Capítulo 7- Dolorosas Lembranças.
Larissa
Enquanto esperava Isabella tomar banho, observei sua coleção de livros, alguns CDs, Nikki a todo instante estava perto de mim. Parecia tomar conta das coisas de sua dona. Tiro meus sapatos e sento no carpete brincando com a cadela. Depois de alguns minutos escuto a voz de Isa, implicando com a cachorra. Olho em sua direção e fico literalmente babando. Que mulher linda! Aqueles cabelos longos. Que eu com certeza adoraria puxa-los durante um beijo. Aquela boca perfeita, carnuda e me fazia querer devora-la. E aqueles olhos que ainda não tinha conseguido definir a cor. E que corpo era aquele? Com curvas perfeitas, eu bem desejando dar boas derrapadas por elas. Levantei-me e caminhei em sua direção. Parecia hipnotizada. Respirei fundo e senti seu cheiro. Fiz um esforço sobre-humano para não agarra-la ali e dar vazão a todos os desejos do meu corpo.
Observei que ela ficou tensa, e pude jurar que fechou os olhos, esperando um beijo, talvez? Não, nada disso, acho que só foi uma piscada de olhos mais demorada. E eu só queria pegar meu sapato que estava atrás dela. Ao calça-los olhei em sua direção e não soube decifrar aquele olhar que me lançou. Parecia frustrada, ou decepcionada. Não conseguir interpretar. Saímos rumo a mansão.
Quando chegamos Mile e Suse já nos esperavam na entrada. Olho para Isabella que parece encantada com o tamanho do terreno. Observa tudo com muita atenção. Zé leva o carro pra garagem. As duas se aproximam e Milena já vai reclamando da demora e me olha com uma cara de safada e diz que pensava que eu tinha errado o caminho. Essa criatura não toma jeito. Sei que mais tarde vou ser bombardeada com perguntas. Tudo o que preciso agora e de um banho. E me despeço das mulheres dizendo que retorno rápido. Vou andando em direção a casa e sinto que Isabella me observava caminhar. Seria coisa de minha cabeça? Imagina se aquela mulher magnifica ia da bola pra mim. Depois que tomei meu banho coloquei algo confortável.
Desço a escada e a cada passo que dou posso ver a cara de Bella me olhando. Estava estática com a taça de vinho perto da boca. Em seus olhos pude ver desejo. De repente ela bebeu o liquido todo de uma vez e sem parar de me olhar. Sentei-me não muito perto dela. E vi sua cara de felicidade ao me ouvir chamando-a de Bella. Se ela soubesse o que aquele sorriso fazia comigo, pararia de sorrir assim. Como podia ser tão linda? E as conversas se seguiram de uma forma natural. Conversávamos como se já nos conhecêssemos a muito tempo. Nos direcionamos para a área externa onde ia ser servido o almoço. Milena puxou Suse para sentar-se a seu lado, e deixando assim as outras duas cadeiras vazias. Minha amiga estava querendo me ajudar. Agradeço com um sorriso e ela me dá uma piscadinha.
Antes que Bella sentasse puxei a cadeira. Ela me olha e posso ver suas covinhas se formando nas bochechas, e em seguida sorri pra mim. Conversávamos animadamente e o dia estava sendo mais que agradável. Milena falava de suas aventuras amorosas e todas as confusões que elas causavam. Em certo momento Milena indaga:
- E você Isa, como anda de amor?
Minha única reação foi desejar esganar Milena. Como era cara de pau essa minha amiga. Perguntar algo tão pessoal. Mas Bella deu uma risada e disse:
- Nunca tive muita sorte no amor, fui casada. Na verdade me separei a pouco tempo. Ultimamente estou meio desacreditada nesse sentimento.
- Ora querida, talvez só tenha sido a pessoa errada. Disse Suse. Eu mesma já me divorciei duas vezes. E dessa vez estou mais afim de ficar sozinha. Não tenho mais idade para namoricos. E além do mais, tomar conta dessas duas não uma tarefa fácil.
- Suse, que absurdo. Você só separou porque só consegue caras ranzinzas e velhos. E não diga que damos tanto trabalho assim imagina o que Bela ira pensar da gente.
Olho para ela que ainda mantem aquele lindo sorriso em seus lábios.
- Verdade, nos últimos tempos estamos até comportadas não é mesmo Laris? Larissa não lembra nem mais como é dá um beijo na boca, a mais de um ano que não namora e nem fica com ninguém. E só fica em casa. Nem para as baladas vai mais. E não é por falta de insistência de minha parte. Quem sabe Isa, você não nos apresenta a cidade e convence essa velha de 21 anos a sair de casa?
Depois dessa minha amiga iria ficar sem ter onde dormi porque proibiria a sua entrada naquela casa. Quase que a fuzilei com o olhar, e ela deu de ombros e balbucia um “estou te ajudando’’. Minha surpresa maior foi ver que Bella. Sorria de tudo aquilo. E calmamente respondeu:
- Será um prazer. Só marcarem um dia estarei à disposição.
- Ótimo! Exclamou Mile. Que tal hoje? É sábado, amanhã ninguém trabalha. Podemos sair por ai e quem sabe você não me apresenta alguém.
- Ora Milena, não abuse da boa vontade de Bella. Você acha que ela não tem nada marcado para hoje?
Disse isso mais desejando imensamente que ela não tivesse nada e que a noite saíssemos juntas.
- Na verdade tenho sim algo marcado.
Pronto lá se foram minhas esperanças.
- Mas, é com meu amigo Benjamim e a namorada dele. Não vejo problema em saímos juntos. Se vocês quiserem é claro.
Olhou em minha direção. Imaginei se esse convite tinha sido pra mim. Antes mesmo que eu pudesse abrir a boca Milena já responde:
- Claro que não tem problema, adorei o Ben, conversei com ele mais cedo, super gente boa o cara. É só ligar mais tarde e dizer o lugar e nos encontraremos lá.
Vi a expressão de Bella mudar, parecia lembrar de algo, fiquei com um certo receio de saber o que seria, toquei sua mão e perguntei:
- Bella, tudo bem?
Ela pareceu se assustar com o contado. E eu senti meu corpo ser tomado por uma corrente elétrica. E juro que meus pelos arrepiaram. Ela sorri e responde:
- Tudo sim, só lembrei que ainda não fui pegar meu carro.
- Só isso? Não tem problema me dá o endereço da oficina para onde foi levado que peço ao Zé para ir buscá-lo com alguém.
- Não precisa se incomodar, quando eu sair daqui passo lá para pegar.
- Ora Bella, não será incomodo, me dá o endereço que peço para ele ir lá.
Ela me dá o endereço um pouco sem graça. Peço licença e vou procurar Zé. Ele estava na cozinha conversando com alguns funcionários.
- Zé me faz um favor?
- Claro Dona Larissa.
- Nada de dona Zé, vai nesse endereço com alguém que tenha carteira de motorista e procura por esse carro, e traz ele pra cá. É o carro da Isabella.
- Claro, vou chamar o Vicente para ir comigo.
- Obrigada Zé.
Dou um beijo estalado no homem e saio em direção as três que para minha surpresa não se encontravam no mesmo lugar. Estavam na varanda sentada nas poltronas. Mas apenas Mile e Bella estavam ali. Me aproximo e me sento ao lado de Bella.
- Bem o Zé foi buscar seu carro, só não gostei do fato de eu ter prometido para Nikki que te devolveria sã e salva. Mas agora você vai voltar sozinha.
Ela dá uma sonora gargalhada. E eu sorrio junto, não tem como vê-la sorrir e ficar indiferente.
- Olha não se preocupe aviso a ela que você teve que quebrar a promessa.
- Tudo bem então. Só espero que ela não deixe de gostar de mim.
Ela pergunta onde fica o banheiro. E depois que respondo ela sai com aquele rebol*do que estava me enlouquecendo. Então Mile fala:
- Amiga, fecha a boca que você tá parecendo uma demente.
E caiu na risada. Fiquei sem graça, e disse:
- É assim que estou me sentindo mesmo, essa mulher é incrível, linda demais, e esse sorriso, que sorriso lindo, quando vi ela caminhando, saindo do estacionamento e vi aquele corpo tive a certeza que era a mulher que eu havia visto junto com Ben e a namorada na sexta à noite quando chegamos.
- Era ela sim, perguntei a ele, e ele confirmou disse que estavam saindo da empresa no mesmo horário que chegamos. Adorei ele, pena que já tem compromisso.
- Milena, não posso ter esse tipo de sentimentos por ela, você mesmo viu que ela já foi casada. No mínimo deve me achar uma criança e além de tudo ela trabalha pra mim.
- Ora Larissa, me poupe, vi muito bem o jeito que ela te olha, ela pode até te achar novinha, mais te deseja sim que eu vi. Ela só faltou quebrar o pescoço olhando pra você quando chegaram e você saiu para tomar banho. E ela percebeu que eu notei. Ela não é indiferente a você acredite. E essa história de que é funcionária, não tem nada haver. Se você gosta dela e ela de você não deixe que isso atrapalhe.
- Eu percebo a forma que ela me olha, mas não posso simplesmente chegar na mulher do nada Mile, depois lá vou eu ser processada por assédio sexual, já imaginou?
- Não tô acreditando, logo você que sempre foi de ir atrás do que quer está com medo? Conheci você mais segura, agora está parecendo uma criança. Se não fosse por mim você não teria nem chamado a moça pra cá. E muito menos convidado para sair mais tarde. Esse seu tempo puritano te deixou meio lerda.
- Quando vi ela toda irritada naquele estacionamento achei ela linda, toda irritadinha, vermelha de raiva. Não sei explicar o que está acontecendo comigo, não quero só sex* que diga-se de passagem já faz muito tempo, com ela é diferente, gosto da companhia, do som dá risada dela, gostei até da forma mal educada que me tratou.
- Meu Deus! Será que você não percebeu ainda sua anta? Você tá apaixonada por ela. Isso ai só pode ser amor à primeira vista, se bem que no seu caso foi primeiro esbarrão né?
- Claro que não, você sabe muito bem que não acredito nisso. E outra não acho que ela quer se envolver com ninguém, a forma como ela disse que não tem sorte no amor, pareceu que não está afim de envolvimento.
- Ai minha nossa senhora das sapa burra! Ô criatura é claro que ela falou assim, talvez ainda tenha magoas do casamento, sabe-se lá porque que ela se separou, quem sabe não foi traída? Se fosse eu no lugar dela falaria da mesma forma. E você pode mostrar seu lado Don Juan que eu sei que ainda existe ai dentro, afinal você puxou a cadeira para ela sentar não foi? E pelo sorriso que ela te deu ela gostou disso.
- Sinceramente não sei o que fazer, ela está mexendo comigo.
- Pois bem faça algo, porque ela vem ai.
Nesse momento ela retorna:
- Desculpe a demora.
- Sem problemas Isa, bem, vou tentar dormir um pouco afinal de contas vamos cair na noitada hoje não é mesmo garotas? Isa deixa seu número com a Laris e ela passa o meu e o dela, ok? Então até mais tarde. Beijo.
Milena era uma comedia mesmo, sempre dando uma de cupido. Foi em direção a casa, e sumiu por entre uma das portas. Isabella sorriu.
- Então, vai me contar porque a Nikki foi a única coisa boa do seu casamento?
Ela fica um pouco surpresa, acho que não esperava que eu perguntasse sobre isso assim tão rapidamente. Olha em minha direção e fala calmamente:
- Namorei quase 4 anos com Alana, ela era 5 anos mais nova que eu, parecia não se preocupar muito comigo, me traiu algumas vezes, e eu sempre pensando que era por ser mais nova e que com o tempo ela amadureceria, depois de tanto tempo juntas resolvemos casar. Brigávamos constantemente, ela sempre querendo sair e eu muitas vezes cansada do trabalho escolhia ficar em casa. Ela sempre acabava saindo sem mim, muitas vezes nem dormia em casa. No nosso aniversário de casamento ela me fez uma surpresa e comprou a Nikki pra mim. Duas semanas depois tive que me ausentar da cidade e ela não pode ir comigo, o meu avô tinha falecido e eu fui auxiliar meu pai na organização de tudo. Eu sofrendo pela dor do meu avô e quando cheguei em casa, havia roupas espalhas pelo chão, garrafas de whisky vazias, e eu já sabia o que ia encontra quando entrasse no nosso quarto mas mesmo assim caminhei em direção a ele.
Ela respirou pesadamente parecia reviver aquela cena e o pior era que ainda sofri apor aquilo, parecia ter gostado da tal Alana, afinal se não gostava como tinha consegui casar mesmo sabendo de suas traições? Depois de alguns segundos quieta ela volta a me olhar e continua contando:
- Me lembro de escutar os gemidos do corredor, e pelo que parecia não eram duas pessoas. Me perguntei por um instante se precisava mesmo abrir aquela porta. E conclui que sim, que era para provar pra mim mesma que a mulher que dizia que me amava todos os dias não passava de uma grande mentirosa. Girei a maçaneta e vi a pior cena de toda minha vida. Alana estava com duas mulheres na nossa cama. Minha única reação foi bater palmas. Acho que para não matar nenhuma delas. As três se assustaram e minha esposa ficou aterrorizada, dizendo que não era o que parecia. E ainda teve a cara de pau de dizer que não sabia que eu ia voltar naquele dia.
Ela estava com aquele olhar distante, não falou mais nada, claramente reviver aquela historia era muito doloroso para ela e eu fiquei sem saber o que fazer, só conseguia olhá-la. Minha reação a seguir me fez pensar o que diabos tinha na cabeça. Levantei e caminhei em sua direção. Segurei suas mão e a puxei para meus braços.
Fim do capítulo
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