Isabella

                   Que horas mais infeliz Benjamim tinha para me ligar, só de lembra do sonho fico excitada. Um banho era disso que eu precisava, antes de ir para o banheiro preciso avisar Larissa para onde vamos. Depois de acertar os detalhes, corro para o banho. Minutos depois Maísa me liga dizendo que estavam aqui. Autorizo a subida dos dois e arrasto ela para me ajudar a escolher a roupa certa.

                    Benjamim vai logo para o videogame, parece até criança esse meu amigo. Tirei quase todas as minhas roupas do closet e Maísa impaciente reclama.

- Olha juro que se você trocar de roupa mais uma vez te arrasto dessa casa de calcinha e sutiã.

                      Meu celular toca era Milena.

- Oi Mile. Tudo bem pode subir que estou acabando de me arrumar.

- Espero que agora você se decida. Vou lá recebe-las.

- Credo Maísa que mal humor é esse? Já me decidi. O que você acha?

- Olha amiga você sabe que não gosto da fruta, mas, até que você ficou bem gostosa nesse vestido.

                  Sorri sem jeito pelo comentário dela. Escolhi um vestido vermelho com um decote na frente e costas nuas.  Maísa vai atender a porta. E meu corpo já fica tenso só de pensar que Larissa já estava ali. Arrumo minha maquiagem e passo um pouco de perfume. Saio em direção a sala e vejo Milena e Maísa e nada de Larissa onde será que estaria?

- Ela está na varanda Isa.

                 Milena me diz apesar de eu não ter perguntado nada. Agradeço e saio em direção a varanda. Ela encerra a ligação e sorri ao me ver. Posso sentir seus olhos sob o meu decote. Abri a porta de vidro e me desculpei pela demora. Ela diz que não demorou tanto em seguida diz que estou linda. Não fazia ideia de como era ela que estava. Saímos em seguida. Fomos sozinhas em seu carro adorei a forma como ela não conseguia parar de observar minhas pernas. Quando chegamos ao restaurante ela puxa a cadeira para que eu me sente, Maísa em seguida começa a bater em Ben por ele não trata-la da mesma forma. Ele diz que não tem mais necessidade de conquista-la. Larissa diz que uma mulher deve ser conquistada todos os dias. Quando penso que ela não poderia me surpreender mais ela vem com uma dessas. Quase me derreti inteira naquela cadeira, imagine aquelas cenas de desenho animado onde a personagem muda de estado sólido para líquido.

               As conversas eram diversas na mesa e eles queriam sair para dançar. Seguimos para uma boate que já estava repleta de gente, os três foram para a pista enquanto eu e Larissa fomos em direção as mesas no segundo andar. Milena já estava grudada em um carinha, que parecia querer vira-la do avesso, de tanto que sugava sua boca. Sorri e disse para Larissa que Mile não perdia tempo. Ela diz que perdeu a conta de todas as vezes que saiam juntas e Milena a deixava sozinha. Fiquei curiosa e achei meio improvável que ela realmente ficasse sozinha. Afinal só um cego que não iria notar toda aquela beleza que ela tinha, aliás acredito que até um cego iria quere-la só pelo seu cheiro. Ela segura minha mão e diz que nunca foi de sex* casual, as vezes acontecia de ela se interessar por alguém, mas nunca saia para caçar como Milena. E continua segurando minha mão até que nossos amigos voltam e as conversas seguem animadas. Ela coloca a mão em volta de mim e sorriu para ela. Depois de algum tempo Maísa se despede de todos alegando que Benjamim já está bêbado. Milena some em seguida e diz que aparece para o almoço.

                Resolvemos ir embora, ela me leva em casa. Pensava em mil e umas desculpas para faze-la subir comigo, até que uso Nikki como argumento. Ela concorda em subir. Quando saímos do carro ela coloca sua mão em minhas costas, eu a puxo para mais perto e assim seguimos todo o percurso até meu apê. Adorei senti-la tão perto de mim.

                Ao entrarmos Nikki vem ao nosso encontro, acho engraçada a forma que ela brinca com minha cadela, e digo que ela é uma meninona. Sou pega totalmente de surpresa quando ela diz que pode ser o que quiser que ela seja. Começo a gaguejar e pergunto se ela que comer ou beber algo. Em seguida ela pergunta se eu ainda não entendi que tudo o que ela quer sou eu. Nessa hora juro que quase tive um AVC, uma parada cardíaca ou sei mais lá o que poderia me matar. Encosta seu corpo no meu e me dá um beijo de tirar o fôlego. Nunca havia desejado tanto um beijo como aquele, parecia que nada mais importava naquele momento, tudo o que eu queria era leva-la para meu quarto, e estar com ela até saciar meu desejo daquele corpo perfeito. Temos que interromper o beijo para respirar, cola sua testa na minha e fica assim por um tempo com a respiração ofegante.

                 Empurro ela em direção ao sofá, sentando em seu colo. Ela me beija de novo, já me sinto completamente molhada de tanta excitação, queria toca-la mais livremente, mas a jaqueta não me permitia isso, a tiro de qualquer jeito a jogando em algum lugar da sala. Minhas mãos tocam sua pele que estava em chamas, isso me deixa ainda mais louca, começo a me movimentar em cima dela, meu corpo necessitava de um contato maior, passo minhas mãos em seus cabelos e deixo meus dedos ficarem em sua nuca. Observo que aquele é seu ponto fraco onde ela perde todo o controle. Segura minhas coxas com força, tudo parecia se encaminhar perfeitamente bem até que ela me pede para esperar. Fiquei confusa, achei que tudo o que queria era que deixasse acontecer. Fui invadida por um medo absurdo assim que me contou que queria algo que fosse especial.

                  Minha cabeça ficou ainda mais bagunçada. Achei que só seria uma noite à toa, ou duas ou quem sabe mais vezes, não podia acreditar que ela realmente queria algo sério comigo. As Lembranças de tudo o que sofri com o que Alana me fez. Todas as suas promessas não cumpridas e suas mentiras. Me senti péssima ao compara-las mas ainda tinha medo de viver algo intenso. Larissa fica triste e me pergunta se ainda amo Alana. Nem eu sei ao certo o que ainda sinto por ela. Depois de tanto amor achei que viraria ódio, após tantas sacanagens que ela me fez, digo que não a amo mais, não muito convicta disso. Caminho de um lado para outro da sala, sem saber ao certo o que fazer, não podia me arriscar de novo. Larissa era minha patroa, mais nova do que eu, e ainda por cima ficaria ali por meses apenas, seria mais uma vez quebrar a cara, e se eu me apaixonasse e ela fosse embora? Como eu ficaria? Permaneço em silêncio ela me diz que quer provar que é diferente, eu não pronuncio nenhuma única palavra, ela me diz que vai esperar que eu me decida. Me beija no rosto e vai embora.

                Droga, droga, droga! Porque tenho que ser tão covarde assim? E porque diabos ela precisava querer algo mais além de uma maldita trans*? Tinha que ser tão certinha e honesta com seus sentimentos, ora Isabella, agora a pouco você pensava na sacana que nunca foi honesta com você, e reclama da honestidade da outra. Olho para a poltrona e vejo que ela deixou a jaqueta, sinto seu cheiro na peça e lembro dos seus olhos, deixo que algumas lagrimas escorram dos meus.

                Acordo no domingo sentindo algo tocando meu rosto, sentia o cheiro de Larissa e gemi pensando ser ela, foi então que Nikki late, o cheiro vinha da jaqueta que por sinal eu dormi abraçada, fecho os olhos suspirando e desejando ser um pouquinho menos complicada. Nikki parece perceber minha tristeza e se deita em meu peito.

- Ah filha! Mamãe não está nada bem.

                  A cachorra me olha e parece entender o que digo. Estava com uma vontade imensa de ligar para Larissa, mas o que ia dizer? Afinal quando tive a chance fiquei parecendo uma muda de tão calada que fiquei. Acho que nem mudo teria ficado tão calado na verdade. Quer saber preciso de um banho, e de colo. Já sei, vou passar o dia na casa dos meus pais. Afinal nada melhor que conselho e cuidados da mamãe nas horas de sofrimento.

                Dirigia tranquilamente, a casa dos meus pais era um pouco distante levaria cerca de 45 minutos para chegar lá. Era quase meio dia, me perguntava o que será que Larissa estaria fazendo, checava o celular a cada segundo, na esperança de ela ter dado notícias mais nada.

                 Assim que estaciono o carro na garagem escuto a voz de Dona Helena.

- Olha só, quem é vivo sempre aparece.

- Menos mamãe.

                Abraça-me, quase que me sufocando. Minha vontade era de não sair mais dali. Aqueles braços sempre me acolheram em todas as circunstancias. Ela percebe que tem algo errado comigo. Afinal mães sempre sabem de tudo:

- O que aconteceu meu anjo, está com uma carinha tão triste.

- Podemos conversar depois?

- Claro Isa, vamos entrar, estão todos curtindo na piscina.

                Caminhamos em direção a piscina, papai fica muito feliz ao me ver, é claro que escutei mil reclamações e lamentações por não os ter visitado mais. Isac meu irmão a cada dia ficava mais gato, imaginei que se conhecesse Milena com certeza acabaria em romance. Minha irmã Iara, o marido Alberto e meu sobrinho estavam para chegar também. Observava meus pais, mesmo depois de tantos anos casados ainda eram um grude só. A cena era linda, pai sentado e minha mãe em seu colo, volta e meia trocavam selinhos. Resolvo cair na piscina. Vou até meu antigo quarto e visto um biquíni.

                  Depois de nadar um pouco fico perto da borda da piscina. Isac chega perto de mim e pergunta:

- Isa, o que você tem? Está distraída e distante, a última vez que ti vi assim foi quando descobriu as safadezas de Alana.

- Ai Isac, você já conheceu alguém e em menos de 24 horas senti algo que não conseguiu explicar? Uma conexão sei lá.

- Claro como você acha que levo as gatas para os motéis da vida.

- Ai que horror garoto. Não tô falando de tesão, pelo menos não só disso, é mais como uma vontade de estar perto, mesmo sem ser fazendo sex*, só na companhia da pessoa entende?

- Não. E afinal de contas você conheceu alguém é isso?

- Sim, ela é incrível. E não faz nem dois dias que nos conhecemos saímos ontem, no fim da noite achei que ia acontecer algo. Ela me levou em casa até demos alguns amassos e podia jurar que ela queria o mesmo que eu.

- Claro. Isso seria gem*r loucamente a noite inteira. E goz*r feito loucas estou certo?

- Como você consegue mulheres afinal? É só chegar e chamar para gem*r?

                Esse moleque está ficando mais assanhado a cada dia. Depois do que disse isso ele caiu na risada. Mostrando o corpo para mim disse:

- Não maninha, está vendo esse tanquinho aqui? Elas caem matando.

- Serio Isac, se você me interromper de novo juro que não falo mais nada.

- Tudo bem prometo não dá nem mais um pio. Espera PIU, pronto pode continuar.

- Então você sabe que não consigo deixar ninguém se aproximar de mim depois do que aconteceu com Alana. Fiquei receosa em deixar me envolver com alguém. E ela não parece querer apenas sex*. Não quis deixar acontecer ontem porque quer que nossa primeira vez seja especial, enquanto eu pensava que ela só queria uma trans*.

- Eu sei que é complicado Isa, mas você não pode ficar sozinha para sempre. Uma hora você vai precisar vencer esse medo todo. Tentar de novo e quem sabe encontrar a mulher da sua vida. Melhor quem sabe você já não encontrou só não percebeu ainda. Você tá afim só de sex* com ela?

- Não, eu gosto dela, ela é diferente.

- Você quer ficar com ela de novo?

- Quero, apesar do medo.

- Então para de criar caso ora bolas, se ela quer que seja especial, deixe que seja. Se você quer ficar com ela que fique, deixe as coisas acontecerem, não fique ai remoendo coisas e mais coisas.

- Isac, ela é sete anos mais nova que eu, só vai ficar aqui por seis meses, e pior é a dona da empresa que eu trabalho.

- Ok! Por essa não esperava, não pela questão da idade, mas o fato de você está pegando a patroa.

                   Fez cara de espanto, eu que pensei que ele ia dar maior força para eu ficar com ela, ele segue falando:

- Bem, se ela vai ficar por pouco tempo também complica, se você se apaixonar por ela fica complicado, porque a vida dela é lá e não aqui, ai você vai sofrer, ou quem sabe vocês possam namorar a distância, não deve ser tão complicado.

- Quem tá falando em namorar aqui garoto?

- Ela, você não percebeu isso? Analisa comigo se ela pediu uma chance para mostrar que é diferente, disse que quer que a primeira noite de vocês seja especial ela quer namorar com você irmãzinha.

- Não posso namorar, não agora. Não assim sem nem conhecer a pessoa direito. Isso seria loucura.

- Seria sim, mas vai ver você está precisando de um pouco de loucura Isa. Só tem vivido de trabalho, nem aqui você anda mais. Você precisa superar a Alana. Dê uma chance a garota, diga que quer ir no seu ritmo, sem compromisso por enquanto, diga que que gosta da companhia dela. Quem sabe ela aceite isso. Se ela gosta mesmo de você ela vai te entender.

- Você tem razão, vou procurar ela e me explicar. Ah, ela tem uma amiga linda, depois de todos esses conselhos estou pensando em te apresentar a ela.

- Opa, agora o assunto ficou mais interessante.

                       Contei a ele de Milena e disse que ia marca alguma coisa para fazermos juntos. Mamãe nos chama para o almoço, acabou que Iara não apareceu. Ficamos por muito tempo conversando Dona Helena me chama e pergunta o que aconteceu. Contei sobre Larissa e tudo que aconteceu e a única resposta que tive foi:

- Isabella, vá ser feliz, chega de viver à sombra de um relacionamento mal sucedido. Chega desse medo absurdo de se magoar, você acha que eu e seu pai sempre fomos assim? Permita-se amar, não aquele tipo de paixão que você tinha por Alana, eu tô falando de amor, amor de verdade, daqueles que te faz perder o sono, não pensar em mais nada. Aceite que essa garota te faz bem. Viva nem que seja pelos seis meses que ela ficara aqui. Será melhor se arrepender por ter feito do que se perguntar como teria sido.

                      Depois dessa estava decidida a procurar Larissa, chega de ficar presa ao passado. Já passavam das seis quando resolvi ir para casa, não sem antes prometer que viria no fim de semana para o aniversário de Dona Helena. Assim que cheguei em casa liguei para Larissa, só caia na caixa postal, tentei o de Milena e nada. Resolvi deixar a seguinte mensagem:

“Larissa sou eu Bella, queria conversar com você, ehh... quando ouvir esse recado me retorna. Beijos.’’

                        O domingo foi embora e nada de ela me ligar, comecei a pensar que ela deveria estar chateada comigo e por isso desligou o celular. Ou foi assaltada, ai meu Deus será que ela chegou bem em casa? Será que foi para casa? Nada disso ela deve estar dormindo e o celular descarregou foi isso. Peguei no sono em meio a meus pensamentos confusos, até eu mesma me acho tão entediante que acabo dormindo.

Fim do capítulo