A Vizinha por Sweet Words
Boa leitura!
Capítulo Único
A Vizinha
"Obsessão: Estado de preocupação permanente em relação a alguma coisa. Uma obsessão consiste em uma ideia fixa e persistente que determina a conduta de uma pessoa, conduzindo a comportamentos que frequentemente são contra a vontade da pessoa obcecada."
Obsessão... O fato de pensar nela 24 horas do meu dia indica que eu esteja obcecada?
Acho que não. Talvez os inquietantes hormônios dos meus 16 anos sejam a causa dos pensamentos impuros que dominam a minha mente sempre que me lembro dela.
"Comportamentos que são contra a vontade da pessoa obcecada."
Bem, me tocar pensando nela não é algo de que eu me orgulhe já ter feito, mas também não é algo que me arrependo de fazer. Muito menos foi contra minha vontade, pelo contrário, foi devido ao excesso de vontade.
- Ju! – senti um solavanco em meu ombro esquerdo – Ju, acorda! Ta viajando aí?
- O que foi, Mari? – virei para trás e encarei a moça loira me fitando com aqueles olhos claros e acusadores dela.
- O professor acabou de passar um exercício valendo meio ponto extra, para entregar no fim da aula. Você prestou atenção?
- Não. – dei de ombros.
- É claro que não! Tava o tempo todo nesse celular e depois ficou olhando pro nada, com cara de lesada.
- Você sabe que eu detesto Física, Mari. Não sei pra que estudar uma coisa que eu nunca vou usar na vida!
- Física pode ser muito útil no dia a dia. De qualquer maneira, se você vai ou não usar na sua vida não importa. O que interessa agora é que o professor vai dar nota e você precisa saber pra não levar bomba na matéria outra vez.
-Julia e Mariana! Vocês já terminaram o exercício que eu passei?
Aquele homem acima do peso, com a camisa social por dentro da calça jeans quase estourando pela barriga saliente, nos olhou por cima dos óculos de grau, com o mau humor habitual de quem não trans* há mil anos.
- Desculpe, professor. – Mari o olhou com as bochechas coradas – Estávamos discutindo sobre o exercício.
- Essa atividade é individual. Vire-se para frente e resolva seu exercício, Julia. Você é uma das que precisa muito de uma nota extra.
Me virei em minha cadeira e foquei no meu livro sem o encarar. Esse é o problema de gente que não tem coisa mais interessante pra fazer na vida. Único hobby que tem é infernizar a vida dos outros. E no caso do professor Antunes, infernizar a minha vida em especial é o seu passatempo favorito.
Enfim a aula terminou, e se não fosse a cola que a Mari me passou eu teria me ferrado mais uma vez.
- Valeu, amor! Você me salvou. – a abracei pelos ombros enquanto caminhávamos em direção à saída da escola.
- Valeu nada! Vai digitar o trabalho de História pra mim.
- Ei! – parei e a mirei pelas costas – Não tínhamos combinado isso. Pensei que o favor foi de bom coração, sem querer nada em troca.
- E foi, – voltou-se para mim novamente – mas eu me lembrei agora desse trabalho de História e você sabe que eu detesto essa matéria. Uma mão lava a outra, meu bem. – Mari sorriu e apertou minhas bochechas sem delicadeza.
- Tudo bem. – bufei e voltei a caminhar – Mas só porque você é a minha melhor amiga desde a terceira série. - joguei um beijo no ar para ela que sorriu e retribuiu o gesto.
- Eu sei que você me ama, mas já te disse que eu não curto a fruta.
- Mas nem se você curtisse! – gargalhei – Você não faz o meu tipo, querida.
- E você não tem entre as pernas o que eu gosto, querida. Estamos quites. – piscou pra mim.
- Você é ridícula, Mari. Eu já te disse isso hoje?
- Só umas dez vezes. – gargalhou e eu logo a acompanhei aos risos.
Paramos em frente à escola esperando nossas respectivas caronas. Ela, o namorado mais velho em sua moto super potente, arrancando suspiros e inveja das outras garotas da escola, e eu, a minha mãe.
- Meu gato chegou. Tchau, amor. – Mari me abraçou e me beijou o rosto e logo saiu correndo em direção ao seu bad boy motoqueiro.
- Tchau, vadia! E juízo, ainda não estou preparada para ser tia! – gritei em meio a risadas.
Mari nada respondeu. Apenas me olhou de relance com um olhar fulminante e me mostrou o dedo do meio. Um doce essa garota.
A observei chegando até ele e o cumprimentando com um beijo quente para logo subir na moto e sumir dali.
Senti uma pontinha de inveja da Mari. Inveja boa. Estava feliz por ela, o Tony é um cara legal, apesar dessa pinta de cara mau. Ele a faz feliz e os dois se dão bem. O fato dele vir buscá-la na escola sempre e a beijar daquela maneira na frente de todos não é problema algum. Ninguém se incomoda com a cena. Muito diferente do que aconteceria se fosse comigo. Se alguém com quem eu estivesse saindo viesse me buscar e me beijasse na frente da escola seria um escândalo. Eu viraria atração no WhatsApp do colégio inteiro por no mínimo uma semana. E isso pelo simples fato de que, no meu caso, no lugar de um bad boy charmoso seria uma mulher.
E nos meus sonhos mais improváveis e maravilhosos seria uma mulher em especial. Seria ela.
Acordei das minhas divagações sentindo meu celular vibrar no bolso da calça.
- Mãe?! Cadê você, mãe? To te esperando faz duas horas aqui na frente do colégio.
- Não seja exagerada, Maria Julia! – a voz atrapalhada da minha mãe soou do outro lado da linha – Não faz nem 15 minutos que a sua aula acabou.
- Mas pra mim já faz uma eternidade que to aqui. Cadê você?
- Eu liguei pra avisar que eu não vou poder ir te buscar hoje, filha. Aconteceu um imprevisto aqui no escritório e eu não vou poder sair agora.
- E você só me avisa isso agora, mãe?! – bufei irritada.
- Filha, até cinco minutos atrás eu iria aí te pegar, mas agora não dá mais. Imprevistos. Você tem dinheiro? Pega um táxi.
- Não, eu não tenho dinheiro. Gastei no lanche, achei que não precisaria.
- Você precisa ter um dinheiro reserva sempre, Maria Julia. Eu canso de te falar pra economizar e cuidar melhor dessa mesada que eu te dou. Que é bem gorda por sinal!
- Ta, ta bom, mãe. Não to afim de ouvir sermão pelo celular. Eu pego um ônibus.
- Pega um táxi e vem aqui pra imobiliária que eu pago quando chegar.
- Não, eu quero ir pra casa, to com fome.
- Isso porque gastou o dinheiro todo no lanche.
- Não era tanto dinheiro assim, além do mais estamos no fim do mês, dona Suzana. Minha mesada já acabou.
- Não vou discutir isso com você agora. Pega um ônibus e vai pra casa então. A Rita fez lasanha hoje.
- Lasanha?! – senti meus olhos brilharem e meu estômago reclamar – Adoro lasanha!
- É, eu sei. Agora vai logo. E toma cuidado, filha. Te amo.
- Pode deixar, Susu. Te amo.
- Susu é a...
- Olha a boca, mocinha! Beijo, mãe. Até mais tarde.
Desliguei a ligação antes que ela me xingasse. Ela odiava esse apelido. Meu pai a chamava assim e ela adorava. Mas isso foi antes dele trair ela e sair de casa pra ficar com a secretária dele, que é 10 anos mais jovem que a minha mãe. É meu pai, eu sei, mas é um cafajeste.
Cinco minutos andando e cheguei ao ponto de ônibus.
Esse sol tinha que estar extremamente quente justo hoje. Nem uma brisa de leve pra aplacar esse calor. Me apoiei num poste de luz ao lado enquanto esperava algum ônibus passar. Eu estava derretendo e já fazia preces à todos os santos para que algum transporte passasse logo. Estava começando a me arrepender de ter recusado a proposta da minha mãe quando um carro parou na minha frente.
- Carona, Ju?
O sol batia contra meu rosto e eu não pude enxergar perfeitamente quem era dentro do carro vermelho parado ali. Mas aquela voz doce e suave e a forma de pronunciar o meu apelido do jeito que só uma pessoa na minha vida faz, me fez reconhecer imediatamente quem era.
Meu coração quase saltou pela boca ao focar naqueles olhos intensos me fitando de dentro do carro e o sorriso alinhado, mostrando aquelas covinhas fofas nos cantos de sua boca. A boca... Ah, aquela boca...
- Ju?
- Oi? – acordei dos meus devaneios com ela me chamando novamente – Sim, claro. – abri a porta rapidamente e me deixei deliciar com o frescor do ar condicionado – Obrigada, você me salvou de morrer derretida naquele ponto de ônibus. – sorri sem jeito para ela que me fitava alternando entre a pista e os meus olhos.
Eu já disse o quão constrangida fico na frente dela? Ela fala olhando nos olhos, um olhar intenso e verdadeiro. Inebriante.
Acabei me dando conta de que eu não teria salvação, o meu fim era certo. Se eu não morresse derretida pelo calor lá no ponto, eu morreria aqui, me derretendo por ela.
- Sua mãe não veio hoje?
- Não, ela teve um imprevisto no trabalho.
- Ah, sim. – sorriu amigável.
O restante do caminho foi tranquilo. Aparentemente tranquilo porque por fora eu sorria e acenava como se nada estivesse acontecendo, mas por dentro meu coração sambava no meu peito e meu estômago gelava cada vez que ela se dirigia à mim. Eu me limitei a apenas responder o que ela perguntava e sorrir sem graça quando ela sorria também. Tive que fazer um esforço descomunal pra prestar atenção no que ela dizia e não no decote de sua blusa branca colada ao seu corpo. O corpo... Ah, o corpo. Delineado por deuses e esculpido em um tom bronzeado naturalmente, como se ela vivesse na praia. Ta certo que nós moramos em frente à praia, mas ela não era frequentadora assídua e mesmo assim aquela tonalidade permanecia ali, me fazendo perder o rumo cada vez que eu a via.
Subimos pelo elevador até o nosso andar e caminhamos até nossos respectivos apartamentos na cobertura.
- Está entregue. – ela sorriu pra mim e foi se encaminhando em direção à sua porta. Girou as chaves na fechadura e abriu, para logo se voltar para mim novamente.
Eu que a mirava de costas – sim, eu sei. Não é nada educado ficar babando pela bunda de uma mulher, mas era mais forte do que eu. E a bunda dela... Céus! Ela toda é um maravilhoso pecado carnal. Impossível não cair em tentação. Eu que a mirava virei para a minha porta e tratei de fingir procurar minhas chaves no mesmo instante.
- Até qualquer hora. – ela continuava sorrindo.
- Até. – me voltei para ela com a minha melhor cara de paisagem no rosto – E obrigada pela carona, Dani.
- Por nada. - piscou pra mim ainda com o sorriso nos lábios – Beijo, Ju.
Disse por fim e fechou a porta.
"Beijo, Ju."
Senti uma pontada em meu ventre que se instalou entre minhas pernas ao ouvir ela pronunciar o meu nome, de um jeito único, doce e suave, naquela voz macia e firme que só ela tem, fazendo o biquinho involuntário no final por conta do "U".
"Ju..."
Cada vez que ela me chama assim eu imagino como seria gostoso ouvir ela gem*ndo o meu nome na cama.
Senti outra fisgada em meu ventre e me dispersei dos meus pensamentos. Corri pra casa de uma vez antes que alguém me visse aqui com cara de lesada olhando para a porta em frente.
Por que a minha vizinha tinha que ser tão gostosa assim?!
***
Estava em meu quarto divagando sobre o mesmo assunto de sempre. A pessoa que não saía da minha mente um segundo sequer. Daniela, minha vizinha. Deitada na cama com livros e cadernos espalhados no colchão. Física. Era o que eu deveria estar estudando, mas ao invés disso estava pensando na sorte que tive hoje. A ponta da caneta rodeava meus lábios imaginando o quanto eu gostaria que esse fosse o caminho que ela fizesse com a boca dela. Um sorriso bobo brincava em meu rosto enquanto eu sonhava com aquele corpo. Os cabelos castanhos num tom claro, os olhos cor de mel, um mel doce como ela era. Eu poderia apostar que tudo nela é doce, desde o tom da sua voz, o seu jeito de ser e até o seu gosto. O gosto... Ela deve ser deliciosa.
- Filha? – fui despertada pela minha mãe entrando em meu quarto – Humm, estudando. Muito bem! – disse assim que me viu na cama.
- Oi, mãe. – me sentei para olhá-la – Já chegou?
- Como já? São sete da noite, querida.
- Nossa, eu nem vi a hora passar.
- Estava tão concentrada nos estudos assim? – me sorriu orgulhosa.
- É, pois é. – sorri de volta sem jeito.
Minha mãe não precisa saber que minha concentração estava bem longe dos estudos. Mais precisamente na porta do outro lado do corredor. Vou omitir essa informação para dar esse orgulho à ela.
- Vou tomar um banho pra gente jantar. – se aproximou depositando um beijo na minha testa e virou para sair – Já volto.
- Ta bem, te espero.
Assim que minha mãe saiu do quarto ouvi meu celular vibrar em cima da cama. Me deitei para pegar o aparelho e um sorriso involuntário apareceu quando vi a foto da Mari na tela.
- Já sentiu saudades, é? – eu disse assim que atendi.
- Eu vejo essa sua cara branca quase todos os dias da minha vida desde a terceira série. Saudade é uma coisa que não dá nem tempo de sentir de você. – ouvi a gargalhada dela ecoar em meus ouvidos.
- Quanto amor!
- É recíproco. – ouvi um barulho estalado de beijo na linha – Mas papo sério agora. Você viu o e-mail da turma?
- Não. Por quê?
- O Professor Antunes mandou um e-mail dizendo que adiantou a prova da semana que vem.
- O que? – me sentei num susto – Como assim adiantou?
- Pois é, ele explicou que na semana que vem ele vai fazer uma viagem, sei lá, e como amanhã é a última aula da semana que ele tem com a nossa turma a prova foi remarcada pra amanhã.
- Esse cara só pode ta de sacanagem! – bufei irritada – Ele não pode fazer isso, amanhã ta muito em cima. Eu não sei nada dessa matéria!
- O pior é que nem adianta reclamar. Uma galera já mandou e-mail de resposta pedindo pra ele adiar ou arranjar outra solução, mas ele ta irredutível.
- Eu não acredito nisso! Vou levar bomba de novo, to ferrada. – suspirei.
- O jeito é passar a noite estudando.
- Droga! Eu duvido que se esse professor tivesse uma namorada ele faria isso. Isso é falta de sex*! – pude ouvir as gargalhadas abafadas de Mari.
- Ele devia seguir o seu exemplo. Você também não tem namorada, mas não deixa seu bom humor de lado por causa disso.
- Engraçadinha. – revirei os olhos – Fique você sabendo que eu não namoro porque não quero.
- Porque não quer mesmo. Metade dos garotos do colégio dariam um braço pra sair com você.
- Como se eu me interessasse neles, né Mari!
- Mas tem muitas meninas lá doidas por você que eu sei, mas você não dá a mínima porque só pensa na sua vizinha gostosa!
- Eu não tenho culpa se ela é muito mais interessante e atraente do que todas as garotas da escola juntas.
- Ah, claro! Toda essa paixão que você sente por ela é linda, Ju. Mas vamos parar de viajar? Até parece que ela vai dar moral pra uma adolescente pervertida que só pensa em trans*r com ela. – gargalhou – Ela tem o que? Uns 25 ou 26 anos?
- Eu não sei. Deve ser por aí. – eu respondi sem jeito.
- Ela é bem mais velha que você e você nem sabe se ela curte mulher.
- Não vem falar de idade porque o Tony também é mais velho que você.
- O Tony acabou de fazer vinte, amiga. Mas de qualquer forma o problema não é a idade, Ju. O problema é que você já ta ficando obsessiva e não tem ao menos um sinal de que tem uma chance com ela. Já faz mais de 1 ano que você ta nessa e nada aconteceu.
- Nossa, que bela amiga que você é! Ao invés de me apoiar só me tira as esperanças.
- Eu só não quero que você fique sofrendo por uma coisa que pode não ter chances de acontecer, amiga.
- Eu não posso fazer nada. Você acha que se eu controlasse o que eu sinto ainda estaria aqui fazendo papel de trouxa por ela? Eu deveria é sair pegando geral pra ver se eu esqueço isso de vez.
- E por que não faz isso?
- Porque eu não quero. – pausei – E não consigo também. Não consigo me atrair por mais ninguém a não ser ela, Mari. – lamentei.
- Okay. – ouvi seu suspiro abafado – Então pelo menos deixa de ser covarde e vai à luta, Maria Julia! Porque ficar aí só babando por ela não vai adiantar nada.
- Você fala como se fosse fácil.
- Cadê aquela sua cara de pau que você tem quando vai dar em cima das menininhas do colégio?
- Você falou tudo, essas daí são menininhas. A Dani é uma mulher e um mulherão ainda por cima. Eu... eu nem sei se daria conta. – abafei uma risada.
- Filha, vem jantar! – ouvi minha mãe chamar da cozinha.
- Já vou, mãe! – gritei de volta.
- Ta ouvindo isso, Ju? – Mari sussurrou.
- Isso o que?
- Acho que são galinhas cacarejando. – a gargalhada dela quase me deixou surda – Você é uma covarde, Maria Julia Esteves Aguilar! Amarelona!
- Eu não sou covarde! Só não acho que ela me daria moral. Apesar de tudo eu tenho noção das coisas.
- Você nunca vai saber se não perguntar à ela.
- Como se fosse fácil assim, simplesmente chegar e perguntar.
- Ju... olha, amiga, eu vou ser sincera contigo. Eu realmente acho um pouco improvável que a sua vizinha te dê alguma chance. Já faz mais de um ano desde que ela está morando aí e você está perdida de amores por ela. Se fosse pra acontecer algo você já teria tido um sinal. Mas levando em conta que você é mais lerda do que lesma quando se trata dela e nunca nem sequer se insinuou ou jogou um charme, a possibilidade ainda está aberta. Amiga, você é linda! Tem um corpo de dar inveja a qualquer uma, o seu corpo não deixa nada a desejar em relação ao da Dani. Além do mais você é legal, interessante, tem uma conversa bacana, quando quer... Você só precisa tentar!
- Ai, Mari, que linda declaração! – levei as mãos ao peito como se ela pudesse me ver – Eu sei que você me ama, obrigada.
- Eu te amo mesmo, idiota. Mas eu to te dando um conselho, vê se presta atenção.
- Eu prestei, amiga.
- Então pensa no que eu te disse e faz alguma coisa de útil com isso. Ou vai à luta e toma uma atitude ou esquece essa mulher de uma vez!
- Ta bom, eu vou pensar no que faço. Obrigada, meu amor. Eu te amo.
- Eu sei. Agora vou desligar porque preciso estudar pra essa prova.
- E eu vou jantar. Minha mãe ta me esperando.
- Até amanhã, beijo.
- Até, beijo. – finalizei a ligação.
- Julia?! – minha mãe chamou novamente.
- Já vou, mãe!
- Sabe quem eu encontrei agora quando tava chegando em casa? – minha mãe perguntou enquanto levava o garfo à boca.
- Quem?
- A Dani.
Senti meu coração gelar quando ouvi aquele nome.
- Dani? Que Dani? – me fiz de desentendida.
- A vizinha, filha. Que mora no apartamento aí da frente.
- Ah, ta. Sei. – fingi não me importar – E o que tem?
- Ela me disse que te deu carona hoje.
- É, foi... foi mesmo. – tomei um gole de suco pra disfarçar meu nervosismo – Ela me encontrou no ponto de ônibus e me ofereceu uma carona.
- Ela é tão gentil, tão doce.
Eu preferi não comentar. Não seria interessante que minha mãe soubesse o que eu penso sobre a vizinha e suas qualidades.
- Sabe o que eu descobri? – minha mãe continuou.
- Não, o que?
- Ela trabalha numa empresa de Petróleo e Gás daqui da cidade. É formada e tem especialização em Física Nuclear.
- Nossa, sério? – não pude esconder minha surpresa. Ela parece tão jovem e já formada e especializada em uma área tão complexa.
- Sim! Eu também fiquei impressionada. Ela é tão jovem.
- Que idade ela tem? Você sabe? – perguntei como quem não queria nada.
- Ela disse que fez 27 há pouco tempo.
- Humm... – me limitei a emitir um som nasal para não transparecer meu interesse em saber mais sobre ela.
- Eu acho que ela é lésbica.
Eu que estava com o copo de suco na boca cuspi o que tinha acabado de beber e comecei a me engasgar. Tossia descontroladamente buscando o ar enquanto tentava acreditar que minha mãe realmente tinha dito aquilo.
- Levanta os braços. – ouvi ela dizer enquanto me olhava assustada – Respira devagar, Julia.
- Eu to... eu to bem. – respirei fundo tentando me acalmar.
- Não presta atenção nem na hora de se alimentar, isso que dá.
- Por que... Por que acha isso dela, mãe?
- Hã? – ela me olhou confusa.
- Sobre a Dani. – desviei o olhar para o bife em meu prato, iniciando o corte para evitar olhá-la nos olhos – Por que acha que ela é, bem...
- Ah... Na verdade não fui eu que reparei. Foi a Lourdes do 204 que tava comentando outro dia. Disse que viu ela de chamego com uma mulher lá na portaria.
- Chamego? – a fitei surpresa.
- É, filha, chamego. Não sabe o que é chamego? Esqueci que vocês jovens de hoje em dia usam outras gírias.
- Eu sei o que é chamego, mãe.
- Então. A Lourdes disse que viu ela com essa mulher, não estavam fazendo nada demais, mas estavam bem próximas, com conversas ao pé do ouvido e cheias de sorrisos. E disse que no fim elas se despediram com um beijo.
- Um beijo? – arregalei meus olhos sem nem conseguir disfarçar meu espanto e desapontamento.
- É. Parece que não foi um beijo, assim, um beijo, beijo. Foi só um... como vocês chamam aquele beijo estalinho?
- Um selinho, mãe.
- Isso, um selinho rápido.
- E... quando foi isso?
- Ah, faz tempo. A Lourdes disse que foi logo que ela chegou aqui. Mas depois disso nunca mais viu essa mulher por aqui e nunca viu a Dani com mais ninguém. Nem moças e nem rapazes. Eu também nunca vi. Não sei, talvez ela seja, talvez não.
- Talvez ela só esteja focada no trabalho. – a fitei por cima do copo de suco que voltei a beber.
- Pode ser isso também. Enfim, eu não tenho nada a ver com a vida dela. Cada um sabe o que faz.
- É... – fiquei imóvel por alguns segundos absorvendo todas aquelas informações – Eu vou pro quarto, mãe. Preciso estudar. – disse me levantando – O professor de Física adiantou pra amanhã a prova que seria na semana que vem. Vou me ferrar nessa prova, já to prevendo.
- Mas você tem estudado, filha. Não se preocupe, vai se sair bem.
Eu não teria tanta certeza, dona Suzana. Pensei comigo mesma e logo saí dali.
***
- Eu to ferrada! – disse assim que saímos para o intervalo – Eu fui muito mal nessa prova, to sentindo.
- Eu passei quase a noite toda estudando, mas acho que não fui muito bem também não. – Mari disse ao meu lado.
Caminhamos pelo pátio da escola e nos sentamos em uma das mesas mais afastadas da lanchonete, que estava lotada por sinal.
- Se você que estudou acha que foi mal eu fui péssima então! – levei as mãos ao rosto apoiando meus cotovelos na mesa.
- Você não estudou ontem não?
- Não consegui. – a fitei sem jeito entre meus dedos espalmados em meu rosto.
- Já imagino o porquê. – ela revirou os olhos.
- Eu juro que tentei me concentrar, Mari, mas eu soube de uma coisa ontem que me deixou perturbada. Não consegui parar de pensar.
- E o que você soube?
- Minha mãe falou que acha que a Dani é lésbica.
- O que? – os olhos azuis dela se arregalaram – Como assim sua mãe? Como ela sabe disso e porque tava falando isso com você? Você acha que ela ta desconfiando de você?
- Não, ela não desconfia de nada. Eu acho que não. – a fitei confusa – Foi por acaso. Ela falou que encontrou com a Dani quando tava chegando em casa e ela disse que me deu carona ontem na volta pra casa.
- A Dani te deu carona ontem? – percebi que ela prendia um sorriso de deboche – Por isso que você tava mais perturbada que o normal. – dessa vez ela gargalhou com vontade.
- É, minha mãe não pôde me buscar e a Dani me viu no ponto de ônibus e me ofereceu carona, não foi nada demais.
- Eu já posso imaginar como você ficou. Queria ter visto a cena, a sua baba escorrendo enquanto olhava pra ela.
- Cala a boca, Mari. Eu também não fico assim que nem idiota babando por ela desse jeito.
- Não mesmo, você fica pior! Qualquer dia desses eu vou gravar a cena de você quando ta perto dela, Ju. Você come ela com os olhos, nem consegue disfarçar.
- Ai, meu Deus! – a encarei preocupada – Você acha que ela percebe alguma coisa? Eu tento disfarçar, juro!
- Mas é totalmente falha, amiga. Ela só não percebeu ainda se for cega.
- Droga! – afundei meu rosto em minhas mãos – Eu sou tão idiota!
- Não fica assim, amiga. – ela me segurou pelas mãos e me lançou um olhar reconfortante – Talvez haja uma possibilidade agora. Essa nova informação que a tia Suzana te falou é uma esperança. Por que sua mãe ta achando que a Dani é lésbica?
- Porque ela disse que a vizinha do 204 a viu beijando uma mulher logo quando ela se mudou lá pro prédio.
- O que? Sério? – acho que o espanto da Mari foi maior que o meu ontem.
- Foi isso que a dona Lourdes disse. Aquela velha fofoqueira fala da vida de todo mundo, mas ela não teria porque inventar uma coisa dessas.
- Eu to passada, amiga! Eu jurava que a Dani não gostava, ela tem cara de que adora um...
- Eu não to ouvindo isso! – a cortei antes que ela terminasse a fala.
- Não, é sério, Ju. Eu não quis te dizer nada pra não te desanimar, mas ela é tão mulherão, tão feminina. Não parece que gosta da coisa.
- Ai, Mari, eu não sei por que ainda sou sua amiga! E por acaso pra gostar de mulher tem que parecer alguma coisa? Isso não tem nada a ver com a aparência, sexualidade e identidade de gênero são duas coisas diferentes.
- É, eu sei, amiga. Desculpa a minha ignorância. – ela sorriu sem jeito pra mim – Realmente você também não tem cara de que gosta, quem não te conhece nem pode imaginar que você adora uma... – ela fez uma pausa e me fitou maliciosa – Mulher. Eu ia dizer mulher.
- Você é muito idiota, Mari. – tentei, mas a tentativa de prender o riso foi falha.
Gargalhamos na mesa feito duas loucas.
- Mas, Ju, – ela voltou-se pra mim assim que conseguimos nos conter – eu acho que mesmo não tendo cara de que gosta, você ainda dá pinta.
- Hã? Por que ta dizendo isso? – a fitei sem entender.
- Desde que a gente se sentou aqui tem uma garota ali que não para de te olhar.
- Que? Que garota?
- Ta numa mesa mais pra lá, do seu lado direito. – fiz menção em olhar, mas ela me impediu – Não olha agora que ela ta te olhando. Olhando não, ta te comendo com os olhos – disse e começou a rir.
- Eu hein. – franzi o cenho sem entender.
- Eu vou ali buscar um suco, esse calor ta me matando. – Mari se levantou sorrindo – Você quer um?
- Quero. De abacaxi com hortelã.
- Ta, já volto.
Poucos segundos após Mari sair da mesa uma moça se aproximou.
- Oi. – ela me sorria sem jeito.
Olhei pra cima para fitá-la e gostei do que vi. Bem bonita ela.
- Oi. – sorri de volta amigavelmente.
- Posso me sentar?
- Ah... Pode. – disse sem entender. Eu nem conhecia aquela garota.
- Prazer, Nanda. – ela estendeu a mão pra mim assim que se sentou à minha frente.
- Prazer. – retribuí o gesto – Jul...
- Maria Julia. – ela sorriu – Ou só Ju, não é?
- É... – a encarei confusa – Como sabe?
- Eu não sei se você tem noção, mas é bem popular aqui no colégio.
- Sou? – acho que a minha cara de lesada máster estava estampada em meu rosto. Eu não fazia a menor idéia disso.
A moça sorriu sem tirar os olhos dos meus.
- Então, Ju. Faz tempo que eu te vejo aqui na escola e fico reparando em você, torcendo pra você me notar. Mas parece que você vive num mundo aí só seu, não dá moral pra ninguém. – aquele sorriso de malícia estampava seu rosto.
- É? Eu não... – eu realmente estava mais lesada que o normal hoje – Eu... É que to estudando muito, sabe? Nem to tendo tempo pra nada.
- Entendo. – ela se ajeitou no banco e me encarou – Bom, se você tiver um tempo livre qualquer dias desses eu adoraria sair com você.
- Sair?
- Sim. Desculpa ser tão direta assim, mas eu não tava conseguindo mais guardar isso pra mim.
- Guardar o que? – perguntei e a fitei com medo da resposta.
Ela se levantou e se apoiou na mesa, aproximando seu rosto do meu. Percebi que eu já não respirava e nem conseguia mover um só músculo do meu corpo. O que essa doida vai fazer aqui na frente da escola inteira?!
- É que faz tempo que eu to louca pra... – se aproximou do meu ouvido e sussurrou.
Meus olhos saltaram ao ouvir o que ela disse. Senti os pêlos da minha nuca e do corpo inteiro se arrepiarem. Ela não disse isso!
Eu continuava imóvel quando a vi se afastar e me olhar de frente. Perto demais. Mirou minha boca por alguns segundos e mordeu os lábios como se quisesse deixar claro que ela não estava brincando.
- Eu vou te deixar o número do meu celular. – se levantou da mesa e me entregou um papel – Quando você quiser... – piscou pra mim e saiu sem olhar para trás.
Soltei o ar em meus pulmões e abri o papel dobrado que continha uma numeração. Ainda estava aérea quando senti um tapa estalar na minha cabeça.
- Ai, porr*! – levantei as vistas e vi Mari sentada à minha frente franzindo o cenho com uma sobrancelha arqueada.
- Acorda, Maria Julia! – me entregou um copo com o suco – To te chamando faz um século e você ta aí viajando.
- Eu nem vi você chegar. – retirei a tampa de plástico de dei um longo gole.
- Eu tenho medo de uma hora dessas você ir pro mundo da fantasia e ficar de vez. Vai acabar ficando louca de tanto ficar viajando na sua vizinha.
- Eu nem tava pensando nela. – dei de ombros.
- Ah, não? E tava pensando em que então?
- Aconteceu uma coisa muito louca agora.
- Agora? E eu não vi! O que aconteceu?
- Ta vendo aquela menina sentada na mesa ali à direita? – disse e observei ela olhar e fixar os olhos na garota – Disfarça!
- Ah, sei. Aquela que tava te secando faz tempo.
- Quando você saiu ela veio aqui e se apresentou. Disse que se chama Nanda e quando fui me apresentar ela disse que já sabia meu nome, falou que eu sou muito popular aqui no colégio.
- Você é? – Mari me olhou confusa.
- Pois é, ela disse que sim.
- Nossa! Ju, a famosinha do momento! – ela gargalhou.
- Mas o pior não foi isso. Ela veio com uma conversa estranha, dizendo que me reparava faz tempo e que...
- E que...?
- Ela disse que tava louca pra... – me aproximei e sussurrei no ouvido dela pra não precisar encará-la. Estava constrangida de dizer aquilo.
- O que?! – Mari disse mais alto do que eu gostaria que ela tivesse dito.
- Fala baixo! – a repreendi.
- Ela te disse isso assim na cara limpa?
- Disse. – senti minhas bochechas queimarem.
- Nossa! Nossa! Eu to em choque. E você disse o que?
- Eu não disse nada. Nem tive reação. Eu nem conheço aquela garota e ela já chega falando assim.
- Agora eu to me lembrando, Ju. – a vi fitar novamente a mesa onde a moça estava – Eu sei quem é essa menina.
- Sabe?
- Sei. Ela é amiga da Bia. Sabe a Bia...?
- Aquela Bia?
- É, aquela Bia que você ficou na festa do Pê e depois ela não largou mais do seu pé.
- Nossa, ainda bem que ela estuda em outro colégio.
- Pelo visto ela falou muito bem de você, amiga. – Mari me encarou com um sorriso malicioso.
- Como assim? – eu realmente estou muito lerda hoje.
- Com certeza ela falou pra essa Nanda sobre as suas habilidades e talentos e ela ficou interessada.
Arregalei os olhos ao enfim perceber do que a Mari estava falando.
- Eu hein, tinha que ser amiga da Bia. Duas loucas.
- Quer dizer que você é boa assim, é? – ela me encarou maliciosa.
- Por quê? Ficou interessada? – debochei e dei um gole no meu suco.
- Se um dia eu ficar te aviso. Mas não é nisso que to pensando.
- E ta pensando em que?
- Se você for realmente boa como a sua fama ta dizendo, pode usar isso ao seu favor.
- Que? Como assim?
- Hoje você está mais lerda que o normal, hein! A Dani, Julia! Se você tiver uma chance com ela vai dar conta do recado.
- Eu não sei... Acho que se ela me desse uma chance eu ficaria tão nervosa que nem saberia o que fazer.
Ouvimos o sinal indicando o fim do intervalo e nos levantamos para voltar para a sala.
- Ta ouvindo isso, Ju?
- O que?
- Galinhas. Muitas galinhas cacarejando.
Revirei os olhos e dei um tapa em seu braço.
- Idiota.
- Você é uma amarelona, Maria Julia, é isso que você é! – ela gargalhou e me abraçou pelos ombros para continuarmos o nosso caminho.
- Eu vou te mostrar quem é a amarelona. Espera só que você vai ver.
- To esperando, amiga. To esperando!
***
Dias depois...
- Minha mãe vai me matar!
- Você ainda não contou pra ela? – Mari me olhou com pena.
- Não.
- Você tem que falar logo, a reunião é na segunda e o professor Antunes quer todos os pais presentes.
Dei mais um gole na bebida de cor avermelhada em meu copo e suspirei pesado.
Como eu já esperava fui muito mal na prova de Física da semana passada e como se não bastasse isso o professor quer todos os pais dos alunos que tiraram nota baixa compareçam na escola na segunda-feira para uma reunião.
- Eu não quero pensar nisso. Hoje é sábado e eu só quero curtir e esquecer que o professor Antunes existe, que existe Física, que existe escola.
- Que existe Dani... – Mari me fitou provocativa.
- Essa nem se eu quisesse conseguiria esquecer. – sorri pra ela dando mais um gole no líquido que passou queimando pela minha garganta.
- Liberte-se, meu bem. Liberte-se! – ela levantou o copo que segurava em minha direção – Hoje até eu to me libertando.
- Cadê o Tony? Que milagre que ele não quis vir contigo.
- A gente brigou.
- E você veio na festa do Bruno só pra deixar ele com raiva.
- Exatamente. O Tony odeia o Bruno. Se ele não quis vir comigo eu vim sozinha.
- Será por que ele odeia o Bruno, né?
- Eu não tenho culpa se o cara é afim de mim. Nunca dei moral pra ele.
- Mas você provoca.
- Provoco nada. Se ele é afim de mim o problema é dele. Eu amo meu namorado e apesar dele ser tão idiota eu não vou deixar de ser honesta com ele.
- Okay. – dei de ombros.
- Por falar nele... – Mari levantou o celular e me mostrou a tela em chamada com a foto do Tony estampada.
- Nossa, eu achei que ele fosse mais duro na queda.
- Ele não consegue ficar sem mim, meu bem. – piscou e se afastou da movimentação para atender o celular.
Eu já sentia meu corpo levemente dormente e meus sentidos mais lentos. É melhor eu parar por aqui. Se eu chegar em casa bêbada minha mãe vai ter mais um motivo pra me matar.
- Oi, Ju. – senti uma mão tocar o meu ombro e me virei.
Senti meu coração gelar e a tensão em meu corpo aumentar quando vi aquela garota ali parada, sorrindo pra mim.
- Oi, é...
- Nanda!
- Isso, Nanda. Desculpe. – sorri sem graça.
- Que bom te ver por aqui.
- É, pois é. – eu já estava me sentindo intimidada pela forma como ela me olhava. Muito pior e mais insinuante que na escola. Será que ela ta alterada?
- Fiquei esperando sua ligação. – ela está se aproximando a cada frase ou é impressão minha?
- Então, eu... Eu estive estudando muito e daí...
- Ju, eu já vou. – eu nunca fiquei tão agradecida pela Mari aparecer do nada.
- Como sua vó está? Ela piorou?
- Que? – Mari me olhava mais confusa do que nunca.
- Sua avó! Sua mãe ligou agora pra falar com você. – a fitei olhando de relance para a garota ao meu lado, tentando indicar sinal de perigo para a Mari – Você precisa ir ver ela? Eu vou contigo, amiga. Não vou te deixar sozinha nesse momento.
Mari me encarou com os olhos semicerrados para só então se dar conta de quem estava ao meu lado.
- Ah... É, sim. Eu vou precisar ir ver ela, amiga. – enfim ela entendeu e entrou no teatro – Mas não se preocupa, não precisa ir comigo se não quiser. Fique e aproveite a festa. – ela me fitava com a cara mais cínica do mundo.
Mas que merd* que essa mulher está fazendo? Será que não percebeu meu desespero?
- É claro que eu não vou te deixar sozinha num momento desses, amiga! Eu vou com você sim. – fiz cara feia para ela que prendia o riso ao ver minha aflição.
- Tudo bem, amiga, obrigada pelo apoio. Então vamos?
- Vamos! – quase pulei de alegria para sair correndo dali.
- Então, Nanda, eu vou ter que ir. Outro dia a gente se fala. Beijo.
Disse rapidamente e puxei a Mari dali pelo braço.
- Você só pode estar de sacanagem com a minha cara! – gritei com ela assim que saímos da casa – Que bela amiga que você é. Vendo meu desespero e me empurrando mais pro precipício!
- Eu sou uma ótima amiga que estava te ajudando a ganhar pelo menos uns beijos e você me faz esse papelão. Trouxa! – dizia aos risos.
- Aquela garota me assusta. Dela eu quero é distância!
- Você é muito frouxa, Ju.
- Só porque eu gosto de mulher e tem uma dando em cima de mim eu não sou obrigada a querer ela.
- Você só quer a sua vizinha gostosona. Ta cega por ela.
- E daí? Eu quero ela mesmo, posso fazer o que?
- O que você pode fazer é deixar de ser covarde e ir falar com ela. Frouxa!
- Cala a boca, Mari!
- Eu desisto de você, garota. Vem, o Tony ta de carro me esperando ali na esquina.
- Eu vou pegar um táxi, não quero atrapalhar o casal.
- Você não vai atrapalhar, meu bem. Relaxa. – disse me puxando pelo braço.
- Ih, eu não tenho fetiche com ménage não. Pode esquecer!
- Você podia experimentar pra saber. Pode ser bem legal fazer um ménage.
- Para tudo! – gritei mais alto do que deveria no meio da rua – Mariana Bittencourt, você já participou de um ménage?
- Cala a boca, garota! Ta louca? – senti meu braço arder com o tapa que ela me deu – Quer que a cidade inteira pense que eu já fiz um ménage?
- E não fez? Porque foi isso que pareceu. – gargalhei.
- Eu nunca fiz um ménage. – continuou andando – Mas me parece ser uma ideia bem interessante. É um caso a se pensar.
- Quem diria... A Mari santinha do pau oco tem fetiches com ménages!
- Você ta precisando é de sex*, Ju. Isso sim!
- Pior que to mesmo.
- Obrigada pela carona, gente. Valeu. – eu disse saindo do carro assim que eles me deixaram na porta do meu prédio.
- Valeu, Ju. – Tony acenou pra mim.
Me encostei na janela do passageiro onde Mari estava e encarei os dois.
- Juízo vocês dois, hein?! E, Tony. – o fitei – Vê se cuida bem da minha amiga, caso contrário eu te mato! – sorri amigável.
- Relaxa, Ju. Essa menina aqui é a minha princesa. Eu só quero fazer ela feliz. – ele sorriu e a puxou para um beijo.
- Que romântico isso! Agora vão pra um motel e parem de se agarrar na portaria do meu prédio. – beijei o rosto de Mari rapidamente e me despedi os vendo partir dali.
Parei em frente à minha porta e comecei a vasculhar minha pequena bolsa a procura das chaves. Olhei vezes demais considerando o tamanho da bolsa, não querendo acreditar que elas não estavam ali.
- Droga, eu acho que esqueci minhas chaves. – bufei irritada chutando a porta do meu apartamento.
No mesmo instante me praguejei pelo ato. Se minha mãe acordasse e sentisse cheiro de álcool em mim eu ficaria um século de castigo, levando em conta que já ficaria meio século por ter ido mal em Física. Mas não vai ter jeito, vou ter que chamar ela pra não ficar na rua.
Toquei a campainha uma, duas, dez vezes e nada. Já impaciente peguei meu celular e disquei seu número. Agora eu estaria mesmo ferrada, ela já deve estar dormindo. Chamou uma, duas, dez vezes e nada.
- Cadê a minha mãe?!
Já estava começando a ficar preocupada pensando nas piores coisas que poderiam ter acontecido para ela não me atender quando meu celular começou a vibrar em minha mão.
- Mãe! Cadê você? Por que não me atende?
- Oi, filha. Você já chegou em casa?
- Já! To aqui na porta tocando a campainha e você não vem me atender!
- E por que não entrou?
- Eu esqueci minhas chaves. Abre logo a porta!
- É que eu não to em casa, filha.
- Não?
- Não, é que... depois que você saiu eu recebi um convite pra jantar e ainda não voltei.
- Convite pra jantar? O que é que a senhorita ta aprontando dona Suzana?
- Eu não to aprontando nada. É só um jantar, filha.
- Ta, mas e agora como eu vou entrar em casa?
- Vai pra casa de alguma amiga sua. Procura algum vizinho, sei lá.
- Sei lá? Mãe, a essa hora todo mundo ta dormindo. Você vai mesmo me deixar na rua pra ficar de namoro? Mal começou a sair e já ta trocando a filha pelo namorado! Que bela mãe que você é dona Suzana! – dramática, eu sei.
- Pare de choramingar que até minutos atrás você nem se lembrava que tinha mãe. Dá um jeito aí, eu vou chegar mais tarde. Você já é bem grandinha, pode se virar. Agora eu preciso desligar. Beijo, filha. Mamãe te ama.
Não tive tempo nem de contestar e já ouvi o fim da chamada ecoar em meus ouvidos.
- Ela desligou na minha cara! – olhei para a tela incrédula – Não se fazem mais mães como antigamente.
Encostei minhas costas na porta, apoiei minha cabeça e fechei os olhos pensando no que fazer. A minha única grande amiga a essa hora deve estar trans*ndo. Não tenho mais ninguém íntimo o suficiente pra pedir pra passar a noite. Eu poderia bater na porta da Dani. Sorri com meu pensamento. Mas é claro que ela nem deve estar em casa. Num sábado à noite, é claro que uma mulher como ela não estaria em casa.
- Boa noite, Ju.
Ouvi aquela voz doce soar em meus ouvidos e meu corpo automaticamente reagiu. E reagiu de todas as formas possíveis. Abri meus olhos e me deparei com aquela deusa em forma de mulher parada na porta da frente me encarando com aquele sorriso gentil de sempre.
- Oi... Oi, Dani. – sorri de volta sem jeito.
- Ta presa pelo lado de fora ou só com medo de entrar e dar de cara com sua mãe te esperando na sala? – além de tudo é bem humorada.
- Não, é que eu esqueci as minhas chaves e a minha mãe não avisou que ia sair. Agora to presa aqui do lado de fora.
Foca nos olhos dela. Foca nos olhos dela. Foca nos olhos dela.
Era o mantra que eu fazia para obrigar os meus olhos a não descerem pelo decote daquele vestido preto, muito curto por sinal, que ela usava.
As pernas dela estavam à mostra. Ah... As pernas. Eu pude ver um sinal de uma tatuagem, mas não consegui identificar o que era.
- Ju?
- Oi? – voltei meus olhos para o seu rosto e senti minhas bochechas queimarem ao vê-la me olhando com um sorriso de quem sabia o que eu estava fazendo.
Droga! Praguejei mentalmente por ser tão fraca. Eu estava secando ela na minha frente e nem consegui disfarçar.
- Eu perguntei se você quer esperar pela sua mãe aqui em casa? – quando perguntou que eu não ouvi?!
- Ah... sim. Se não for incomodar.
- Você não incomoda. – ela piscou pra mim e se virou para a porta rodando as chaves na fechadura. Abriu e me deu passagem, indicando com o braço para que eu entrasse.
Parei de respirar no instante em que passei por ela na tentativa de parar por alguns segundos as batidas absurdamente aceleradas do meu coração. Eram tão fortes que acho que ela poderia ouvir.
Seu apartamento era extremamente organizado, limpo e cheiroso. Tinha o cheiro dela.
Ela me ofereceu que sentasse no sofá e disse para que eu ficasse à vontade enquanto sumia por algum cômodo à dentro.
Era impressão minha ou esse meu vestido ficou extremamente quente de repente? Os poucos metros de tecido que me cobriam estavam me incomodando insuportavelmente por um calor que eu não sabia de onde vinha. Na verdade eu sabia, mas preferi não pensar nisso nesse momento.
- Quer alguma coisa, Ju? – ela apareceu na sala novamente.
Ah, eu queria tantas coisas...
- Uma água, um suco?
- Não, eu estou bem, obrigada.
Mirei um canto qualquer da sala enquanto ela se sentava ao meu lado. Pude perceber com a minha visão periférica que ela se sentou de lado e cruzou as pernas, me encarando.
Não faça isso, mulher! Pelo amor de Deus.
Já estava difícil demais não olhar para as suas pernas e ela ainda as deixa à mostra assim.
- Seus olhos são lindos. – ela disse quebrando o silêncio.
- Obrigada. – agradeci mais sem graça do que antes.
- Os olhos verdes ficam destacados pelo seu cabelo preto. É bonito. – a observei sorrir tão inocentemente que eu poderia jurar que ela estava sendo cínica.
Não preciso nem dizer que meu coração já tinha alcançado meu esôfago e o calor do meu corpo aumentado três vezes mais.
- Como ta indo na escola?
- Bem, quer dizer, não tão bem quanto deveria.
- Sua mãe me disse que você tem dificuldades com Física. Se quiser posso te ajudar.
- Ah... é, eu não me dou muito bem com a Física.
- Eu me dou super bem com ela. – a vi sorrir enquanto fechava os olhos para amarrar os cabelos em um coque mal feito.
Aproveitei o momento para observar a tatuagem em sua perna e me arrependi amargamente por isso. Senti uma fisgada em meu ventre quando vi o desenho de um laço de cinta liga circundando delicadamente a sua coxa direita.
Senti o suor escorrer pela minha nuca e prendi um suspiro forte que me veio ao peito. Engoli seco, molhei os lábios com a ponta da língua e abaixei a cabeça fechando os olhos tentando não acreditar que aquilo era real.
- E os namorados? Tem namorado muito? – ela voltou a me encarar.
- Não, eu... nem to tendo muito tempo, sabe? Os estudos e tal...
- Entendo. É bom se dedicar aos estudos, mas também é bom se distrair um pouco. Você é uma menina tão linda... Aposto que tem muita gente afim de você.
Ela só pode estar de brincadeira! Ela sabe. É isso, ela percebeu que eu viajo nela e ta fazendo isso pra me provocar. Só pode ser!
- Na verdade eu ainda não encontrei ninguém do meu interesse.
- Talvez você não procurou direito. – ela me fitou com um leve sorriso de canto nos lábios.
- É, pode ser. – dessa vez eu firmei o meu olhar no dela que também não desviou.
- E sobre a Física. – ela continuou com uma voz mais suave, eu diria até sensual – Se quiser uma ajuda você pode mesmo me procurar. Posso te ensinar.
- Talvez eu não tenha tanto assim a aprender. – respondi sem deixar de fitá-la – Pode não parecer, mas eu já sei de muitas coisas.
- Isso é ótimo. Podemos trocar experiências então.
Nós estamos falando de Física ainda ou...?
- Podemos... – respondi num fio de voz quando a vi se aproximar.
- Quando você quiser... – disse próxima demais ao meu rosto.
Eu já não sabia mais em que órbita estava. Meu corpo ardia em desejo, meu vestido estava colado ao meu corpo de tanto suor e minha calcinha... Vou ter que jogar fora quando chegar em casa.
Olhei a sua boca tão próxima da minha tomando coragem para avançar. Foi quando a campainha tocou.
Droga. Pensei demais!
A vi sorrir aquele sorriso inocente novamente, como se nada estivesse acontecendo, e logo se levantar para atender.
- Oi, Suzana.
Mãe?
- Oi, Dani. Por um acaso a minha filha está por aí?
- Sim, está sim.
- Ai, graças a Deus! – ouvi seu suspiro.
- Até que enfim, mãe! – me recompus e coloquei a minha cara de paisagem na face para ir até a porta.
- Até que enfim? Por que não atende esse celular, garota? To te ligando faz horas, já ia chamar a polícia!
- Nossa, que exagero, mãe! Meu celular nem tocou. – peguei o aparelho na bolsa para mostrá-la – Olha aqui... Ah, ele descarregou. – sorri sem graça.
- Ah, menina! Você ainda me deixa doida, Maria Julia. Vamos pra casa.
Assenti e a segui em direção ao corredor.
- Obrigada por ter acolhido minha filha, Dani. E desculpa o incômodo.
- Imagina, não foi incômodo algum. A Ju é um amor de menina.
A fitei tentando esconder o sorriso em meu rosto e a vi fazer o mesmo.
- Boa noite, querida. – minha mãe se despediu com um sorriso amigável e foi em direção à nossa porta.
A encarei uma última vez para vê-la soltar uma piscadela para mim e sorrir, para enfim fechar a porta.
Eu preciso de aulas extras de Física o mais rápido possível!
***
Assim que entrei em casa eu corri direto pro banho. Banho gelado!
Vesti o primeiro baby-doll que vi pela frente e me deitei em minha cama. Meu corpo ainda estava em alerta. O calor ainda percorria minhas veias e se instalava diretamente onde eu me sentia mais sensível. Fitei o teto iluminado apenas pelo abajur ao lado de minha cama. Meu peito subia e descia numa respiração pesada e dificultosa.
Eu não vou conseguir dormir.
A minha mente fervilhava em pensamentos. Os mais impuros possíveis. Entrelacei as minhas mãos sobre a minha barriga e apertei meus dedos na tentativa de prendê-los. Minhas mãos soltas acabariam indo para onde não devem ir. Fechei os olhos me lembrando de cada detalhe daquele corpo. O perfume. A boca... Ela estava se insinuando pra mim, eu tenho certeza que sim! Minha mãe tinha que chegar justo naquela hora?! Suspirei pensando no que poderia ter acontecido se não fôssemos interrompidas.
A pressão entre minhas pernas aumentava a cada segundo. Eu não conseguiria dormir sem me tocar. Escorreguei uma das mãos até a barra do meu short e pensei por alguns segundos. Frustração era o que eu sentia. Eu queria que fosse ela!
Puxei a minha mão de volta e me virei para o lado irritada. A Mari tem razão, eu sou mesmo uma covarde. Mas se eu não fizer alguma coisa eu vou enlouquecer por essa mulher!
Por um instante uma ideia me passou pela cabeça. Ri sozinha das loucuras que eu estava imaginando.
Não, ela já deve estar dormindo a essa hora. Mas e se... Não, não seja louca, Maria Julia!
Ou talvez seja... Seja louca ao menos uma vez na vida! Algumas loucuras são tão fascinantes que merecem ser cometidas.
É isso. Se eu não for, com toda certeza eu vou me arrepender pro resto da vida, mas se eu for talvez eu possa me arrepender. Talvez não. Nesse caso a dúvida me parece mais atraente e eu só vou ter certeza se eu fizer.
Me levantei da cama num salto e ascendi a luz do quarto. Dei uma olhada rápida no espelho na porta do meu guarda-roupa e ajeitei o cabelo que caía solto em meus ombros. Mirei o short do meu baby-doll notando que cobria pouco mais da metade da minha bunda. Se eu for mudar de roupa vou perder a coragem.
Apaguei a luz do quarto e saí na ponta dos pés. O silêncio absoluto na casa indicava que minha mãe já dormia profundamente. Caminhei até a porta e rodei a chave com cuidado. A tranquei pelo lado de fora e parei em frente à porta dela.
Respirei fundo e toquei a campainha. É agora ou nunca.
Esperei por alguns segundos e não obtive nenhum sinal. Meu coração batia cada vez mais forte e eu estava em uma batalha interna tentando decidir se tocava mais uma vez ou se corria pra casa e esquecia essa loucura de uma vez.
Ouvi o barulho das chaves na porta e levantei a cabeça, dando de cara com a visão mais linda, sensual e erótica que eu já vi na vida.
- Ju?
Ela me olhava com uma sobrancelha arqueada e um sorriso convencido nos lábios.
Estava escorada na porta usando apenas uma camisa social branca que mal lhe cobria o início das coxas. Os primeiros botões abertos me davam uma visão parcial de seus seios por baixo daquele tecido.
Mais alguns segundos e eu estaria literalmente babando por ela. Pensando bem, talvez eu já estivesse...
- Oi. – dispersei meus pensamentos e a encarei.
- Posso ajudar?
- É que... É sobre as aulas. Eu... Eu preciso da sua ajuda. Em Física, sabe?
- Sei. – pude notar que ela prendia o riso – Mas a essa hora?
- É que eu to tão preocupada que nem consegui dormir.
- Posso imaginar. Entra? – ela me deu passagem e eu sorri aliviada para logo entrar.
Ela trancou a porta e passou por mim em direção ao sofá.
- Senta. Fique à vontade. – ela disse sem tirar os olhos de mim.
Me sentei ao seu lado e a fitei, pensando no que dizer.
- Você sabe que a Física pode ser bem complexa, não sabe? – ela apoiou o cotovelo no encosto do sofá e recolheu suas pernas sobre ele.
- Sei, e como sei!
- Qual a sua dificuldade?
- Ah... Tudo?! – disse sem jeito.
- Pensei que você tinha dito que não tinha tanto assim a aprender, que sabe mais do que aparenta.
- Depende.
- De que?
- Do assunto.
- O assunto não é Física?
- Na verdade não. – a encarei nos olhos.
- E qual é?
- Você.
- Eu? – assenti – O que tem eu?
- Tem que você ta me deixando louca.
- To é?
- Ta!
- E eu posso saber por quê?
Porque você é muito gostosa! Foi a primeira coisa que me veio à mente.
- Não tem um porquê. – foi o que eu disse.
- Tudo tem um porque, Ju.
"Ju..."
Senti a pressão entre minhas pernas aumentar mais ainda. Sinto que a qualquer momento eu vou explodir. Se ela soubesse o poder que essa simples palavra dita por ela tem sobre mim...
- É, tem.
- E qual é?
- Okay, quer saber a verdade? – olhei em seus olhos e a vi assentir – A verdade é que eu to louca pra...
Me aproximei do seu ouvido e sussurrei o mais lentamente que pude.
Vi os pêlos de sua nuca se arrepiarem e a senti suspirar pesado em meu ombro.
Um sorriso brincava em seus lábios quando me afastei.
- Ju... – se ela me chamar assim mais uma vez eu não respondo por mim! – Isso não ta certo.
- E por que não?
- Você ainda é uma menina.
- Quer que eu te mostre o quão mulher eu posso ser?!
Ela sorriu mordendo o lábio inferior como se ponderasse sua resposta.
- Quero. – sussurrou pra mim.
Me virei e montei em seu colo. Já podia ver a excitação ardendo em seus olhos. Segurei em seu rosto e aproximei meus lábios dos seus lentamente. Enfim eu realizaria meu desejo. Todo esse desejo que acumulei por tanto tempo.
Rocei minha boca na sua e dei início a um beijo impaciente, quente. Minha língua ansiava pelo contato da dela e logo fui atendida.
Senti suas mãos espalmarem a minha bunda e não contive o gemido quando ela apertou seus dedos ali. Suas mãos logo alcançaram a barra da minha blusa e a puxaram para me despir. Ela correu os olhos pela minha barriga e seios e um sorriso carregado de malícia surgiu em seus lábios.
- Você é tão gostosa, Ju.
Meu coração saltou no peito. A mulher mais gostosa que eu conheço me acha gostosa!
Por favor, se eu estou sonhando não me acorde agora. Por favor!
A agarrei novamente sentindo ela massagear os meus seios com vontade. Os apertava em seus dedos me fazendo delirar com seus toques. Levei minhas mãos até sua blusa e desabotoei o restante dos botões, revelando seus seios à mostra. Salivei de vontade de tê-los em minha boca. Os alcancei e comecei uma massagem da mesma forma como ela fazia há pouco em mim. Uma de suas mãos desceu pela minha barriga me retirando espasmos involuntários por suas unhas marcando levemente a minha pele. Senti seus dedos escorregarem por dentro da minha calcinha e tocarem meu sex* vergonhosamente molhado.
Ela me olhava com tanto desejo que eu poderia goz*r só de olhar para ela.
Uma de suas mãos me apertava a cintura enquanto a outra iniciou leves movimentos em meu clit*ris. Todo o meu corpo estremeceu e eu fechei os olhos para apreciar aquele momento.
- Olha pra mim. – ela pediu e eu prontamente obedeci enquanto me movia sobre sua mão – Ta gostoso assim?
- Aham... – foi o que consegui responder em meio a um gemido.
Dani aumentou o ritmo de seus movimentos para então abocanhar meu seio, o ch*pando com vontade.
Meus gemidos cada vez mais sôfregos ecoavam pelo seu apartamento indicando que eu não demoraria a chegar lá. E não demorei. Poucos instantes depois eu g*zei tão intensamente como nunca em minha vida.
Me apoiei nas costas do sofá tentando me recuperar e a encarei. Ela tinha um sorriso satisfeito em seu rosto e o desejo ainda ardia em seus olhos.
- Foi bom?
Me aproximei de seu ouvido e sussurrei:
- Foi delicioso. – mordi o lóbulo de sua orelha e sorri largamente.
- Quer mais?
- Quero. – voltei a olhar em seus olhos – Mas agora eu quero sentir você.
Me levantei de seu colo e ela me seguiu, ficando de pé na minha frente.
- Na cama. Vem? – segurou a minha mão e me puxou em direção ao seu quarto.
O cômodo era espaçoso e bem arrumado. Uma brisa fresca entrava pela sacada, balançando as cortinas brancas penduradas ali.
Ela indicou que eu me deitasse em sua cama larga e macia e eu assim o fiz enquanto a observei caminhar até sua cômoda e se servir de uma jarra de água que estava ali.
Com o copo na mão ela caminhou até a sacada e contemplou a vista por alguns instantes. Seus cabelos esvoaçavam pelo vento e sua camisa balançava me dando uma visão maravilhosa de seu corpo.
Corri os olhos por toda a extensão e parei na tatuagem em sua perna. Só me dei conta da minha divagação quando senti a dor em meus lábios tanto que eu os mordia.
A vi se voltar em direção ao quarto novamente e deixar o copo de volta na cômoda. Se encaminhou para a cama e subiu, ficando por cima de mim, mais precisamente sentada em meu colo. A pressão do seu corpo contra o meu ventre me fez ascender novamente.
Ela sorria enquanto retirava sua blusa e a jogava em um canto qualquer, ficando só de calcinha também. Se abaixou até mim e tomou minha boca em um beijo lento e intenso. Cravei minhas unhas em suas costas e a senti gem*r em minha boca.
Me afastei e a empurrei pelos ombros.
- Minha vez!
Me virei sobre ela e a deitei embaixo de mim. Olhei o seu corpo mais uma vez admirando aquela escultura. Eu nunca me cansaria de olhar. Deixei meu corpo cair sobre o dela e comecei a distribuir beijos molhados em seu pescoço.
- Você é a mulher mais linda e gostosa que eu já vi na vida! – sussurrei entre um beijo e outro.
A ouvi sorrir e me arranhar as costas quando deixei um ch*pão no seu ponto de pulso.
- Você é louca, menina.
- Foi você que me deixou assim.
Desci meus beijos até seus seios e sorri de alegria. Finalmente eu os teria só pra mim! Minha boca deslizou ao redor de um deles apreciando cada pedacinho do seu corpo que já se arqueava de excitação abaixo do meu. Sem mais delongas eu o ch*pei com gosto, sentindo o seu mamilo enrijecido em minha língua. Já podia ouvir os seus gemidos quando levei a boca até o outro seio e fiz o mesmo, a sentindo cada vez mais entregue a mim.
Minhas mãos percorreram a lateral de seu corpo enquanto meus lábios desceram por sua barriga fazendo uma trilha de beijos até chegar ao seu ponto de prazer. Puxei sua calcinha lentamente e abri um sorriso ao notar o quão molhada ela estava pra mim. Só pra mim.
Terminei de retirar o tecido calmamente e beijei suas coxas sob protestos desesperados para que eu parasse de torturá-la. Deslizei minha língua de baixo pra cima em sua perna. Mirei a tatuagem em sua coxa novamente. Tão, mas tão sexy! Alcancei o seu sex*, onde logo comecei a ch*par. Apreciei seu sabor como se ali fosse a fonte do mais puro e delicioso mel.
Parei o que fazia por um instante e logo a ouvi reclamar palavras desconexas para mim. Sorri vendo-a frustrada enquanto eu levei dois dedos à boca e os ch*pei a encarando. Assim que ela fixou os olhos em mim se aquietou, percebendo as minhas intenções.
Levei os dois dedos até sua entrada e a penetrei calmamente. Ela se contorceu ao sentir e começou a mover seu quadril assim que iniciei os movimentos de vai e vem dentro dela. Me aproximei de seu sex* novamente e recomecei a ch*pá-la com tanta vontade quanto antes.
- Vai, Ju...
A ouvir dizer num gemido que soou como música pros meus ouvidos.
- Assim, Ju...
A minha excitação aumentou dez níveis só de ouvi-la gem*r o meu nome.
- Ju... Eu vou... Assim, Ju. Não para!
E essa foi a gota d'água para mim e para ela. Goz*mos juntas e intensamente. Suguei todo o líquido dela enquanto sentia o meu escorrer por minhas pernas.
Limpei o meu rosto com as costas da minha mão e deitei ao seu lado, a vendo sorrir pra mim.
- Nossa, Ju... – respirou fundo – Você é boa. Muito boa!
Acho que meu sorriso rasgaria o meu rosto a qualquer momento de tão feliz que eu estava.
- Então vem me provar. – a fitei sugestiva.
Segundos depois eu já sentia sua língua quente em meu sex*, me fazendo delirar mais uma vez.
Senti meu corpo pesado afundado na cama. A claridade do dia batia em meus olhos, mas eu não conseguia os abrir. Como num estalo me levantei assustada me dando conta da noite passada, mas me acalmei assim que percebi que estava em meu quarto. A calma logo se transformou em decepção.
Será que tudo não passou de um sonho?
Não, não poderia ser. Foi tão real!
Eu me sentia exausta e dolorida. Me levantei e caminhei até o espelho em meu guarda-roupa. Minha cara estava um desastre.
Me analisei com calma e então abri um sorriso ao notar uma marca em meu pescoço. Joguei meu cabelo para o lado e conferi mais de perto. Sim! Levantei minha blusa e a constatação estava ali. Não haveria mais dúvidas, não foi só um sonho!
As marcas de suas unhas em minha pele e os arroxeados ao redor de meus seios deixavam claro que a noite que eu imaginei realmente existiu. E foi maravilhosa!
- Bom dia, mãe! – me sentei à mesa para o café da manhã depois de um longo banho.
- Bom dia! – ela me fitou – Acordou animada, hein.
Me limitei a sorrir para ela.
- A festa de ontem foi boa? – me encarava enquanto dava um gole em seu café.
- É, foi. Foi bem legal. – disse ao levar uma torrada até minha boca – E a sua noite foi boa dona Suzana?
- É, foi bem legal. – ela me sorriu debochada.
- Sei... – a olhei desconfiada – É... Mãe, eu preciso te falar uma coisa.
- Diga, filha.
- É que eu... Eu to indo muito mal em Física. Essa matéria não entra na minha cabeça.
- Estude mais então.
- Pois é, é justamente sobre isso. – fiz uma pausa e a analisei – Bem, eu tirei uma nota horrível na última prova e o professor quer que os pais dos alunos que tiraram nota baixa compareçam na escola amanhã para uma reunião.
- O que você anda aprontando hein, Maria Julia?
- Eu? Não to aprontando nada, mãe! Esse professor que é doido.
- O professor não é doido, você que não estuda direito. Tem que se dedicar mais já que sente dificuldades na matéria.
- Pois é, mãe. Então... A Dani, ela se ofereceu pra me ajudar em Física. Ela trabalha com isso e disse que pode me dar um reforço se eu quiser.
- Ah, que gentil da parte dela. – minha mãe sorriu satisfeita.
- Sim, muito gentil.
- Ótimo então. Estude mais e aproveite os conhecimentos da nossa vizinha, tenho certeza que ela pode te ajudar bastante.
- É, com certeza pode.
Passei o dia com um sorriso de orelha a orelha no rosto. Espera só quando eu contar pra Mari o que aconteceu. Vou esperar até amanhã na escola só pra ver a cara dela. Ela não vai acreditar!
Eu estava largada no sofá da sala, observando pela grande janela de vidro a luz do sol se enfraquecer no céu quando minha mãe apareceu em minha frente.
- Vou sair e acho que vou demorar.
A mirei dos pés à cabeça. Arrumada e perfumada demais.
- Onde a senhorita está indo? – perguntei acusadora.
- Não interessa, vou sair.
- Dona Suzana, dona Suzana... – me sentei para encará-la – Está aprontando, né?
- Vamos fazer assim, você apronta e eu não te questiono e você faz o mesmo por mim. Combinado? – ela me jogou um beijo no ar e saiu sem nem olhar pra trás.
- Realmente não se fazem mais mães como antigamente! – ri sozinha da situação.
De qualquer forma eu estou feliz por ela. Já estava na hora da minha mãe se dar uma nova chance e conhecer alguém.
Minhas divagações foram interrompidas pelo barulho da campainha. Me levantei sem nenhuma pressa e fui atender. Meu corpo ainda estava dolorido e cansado. Abri a porta despretensiosa e me dei de cara com ela, parada ali com o sorriso mais cínico do mundo nos lábios.
- Oi, Ju... Ainda quer as aulas de reforço? – me fitou maliciosa.
Respirei fundo, a encarando com um largo sorriso no rosto.
Sim, eu quero. E como quero...
Fim do capítulo
E então?
Vocês devem estar se perguntando por que ainda não postei "I'm in Love With my Boss" por aqui, e ainda por que estou postando outro conto se ainda nem terminei aquele.
Bem, eu andei pensando e resolvi fazer uma revisão geral em toda a história, desde o início. Por isso decidi postar ILWMB em outro site apenas quando eu concluir ela, quando poderei revisá-la depois de completa para postar novamente. E se eu postá-la aqui agora terei um trabalho dobrado de postar tudo de novo depois da revisão.
E sobre esse conto, essa foi uma ideia que tive de repente, das muitas que passam pela minha mente que não para um minuto.
Resolvi escrevê-la porque gostei do contexto que imaginei e, para me familiarizar com o site, deixarei esse breve conto para vocês se distraírem.
Espero que tenham gostado!
Um beijo e até breve!
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dannivaladares
Em: 21/01/2018
Autora,
Adorei esse conto. Simplesmente simples, mas encantador, é inteligente. Parabens!
Att,
Daniela V.
Resposta do autor:
Oii
Muito obrigada! Que bom que gostou!
Beijão
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ReSant
Em: 02/08/2016
vc realmente escreve muito bem, quero muito ter a oportunidade de ler todos os seus trabalhos, pq gostei pra caramba....
parabens
Resposta do autor:
Muito obrigada!
Ah, fico feliz por saber. Obrigada mesmo *-*
Eu também espero que possa acompanhar e ler sim...
Beeijo
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Ana_Clara
Em: 24/12/2015
Autora, feliz natal! Muita paz e muitas ideias incríveis para o próximo ano. rsrsrs
Resposta do autor em 26/01/2016:
Oiii!
Desculpa, não tinha visto seu comentário ><
Mas obrigada! Espero que tenha tido um ótimo fim e começo de ano.
Eu também espero ter boas ideias rsrs
Beijão <3
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renata_rs04
Em: 17/10/2015
humm! que vizinha salinhete kkkkkk
poderia ter prolongado o final mas um pouquinho kkkk
brincadeira sweet rsrs adorei o conto! maravilhoso!!
nossa é sempre bom ler o que se passa na sua mente rsrs
nao deixe de nos presentear anjo!! beijos
Resposta do autor:
rsrs Terrível, né...
O resto fica a cargo da imaginação de vocês rsrs
Eu fico feliz que tenha gostado, obrigada! *-*
Sempre que puder vou compartilhar com vocês sim rsrs <3
Beijo
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Hanna777
Em: 30/09/2015
Sweet admiro muito o jeito que você escreve é muito envolvente. E esse conto é demais, adoraria ter uma vizinha dessas. Beijos.
Resposta do autor:
Olá!
Ah, muito obrigada! Eu fico feliz por saber :)
E que bom que gostou!
Quem não gostaria de ter uma vizinha assim, né rsrs
Beijo
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paty souza
Em: 21/09/2015
Adorei a distração!!
Resposta do autor:
Que bom! rsrs
Fico feliz por saber.
Beijo
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lenna11
Em: 20/09/2015
Amei esse seu conto apesar de curto foi maravilhoso! Não vejo a hora de vc voltar a postar ilwmb tava lendo no outro site!
Resposta do autor:
Fico feliz que gostou. Obrigada!
Eu continuo postando ILWMB só que em outro site, no qual já postava desde o início. Então por enquanto só no Social Spirit. Se quiser pode acompanhar por lá :)
Beijo
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JanBar
Em: 20/09/2015
Sweet que bom ter você por aqui! Adorei conhecer A Vizinha, assim como adoro, e acompanho pelo outro site, Im In Love With My Boss e também Doce Como Vinho. Gosto muito do jeito que você escreve e de como conduz a narrativa. Escreva sempre e cada vez mais! Pode apostar que o prazer é nosso! Bjs, JanBar
Resposta do autor:
Olá! É bom estar aqui. Obrigada.
Eu fico feliz por saber. Muito obrigada por acompanhar!
Enquanto me for permitido eu continuarei escrevendo sim. É algo que amo fazer :)
Beijo
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Mille
Em: 20/09/2015
Baby S, que bom ter você nesse cantinho.
A que vizinha maravilhosa, quente..... oxe vou parar por aqui.
Mais será show de bola, se tivesse mais uns capitulos extras.
Adorei Ju e Dani, o que será que a Susu anda aprontando, vejo na minha bola de cristal que tem romance e posso até esta enganada mais tem uma bela morena nessas saidas misteriosas de D. Suzana.
Bjus linda
Resposta do autor:
Olá! Obrigada rsrs
Pois é, muito legal essa vizinha rsrs
Mas não tem como continuar. Minha ideia foi só essa mesmo, desculpe ><
Mas gente... rsrs Todo mundo achando que a Suzana curte kkk Pra sanar qualquer dúvida, ela estava saindo com um homem. É hetero rsrs
Beijo
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lucy
Em: 20/09/2015
ahhh gostei sim, tanto que queria muito que elas dessem as caras por aqui numa continuação.... pra sabermos da.Su kkkk e.esse.misterioso que está a encontrar-se com ela....ou essa misteriosa..,seria.engraçado.a filha ver esse.outro.lado da mãe..... rs enfim é um conto único. mas a gente pode sonhar néh ??/kkkkk com um retorno ou continueishons....
bjs xaaaaau
fuiiiiiiiii
Resposta do autor:
Que bom! Fico feliz, obrigada rsrs
Olha, esse não vai dar pra fazer continuação rsrs Foi uma ideia breve, não tenho enredo pra continuar.
Mas imagine aí... rsrs
E a Suzana estava saindo com um homem. Para não ficar dúvidas rsrs
Beijo
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Silvana Januario
Em: 19/09/2015
Eu adorei o conto!
Eu te acompanhava com ILWMB e fico feliz que não desistiu da história.
Aguardo ansiosa a sua revisão e término pra nos agraciar com a história.
PS: quero uma vizinha como a Dani!!!!
kkkkk
Beijão!
Resposta do autor:
Fico feliz. Obrigada!
Não desisti não. Continuo postando ela no site Social Spirit. Se quiser acompanhá-la durante o andamento é só passar lá :)
Acho que todo mundo queria, né rsrs
Beijo
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vitoriosa
Em: 19/09/2015
ai ai, uma vizinha é tudo na vida de um ser humano. rsrsrs ameiiiii muito bom. adoro historias de estudante e professora. rsrsrs. bjsssss
Resposta do autor:
rsrs Ter uma vizinha legal como essa seria bom, né...
Fico feliz que gostou. Obrigada!
Beijo
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preguicella
Em: 19/09/2015
Adorei a história da Ju!
Se In love continua, mesmo que em outro site tá ótimo! O que não pode é parar!
Bjãoooo
Resposta do autor:
Que bom que gostou!
Continua sim, só no Social Spirit por enquanto :)
Beijo
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Sem cadastro
Em: 19/09/2015
Que bom te ver aqui!
Seja bem vinda!
Adorei A Vizinha na mesma proporção que adorei Doce Como o Vinho....
Beijos Sweet!
Resposta do autor:
Olá!
Obrigada! :)
Que bom! Fico feliz que tenha gostado.
Beijo
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