CapÃtulo 19
Como Tina já havia previsto, a noite na piscina não terminou em mergulhos, Flávia a tinha abraçado, e começaram a namorar, trocando inicialmente beijos pouco provocantes, mas que aos poucos foram fazendo com que seus corpos exigissem mais. Só não fizeram amor dentro da piscina, porque sabiam que não conseguiriam reprimir os sons dos gemid*s, que poderiam ser ouvidos pelos vizinhos, embora não pudessem vê-las, através do muro alto.
Enrolaram-se nas toalhas da piscina e subiram apressadas para o quarto, onde as toalhas molhadas foram deixadas no chão, aos pés da cama. Determinadas a experimentar outras posições, como se isso fosse acrescentar-lhes alguma sensação ainda não descoberta, se tocaram dos mais variados jeitos. Resultado: na manhã seguinte estavam doloridas, como se tivessem feito exercícios físicos pesados.
- Da próxima vez que resolver experimentar todas as posições do Kama Sutra Les, me avise antes, que é para que eu tome relaxante muscular antes. – Riu Tina, gem*ndo, agora de dor nas pernas.
- Agora está reclamando, mas bem que ontem estava gostando, não é? – Brincou com ar levado.
- Alguém aqui disse que não tinha gostado? Só disse que precisava ter me precavido. Tô ficando velha pra essas maratonas. E pelo que me consta, não sou só eu que estou com dor em todos os músculos do corpo. Você ta aí só mexendo os olhos, por quê? – Debochou, sabendo que Flávia também estava dolorida.
- Ai, ai. Tá, me dá um desses comprimidos também, do contrário não vou conseguir levantar.
- Tô dizendo, isso é conversa de “sapatosa”.
- Sapatosa?!
- Sapa idosa. – Riu – Ai, droga, até rir dói. Caíram as duas na risada, mesmo sentindo como se tivessem sido atropeladas por um tanque de guerra. – E nem pense em trans*r pelo menos por uma semana. Vou precisar de um tempo para me recuperar dessa.
- Que nada, daqui a dois dias nem vamos mais lembrar que tivemos dor.
- Uma semana, e ponto final.
- Mas...
- Não se faça, não conseguem nem se mexer e se fazendo, como se fosse dar conta em dois dias.
Flávia tinha que concordar, mas não o faria em voz alta, afinal, seria muita humilhação. Risos.
Roger e Flávia fizeram as entrevistas para a vaga de estagiária, e terminaram por decidir, de comum acordo, que Ana Cláudia tinha o perfil mais adequado para o trabalho, e parecia, além de inteligente, espirituosa e criativa. Como o volume de projetos era grande, a contratada assumiu o cargo no dia seguinte ao resultado da seleção. Estando Flávia envolvida com o atendimento de novos clientes, Roger se encarregou de distribuir e supervisionar as tarefas da estagiária. A quinzena passou sem ser percebida, tamanho o volume de trabalho na Space.
- Amor, Lu e Cam retornaram. Chegaram essa madrugada. Estão em Brasília.
- E onde estão? – Estranhou, a arquiteta, pois não viu movimento na casa, além do da esposa.
- Foram direto para um hotel. Convidei-as para ficarem conosco. Decidiram procurar uma casa em Brasília.
- Quanto a ficarem aqui, tudo bem, você quem sabe. Agora, não entendi a parte de procurarem uma casa aqui.
- Acredito que Camille tenha convencido Luana, pois quando esteve aqui, me disse que Cam tinha vontade de morar em Brasília, que estavam cansadas da agitação de São Paulo, e como Luana pode trabalhar em qualquer lugar, e Cam estava disposta a vir pra cá, acho que resolveram durante a viagem. E querem que as ajudemos a procurar algo para comprar, ou aqui no Lago Norte, ou no Lago Sul.
- Que rápido... Mas, tudo bem, se elas podem fazer uma mudança assim tão repentinamente, melhor para elas.
- Amor, fiquei de buscá-las daqui a pouco, você vai comigo? – Pediu, manhosa.
- Sabia que essa conversa ainda ia render. Já sei que esse jeito “meigo” sempre esconde alguma coisa. – Reclamou, brincando.
Poucos dias depois Flávia encontrou uma casa há poucas quadras da sua, por um preço relativamente bom, para as amigas. A propriedade em estilo contemporâneo clássico, tinha quase tanto espaço quanto a sua própria, e também tinha vista privilegiada para o Lago. Com duas amplas salas, uma sala conjugada que poderia ser transformada em estúdio ou sala de leitura, três suítes, uma cozinha grande, banheiro social, dependência de empregados, lavanderia e garagem para dois carros.
Uma piscina, cercada, logo ao lado de um pergolado, integrado a uma edícula. Canil e um jardim maravilhoso, com árvores frutíferas e flores típicas da região, além de muito espaço para ampliações, caso o desejassem.
Fechado o negócio, Camille deixou a cargo do escritório de Flávia, pequenas mudanças que gostaria de fazer na casa, antes de se mudarem. E por serem velhas amigas da mulher, cuidou pessoalmente do projeto, apresentando o projeto a Luana dois dias depois. Enquanto conversavam no estúdio de Flávia, acertando pequenos detalhes, Camille e Tina conversavam a beira da piscina.
– Tem certeza de que quer fazer isso, Cam? Sabe que é algo sem volta. Vai mudar toda sua vida, e a vida de vocês.
– Tenho Tina, pensei muito antes. Agora só falta conversar com Luana. Se ela concordar, dentro de alguns meses vou procurar os meios existentes.
– Cam, você é realmente corajosa. Já pensei nisso algumas vezes, mas nunca me animo a conversar sobre o assunto com Flávia.
– Tina, Luana e eu já vivemos todos os altos e baixos possíveis. Sei que agora aprendemos. Sei que não há mais volta, que ficaremos juntas, então, acredito que não seja uma decisão tão radical assim.
– Não sei, amiga, continuo achando que é muita coragem. Acho que sou egoísta demais para algo assim, embora já tenha mudado muito depois de Flávia e também creia que nosso relacionamento será duradouro.
– Só vou pedir que não comente nada com Luana antes que eu converse com ela.
– Nem precisava pedir, Cam. Esse assunto é só de vocês duas. É uma decisão muito séria para ser assunto de uma conversa entre amigas.
As mulheres se abraçaram, antes de mudarem de assunto. Luana e Flávia estavam se aproximando.
– Então, o que resolveram?
– Tudo acertado, em uns vinte dias vocês poderão mudar. – Respondeu Flávia, sorrindo, satisfeita por agora terem o casal de amigas por perto.
– Flávia vai tomar conta de tudo pra nós, amor. Acho que devemos ir pra casa amanhã, cuidar do que precisamos fazer lá. E preciso voltar a escrever, tenho um livro para entregar.
– Sim. Temos muito que fazer em casa. Vou reservar um voo para amanhã cedo. Enquanto cuido das coisas, você tenta se concentrar e começar a escrever. Caso você precise que vejamos algo, venho. – Completou, dirigindo o olhar para Flávia.
– Creio que não será preciso, mas manteremos contato. Cuidem da mudança, que me encarrego de deixar a casa pronta para vocês virem morar. – Tranquilizou-as.
Os dois casais conversaram animadamente durante o jantar, depois recolheram-se para seus quartos, Tina e Flávia trabalhariam no dia seguinte e Luana e Camille, pegariam o primeiro voo da manhã para São Paulo.
Enquanto aprontavam-se para dormir, Tina comentou com Flávia sobre o projeto de Camille de engravidar.
– Que legal. Acho que Luana ficará muito feliz. Se fosse eu ficaria.
– Nunca perguntei o que você pensa sobre crianças. – Disse Tina, sondando a mulher.
– Adoro crianças, mas me contentei que não teria filhos. Já pensei em adotar, mas não tinha encontrado com quem. E não dá pra fazer algo assim com qualquer pessoa. – Respondeu enxugando os cabelos, enquanto Tina passava creme no rosto.
– E se pensássemos a respeito disso, nós também?
Flávia parou, encarando a mulher através do espelho, para ter certeza de que falava sério, ou se era mais uma de suas brincadeiras. Tina percebendo sua hesitação, virou-se para que se olhassem de frente.
– Você está mesmo falando sério? – Ainda perguntou.
– Depende, se você achar que isso é viável, podemos pensar. Acho que se você quiser, me animo. Do contrário, esquecemos o assunto, e tudo bem.
– Tina, não brinca com algo assim.
– Não estou brincando. Tô falando sério. Já tinha pensado nisso antes, mas achei que era besteira, como nunca tínhamos conversado sobre filhos, deixei o assunto pra lá. Hoje quando Cam falou sobre isso, me animei de novo, por isso resolvi descobrir o que você pensa a respeito.
– Eu penso que você seria perfeita como mãe, e como eu adoro crianças, acho que seria fantástico, se você quisesse. – Respondeu com o sorriso largo, que Tina já conhecia.
– Então está resolvido. – Anunciou, voltando-se novamente para o espelho, também sorrindo.
– Hei, é assim?
– Ué, assim como?
– Como se isso fosse a coisa mais normal do mundo, como se fosse algo simples. – Às vezes o jeito prático da mulher a intrigava.
– E não é?! Vamos ter um filho, ou filha... simples assim. Quer dizer, eu vou ter, né? Quer dizer, vamos ter. Só que eu é que vou engravidar. Depois a gente pensa como é que vamos fazer isso. E você vai se preparando para fazer as minhas vontades, porque tenho certeza que vou ser uma grávida daquelas enjoadas, que têm desejos no meio da madrugada, tipo querer sorvete de pistache... - Risos.
– Você não é normal, sabia? – Beijou-lhe o pescoço, já abraçando-a, com ar de idiota.
– Claro que sei, casei com você. E pra completar, agora vou ser mãe de um filho seu. – Brincou, já esfregando o corpo ao da mulher, desejando que pudessem fazer isso pelos meios naturais.
Bom, não o fizeram, mas ensaiaram à vontade aquela noite. Flávia sem conseguir caber em si de tão feliz. Teria uma família, e com a mulher que amava. Não podia querer nada mais, exceto viver o suficiente para desfrutar de tudo aquilo.
Fim do capítulo
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