Dois dias.

Faltavam exatamente dois dias para o meu encontro com Carol. Meus nervos estavam à flor da pele.

Depois daquele momento meio esquisito que passamos, tudo voltou ao normal.Nos falávamos todos os dias e contávamos juntas os segundos para o grande dia.

Saí de casa como de costume e fui para o trabalho, estava estranhando Carol ainda não ter respondido ao meu bom dia, mas procurei não levar a mal. 

Comecei a me preocupar quando deu meu horário de ir embora e eu não havia recebido nenhuma resposta de Carol. Cheguei na faculdade e fui checar o Facebook. 

Fiquei alguns minutos olhando para a tela sem acreditar. Carol havia feito mais uma publicação, na verdade uma alteração de status de relacionamento, ao invés de solteira, agora havia lá um “Em um relacionamento sério”. Abri os comentários para tentar entender melhor que merd* era aquela. Minha decepção só aumentou quando li o seguinte comentário de uma das amigas dela “Que gracinha! Estou gostando de ver! De mãozinhas dadas e tudo no Drink ontem!”

Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo, era óbvio que não tínhamos nada, mas poxa, estávamos com um encontro marcado, ela se mostrava interessada esse tempo todo e agora acontecia isso. Minha ficha caiu e percebi que enquanto ela estava sendo fofa comigo na noite anterior, ela provavelmente estava lá com a tal namorada!

Senti as lágrimas transbordando de meus olhos e não consegui mais me controlar. Corri para o banheiro, não queria que me vissem naquele estado.

Entrei em um dos reservados e finalmente soltei o choro.

-- Diana? - reconheci a voz de Luíza.

Eu não conseguia responder.

-- Diana, abre a porta, o que aconteceu? - ela insistia.

-- Não é nada! Só me deixa aqui um pouco - falei entre soluços.

-- Eu não vou arredar o pé daqui! Abre!

Ainda fiquei mais algum tempo ali tentando me controlar, mas percebendo que Luíza não ia embora, abri a porta. Ela me olhou assustada, mas não disse nada, apenas me abraçou apertado e deixou que eu chorasse em silêncio.

****

Eu finalmente tinha conseguido me controlar, havia passado um pouco de corretivo no rosto e estava sentada na cantina enquanto Luíza enfrentava a fila para me comprar um suco de maracujá.

-- Não não não, pode tirar essas lágrimas desses olhinhos!! - Disse Luíza colocando o suco e mais um chocolate gigante na minha frente.

Eu apenas sequei meus olhos e forcei um sorriso.

-- Eu não quero me meter onde não fui chamada, mas quero te ajudar. O que aconteceu? Foi a sua ex? - A voz de Luiza estava carregada de preocupação.

-- Não, não foi a Juliana, mas não gostaria de falar disso agora. - eu não conseguiria falar sobre o que aconteceu sem desabar novamente.

-- Tem algo que eu possa fazer para você se sentir melhor? - Ela perguntou tocando minha mão sobre a mesa.

-- Eu só quero esquecer o que aconteceu. 

-- Vem comigo então - Ela disse me puxando pela mão e me guiando até um carro prata estacionado em uma rua próxima à faculdade. Ela destravou a porta e abriu para que eu entrasse.

Entrei desconfiada.

-- Para onde estamos indo? - perguntei.

-- Confia em mim! - Ela respondeu com simplicidade e, mesmo mal a conhecendo, confiei.

Andamos cerca de 20 minutos pela BR e em seguida pegamos uma estrada de terra. Ela parou em um lugar que eu nunca havia visto em BH e que nos dava uma visão privilegiada da cidade inteira.

-- Nossa, aqui é tão lindo! - Falei.

-- Gosto de vir aqui quando tenho algum problema, é silencioso e a vista é linda - ela disse sorrindo de leve.

Ficamos ali em silêncio apenas observando a vista da cidade. Ventava frio ali, Luíza percebeu e me entregou sua jaqueta. Pude sentir seu perfume amadeirado nela. Apenas sorri agradecida.

-- A garota que eu estava conhecendo...Ela não é quem eu pensei que fosse. - falei em um sussurro.

-- Por isso vocês estava daquele jeito? 

-- Sim… sei que pareço idiota mas acabei me apegando… estávamos muito próximas… pelo menos eu achei que estávamos. - falei controlando as lágrimas.

-- Não fica assim, nenhuma garota no mundo merece as suas lágrimas. - Ela disse secando meu rosto com a ponta dos dedos.

Luíza me abraçou pela cintura e eu apoiei minha cabeça em seu ombro permanecemos assim por um longo tempo. E foi como se eu desligasse minha mente do que havia acontecido.

-- É melhor irmos, está ficando meio tarde. - Falei sem me afastar dela e pude sentir uma arrepio passando por seu pescoço.

Ela me guiou pela mão até o carro e partimos, fomos conversando por todo o caminho mas sem tocar no assunto Carolina.

-- Bom… até amanhã. Obrigada por tudo! - Falei soltando o cinto de segurança.

-- Nem precisa agradecer! Qualquer coisa me liga. - Ela beijou minha face e eu saí do carro.

Entrei em casa e fui direto para o quarto, evitei Fernanda, não queria falar sobre o ocorrido. 

Tomei um banho quente e me deitei, só então me permiti desabar novamente.

Fim do capítulo