Capítulo ùnico
As gotas de chuva escorrem pelo vidro e se acumulam na borda da vidraça que esta embaçada pela minha respiração entrecortada. Do lado de fora o céu carregado esta negro, relâmpagos e trovões acompanham tempestade, mas eu não me importo com nada disso. Estou perdida demais em meus pensamentos, imersa em lembranças que nublam a minha mente.
Hoje faz exatamente um ano que você me deixou, exatos trezentos e sessenta e cinco dias de dor, tristeza e solidão. Vivo rodeada por pessoas, mas na verdade não tenho ninguém, caminho por uma estrada tortuosa e cheia de entulhos.
Achei que o passar do tempo diminuiria esse buraco em meu peito, mas isso não aconteceu e acabei deixando os dias passarem assim, sem razão, sem motivo, não encontrando sentido em nada. Eu tento entender o porquê de não ter você ao meu lado, mas não consigo aceitar sua partida.
Seu rosto ainda está tão nítido em minhas memórias, sinto seu cheiro, o toque macio das suas mãos em meu corpo, o seu calor que sempre me aqueceu.
Tudo tão presente mesmo estando em um passado que nunca mais vai voltar.
Lembra a última vez que fizemos amor? Eu me lembro perfeitamente. Seus cabelos espalhados pelo travesseiro, os olhos castanhos e meigos presos nos meus enquanto nossos corpos se moviam em um ritmo lento, o encaixe perfeito dos sex*s, teus lábios inchados pelos meus beijos e no final o êxtase.
O que eu não daria para ter você em meus braços mais uma vez e poder dizer o quanto te amo, quanto te quero. O desespero que sinto preso em meu peito parece me inundar a alma e a minha vontade é gritar essa dor para que todos ouçam. VOLTA! VOLTA! Esteja onde estiver pelo amor de Deus volta para os meus braços. Me tira desse abismo onde me atirei.
Você consegue ver como estou sem sua presença? O que restou de mim? Toda a luz se esvaiu e virei treva. Se não vai voltar para ser novamente minha, por favor, me ensine a viver sem você. Porque sozinha eu não estou conseguindo. Eu olho ao meu redor e não encontro motivos para seguir em frente, eu simplesmente parei. Eu preciso continuar, eu sei, mas como fazer isso sem forças? Sem vontade? Meus pés não se movem.
O que eu tenho que fazer? Me diz eu te imploro...
Você pode me escutar? Você pode me ajudar? Se não for você quem pode então? Diga quem eu devo procurar porque eu tenho que aprender a sobreviver sem a sua presença.
Eu precisava tanto te sentir novamente. Ah Meu Deus! Que calor é esse que aqueceu meu peito? Eu devo estar ficando louca porque parece que teu perfume invadiu a sala e por um átimo de segundo eu pude sentir a sua presença. Estendo as minhas mãos mas eu não te alcanço ...
Como você me faz falta...
Eu me culpo e me recrimino todos os dias e me pergunto por que eu não estava ao seu lado naquele maldito carro?
Porque você não me esperou pra que pudesse pelo menos te dizer adeus? Eu corri o mais que pude quando recebi a notícia, eu senti você indo embora e não pude fazer nada ... eu juro que queria estar ali mais do que tudo na vida. Mas não deu tempo e quando eu cheguei e consegui prender teu corpo sem vida em meus braços soube que naquele momento eu estava morrendo também. Só que você, você se foi e eu... eu fiquei. Mesmo morta por dentro eu fiquei.
Não tenho mais lágrimas para chorar estou seca como um deserto, nada mais vai brotar de mim, nem bom e nem ruim.Essa certeza eu tenho. A única coisa que me consola é saber que um dia, em algum lugar vou voltar a te encontrar novamente, nesse dia vou renascer e deixar escapar dos meus lábios as palavras presas por tanto tempo, palavras que são suas e de mais ninguém : eu te amo minha menina!
Meus olhos sem brilho voltam a se perder na escuridão através da janela e lá fora a chuva continua a cair sem parar.
Fim do capítulo
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rhina
Em: 03/06/2016
As suas palavras reflete com perfeição a dor da perda.
Mais do que isso... a dor da ausência. O amor que queima o corpo o desespero do querer tocar abraçar.
Lindo realmente.
A princípio quando comecei a ler pensei em separação torcendo para não ser o inevitável. A separação definitiva do corpo e alma.
Mas é justamente esta. Mas já não podia parar, continuei e sofri junto até o fim.
Parabéns autora.

Ana_Clara
Em: 02/06/2016
Lindo, lindo, lindo! Fiquei emocionada com essas linhas escritas e desejando que não fosse a morte a causa de tanta dor, afinal para tudo damos um jeito, menos para o findar da vida.
Resposta do autor em 02/06/2016:
Oi Aninha minha linda!
Não há nada mais definitivo que a morte. E pra quem ama a dor é tão absurdamente cruel que realmente rouba a vontade de viver.
MUito obrigada pelo elogio e por seu comentário.
Bom te ver por aqui também.
Beijos enormes
K.
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