O regimento está em festa dupla.
Capítulo 48. Cuidando da família.
Um mês havia se passado desde o nascimento das crianças. Márcia os levava todos os dias para tomarem banho de sol em volta da piscina, pois a doutora Laura disse que o sol da manhã, era perfeito para os bebês. Andressa estava preparando o café da manhã e quando foi chamar Márcia para fazerem o dejejum, ficou observando o carinho que a major tinha com os filhos. André estava um pouco gordinho, assim como Celina. Chegou próxima aos três e beijando a esposa perguntou:
– Mas o que esse trio está fazendo aqui em volta da piscina? A mãe e os filhos estão tomando banho de sol, enquanto a outra mãe aqui fica na cozinha preparando o café?
– Oi meu amor, estávamos contemplando essa paisagem maravilhosa, curtindo o sol e esse ar puro maravilhoso. Mas já estamos entrando, porque agora o sol já está esquentando muito.
– Então vem amor que o café já está pronto e ainda tenho que dar banho nas crianças.
– Então vamos que eu te ajudo minha querida a cuidar desses dois porquinhos.
Márcia levantou-se da cadeira com os filhos no colo e se encaminhou até a cozinha, colocou -os no carrinho e começou a tomar o café junto com a esposa, pois para ela o horário do café, almoço e janta eram sagrados. Celina estava acordada e olhava fixamente para a major e Andressa percebendo falou:
– Amor alguém está te observando, dá só uma olhada.
Quando Márcia olhou para o lado, recebeu um sorriso da filha que fazia movimento com os bracinhos, como se quisesse que a major a pegasse no colo.
– Essa menina está ficando malandrinha. Com um mês já está assim, imagina quando estiver com seis, falou para a esposa.
– E o sujeitinho ao lado, também está ficando safadinho. Você já percebeu anjo que quando ele acorda no meio da noite, depois que eu dou de mamar e ponho ele um pouco na nossa cama, fica protestando? Não quer sair de jeito nenhum.
– Acho que precisamos colocá-los no nosso quarto, porque a Celina também está indo pelo mesmo caminho.
– Mas como faremos isso amor?- Você sabe que a nossa cama é o lugar mais sagrado do nosso quarto, falou rindo para Márcia que olhava fixamente para a esposa.
– Daremos um jeito nisso. E agora, vamos até o regimento, pois quero apresentar nossos filhos aos rapazes e assistir ao parto da Perfídia, pois segundo o capitão Teodoro me informou, é hoje que nasce o filhote do Tornado. E quero ver como está o andamento das coisas por lá.
– Sim amor, eu não perderia esse parto por nada.
Arrumaram a cozinha, deram banho nas crianças e depois todos foram ao regimento. Andressa havia vestido os filhos com roupas leves, mas levou dentro da bolsa roupas de frio caso o tempo mudasse. Tanto a major como a capitã, estavam de farda. Quando o sentinela viu que o carro da major se aproximava, este deu o alerta aos amigos. Quando os soldados viram que o carro da major estava estacionando no reservado para oficiais, todos se colocaram em posição de sentido para receber as comandantes e os filhos.
Quando passavam pelo pátio, o tenente Félix veio cumprimentar as amigas e logo em seguida passou a tropa em revista para a major que deu a seguinte ordem:
– Pelotão, descansar!
Os homens ficaram mais a vontade e a major que estava segurando o filho no colo ao lado da capitã que segurava Celina, falou:
– Senhores bom dia a todos.
– Bom dia major e bom dia para a senhora também capitã.
Andressa respondeu reciprocamente o bom dia dos rapazes.
– Quero agradecer novamente a todos pelas felicitações de restabelecimento de minha pessoa e também pelas manifestações de carinho com a minha esposa e com o nascimento dos meus filhos. Agradeço em primeiro lugara Deus e depois à minha esposa que aqui se encontra ao meu lado e aos meus familiares e amigos. Como vocês sabem, passei novamente um período difícil em minha vida que dessa vez, envolveu até meu irmão. Fiquei temporariamente com algumas sequelas, mas me recuperei e apesar de estar com a minha visão esquerda um pouco afetada, ainda estou em plena forma e desejo voltar logo as minhas funções no comando dessa unidade. Portanto agora senhores, eu lhes apresento nossos filhos Celina e André, da minha união com a capitã Pires Paiva. E vocês estão dispensados.
Ao ouvirem a ordem de dispersar, os rapazes foram até onde estavam as comandantes e começaram a brincar com as crianças, que faziam as primeiras gracinhas para as mães. Andressa estava radiante e as crianças não estranhavam ninguém. O sargento Prado ficou encantado com a pequena Celina e comentou com o tenente Félix:
– Tenente o senhor já reparou com quem ela se parece um pouco?
Olhando para a menina, ele falou:
– Ela tem os traços da capitã, mas lembra em muito a nossa inesquecível tenente Celina. E o menino está ficando com os traços da major, olha a cor dos olhos e o cabelo desse rapazinho.
– Realmente tenente, ele se parece muito com a major. Será que esse garoto um dia vai ser da cavalaria? Perguntou olhando fixamente André que estava em seus braços, rindo com as palhaçadas do tenente.
Enquanto isso, Celina estava no colo do cabo Motta e todos também queriam ver a princesinha da cavalaria. Enquanto isso, o príncipe já estava no colo da capitã e nesse momento o cabo Denis veio avisar à major que Perfídia estava tendo o filhote e que Tornado estava inquieto.
– Vamos lá capitã que hoje você vai ver o nascimento de um potrinho nesse regimento.
– Então vamos logo amor, eu quero ver de perto, falou colocando André e Celina no carrinho.
Quando chegaram ao centro médico a égua já estava entrando em trabalho de parto e Tornado estava inquieto no estábulo que era ao lado. Quando ele escutou a voz da major, e viu que ela se encaminhava em sua direção, ficou mais calmo.
– Calma meu amigo que logo o seu filho vai nascer, e eu estou aqui ao seu lado. Eu também passei por isso há um mês atrás e hoje estou aqui com os meus filhos. Espere um pouco que eu já volto.
A major saiu e logo voltou com Andressa e as crianças.
– Aqui estão Tornado os meus filhos Celina e André, falou aproximando as crianças do cavalo. Andressa que olhava a cena, não acreditava no que estava vendo. Como que um animal pode ter um sentimento assim e entender as coisas. Ela via a alegria de Tornado quando as crianças estavam junto dele. Como que esses dois se entendem tão bem, pensou consigo mesma.
– Major, venha aqui que o potrinho está nascendo, chamou Prado.
Quando a major chegou, o potrinho já estava praticamente fora da barriga da mãe. Foi uma alegria para todos e depois de tudo feito, Perfídia foi colocada de volta ao estábulo junto com Tornado e o filho, que fora batizado de Laredo por vontade e desejo da major.
Por volta das duas horas, depois de verificarem como estava o regimento, a major e a capitã se despediram de todos e foram embora. Andressa havia trocado as crianças e mudado a roupa deles, pois estava começando a esfriar e ela não queria que as crianças ficassem resfriadas. Ao chegarem em casa, dona Severina estava assistindo televisão. A major deu um beijo na sogra e depois subiu com as crianças para o quarto, dizendo para a esposa que a esperaria lá em cima para conversarem mais intimamente. Enquanto isso, Andressa conversava coma mãe e contava as novidades do regimento e sobre o nascimento de Laredo. Quando chegou no quarto, a major colocou as crianças na cama do casal e começou a brincar com os dois. Andressa disse para a mãe que subiria para cuidar dos filhos e que logo desceriam para o jantar.
Chegando na porta do quarto, percebeu que tudo estava silencioso e ao entrar, viu a cena mais linda da sua vida e chamou a mãe.
– Mamãe venha aqui ver que cena mais fofa aqui no quarto.
Quando dona Severina chegou, ficou embevecida com o que viu. A major estava dormindo fardada e de barriga para cima, abraçada com as crianças que estavam cada uma de um lado.
– Parece uma águia protegendo os filhotes dos predadores, falou a sogra.
– Não é uma cena linda mamãe? Eu não podia ter casado com pessoa melhor.
– E como vocês estão minha filha, está tudo bem, sem brigas, a major ficou acomodada depois que as crianças nasceram?
– De jeito nenhum mãe, a Márcia é quem mais cuida deles. Eu praticamente só acordo para dar de mamar aos dois, quanto ao restante, ela acha que eu não posso ficar me esforçando muito. Sabe como é mamãe, ela quase desmaiou na sala de parto, afinal ela nunca tinha assistido nenhum e ainda mais de dois. Realmente dona Severina, eu não tenho o que reclamar, e além do mais, sempre sobra um tempinho para um sex* com amor, falou deixando a mãe corada de vergonha.
– Andressa, isso não são coisas que se fale para a sua mãe, falou dona Severina.
– Ah mamãe, deixa disso. A senhora precisa namorar e se casar novamente.
– Que é isso menina, endoidou? Já chega aguentar seu pai por quarenta e dois anos, chega de homem na minha vida.
Andressa riu sobre a colocação da mãe e falou:
– Não é isso o que a sua nora pensa.
– Vamos mudar de conversa Andressa?
Vendo que a mãe já estava ficando irritada, Andressa deixou o assunto para a hora do jantar, pois Márcia havia dito há um mês atrás que conversaria com a sogra.
Márcia acordou por volta da sete horas da noite e viu que os filhos estavam acordados resmungando. Levantou e foi arrumar o banho dos filhos enquanto pegava roupas para trocá-los. Iria fazer uma surpresa para a esposa. Primeiro deu banho em Celina e a trocou, deixando a filha no berço e depois foi a vez de André que fazia farra na banheira e que com muito custo tirou o pestinha da água e foi trocá-lo. Ela só não percebeu que Andressa observava tudo com os olhos lacrimejados. Escutou quando a major falou:
– E agora meus lindos, vamos descer e dar boa noite para a mamãe Andressa e para a vovó Severina. Quando a mamãe pensar em dar banho em vocês, vai ficar surpresa em saber que estão limpinhos e cheirosinhos. Agora vamos papar?
Pegou os filhos no colo e ao virar-se, deu de cara com a esposa parada na porta olhando a cena.
– Oi amor, disse beijando a esposa com paixão. Faz tempo que você está ai?
– O tempo suficiente para ver a sua performance de mãe zelosa.
– Ah amor, você estava num papo tão animado com a sua mãe que eu não podia fazer outra coisa a não ser cuidar dos nossos filhos. Fiz certo?
– Você fez perfeitamente e agora deixa que eu levo um no colo.
André quando viu a mãe, foi logo dando um sorriso maroto e assim que Andressa o pegou no colo, foi direto no seio da mãe e começou a mamar. Márcia ficou olhando e reclamou:
– Assim desse jeito quando chegar a minha vez, eu danço, falou rindo.
– Eu te avisei major, falei que você aproveitasse bastante porque você teria concorrente.
– Mas até ai, eu não sabia que seriam dois.
– Mas tem peito para todos, disse retribuindo o sorriso para Márcia.
Desceram do quarto e dona Severina já estava esperando para o jantar. Andressa sentou-se na poltrona e estava dando de mamar para os dois, quando o telefone tocou. Márcia foi atender e ficou apreensiva com a voz que lhe falava do outro lado.
– Alô, eu quero falar com a major Mantovanni.
– Em primeiro lugar senhor, boa noite se usa e em segundo quem quer falar?
– Aqui é um amigo do seu irmão Nicola.
– Não conheço nenhum Nicola e também não conheço nenhum amigo dele que deva ser da mesma laia.
– Olha major, eu sei que não tenho nada a ver com isso, mas só liguei para dizer que o seu irmão está na mão de uns milicianos e eu como militar que sou, descobri isso e sei a pessoa que a senhora é, então tomei a liberdade de comunicar-lhe.
– Mas quem é você? Um safado vestido de militar?
– Não major, eu sou do serviço reservado e o detetive que a senhora contratou é meu irmão, portanto podemos conversar pessoalmente?
– Quando? E aonde?
– No clube dos oficiais, pode ser? Amanhã às nove horas e avise ao seu pai, ao seu irmão Genaro e traga a sua esposa, pois o assunto envolve ainda o pai dela, apesar de ele estar morto e muito bem enterrado.
– Está bem, amanhã estaremos lá. Tenha uma boa noite policial...Qual é mesmo o seu nome?
– Amanhã a senhora ficará sabendo quem eu sou, boa noite major.
Quando a major desligou o telefone, Andressa perguntou:
– O que foi amor, você mudou de cor, aconteceu algo com o seu irmão?
– Ainda não amor, mas creio que vai acontecer.
Na hora do jantar Márcia contou para a esposa e a sogra o que estava acontecendo e o que o policial que se dizia do serviço reservado falou. As crianças estavam dormindo cada uma em seu carrinho, alheios ao problema que a mãe iria enfrentar.
– Será que isso nunca vai acabar? Até depois de morto essa peste do seu pai dá trabalho Andressa?
– Calma minha sogra, tudo se resolverá, tenha calma.
– Assim espero, porque a única coisa boa do meu casamento com o André, foram os meus filhos e agora os meus netos.
– Não fique assim mamãe, a senhora sempre fez de tudo para proteger a mim e ao Junior, não se martirize.
– Eu devia ter escutado o seu avô Antônio quando ele me disse: - Você tem certeza que aceita se casar com esse estrupício? Ele é meu filho, mas não vale nada, não sei como entrou na polícia. E eu disse que aceitava e casei, afinal eu já estava grávida do seu irmão e naquela época uma mãe solteira era mal vista pela família e pela sociedade, e depois veio a minha princesa que amo tanto quanto o meu príncipe.
– Também te amo muito mamãe, falou dando um beijo na mãe.
– Olha minha sogra, a senhora tem é que arrumar um namorado.
– Mas até você Márcia? Chega de homem na minha vida!
– Mas eu conheço um partidaço, que anda solto por ai a procura de uma namorada e a senhora seria a pessoa ideal. É o coronel Raimundo, que ficou viúvo a pouco tempo. Ele e lá das bandas da Bahia minha sogra, acho que é nascido em Ribeira do Pombal.
– Ah, eu vou dormir que essa conversa já me encheu, falou. Boa noite a vocês. E olhando para os netos disse:
– Boa noite meus anjinhos, durmam bem disse beijando os dois.
– Ela ficou uma bala amor!
– Mas eu ainda caso ela com o coronel Raimundo, você vai ver.
Fim do capítulo
Laredo nasceu e os filhos da coronel conheceram a todos. André firmará no futuro uma grande amizade com o filho de Tornado, assim como a mãe tem amizade com o pai do recém nascido potrinho. Será que o filho da major vai cavalgar em Laredo?
Comentar este capítulo:
Sem comentários
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook: