Larissa

                   Ouvi batidas desesperadas na porta, o que diabos aconteceu? Lá fora caia um pé d’água. Abri a porta e Mile já foi falando:

- Então, eu levantei para tomar água, o interfone tocou, o guarda parecia assustado, pensei que era um ladrão ou algo do tipo, mas...

- Milena agiliza que quero voltar para cama.

- Ok! A Isa estava lá no portão e disse que só saia de lá depois que falasse com você, o guarda disse que ela é louca. Ri do que ele disse e mandei que ela entrasse, então querida amiga corra e vá ver sua princesa indefesa, ela deve estar chegando na porta ai. E agora sou eu quem vou pra cama.

                    Beijou meu rosto e se retirou, eu fiquei sem ação por um momento, em seguida desci as escadas quase correndo. Abri a porta e avistei Bella, completamente molhada, ela caminha em minha direção e antes que pudesse dizer algo ela me beija. Fico meio travada no começo somente por um instante, afinal não tinha como retribuir aquele beijo delicioso. Boca perfeita, beijo perfeito, mulher perfeita, a única coisa que não foi perfeita foi o trovão que fez ela se assustar. Notei que ela, estava molhada da chuva levei-a a meu quarto, deixei uma camisola no banheiro pra ela vestir depois do banho. Indiquei onde ficava o banheiro ela se recusa a ir antes de conversarmos digo para que ela que eu não vou a lugar nenhum ela concorda e vai para o banheiro.

                      Não conseguia pensar com clareza, ouvir o barulho do chuveiro, imaginando a água escorrer por seu corpo nu, suas mãos deslizando por seu corpo moreno. O meu Deus, isso é tortura preciso sair daqui para não entrar naquele banheiro e agarrar ela ali mesmo. Desci para a cozinha Milena estava lá. Me olhou com uma cara do que diabos você está fazendo aqui.

- Precisava sair de lá.

- Eu não falei nada.

- E precisa Mile? Ela está no banho e minha mente me traiu.

- Hum, imaginou ela pelada né?

- Não imaginei nada, aquilo foi uma tortura, e nem sei o que ela veio fazer aqui ainda.

- Pensei que isso estava claro já, quem em sã consciência vem na casa dos outros de madruga e ainda por cima em um temporal desse? Bom se você não sabe quem faz esse tipo de coisa, eu lhe conto chega mais perto, vem cá.

                     Se aproxima de mim e diz bem baixinho como se fosse um segredo.

- Quem faz isso minha cara amiga são as pessoas que estão apaixonadas.

- Você acha?

- Eu já errei alguma vez?

                    Olho para ela esboçando um sorriso, percebendo meu comentário que viria a seguir completou a frase.

- Tirando aquela fez que eu estava bêbada e dei em cima da cara que era gay.

- Pois é.

- Olha está aqui um chocolate quente para vocês, e faça-me o favor volte para aquele quarto e se resolva com ela.

- Não sei o que fazer.

- Converse, escute é simples. Agora vai lá.

- Obrigada Mile.

- Desponha, só não abuse demais ok?

                    Subi as escadas, entrei no quarto e ela ainda estava no banheiro, não ouvi o barulho do chuveiro, estava perdida em pensamentos quando de repente ela aparece, com os cabelos molhados, naquela camisola branca, me perguntava se tinha uma forma de eu olha-la e não babar literalmente. Se aproxima de mim e começa a falar que não sabe o que eu faço com ela. Quem dera eu soubesse o que ela fazia comigo. Pede desculpas por ter feito aquilo e tenta se explicar, minha única preocupação era o perigo que ela correu ao se deslocar até ali naquela chuva.

                      Aproxima-se e segura minhas mãos, diz que não parou de pensar em mim, até pensou que eu tinha ficado com raiva dela, tento dizer que não, ela diz que Milena contou o porquê de eu não ter atendido as ligações. Fala que depois que leu a sms precisava falar comigo. Continuou falando:

-Nunca em toda a minha vida fiz isso, sair no meio da noite a procura de uma mulher. Eu sei que posso me magoar, sei que você é minha chefe, é mais nova, mas nada disso importa no momento. Só te peço que deixemos as coisas acontecerem, sem promessas, sem cobranças. Ainda tenho muito medo de ter o coração mais uma vez despedaçado. Não estou dizendo que você vai fazer isso, mesmo assim ainda sou cheia de cicatrizes, de feridas que não curaram. Quero sim me dá uma chance de ser feliz, e se for com você estou disposta a deixar você me conquistar ainda mais.

                         Fiquei feliz com a atitude dela, e percebi que talvez Milena estivesse certa mais uma vez. Disse em seguida:

- Eu errei em ter sido tão intensa no sábado, assustei você, até pensei em voltar atrás e te dizer que poderíamos ir nos conhecendo. Mas tinha te prometido esperar seu tempo. Fiquei feliz de você ter vindo aqui, eu quero conquistar você, e vou te provar que apesar da idade sou bem madura.

                          Ela não falou mais nada. Aproximei nossos rostos e a beijei. Mais uma vez um trovão faz com que nos separemos, percebo que ela tem medo de tempestades.

- Parece que você tem um certo medo?

- N-não.

                         Me responde para em seguida ser traída por suas palavras, escutamos mais um barulho imenso e as luzes se apagaram, ela se joga no meu colo.

- Pelo visto também tem medo de escuro.

- Ok! você deve me achar uma medrosa agora.

- Sim, a medrosa mais linda do mundo.

                         Os raios que clareavam o céu iluminavam seu rosto, deixando-a ainda mais linda se é que isso era possível. Abraçou-a forte e digo:

- Não se preocupa, eu protejo você. Tem mesmo medo de dormir no escuro?

- Um pouco.

                         Sorri sem graça, em seguida tento me mover ela pergunta com uma cara de medo que me deu vontade de enche-la de beijos.

- Onde você vai?

- Pegar umas velas, afinal você tem medo de escuro.

- Não posso dormir aqui.

- E vai sair nessa tempestade?

- Sim, quer dizer não.

-Façamos o seguinte, hoje você dorme aqui comigo. E nem adianta contestar Dra. Advogada. Prometo que só dormiremos, amanhã você passa em casa antes de ir para empresa. Ou pode usar uma roupa minha, você escolhe.

- Não quero incomodar. Posso dormi em outro quarto.

 - Bom se você prefere dormir sozinha no escuro e com essa tempestade posso te levar para um dos quartos de hospedes.

                        Ela parece ficar pensativa por alguns segundos, sabia que ela não iria querer dormir sozinha. Olha para mim e diz:

- Tudo bem eu durmo aqui.

- Sabia escolha, agora deita ai quietinha que eu vou buscar outro cobertor e as velas para acender.

                          Peguei as velas e acendi um pouco distante de algo que pudesse ocasionar um incêndio, arrumei os cobertores e nos deitamos na cama. Bella ficou um pouco distante de mim o que estranhei, afinal eu não mordo claro que se ela pedisse isso eu o faria com todo prazer. Ela estava tensa e isso era nítido. Mais um trovão dessa vez foi a meu favor, o barulho fez com que ela me agarrasse.

- Calma, eu tô aqui.

                    Abracei-a forte tentando transmitir segurança. Sua cabeça repousava em meu peito, sua estava entrelaçada a minha, era o encaixe perfeito.

- Você é sempre assim?

                     Me pergunta curiosa.

- Assim como?

- Desse jeito, prestativa, atenciosa, e linda?

- Bem as duas primeiras podem até ser, enquanto à linda quando você me ver amanhã quando eu acordar acho que vai pensar diferente.

- Impossível!

- Você verá.

                     Aquele escurinho, ela ali em meus braços, minhas mãos em seu corpo, e eu estava imensamente feliz. Percebi que ela estava quase dormindo. Não conseguia parar de observa-la, tudo nela era perfeito, os olhos, os traços do rosto, os lábios. Eu estava completamente fascinada por Bella. Poderia passar o resto das minhas noites velando seu sono e não me cansaria. Queria ela para mim, e usaria de todo o meu charme para tê-la. Passei a maior parte do resto da madruga olhando-a. Acordei por volta das seis da manhã. O sol entrava pelas cortinas da janela do quarto. Tentei me mover e o braço dela me prendia a cintura, como se estivesse com medo que eu saísse no meio da noite. Sorri ao ver sua expressão tão serena, passei a mão levemente eu seu rosto, me desvencilhei de seu braço e sai para preparar nosso café da manhã.

                      Desci as escadas cantarolando uma música qualquer a chegar na cozinha Suse já estava por ali, me olha e diz:

- Que felicidade toda é essa?

- Nada demais. Só acordei animada.

- Certo, será que não tem nada a ver com uma certa visita que apareceu na madruga?

- Talvez. E como você sabe disso?

- O coitado do guarda me disse hoje de manhã. Falou que Isabella é decidida e assustadora apesar do tamanho.

                      Dei risada, eu bem conhecia esse lado dela.

- Bom se você já sabe será que pode preparar um café da manhã para eu levar lá no quarto?

- Claro, pelo visto ela é especial mesmo. Está no seu quarto, você levando café da manhã e tudo mais.

- Ela é sim Su, ah.. será que posso roubar uma de suas rosas?

- Eita que a paixão te pegou de jeito minha menina. Esse romantismo todo, esse brilho nos olhos que há muito tempo não via, fico feliz querida. Pode ir lá pegar uma rosa assim que você voltar a bandeja vai estar pronta.

                       Segui para o jardim, escolhi uma rosa vermelha. Voltei para a cozinha com a rosa na mão minha amiga palhaça já estava tomando café.

- Pelo visto alguém dormiu muito bem não é mesmo Suse?

- Bom dia para você também Mile.

- Nem vou me dá o trabalho de te desejar um bom dia afinal esse seu sorriso ai de orelha a orelha já me diz que seu dia está ótimo.

- Está sim.

- Então posso ir para a empresa sozinha ou você vai?

- Pega o carro, pretendo chegar um pouco mais tarde hoje. Qualquer coisa me liga. Deixa eu levar isso antes que Bella acorde.

- Nossa assim até eu viro lesbica, ser trata assim é o sonho de toda mulher.

- Menos Mile, até mais tarde.

                             Saio da cozinha, ao chegar no quarto Bella ainda dormia, suas pernas descobertas revelavam umas coxas definidas, que eu quase derrubei a bandeja quando vi. Antes que eu fizesse um verdadeiro desastre coloquei-a na cama um pouco afastada dela claro. Sentei-me a seu lado, passei minhas mãos por seus cabelos, meu polegar fez o contorno de seu rosto indo da sobrancelha ao pescoço ela esboçou um sorriso ao sentir meu toque, abre os olhos lentamente e diz:

- Isso é um sonho por que se for não quero acordar agora.

                              Tinha como ser mais fofa gente? Sorrio e aproximo minha boca do seu ouvido e digo:

- Se for sonho você sentiria isso?

                                Pergunto beijando seu pescoço, aquele cheiro delicioso, aquela mulher era incrível. Ela solta um longo suspiro. Continuei falando:

- E isso você sentiria?

                                 Beijei sua boca, com todo o cuidado, sem pressa alguma, queria ficar ali para sempre com ela. Escuto um pequeno gemido. Acho engraçado como ela ficava apenas por eu beija-la. Interrompo o beijo e ela reclama ainda de olhos fechado:

- AHH! Porque parar agora? Estava tão gostoso!

- Se ficarmos assim esse café da manhã maravilhoso que trouxe para gente vai esfriar.

- HUM! Café da manhã, ou mais beijos seus? Isso é uma questão difícil de se escolher.

- Ai é? Quer dizer que só pode fazer uma coisa de cada vez? Assim eu vou jogar esse café pela janela.

- Nãooo. Podemos fazer as duas coisas prometo.

                                   Peguei a rosa que estava na bandeija e entreguei para ela. Vi seus olhos brilharem e um sorriso sair de seus lábios. Parecia criança quando ganha doce. Senta-se na cama de frente para mim, e diz:

- Bom, você cuida de mim no escuro, me tirou de uma tempestade, dormiu agarradinha em mim, traz café na cama, e além de tudo isso me dá uma rosa. Assim eu me apaixono.

- Bem isso tudo faz parte do meu plano.

- Ai é? Quer dizer que tem toda uma tática?

- Claro que sim, você ainda vai ser minha Bella. Mesmo que não seja agora. Você ainda vai ser minha.

                                      Pensei que novamente ela fosse se assustar com o que eu falo ao invés disso ela chega mais perto de mim, senta em meu colo. Passa a mão em meu rosto, e me beija.

Fim do capítulo