Capítulo III
Depois de estacionar e tirar os longs do carro, ambas vão para o passeio. Jéssica desde pequena evitava fazer coisas arriscadas porque morria de medo de se machucar, ao contrario da sua amiga, que já ia tentando fazer manobras e no final sempre se machucava... O que não foi diferente desta vez.
- Mari, você vai se matar ainda.. Me deixa ver se machucou muito. – Jéssica abaixa e olha o joelho dela.
- Eu achei que ia dar certo, vi em um vídeo no youtube ontem. – Mari tentando se levantar, mas foi uma tentativa frustrada.
- Mariana espera eu olhar, menina teimosa. – Olhando o joelho e o cotovelo que sofreram alguns arranhões e estava sangrando.
- Ai que dor, não vai dar a sua mão para me ajudar a levantar? – Mari fica olhando enquanto espera ela tomar alguma atitude.
- Ué, não é toda radical? Esta querendo minha ajuda por quê? – Estende a mão a ajudando levantar e já começando a rir.
- Você caiu igual uma jaca, vídeo cassetadas. – Dando gargalhadas.
Depois dessa cena, ambas vão andando para um gramado que tinha bem próximo a pista que elas estavam e acabam encontrando alguns amigos.
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Quando estavam se aproximando já começou ouvir o violão que com certeza era da Larissa, uma estudante de fisioterapia, mas que tinha vocação para vender as artes que a mãe natureza nos fornece. Negra, com o cabelo dreadlocks, olhos cor de mel e gorda. Tinha o estilo todo hippie, maconheira, ativista LGBT, feminista, dos grupos de esquerda e a favor das classes oprimidas da sociedade fazendo sempre trabalhos voluntários.
- Oi meninas. – Henrique para de cantar e Larissa de tocar e nos recepciona com um abraço.
Henrique, irmão por parte de mãe da Larissa, estudante de direito. Era o oposto da sua irmã, não aguentava nada muito movimentado por causa da asma forte que tinha. Magro, tão branco que quase dava para enxergar as veias dele, cabelo curto e castanho escuro, olhos cor de mel e alto, olhos e altura que ambos herdaram da mãe. Um típico nerd, mas que era totalmente o oposto dos homens heterossexuais e cis que encontramos na maioria das vezes.
O beijo e abraço se estendeu pela Roberta, dona de um estúdio de tatuagem, ruiva com estilo tomboy, olhos azuis como o céu e baixa como um chaveirinho. E terminou na Julia, engenheira como Jéssica, porém era engenheira ambiental. Dona de uns olhos verdes maravilhosos e um corpo atlético. Altura mediana, cuja beleza costumava chamar a atenção de todos.
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- O que aconteceu com seu joelho? Foi para a guerra? – Roh com seu humor maldoso, fazendo todos caírem na risada.
- Roh, já pode ir trabalhar no Zorra Total. – Mari fica séria e senta ao lado da Larissa.
- Alguém ai tem água para dar uma limpada no machucado da Mari? – Jéssica aponta para os machucados, demonstrando preocupação com a dor que a sua amiga deveria estar sentindo.
Henrique da uma garrafa de 500 ml e Jéssica manda Mari ficar quieta jogando um pouco.
- Ai devagar, tem que ser delicada Jéh! –Mari encolhe a perna fugindo da água.
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O tempo quando se está com quem a gente gosta passa muito rápido, Jéssica tinha esquecido por algumas horas do que tinha acontecido. Tudo estava perfeito, pessoas agradáveis, muitas risadas e um convite irrecusável para todos irem para Blue Space, uma das boates mais conhecidas da comunidade gls da região, que daria uma festa de aniversário da boate esta noite. Júlia era prima de uma das donas da casa e tinha ganhado algumas entradas para levar seus amigos.
- Para tudo! Blue Space hoje? – Roh sempre usando clichês gays, demostrando empolgação pelo ótimo convite.
- Pode contar comigo! As festas de aniversário são sempre inesquecíveis. Fora que é seletivo e só da mulher bonita... Vamos né!? – Ela olha para todos esperando uma confirmação.
- Vamos sim! – Lari responde por ela e pelo seu irmão que saiu para atender o celular.
- Acho que vou recusar, não estou muito no... – Jéssica não consegue terminar a frase com Julia chamando sua atenção.
- Não vem com graça dona Jéssica, você vai nem que eu te leve amarrada! Estamos morrendo de saudade de você.. Esses 15 dias que você ficou em Curitiba a trabalho fez com que a gente quase morresse sem suas reclamações, que para mim é um charme. – Julia termina com uma piscadinha e um sorriso malicioso.
Julia e Jéssica tinham uma amizade colorida a alguns meses, o que causava uma raiva na Mari, que morria de ciúmes dela mas não assumia que não sentia confortável com elas juntas.
- Não sei, vou pensar... Se eu não for a Mari vai por mim. – Jéssica sorri para Mari que faz cara de poucos amigos.
- Não vou, vou sair com o Paulo hoje. – Mari olha o celular que começa a tocar.
- Falando nele, vou atender. – Mari levanta e sai para atender ele.
- Cara escroto. – Jéssica resmunga depois que sua amiga se afasta.
Paulo era dentista, quase 10 anos mais velho que Mari, dono de um charme envolvente apesar de todos acharem sua presença insuportável.
Fim do capítulo
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