Capítulo 74. A queda anunciada.
Ao chegar em casa, a coronel viu que havia uma mensagem em seu celular. Porém, não era o que ela costumava usar e sim outro número. Isso porque antes da esposa viajar com as crianças, ela havia comprado dois celulares novos e seria com eles que se comunicariam. Ao ver que era da esposa, retornou a ligação.
Andressa: -- Oi meu doce, tudo bem?
Márcia: -- Sim minha primeira dama, aqui está tudo muito bem e ficará melhor.
Andressa: -- sabe que eu estou com saudades de você, da nossa casa e principalmente da nossa cama?
Márcia: -- Ah meu amor, eu também estou louca de saudades suas e dos nossos filhos. Mas logo isso vai terminar e se tudo correr bem, na próxima semana ou talvez até no domingo, eu irei te buscar, como te prometi naquele dia em que tive de abrir mão da companhia de minha família, ou seja, você e as crianças que são os bens mais valiosos que eu tenho em minha vida.
Andressa: -- Eu sei o quanto você sente a nossa falta meu amor, mas como você mesma disse, isso está terminando e eu já estou sabendo o que você, o meu irmão e os outros fizeram. Inclusive os nossos compadres Cláudia e Henrique.
Márcia: -- E como você ficou sabendo?
Andressa: -- Foi o pequeno Giuseppe quem me contou, ou seja, seu irmão caçula. Amor, vê se manda desinfetar aquela espada depois.
Márcia: -- Mas que moleque linguarudo! – Ah mais eu já sei, o André deve ter contado para ele. Afinal, ele estava mesmo comigo. Mais me diz o que você achou do fizemos com o Barbatana e os seus comparsas?
Andressa: -- Meu anjo saiba que qualquer decisão que você tomar, eu estarei contigo. Sei também que não tinha outra saída e sei que você fez isso por causa de mim e dos nossos filhos, afinal de contas, você sempre deixou bem claro para todos que se tivesse que dar a sua vida ou tirar a de alguém por causa de mim e das crianças, não pensaria duas vezes. Então, você já mandou esses malditos para o inferno muito tarde.
Márcia: -- Obrigada amor por me apoiar, eu estava com medo de você achar que eu sou uma assassina e querer se afastar de mim juntamente com as crianças, ou sei lá, se separar de mim. Eu fiquei mesmo com muito medo disso acontecer!
Andressa: -- Eu não estou ouvindo isso, não é coronel Mantovanni? – Essa asneira toda!!! – Eu sei de tudo o que aconteceu e você tem o meu apoio incondicional nessa missão. Eu só senti de não estar ai com vocês.
Márcia: -- Olha amor, se você quiser aproveitar a festa do Gutierrez e ver o que vai acontecer, eu posso ir buscar você e as crianças amanhã. O que você acha da ideia?
Andressa: -- Ah meu anjo seria maravilhoso, mas eu tenho medo de estar com as crianças naquele lugar e de repente sair um tiroteio e acontecer alguma coisa. Mas se vocês filmarem depois, eu assistirei sentadinha com você no sofá da nossa casa, comendo pão de queijo e te amando muito. Apesar de a ideia estar me agradando muito.
Márcia: -- Eu gostaria muito que você estivesse aqui meu amor, mas pensando por esse lado até que você está coberta de razão. Mais se depois você se sentir satisfeita em assistir ao vídeo, tudo bem. E tem mais, vá arrumando as malas ou então deixe as roupas que você comprou para doar a alguém, ou para quando viajarmos todos juntos para a casa da tia Juanita novamente.
Andressa: -- Então fica resolvido assim meu amor, quando tudo se resolver, você vem nos buscar, certo? – Se eu decidir alguma coisa, te mando uma mensagem.
Márcia: -- Está bem minha primeira dama, se você prefere assim, quem sou eu para discordar? – As crianças estão bem?
Andressa: -- Sim elas estão bem, só sentem a sua falta e ficam toda hora olhando a sua foto e chamando você.
A coronel ao ouvir o relato da esposa, começou a chorar e Andressa percebeu.
Andressa: -- Calma amor, eles estão bem, eu estou bem mas eu preciso que você esteja bem. Sei o quanto essa distância machuca a todos nós, mas é necessária. Continue sendo forte que logo estaremos todos juntos, afinal de contas você é uma Peres Cortez Mantovanni, uma coronel da polícia militar que tem muito prestígio e respeito de todos os seus comandados, o amor de sua família, dos amigos e o nosso. Portanto tenha paciência e calma.
Márcia: -- Está bem amor, eu vou me acalmar e agora vamos dormir porque eu estou cansada e amanhã é um longo dia.
Andressa: -- Eu também vou dormir porque as crianças já estão dormindo e eu dei de mamar para o Nicola e ele também já dormiu.
Márcia: -- Boa noite meu amor e durma bem. Eu te amo!
Andressa: -- Durma bem você também meu anjo e não se esqueça que eu te amo e estarei sempre te apoiando em tudo o que fizer.
A coronel depois de conversar com a esposa foi tomar um banho e depois de tomar os remédios, foi para a cama. O cansaço e a saudade da esposa e dos filhos pareciam se fundir em um só. Orou a Deus e agradeceu aos mentores espirituais por Andressa e as crianças estarem bem e com a tranquilidade que lhe era peculiar, adormeceu.
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A sexta-feira chegou e juntamente com ela a espera pela festa que aconteceria no sábado à noite. A coronel chegou por volta das nove horas e assim que passou pela sala do sargento Vasques, foi interceptada pelo mesmo que chamando-a de canto falou:
-- Bom dia coronel, como passou a noite?
-- Muito bem! – E o senhor sargento? – Dormiu bem?
-- Sim coronel. Mas o capetão parece que dormiu com a bunda descoberta.
-- Porque o senhor está me dizendo isso sargento?
-- O homem chegou aqui com uma cara coronel e já perguntou se a senhora já se encontrava no quartel. Acho que ele desconfia de alguma coisa, porque ele deve estar tentando falar com o Barbatana e não está conseguindo.
-- E como o senhor sabe sargento que ele estava fazendo isso?
-- Porque eu ouvi quando ele perguntou ao Hainz onde será que andaria o Barbatana, porque ele havia de entrar em contato com ele ontem à noite e não entrou, disse o sargento um pouco receoso.
-- Hummmmmm... mas nós sabemos o porque que ele não se comunicou, não é sargento? – Ou o senhor já está borrando as calças de medo?
-- Não coronel Mantovanni, eu estou bem consciente do que aconteceu ontem e não voltaria atrás jamais.
-- Então, deixemos ele pensar que o Barbatana está se esquivando dele e vamos ver até a tarde onde o mau humor do coronel Gutierrez vai parar.
A coronel saiu em direção à sua sala deixando o sargento pensativo. Será que ele estava mesmo como a coronel falou amarelando? Ele sabia que se desse uma falha, todos os envolvidos no assassinato do meliante e de seus comparsas estariam em maus lençóis, principalmente a coronel que fora quem comandou a chacina. Mas ele continuaria a fazer o seu serviço e como era sexta-feira eles sairiam mais cedo e só retornariam na segunda-feira. Portanto era deixar as horas passarem até o momento de ir embora, mas a festa do sábado ele não perderia de jeito nenhum.
A coronel Mantovanni ao chegar em sua sala, começou a despachar as ordens do dia, porque também iria embora mais cedo, pois a esposa mandara uma mensagem pela manhã no celular da coronel dizendo que estava esperando que ela fosse buscá-la juntamente com as crianças. O irmão Genaro iria com Márcia para Santa Rita do Passa Quatro buscar a cunhada e os sobrinhos. A coronel estava tão feliz que não percebeu a entrada do coronel Gutierrez em sua sala.
-- Bom dia Mantovanni, resolveu dar as caras no quartel?
-- É que eu estava com saudades de você Gutierrez, faz tempo que não o vejo!
-- Olha como fala coronel, eu posso muito bem te suspender das suas funções aqui e te mandar para o Jardim. Ângela para comandar o batalhão daquele bairro.
-- Para mim é indiferente coronel, eu já convivo com bandido todos os dias, uns a mais ou a menos não irão me fazer diferença. Mas, o que trás o ilustre até a minha sala?
-- Eu estou preocupado Mantovanni e também ando com um certo pressentimento de que algo não vai sair bem.
Olhando para o comandante, a coronel teve vontade de rir, mas se segurou e perguntou:
-- Mas o que você está sentindo Gutierrez?
-- Não sei o que acontece, mas eu não consigo falar com o Barbatana. Eu acho que aquele safado vai aprontar alguma coisa.
-- Ou será coronel que ele está com medo do senhor ou de mim? – Afinal, ele não gostou de me ver na sua casa naquela reunião e sabe que eu não faço acordo com bandidos, apesar de agora estar com quase duzentos e cinquenta mil reais no meu bolso, é uma caso a se repensar meu caro Gutierrez.
-- Sim coronel, mas vamos trabalhar porque o dever nos chama e você ainda tem esposa e quatro pequenos lindos filhos para alimentar. Enquanto você estiver cooperando, é claro.
A coronel olhou para o coronel e seus olhos ficaram negros de ódio e raiva, mas resolveu deixar o coronel achar que estava com todos em suas mãos.
-- Vamos trabalhar Gutierrez, porque eu preciso ir embora mais cedo e resolver alguns problemas com contas. E também preciso me preparar para a sua festa de amanhã, afinal de contas não é todo dia que se comemora o Jubileu de Prata.
-- É a festa do meu jubileu vai ser inesquecível. Espero-te lá juntamente com os outros. Até amanhã, porque eu também daqui a pouco vou embora .
-- Então até amanhã coronel e tenha uma excelente sexta-feira.
-- Até amanhã coronel Mantovanni e não se esqueça do nosso trato! – Ou senão a sua ilustre família pode sofrer algum acidente, não é mesmo?
-- Gutierrez, sabe que as vezes você se torna ridículo? – Mas realmente a sua festa será inesquecível e eu faço questão de estar lá.
Quando o coronel Gutierrez saiu da sala Márcia falou para si mesma: -- Me aguarde Gutierrez, o que é seu está guardado e a sua festa vai bombar e eu, vou te colocar na cadeia seu canalha. Ao dizer isso, começou a rir ao imaginar a cara do coronel Gutierrez e de todos que estariam lá quando vissem o presente de grego que ele iria ganhar. Os restos mortais de Barbatana.
Fim do capítulo
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