Capítulo I
Inquieta tentando esquecer da noite anterior, Jéssica se ajeita no banco daquele parque, se esforçando para conseguir concentrar em sua leitura enquanto passarinhos em uma das várias árvores próximas a ela não paravam de cantar.
- Hoje não deveria ter saído da cama! – Jéssica resmunga, fechando o livro.
Sentindo o celular vibrar, o tira do bolso para olhar quem estava ligando. É sua mãe Sônia, a última pessoa que ela gostaria de falar naquele momento.
- Mãe, desculpa, mas não vou te atender. – Jéssica como de costume resmunga algo e desliga o celular, começando a caminhar rapidamente para fora do parque.
Chegando em seu carro, respira fundo tentando se acalmar e segue para a casa da sua melhor amiga, Mariana. Conhecendo o engarrafamento que acontece todos os dias no fim da tarde, segue pela pista expressa economizando um bom tempo. Chegando lá sua amiga já a espera no portão.
- Oi Jéh! – Mari com aquele sorriso aconchegante, abre os braços prontos para dar aquele abraço que Jéssica estava precisando.
Os abraços de Mari eram sempre longos e acolhedores, e dessa vez não foi diferente, fazendo com que Jéssica abaixe o escudo e comece a chorar igual criança. Sua amiga a acolhe enxugando delicadamente suas lágrimas com os dedos.
- Queria ter estado ao seu lado ontem, mas hoje não vou ficar um segundo longe de você. – Disse Mari a levando para dentro da casa.
Chegando ao quarto da sua amiga que parecia mais uma oficina de artes, com grafites nas paredes, materiais para desenho pela mesa de estudos e uma cama de casal, cuja roupa de cama era sempre algo ligado à cultura.
Jéssica se joga na cama e abraça o travesseiro da amiga, seguido de Mari que senta e faz com que sua amiga coloque a cabeça na sua coxa.
- Vou te fazer cafuné e você vai me contar o que aconteceu, ok!? – Mari começa a passar os dedos calmamente entre os lisos fios de cabelo castanho escuro de Jéssica.
- Ontem eu fui trabalhar e quando voltei pra casa minha mãe estava chorando. – Jéssica continua falando e a cada palavra apertava mais o travesseiro tentando controlar o choro.
- Calma minha pequena, tenho o tempo que você precisar pra conversar sobre isso. – Mari fala com o tom meigo de sempre, não querendo demonstrar o desespero que era ver sua amiga de infância neste estado.
- Ai eu perguntei se ela estava passando mal, ela olhou para mim e começou a falar que a culpa foi minha pelo acidente de carro que levou o meu irmão. – Jéssica respirava fundo enxugando as lágrimas.
- Mas Jéh, já passou três anos do acidente e ela ainda não entendeu que você não teve culpa do caminhão ter entrado na rodovia e batido no carro que vocês estavam? – Depois de terminar a frase que ela percebe que falou demais e pede desculpas.
- Amiga, você não teve culpa, foi um acidente e todos sabem inclusive ela no quanto você sofreu durante esses anos, ela está sendo egoísta! – Mari muda o tom de voz, demonstrando a raiva que estava de Sônia.
- Mari, ela nunca mais me tratou da mesma maneira depois que o Samuel faleceu. Mas nunca chegou a falar o que ela me disse ontem. – Jéssica senta na cama e fica de frente para Mari que continua contando.
- Ela disse aos berros que preferia que eu tivesse morrido, pelo menos ela não teria que olhar mais para a cara da pessoa que matou o filho dela ... E ainda usou as palavras "maldita a hora que fui te adotar". – Terminando de falar isso, ela abraça as pernas e esconde o rosto.
- Olha pra mim Jéh, você é uma mulher maravilhosa, de um coração enorme e o que ela falou não deve levar em consideração. Ela precisa de ajuda. – Mari a abraça e ambas ficam assim por horas.
Fim do capítulo
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Maria Flor
Em: 23/09/2015
Gente, que horror!
Tá certo que muitas mães tem filhos preferidos e ficam desnorteadas quando os perdem, mas depois de três anos falar dessa forma com a filha beira a crueldade.
Essa mãe tem problemas, fato!
Beijo!!
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