--- Mandou me chamar senhor Toledo?
--- Mandei sim, quero lhe agradecer pelos anos impecáveis de serviço bem prestado a mim e dizer que a partir de agora, não precisarei mais! --- falou um homem que aparentava cinquenta anos, um pouco a cima do peso, trajava roupa social e seu indispensável suspensório.
--- Desculpe a pergunta senhor, mas porque deseja dispensar meus serviços?
--- Dispensar seus serviços? --- deu uma gargalhada. --- oh não... Não!
--- Mas foi o que entendi!
--- Então deixe me explicar melhor, minha querida e preciosa filha mais velha está voltando ao Brasil para morar e estou entregando a você que é a pessoa que mais confio nesse mundo, para que cuide de sua segurança e esse papel sei que sabe fazer como ninguém!
--- Senhor me desculpe mas não sei se poderei atender esse pedido, sua filha deve ser uma jovem e gostar de andar por lugares horários inadequados para a segurança, também duvido que irá gostar de alguém tomando conta dela!
--- Oras Baronesa, se precisa de um incentivo a mais para cuidar desse assunto pode dizer que farei o que for, qualquer exigência! --- o homem se referia a dinheiro.
--- O problema não se trata de dinheiro senhor, apenas costumo ter boas condições de trabalho e o senhor bem sabe e se sua filha não quiser segurança, nada irá funcionar!
--- Deixe essa parte comigo, sei convencer minha princesa!



Valentina foi até a cozinha da mansão dos Toledo, uma família muito rica e poderosa ao qual cuidava minunciosamente da segurança do Clã, porém o único que morava no Brasil era Inácio Toledo, sua ex mulher e filhas moravam no exterior mas sua filha mais velha estava vindo de forma permanente e isso estava deixando o homem bastante feliz.
Baronesa era o apelido que havia recebido por sua imponência e altivez, era uma profissional exemplar e tinha total confiança de seu patrão, tanto que estava recebendo a importante tarefa de cuidar de uma de suas maiores preciosidades.

--- Então Valie, o que o patrão queria com você? --- perguntou a empregada antiga da familia.
--- Queria me entregar uma missão impossível! --- Valie falou pegando uma maçã para comer.
--- Desde quando existe missão impossível para você menina? Faz coisas que nunca vi nem homenzarrão fazendo! --- falou a senhora cortando legumes.
--- Mas agora eu vou ter que ser babá da filha dele, estou até vendo viu... Deve ser uma chata e mimada! --- falou com enfado.
--- Jura? Qual delas?
--- A mais velha!
--- Olha Valie, não posso te ajudar nisso pois as meninas saíram daqui muito novas com a mãe para morar nos estrangeiros, nem sei como estão mas que esse povo que mora fora tem um nariz empinado isso tem sim!
--- Mas como na minha vida nada foi fácil dona Alzira, vamos enfrentar o que vier!
--- Baronesa, vem conferir o circuito de câmeras... Achei uma atitude suspeita! --- falou um dos seguranças.
--- Ok, até dona Alzira!
--- Até minha filha! --- a senhora continuou seus afazeres.

Valentina foi até a sala de monitoramento para ver o que havia de errado e lá ficou observando os monitores por um tempo.

--- O que achou? --- perguntou o rapaz.
--- Achei que é estranho, essa moto já passou três vezes e devagar, parece observar!
--- Chamaremos a policia? --- perguntou o rapaz inexperiente.
--- Não, deixe comigo que sei o que fazer!

Valentina chamou dois outros seguranças e saiu da mansão com um radio na mão, ficou a espreita e quando o motoqueiro se aproximava novamente, fez sinal para os seguranças fecharem o lado da rua e quando o motoqueiro fez a volta para fugir, ela apareceu do outro lado apontando a arma para o individuo.

--- Desce da moto devagar e com a mão levantada!
--- Calma moça! --- o rapaz falou com a voz abafada por causa do capacete.
--- Cala a boca e faz o que eu mandei! --- o motoqueiro obedeceu e os seguranças se aproximaram.
--- Calma moça, pronto!
--- Tira o capacete e fala o motivo para passear tanto observando essa casa aqui e acho muito bom que seja convincente, senão será pior para você!
--- Tu...tudo bem, eu...eu só queria ver minha namorada, a patricia! --- ele falou nervoso.
--- Patricia? A empregada? --- perguntou Valentina.
--- Sim senhora, faz uma semana que ela terminou comigo e eu queria falar com ela! --- Valentina o avaliou com o olhar e percebeu a sinceridade do rapaz.
--- A patricia pediu as contas e foi embora, não trabalha mais nessa casa e vou ter que advertir que pare de rodear essa casa, se eu te encontrar por aqui novamente nosso papo não vai ser muito amigável!
--- Sim senhora, pode deixar...que... Que eu não apareço mais! --- o rapaz ligou a moto e foi embora.
--- Você acreditou nele Baronesa? --- perguntou o segurança.
--- Sim, ele falou a verdade!
--- E porque ameaçou ele?
--- Para não perder o costume! --- gargalhou acompanhada dos seguranças, apesar da boa convivência com os seguranças, Valentina era muito respeitada.

Enquanto as horas passavam Valentina foi tomar banho e almoçar, na parte da tarde foi acompanhar o senhor Toledo em sua empresa para as ultimas horas de segurança exclusiva para o chefe, em algumas outras horas iria iniciar outra empreitada.

--- Baronesa, minha filha chega essa madrugada e desejo que vá busca-la e a partir de então a segurança dela é sua responsabilidade!
--- Como queira senhor!


Valentina seguiu a programação e á noite estavam na mansão, só teve tempo de tomar um banho para jantar e repousar um pouco, logo deu 02:00hs da madrugada e então o motorista da familia a levou ao aeroporto.

--- Você sabe como ela é Tulio? --- Valentina quis saber.
--- Não se preocupe Baronesa, pela foto que me deram ela é aquela ali olha!

Quando Valentina olhou na direção em que Tulio sugeriu, ela teve a visão mais impressionante na vida, uma linda mulher de cabelos vermelhos, andava de forma singela mas ao mesmo tempo era firme, empurrava um carrinho com algumas malas e parecia procurar alguém.

--- Senhorita Toledo? --- Tulio perguntou enquanto segurava um plaquinha.
--- Sim, sou eu!

De perto era ainda mais bonita, assim pensou Valentina que fechou um pouco os olhos ao sentir um perfume tão delicioso, sem duvida aquela mulher era exuberante.

Fim do capítulo