava muito concentrada e dançava de olhos fechados.

--- Hey princesa, tá com sede? --- perguntou um rapaz com um belo sorriso e um copo em cada mão.
--- Estou morrendo de sede, vou pedir uma bebida para mim! --- falou se afastando.
--- Espera, eu te achei muito bonita e dançava tão compenetrada que resolvi me anteceder e trazer uma bebida para você!
--- Porque tanta gentileza? --- Nina ainda esboçava uns movimentos de dança e o rapaz falava sempre ao pé do ouvido da ruiva.
--- Como disse te achei muito bonita e queria te conhecer melhor!

Nina deu de ombros e aceitou a bebida do rapaz e voltou a dançar mas dessa vez acompanhada do rapaz que já havia se apresentado, se chamava Jonatan.

--- Amo dançar! --- Nina falava um pouco alterada.
--- Estou amando te ver dançar! --- ele falava segurando sua cintura que parecia não se importar.


Valentina olhava tudo de longe e estranhou como Nina que era bastante reservada com pessoas desconhecidas estava se comportando, de maneira tão receptiva as abordagens daquele estranho.

--- Vai ver é só comigo! --- falou para si e como o som estava alto ninguem escutou.


Nina passou de elétrica para sonolenta em um par de tempo e o rapaz segurou sua cintura e começou a lhe conduzir para a saída.

--- Para onde estamos indo? --- Nina perguntou quase adormecida.
--- Estamos indo para casa princesa, vou te colocar para dormir! --- falou de forma maliciosa, estavam indo em direção ao estacionamento.


Valentina foi segui-los mas ouve um pequeno tumulto que parecia ser o inicio de uma confusão que logo foi apaziguada pelos seguranças.

--- Mas que diabos, onde ela está? --- Valentina ficou rodando na boate.


Jonatas havia encostado Nina no carro, a ruiva estava praticamente dormindo e por isso escorregava o tempo inteiro e quase caia no chão e isso deu bastante trabalho ao rapaz que estava procurando as chaves do carro para abri-lo mas sempre parava para segurar a ruiva.

--- Fica em pé garota, eu preciso achar essa droga dessa chave!
--- Onde...onde...es...estamos indo e não me lembro seu nome e eu não quero ir! --- falou sem força.
--- Fica quietinha aí fica que você não tem querer e meu nome não importa mais, pode me chamar de foguete que eu vou te levar para ver estrelas!
--- Quem vai te fazer ver estrelas sou eu!


Valentina procurava e não encontrava a ruiva, manteve seu sangue frio e pensou por uns segundos e seu felling lhe mandou ir para a parte externa na boate e lá viu a ruiva encostada em um veiculo prata e um rapaz mexendo nos bolsos de seu proprio casaco e estava de costas para quem vinha da boate, se aproximou e ouviu a ultima frase que ele falou.

--- Fica quietinha aí fica que você não tem querer e meu nome não importa mais, pode me chamar de foguete que eu vou te levar para ver estrelas!
--- Quem vai te fazer ver estrelas sou eu!

Valentina puxou o rapaz pela gola da camisa e deu um cruzado de direita que foi o suficiente para ele cair deitado e ficar com o cérebro embaralhado.

--- O que está acontecendo aqui, baronesa é você mesma? --- um dos seguranças chegou.
--- Sou mesma Zeca, esse cara aqui dopou essa moça e estava levando ela sabe Deus para onde!
--- Desgraçado, odeio tarado baronesa!
--- Eu sei e te conheço das antigas Zeca e por isso quero te pedir uma coisa!
--- Pode falar!
--- É o seguinte, eu não posso levar esse nojento para a delegacia pois o pai dessa mola é muito poderoso e o escândalo não seria bom para ninguem, então queria pedir para você quebrar esse idiota, eu tenho que levar ela para casa.
--- Seu pedido é uma ordem baronesa, devo muitos favores a sua pessoa!
--- Esquece isso Zeca, faz isso aí e estamos quites!
--- Falou!


Zeca arrastou Jonatas pelos braços e Valentina olhou o estado de Nina e bufou.

--- Agora é você e eu!

Valentina levou a ruiva para o seu carro e colocou a ruiva no banco do carona e fechou o cinto de segurança, ligou o carro e foi até a mansão, o carro devidamente identificado foi liberado para entrar.
Colocou um braço de Nina em seu pescoço e segurou-lhe pela cintura levando-a para seu quarto, chegando lá colocou a ruiva na cama e retirou seus saltos, depois cobriu-a com um lençol.

--- Espero que se lembre da porcaria que fez hoje, quem já se viu dar trela e tomar bebida oferecida por estranhos! --- Valentina falou e saiu do quarto.

Fim do capítulo