Capítulo 5
BARBARA
Terminei as cirurgias ja era quase manhã todas bem sucedidas. Mau me movia de cansaço nem pude estar com Fafa que chegara de viagem.Peguei o carro e fui para casa ao som de Lenine me relaxa tanto,estava a poucas quadras de casa cantalorando,quando vejo uma jovem caminhando, cabelos cacheados lisos até a nuca,a pele clara, mais branquinha do que a minha,corpo esguio,usava uma jaquetinha preta,calça jeans clara rasgada tipico pensei e sorri de meu pensamento,a figura prendeu meu olhar,não ouvia mais o mundo não havia um, só ela,caminhando displicente,brincava com algo na mão;ela vinha e eu ia a medida que o carro aproximava... aaah meu deus!é a marginal,quer dizer a menina minha chance de me desculpar gritei.
--HEI VOCÊ!!!--Ela olhou e claro soltou palavrão há pra ver boca mais suja,ela se agachou em minha janela antes de abrir minha boca nossos olhos se encontraram.
--Dona doutora,como vai?--Um sorriso arrebatador me lançou e não fiquei imune.
--Eu vou bem,olha eu preciso falar com você e...--Iria me desculpar quando olhei--Mais o que você pensa que esta fazendo?
--Não ta vendo dona doutora? to rasgando teu pneu,você tava me devendo uma--Piscou para mim e se levantou--Me disse um tanto de merd* feia la naquele hospital ,você nem me conhece porr*!!tava la toda metidinha,nariz em pé ,lindo por sinal ,como a boca,o cabelo,o bumbum,enfim tudo,mas não lhe da o direito de sair por ai julgando os outros ;sou a maior porr* loca do mundo ,mas nunca ,nunca ta me ouvindo ?nunca machucaria uma criança.--Eu perplexa não ouvi nada a desgraçada rasgou meu pneu,sai do carro sem acreditar ainda.
-- Aaaah mais eu vou machucar ,machucar não !!matar uma agora.Parti para cima dela caimos no chão ,cai por cima sem muito ou nenhum esforço ela girou o corpo e ficou sobre mim com um sorrisinho vencedor e zombeteiro nos labios.
--O que ia fazer comigo mesmo?--Me provocando ainda ,vitoriosa.
--Sai de cima de mim sua...sua...
--Gostosa?--Ela ainda tem a cara de pau de me provocar.
--Sua marginal.Eu sou uma idiota mesmo! iria te pedir desculpa,estava toda culpada pelo que fiz com você e você RASGA O MEU PNEU?NÃO RETIRO UM NADA DO QUE TE DISSE NO HOSPITAL.--Batia nela e gritava para que saisse de cima de mim.
--Para de grito dona doutora--Com uma mão tocava meu rosto enquanto a outra me segurava,aos poucos ia me rendendo ela era bem forte-- Você é muito linda sabia?--Me apresentou um sorriso meigo,um olhar de devoção--E tem um cheiro tão gostoso.--Parecia criança ela.
Fiquei meio que inerte pela forma que me olhava,os labios bem delineados,parecia ter todos os dentes na boca,os cabelos desgrenhados no rosto,encantamento,fascinação,PAIXÃO?não, nunca! dissipei tudo e voltei a mim--Garota se encherga esta me cantando?não me faltava mais nada.--Me protegi.
Ela sorriu divertida alheia a tudo que me acometia--Não dona doutora não gosto de periquita não me dou bem nem com minha,e ainda que gostasse, você? nunca, metidinha,é totalmente fora dos meus padrões pessoas como você--Fez uma cara de nojo--Eca!--não acredito que to sofrendo preconceito de uma moradora de rua quem ela pensa que é?-- Deve ter dinheiro pra caralh* e é um pé no saco.
Ela terminou de falar saiu de cima de mim e me levantou tambem no mesmo momento em que a policia chegou bem na hora em que ia dizer umas verdades a ela e acabar com sua raça.
--Meeuu!! eu devo ter chutado a bunda de todos os anjos do céu!vai se ferrada assim não sei aonde--Apontou o dedo pra mim--Disse pra você não gritar metidinha agora fudeu.--Não dei atenção ao que ela disse me dirigi aos guardas.
--Seu guarda eu posso explica.--Falei educada me ajeitando.
Mais a peste entrou no meio e estragou tudo -- Não meu ocupado,bravo e valente homem da lei eu explico--Deu três tapinhas no peito do guarda--Veja bem como o mundo anda cruel tava indo euzinha aqui pra casa quando essa ai tentou me sequestrar.--Sinica sem vergonha.
--kkkkkkkk eu tentei te sequestrar?vaca,me dirigi ao guarda novamente--seu guarda olha bem para mim e olha pra esse farrapo ai a sua frente--Ele nos olhou ficou com cara de bobo tarado --Só me faltava essa --Sussurei.
E a fedelha continuou---Mais seu guarda pensa, eu estou dentro das estatisticas garota sem familia,caminhando sozinha a noite ela olhou pra mim e pensou vou faze-la de escrava sexual.--A medida que ia falando ela começou a chorar,sinica desgraçada voei para cima dela o guarda me segurou.
--Meu deus quanta criatividade !!onde fui me meter nunca ouvi tanta asneira na minha vida.Começamos uma pequena discussão entre nós duas nem parecia que o guarda estava la,até ele se zangar claro.
--Calem a boca as duas e vamos vão se explicar na delegacia não estão falando coisa com coisa la o casal se entende.
--NÃO SOMOS UM CASAL--Gritamos juntas.
--Mais agem como um e não me interressa a ligação de vocês vamos--Nos encaminhou a viatura,mamãe e papai infartariam se me vissem nessa situação.
--Parabens idiota!!!--Que raiva dessa menina.
--Seu guarda posso pergunta uma coisa?--A menina me ignorando.
--fala!
--Sera que tem comida la na delegacia ainda?--Ele nada respondeu.
Estavamos sendo presas e aquela peste pensando em comida.Papai iria enlouquecer ao saber; o trajeto até a delegacia foi feito no mais absoluto silêncio achava que ela não se calava nunca,quando a espiei estava com a testa no vidro cochilando ,parecia tão inocente,calma,naquele momento com aquela serenidade a chamaria de anjo e eu estava ali em meio a cidade perdida ,sera?ou estava onde sempre deveria estar.
É claro que ela iria quase derrubar a delegacia fez o maior escandalo por um prato de comida o que nos rendeu o resto da noite na cela e ainda assim só sossegou quando a marmita chegou que declinio meu hein,marmita deus.
.
--A quanto tempo você não come?--Ela comia com desespero parecia um animalzinho.
--Sei la acho que uns dois dias ou quase isso,quer?--Sorrindo toda lambusada de gordura.
Não pude deixar de sorrir--Obrigado e outra você ja comeu quase tudo--Brinquei com ela,mas ela ja tinha mesmo.
--Te dou o restinho,toma.--Me estendeu ,não sei qual é a conotação de fofura do mundo mais este gesto me tocou profundamente.
Achei fofo o gesto! Um gesto tão infantil e charmoso ao mesmo,o mundo em que vivo é tão carente de gente de verdade,gente intensa ,que não esteja seguindo um roteiro,convenções,não conheço pessoas assim,nunca convivi,conheço o mundo,estudei na Europa e EUA ,restaurantes caros,enfim,todo um mundo posto aos meus pés ,mas solitario,não solitario de pessoas ou até mesmo sentimentos,mais sim de emoções,a flor da pele,vista nos olhos,nos gestos,sem pragmatismos ,emoções,não que ter todas essas coisas seja ruim,não é!é muito,muito bom,andar de primeira classe,Resorts,mas nada disso é tão prazeroso e preenche tanto meu peito quanto ver uma menina entre quinze e vinte anos com o rosto cheio de gordura sorrindo pra mim.Qual o significado de tudo isso?ainda não tenho capacidade emocional de entender ,mas é bom,muito bom.--Apesar de ser brigona ,encrenqueira ao extremo, ela tinha uma inocência no ollhar,uma doçura coisas dificeis de se encontrar em um adulto humano.
--Qual seu nome?--Perguntei me recompondo.
--Quer fazer amizade dona doutora!!--Brincou largando a marmita e sentando ao meu lado.
--Não! só curiosa .--Tentando parecer indiferente.
--Meu nome é Maria clara,doutora chega pra la um pouquinho,prazer--Disse e se deitou em meu colo.
--Vou te dar cinco segundos pra tirar a cabeça do meu colo ou vou lhe jogar no chão.--Apesar de estar adorando não podia dar mole folgada.
--Qual é doutora to com dor nas costas e cansadona pô, seu colo é a unica coisa macia por aqui,deixa por favor!!--Sorria intimamente.
-- Ja se foram três segundos ,quatro...
--Ta ta ta!!--Resmungou saindo do meu colo e sentando do meu lado.
--Lindo nome sabia,só não combina com essa boca suja ,nem você combina com sua boca.--Disse a fitando.
--Qual o seu dona doutora?--Me perguntou.
--Sou Barbara!!
--Nome burguês claro!--Sorriu chacoalhando a cabeça-- Seu nome é muito da ora delicado e forte ao mesmo ,doce!assim como você.
--Como pode me achar doce só lhe maltratei em todos nossos encontros,nada que você não merecesse.--Fiquei curiosa .
--Ta certo que você é uma praga ruim,mas nada disso tira sua doçura,o olhar mais triste que ja vi que apesar de todas as vezes querer me mata me olha num misto de ternura e algo que ainda não sei o que é,mas me olha tambem com piedade a vida toda é esse tipo de olhar que provoco nas pessoas.--Deu de ombro.
--Qual sua estoria?quer dizer o que houve pra você acabar assim?--Perguntei.
--Assim como?e quem disse que acabei?--Ela se divertia.
--Assim assim oras ao ponto de ficar dias sem comer.--Falei com delicadeza.
--Bom!!--Se deitou em meu colo novamente--Eu sempre fui assim Barbara desde tiquinho de gente ,me criei nas ruas não lembro de viver em lugar diferente;os tiozinhos mais velhos dizem que apareci em um viaduto com uns três anos vaguei por algum tempo dai um casal de mendigos tipo me protegia sabe?mais não eram nenhum santo me punham pra pedi esmola ganhava maior nota ,depois de um tempo não curtia mais pedir foi quando eu descobri que existia e era gente não o que eles tentavam me fazer ser.Dei um pinote neles e fiquei por minha conta,eles me caçavam quando achava batia,putz ja levei cada surra dos garotos se te conta você nao cre dona doutora,voltando,quando eu tinha uns noves anos ta vendo essa cicatriz aqui--Me mostrou a nuca--Então a mulher quebrou a garrafa de cachaça ai,cara! me rendeu dez pontos;apartir disso nunca mais deixei ninguem se aproveita de mim,tocava o terror claro que apanhei muito tambem sempre fui essa secura aqui,isso ai doutora fim do conto a vida de maria clara.
--Como consegue contar coisas terriveis assim sorrindo?é cruel desumano, ainda mais com uma criança.--Eu estava indignada.
--E como quer que eu conte Barbara?chorando?me descabelando?vomitando incomformismos contra a vida e o mundo porque sacanearam comigo? que eu pragageie as pessoas que me conceberam porque são uns filho da puta pra abandonar uma criança?to cagando pra eles se tiveram coragem de me abandonar se ficassem comigo fariam coisa pior,não tenho nem raiva deles porque deixar de adimira o céu me consumindo de rancor e ódio por pessoas que nem sei quem são e ó eu devo uma a eles se não eu naõ tava aqui,olha pra mim!--Puxou meu rosto pra ela--Eu escolhi ser e não pertencer, não tenho a necessidade de que quase todo ser humano tem de pertencer a algo ou alguem,pertenço a mim,ser moradora de rua não me diminuiu em nada perante meus olhos,embora me diminua diante dos seus e de todo mundo,cada um é aquilo que precisa ser mais não para os outros,mas pra si mesmo sinto muito doutora se a pobreza que alimenta minha felicidade é a mesma que enoja sua alma.--Piscou pra mim sorrindo.
--Belo discurso até pareceu gente grande!mais é apenas discurso de uma jovem utópica e delirante porque só por delirio ter orgulho de ser mendiga e você não sabe a dor de um abandono.
--Eu Barbara?não sei,tem certeza?--Não sorria mais--Fui abandonada por toda minha vida a diferença entre nós que não virei refem do meus abandonos,não me resuma em uma palavra.Da colo denovo metidinha?--Mudou de assunto,não insisti.
--Adianta se eu disser que não?--Só fez que não com a cabeça.
--Barbara?
--Oi!
--Eu tenho vinte ta!!--Aconchegou mais ainda a cabeça em meu colo.
--Vinte o que?
--Anos pô.
--Sem mentiras ok clara!!--Virou pra mim com um sorriso lindo nos labios,encarava meus olhos.
--Ninguem nunca me chamou de clara sabia, e não estou mentindo sou vintona,mas fala ai ,sou uma uma velhinha gostosa né?--Piscou pra mim.
--Jurava que você tinha entre quinze e dezoito,que idiota que sou!
--Isso eu concordo Barbara.--Sorriu.
--Hei!!só eu posso me ofender você não.--Sorri tambem.
Ficamos um tempo em silêncio clara cochilava em meu colo--Barbara!
--Hum.
--Você tem cheiro de amor!!!!!
Afundou ainda mais sua cabeça em meu colo,foi indo até adormecer.Observando ela dormir não da para acreditar que ela tenha tido e tem a vida que me contou,um rosto puro, fragil,cabelos castanhos cacheados muito mau cuidados mais lindo,essa Clara adormecida é como porcelana,não o tisunami que se chocou contra mim,se desse um banho de loja não teria princesa no mundo que se equiparia a sua beleza.
Fim do capítulo
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