Capítulo 1
Sou Breta pertenço à etnia Celta, minha mãe me criou como princesa, mas o meu pai, por ser a sua única filha me ensinou a ser uma guerreira, já que por ser chefe de nossa tribo, com a morte do Rei, meses atrás assumira por aclamação, o trono do meu país. Aliás, filha de um guerreiro impiedoso para com os seus inimigos, mas amado por seu povo, cresci correndo pela relva, montanhas e florestas a guerrear imaginariamente e no qual, dias atrás, em um campo, após travar uma batalha sangrenta para salvar o meu povo, o deixei banhada pelo sangue do meu amor.
Com a ajuda da Deusa Mãe, a conheci, era uma tarde muito quente, o vento assobiava a melodia criada pela natureza, como se ela manifestasse pelo que estava por vir. Depois de ordenar que fosse preparado o acampamento, conhecedora do lugar, montei em meu cavalo e cavalguei até um rio, no qual, eu costumava saldar a Deusa Mãe e me purificar, certamente precisava tirar de minha mente os olhares de piedade, de clemência dos habitantes da aldeia, por mim invadida, a mando do meu pai.
Foi nesta invasão, eu comecei a contrariar os desmandos do meu pai, após ver a atrocidade por ele comandada contra um povoado que se insurgira, ao ver tanto sofrimento clamei para que ele não ordenasse queimá-lo e matar todos daquele clã. Após salvá-lo, deixei aquele povoado jurando regressar para ajudar aquele clã, reerguê-lo e, assim o fiz.
Meses depois, após horas de discussões, que mais parecíamos estarmos discutindo acordo entre clãs, consegui, com a ajuda de minha mãe convencê-lo. No dia de minha partida, deixei o Castelo sobre protestos de meu pai e lágrimas de minha mãe, antes de sair ele prometeu que se não voltasse em um ano, ele mandaria os seus melhores guerreiros para me buscar e acabar com o que tinha a meu pedido deixado em pé e vivo.
Durante meses, além de reerguer o povoado, os seus campos, treinei todos os integrantes daquele clã, homens e mulheres, temerosa com os desmandos do Rei, o qual, para minha tristeza, era o meu pai, a fim de protegê-los. Para o nosso azar, entre os integrantes daquele clã tinha alguns traidores, que o mantinham a par de tudo e fizeram chegar aos seus ouvidos, o nosso progresso, e mandou vários mensageiros, com ordens para que eu deixasse aquele povoado.
Há tempo os seus desmandos ceifavam a minha esperança em seu reinado, a cada notícia de suas atrocidades, sentia em meu corpo o sofrimento por ela causado em meu povo. E das poucas vezes, que fui ao Castelo para visitá-lo, ou quando por ordenada, pude ver nos olhos de minha mãe, uma tristeza descomunal. À medida de que o prazo por ele dado se findava os laços de amizade, de pertencimento daquele clã gritavam em minha alma.
Até porque, nesse ínterim, encontrei o amor, que a Deusa Mãe me presenteou e que o levarei tatuado para todo sempre em minha alma.
Lá estava eu, no mesmo rio que tinha banhado meses atrás, purificando o meu corpo e minha alma, deixando a natureza se manifestar e me mostrar o caminho a seguir. Por certo, perdida em meus pensamentos, não vi quando uma mulher, para mim uma deusa celta, a natureza manifestada naquele ser se aproximar, em seus braços uma criança, tão linda como ela.
Mas em seu olhar gritava a tristeza, aliás, comum a todos que não pertenciam à nobreza, mesmo maltrapida, magra, ao vê-la o amor surgiu, até hoje não consigo descrevê-la, garanto não haver possibilidade de existir neste mundo alguém que a ela se iguale, tamanha a sua beleza.
Na magia do momento, o meu coração rufou em harmonia a canção que o vento sussurrava em nossos ouvidos, por segundos incontáveis conversamos por entreolhares, mas fui dispersa quando a vi desfalecer, mesmo estando nua, corri ao seu encontro, peguei a criança em meus braços, fiz de minhas vestes uma cama e a coloquei.
Voltei para perto daquela mulher, com muito cuidado a despi, por fração de segundos meus olhos passearam por seu corpo franzino, fui tomada por um sentimento ímpar, como se eu conhecesse cada pedaço e como se ele fosse o seu reinado. Naquele momento a rainha era aquela mulher e eu a sua vassala a cuidar de suas feridas, de saciar a sua sede e sua fome, quando ouvi ao longe o trote de cavalos, busquei uma peça de roupa, munida de minha espada fiquei a espreita até ter a certeza de que se tratava de meus guerreiros, que estavam a minha procura. E sobre os meus cuidados e a proteção de meus guerreiros, levei mãe e filha para a minha casa, nela durante dias, muito deles terríveis, nos quais, me se senti impotente para ajudá-la a lutar por sua vida, mas, à medida de que ela se curava, nós nos apaixonávamos.
Mais uma vez, os seus lacaios, traidores de seu clã, fizeram chegar aos ouvidos do meu pai, o meu amor por uma mulher, a qual se tratava de uma pobre serva, ordenou que os seus melhores guerreiros fossem até o povoado, que eles me trouxessem, o pior, que eles matassem a minha mulher e seu filho. Por sorte, a minha mãe mandou uma criada me avisar, para protegê-los em uma cerimônia simples o sacerdote nos casou, para que no caso de na batalha a travar viesse a morrer, como princesa ela e a filha fossem poupadas.
Em um dos momentos mais felizes de minha vida, protegida por todo o meu clã, vimos quando os guerreiros do meu pai, dando cumprimento à nefasta ordem do meu pai, e para minha tristeza guerrearam com quem venci muitas batalhas em nome do Rei. Durante dias os meus bravos guerreiros resistiram, o que fizera meu pai vir pessoalmente, como era cruel, ver o ser que me dera vida, querer matar a minha família e o clã, que passei a pertencer..
Mas, a surpresa maior, era ver a minha mulher travar uma batalha, com a espada que ela mesma forjara, com o meu pai, a fim de defender a sua família, melhor dizendo, a nossa família, o nosso pequeno reinado. Para minha tristeza, vi o meu pai tombar morto, daquela luta pra mim tão cruel e dolorida, por descuido, não vimos um guerreiro se aproximar e feri-la, desesperada, vi todos os guerreiros de meus pais entregarem suas espadas, nada, ninguém me demoveria de salvar a princesa de meu reino.
Com minhas vestes banhada com o seu sangue, peguei-a em meus braços, em meu íntimo clamava a Deusa Mãe por sua vida, todos aqueles que cruzaram o nosso caminho, silente se curvaram a guerreira em meus braços.
Por meses, com a ajuda de todos, da rainha, que era a minha mãe, dos sacerdotes e das divindades por nós cultuadas, travo, ou melhor, acompanho a luta de minha mulher por sua vida. E, nos momentos, nos quais eu sou a serva da rainha do meu pequeno reinado, quando estou a banhá-la ou a trocar as suas vestes suadas, cultuo o seu corpo e amo em silêncio. Mas, em todos os momentos quando olho para a nossa cama, ela está em seu trono, mesmo estando a reinar em um mundo só seu, tenho a certeza de que em algum lugar, no qual os pensamentos estão a viver, o seu olhar me diz que estou ao seu lado, vivendo a plenitude do nosso amor.Como ele me faz acreditar, que sairemos vencedoras desta batalha e reinaremos felizes, não só o nosso pequeno reinado e o que por direito herdarei.
Fim do capítulo
Pra você meu Mar...
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