CapÃtulo 1
Última Noite de Amor - Capítulo 1
Isabel gostava de olhar o rosto de seus parceiros enquanto trans*va. As expressões, os lábios, a respiração acelerada, os músculos tensos, as panturrilhas se contraindo, as pernas esticadas. Até o relaxamento total.
Ela acompanhava eles naqueles espasmos terminais. Fingia orgasm*s intermináveis e conhecia todos os mecanismos masculinos de prazer.
O cheiro de esperma misturava-se ao aromatizante com fragrância de laranja que embrulhava o seu estomago.
Agora seu parceiro se abandonava ao sono. Levantou-se num pulo e foi até o banheiro. Não gostava de motéis simples como aquele. Estava acostumada com recepcionista, garagem, hidromassagem, espelho no teto, champanhe francesa.
Examinou-se no espelho, encarando o próprio rosto. Analisou os olhos castanho-claros, a franja, os cabelos bem lisos que contrastavam com a cor da pele clara e suavemente rosada. Verificou os principais pontos a corrigir. Retocou sua maquiagem, passou novamente o batom vinho nos lábios, e retornou para o quarto.
Abriu a bolsa que comprara na última viagem a Paris, consultou a agenda e olhou no relógio de pulso redondo com tiras de ouro, viu que já eram vinte e duas horas. Não tinha muito tempo.
Estendeu o braço na direção do criado mudo e pegou o envelope. Conferiu o pagamento e sorriu satisfeita.
Por alguns segundos, cogitou se deveria acordá-lo ou deixar um bilhete. Optou pelo bilhete.
Revirou a bolsa até achar algum pedaço de papel com espaço suficiente para algumas linhas. Rasgou a parte usada com cuidado e rabiscou poucas palavras.
" Você é ótimo. Arrasou"
Já estava dentro do carro quando escutou o celular tocar e atendeu.
-- Olá Bob. Qual o problema?
-- Você não esqueceu do nosso amiguinho empresário, não é mesmo? -- perguntou numa voz firme.
-- Eu nunca esqueço dos meus compromissos Bob. Não precisava nem ligar - respondeu impaciente.
-- Acho bom mesmo. Mas mesmo assim gosto de ligar só para garantir que a minha melhor garota não sofra de um ataque repentino de pureza - deu uma risada irritante e desligou.
Isabel suspirou fundo. Era praticamente escrava de seu "cafetão", que a explorava, obrigando-a a aceitar todos os tipos de programa.
O seu próximo encontro seria com um empresário poderoso, de ombros largos e coração de gelo, um homem feioso e nojento que na cama era violento e impiedoso. Tinha um rosto redondo e olhos levemente estrábicos e sonsos.
Alexandra acordou com o corpo dolorido, a boca seca e a impressão de ter mergulhado dentro de um barril de whisky.
Olhou para o lado e assustou-se com o corpo nu daquela loira maravilhosa deitada de bruços ao seu lado. Conseguiu apenas balançar a cabeça negativamente, sentindo um mal-estar vagamente líquido. Seu estômago estava embrulhado. Na maioria das vezes bebia tanto que acordava no dia seguinte sem se lembrar de nada da noite anterior.
Ela se sentou na cama, mas se arrependeu de imediato ao sentir a dor de cabeça forte, proveniente da sua ressaca.
-- Ai meu Deus - colocou as duas mãos na cabeça, parecia que ia explodir a qualquer momento - Quando eu vou aprender a não dormir depois que bebo? Sempre acordo assim.
Levantou, foi até o seu enorme e luxuoso banheiro e parou em frente ao espelho.
-- Quem é você garota? O que faz aqui no meu banheiro? - Tinha bolsas levemente arroxeadas sob os olhos - Você é linda mesmo assim -- riu ao pensar como era boba.
Encarou o chuveiro, que parecia lhe chamar para um banho gelado. Talvez isso melhoraria um pouquinho o seu dia que não tinha começado muito bem.
Enquanto tomava banho parecia que até a dor de cabeça havia dado uma trégua. Secou-se e retornou para o quarto. A garota loira ainda dormia profundamente. Colocou uma bermuda jeans, uma camisete e desceu para a cozinha. Não estava com fome, mas cairia bem tomar um café e comer alguma coisa.
Janaina a empregada, estava de costas lavando a louça. Alexandra escorregou a mão por baixo da saia que ela usava e beliscou a sua coxa.
-- Aiiiiii... sua louca - berrou - Que susto. Vou acertar com essa panela na sua cabeça.
-- Olha... perdeu o respeito, Jana?
-- Faz tempo - sorriu - Senta aí. Vou te servir o café.
-- Jana. Estou tão mal. Preciso de alguém que cuide de mim - falou fazendo bico.
-- Aonde está a loira gostosona que chegou com você ontem?
-- Está morta lá na minha cama.
-- Morta?
-- É. A matei de tanto prazer.
-- Você sempre diz isso Alex, mas elas sempre aparecem aqui mais tarde. Descabeladas e mortas de fome, isso sim.
-- Isso é resultado da intensa atividade física da noite anterior.
-- Come aí e para de falar besteira. Fiz esse bolo de fubá a pouco, está quentinho ainda.
-- Vou comer rápido. Quero dar uma volta pelo calçadão antes de ir até a Vision. Vai rolar um show com uma banda de Rock hoje à noite e você sabe, a galera que curte esse tipo de som é um pouco mais agitada.
-- Imagino - Janaina olhou para a porta e perguntou baixinho: E a loira? Vai ficar dormindo?
Alexandra limpou a boca com o guardanapo, tirou uma flor do vaso e cheirou.
-- Eu sou muito fofa. Tão fofa que metade do mundo me ama. A outra metade ainda não me conhece.
Janaina fez uma careta de nojo.
-- Vou escrever um bilhetinho e deixar junto com essa flor em cima do travesseiro.
-- Coitada, vai se achar a deusa. Nem imagina que acabou de ser descartada.
-- Eu não usaria essa expressão minha cara Janaina - terminou de escrever o bilhete e caminhou até a porta - Não sou de iludir as pessoas, sempre deixo bem claro que não quero nada sério - jogou um beijo para a empregada e saiu com a flor na mão.
Mergulhada no edredom macio, Isabel sentia a felicidade dentro dela. Aquele apartamento era sua realização. Era pequeno e tinha que dividir com uma amiga, é verdade, mas servia como o seu refúgio, seu esconderijo.
Sempre morara em Madureira, zona norte do Rio, estudara em bons colégios e fora criada por pais medianamente atenciosos. Vivera sua adolescência, não tão distante de forma tranquila. Diferentes de muitas de suas amigas que vinham de famílias desajustadas, que viviam largadas, consumiam drogas e se afogavam na vida noturna, ou que se entregavam a paixões desesperadas.
Se hoje era uma garota de programa, foi por opção. Sequer culpava Bob por isso. Até poderia, foi ele quem a tirou de casa prometendo o mundo e a transformou no que ela é hoje. Mas não faria isso. Assumir os próprios erros era uma virtude que jamais deixaria de ter.
Ouviu uma batida na porta, e quando ela se abriu, recebeu um sorriso largo da amiga.
-- Bom dia dorminhoca.
Simone entrou no quarto e sentou na beirada da cama.
-- Chegou agora do plantão Mone? -- Deixou o corpo encostar-se na cabeceira da cama.
-- Cheguei. Hoje a noite foi um caos naquele hospital. Três acidentes. Um de carro e dois de motos - bocejou - E você? como foi a sua noite?
-- Dois programas. Clientes antigos, nada demais.
-- Ouvindo você falar assim, até parece que o seu trabalho é bem mais tranquilo que o meu.
-- Olha. Não duvido muito.
Risos.
No calçadão.
Alexandra caminhava pelo calçadão por cerca de 20 minutos. Quando passou em frente ao quiosque do amigo Beto ouviu alguém lhe chamar:
-- Alex, chefinha, vem cá... - Giovana berrou sentada a uma mesa na parte externa do bar.
Alexandra tirou os óculos de sol do rosto e colocou na cabeça.
-- Pensei que vocês dois estivessem lá na Vision cuidando dos detalhes do show de hoje à noite.
-- Daqui a pouco vamos pra lá. Não esquenta chefinha - Ramon levantou a mão e chamou o garçom - O que você vai beber Alex?
-- Água -- puxou a cadeira e sentou-se ao lado de Giovana -- Sem gás.
-- Está doente Xandinha?
-- O whisky que eu bebi ontem estava estragado, Ramon. Hoje estou me sentindo um chiclete mascado.
-- Acho melhor você se recompor logo. Essa noite vai ser bem agitado lá na Vision.
-- Eu sei, mas pretendo ficar de boa lá no camarote, só curtindo a sonzera.
-- Enquanto a gente se quebra, né.
-- Giovana, se não me engano vocês são pagos para isso.
A garota olhou para Alexandra e deu um sorriso amarelo.
-- Desculpa, as vezes esqueço que sou sua secretária.
-- Já percebi - deu mais um gole na água e levantou - Vou dar uma passada em casa para trocar de roupa, encontro vocês lá.
-- Tudo bem Xandinha - Ramon deu um tchauzinho com a mão.
Em Copacabana.
-- Não Heitor. O que você está me propondo já é demais.
-- Você já fez coisas bem piores Valentina.
-- Com homens. Não saio com mulheres Heitor, não saberia nem como agir na hora H.
-- Olha só o que falam sobre ela na internet...
"A Princesa da noite, Alexandra Girani. Proprietária da Rede Vision de casas noturnas, foi eleita a empresária do ano. O prêmio foi concedido graças às iniciativas de Alexandra e da companhia na área de eventos, sustentabilidade e ações de cidadania empresarial. A cerimônia de homenagem ocorreu em Brasília, nesta segunda-feira".
-- Essa da foto é ela?
-- Linda, não é?
-- Muito..., mas mesmo assim, não conseguirei... - Valentina andou pela sala parou em frente a um espelho e ficou olhando fixamente para a sua imagem.
Heitor caminhou até ela e a abraçou por trás.
-- Nós já demos golpes em idosos, em viúvos desesperados, em políticos... porque não podemos dar em uma lésbica milionária que provavelmente nunca tocou em uma mulher tão linda como você? - Afastou-se da mulher e foi até o bar servir-se de uma bebida - Vai ser como roubar doce de criança.
Valentina parou diante da foto de Alexandra na internet. Talvez não fosse tão ruim assim. Até que seria excitante seduzir aquela garota. Adorava seduzir homens, principalmente os mais difíceis, e levá-los à loucura, então porque não usar todo esse poder de sedução também com uma mulher? Seu corpo parecia moldado por um escultor: suas pernas longas e grossas, as quais adorava exibir, usando vestidos e shortinhos muito curtos e apertados...
-- E como eu me aproximaria dela?
-- Ficou interessada é?
-- Digamos que me interessei pelo desafio. Seria ótimo para o meu curriculum - risos.
-- É assim que se fala Valentina - falou animado - Essa garota é sozinha. Herdou toda a fortuna dos pais.
-- O aconteceu com os pais dela?
-- Morreram em um acidente de avião. O jatinho particular deles caiu no mar.
-- Que horror! - Voltou a sentar no sofá.
-- Aqui no Rio ela tem três boates. Vou tentar descobrir em qual delas ela estará hoje à noite. Quem sabe começamos hoje mesmo a colocar em prática o nosso plano? Então? Você está disposta a investir?
-- Vai lá. Descobre aonde ela estará.
-- Beleza - Heitor deu um beijo no rosto da mulher - Quando souber de algo te ligo.
Em Madureira.
-- Vai a uma festa, Isabel? - Simone perguntou assim que a amiga entrou na sala de vestido e salto alto.
-- Vou acompanhar um advogado em um jantar de negócio, e depois vamos esticar a noite.
-- Imagino o tipo de esticada - Simone comentou chateada.
-- Não fala assim Mone - sentou ao lado da enfermeira e deu um tapa de leve em sua perna - Eu estou bem.
-- Você sabe qual a minha opinião com relação a esse seu trabalho, então, nem vou falar mais a respeito.
Simone era sua melhor amiga, quase uma irmã. Ela era o tipo de pessoa que não tinha como se resumir em pequenas palavras. Ela era a única com quem Isabel podia contar. Por isso não gostava de vê-la assim.
A noite na boate Vision em Copacabana.
Alexandra parou a sua Ferrari na vaga reservada para ela no estacionamento da boate, saiu fechando a porta e indo até a entrada da badalada casa noturna.
-- Boa noite dona Alexandra - o rapaz sorriu de forma simpática e foi abrindo passagem para que ela entrasse.
-- Boa noite - cumprimentou o porteiro e foi pedindo passagem no meio das pessoas. A boate estava completamente lotada.
Dançavam feitos doidos, de braços pra cima, suor escorrendo na testa. O som era pesado e eles sacudiam a cabeça acompanhando o ritmo alucinante da música.
Caminhou entre aquele mar de gente, recebeu cotoveladas, empurrões, cantadas, até que chegou próxima a pista.
Viu que Ramon e Giovana dançavam animadamente em uma rodinha de amigos.
-- É assim que eles se acabam de trabalhar - falou para si sorrindo.
Decidiu ir direto para o camarote e de lá curtir o show da banda. Antes de subir para o andar superior passou no bar e pegou uma bebida.
-- Obrigada Pierre - agradeceu o rapaz do bar e pegou o copo de whisky.
Assim que se virou para sair deu de encontro com uma mulher e derramou a bebida na roupa dela.
-- Desculpa... - falou desesperada - Que des.... - Engoliu em seco - Caramba...
A mulher era uma deusa. Alexandra ficou babando de boca aberta.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Morena37
Em: 11/03/2016
Vandinnha não acho todas suas piadas sem graça. Gosto de algumas rsrs. Adoro piadas!!! Não são as piadas em si q gosto mais os momentos em q vc as coloca, acho legal. Não amigos não devem sorrir só pra conservar 1 amizade,pois as verdadeiras amizades aceita os elogios e as críticas,os risos eas lágrimas, as alegrias e as tristeza... Em fim sorrir de piada mesmo q seja do melhor amigo só s realmente tiver graça. Qndo vi a foto do seu perfil não sei porque mais vc m pareceu ser uma pessoa alegre e espirituosa..em fim te achei pra cima....
Resposta do autor em 11/03/2016:
Nós devemos mostrar alegria sempre Morena, em nossa casa, na rua, com nossos familiares, com nossos amigos. Ser alegre é mostrar que se gosta da vida e das pessoas. Tento sim ser pra cima, afinal estou viva e com saúde. Considero os amigos e a familia um presente maravilhoso de Deus e te-los junto a nós já é motivo suficiente para vivermos sorrindo e brincando. Sinto que você também é pra cima, então, vamos contar piadas com graça ou sem graça. Fica na luz. Beijos.
[Faça o login para poder comentar]
camilanew123
Em: 03/12/2015
Vou correndo pro segundo capitulo pra saber com é essa deusa que ela ficou babando hahahahaha
[Faça o login para poder comentar]
Silvia Moura
Em: 20/09/2015
Esse capitulo inaugural merece aplausos, flores e toda uma saraivada de palmas.... lindo... você me sureprende cada vez mais... escreve bem demais... e essa ilustração dá vontade de ler sempre... muito feliz eu estou por essa nova estória...parabéns e volte sempre.... abraços...
Resposta do autor:
Obrigada. Você que é uma fofa. Bjã.
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]