Capitulo 7 Não vamos ser amigas
Era bom ficar por dentro da vidinha daquela Morgan.Pablo e Natalie foram ótimas companhias no lanche e nem precisavam me atualizar de quem era aquela vadia para aumentar meu ódio por ela.isso ela fazia simplesmente me olhando, tão indignada por não lamber os seus pés.
Eu ainda tinha tempo, mas não perderia com Pablo e Natalie querendo me arrastar para jogar RPG medieval então fui para o bosque. Eu sabia que poderia encontrar ela lá já que nos conhecemos justamente lá e com toda certeza ela se abriria mais longe desses perturbados.
Investi no meu plano.
O bosque,aparentemente insignificante para aqueles alunos,revelava sua majestade a medida que entrei novamente nele e desta vez eu podia apreciar com mais cautela.
o verde é a cor dominante aqui,com arvores altas que formam suas trilhas acolhedoras,filtrando a luz solar que invade as folhas com seus raios de sol dourados. o ar estava cheio do mais fresco aroma da terra e flores,e sempre conseguia facilmente acalmar qualquer alma.
mais a dentro,no coração do bosque,o córrego de pedras que serpenteava metros e metros daquele lugar criava a suave melodia que ecoava.as pedras polidas pela agua traziam tranquilidade e foi onde a avistei ajoelhada de costas a mim, e claro,como eu era curiosa andei silenciosa e cautelosa até chegar nas suas costas e me abaixar de igual.
Ela tinha um jarro de vidro e aberto ela tentava capturar alguns vagalumes.a tampa estava aberta e eles dançavam no ar bem a sua frente mas nenhum se interessava em entrar.
--o que tá fazendo?--perguntei baixinho e senti que a assustei. Ela olhou por cima do próprio ombro e voltou para sua posição inerte.
--Eu tô tentando captura-los.
--para quê?
--quero estudar sua luminosidade.
--que bacana.vai trancar eles num pote sozinhos,longe da família e de todos até secarem e morrer.--falei e ela suspirou pesadamente entendendo meu descontentamento com sua caçada.hora de me afastar.me levantei e dei um metro de distância para ela fazer o mesmo esquecendo os vagalumes.
--por que tá me seguindo?!não é possível que você não vai me deixar em paz!tenho certeza que Morgan adoraria sua amizade.
--ah para.somos mais íntimas do que pensa.se me lembro bem você já me viu até sem roupa.--cruzei os braços e esperei sua resposta.meu sorriso malicioso foi encarado e ignorado.
--eu não vi!--a olhei desacreditada e ela ficou toda corada sem jeito me dando as costas.ela jurou que eu tinha me esquecido?de ver ela tão perdida com seu olhar sobre meu corpo,não mesmo.faltava palavras e até coragem para uma boa defesa.
--só tô dizendo que não faz a sua cara ficar aqui escondida na floresta com uma esquisita.--disse ela de si mesma me causando estranheza.
--por que?
--é só você olhar no espelho!
--eu entendo. Gente bonita tem que deixar de ser idiota mas suas referências não me ajudam.
--não força! não vamos ser amigas!
--nunca?
--nunca vamos ser!todo mundo sabe que não devem andar comigo!eu só não quero que..eles te persigam também.sei que está tentando mas..não tenta mais por favor.me esquece antes que Morgan e todo mundo perceba que você ta tentando ser legal comigo.--ela passou por mim e me virei antes de perder ela de vista.
--é isso que você quer para você?--perguntei e ela parou e me olhou. Era óbvio que não era mas triste ela se foi.
Droga.
O resto do dia ela fingiu que não me conhecia e não sei porque isso me afetou tanto.
Ela não me queria como amiga porque sabia que Morgan e sei lá mais quem poderia me zoar por andar com ela e achei isto válido e honesto. Ela era uma boa pessoa e antes de tudo se preocupava comigo e isso me deixou no chão.
Por que?
Eu sentia cada palavra dela tão fria e nem com elas me repelindo ainda assim me senti acolhida. Nunca ninguém me implorou para não trilhar um caminho que só me machucaria e ela fez isto sem nem me conhecer.
A aula de história passou comigo mais longe de mim do que nunca. Eu fiquei presa nos meus pensamentos e nem vi o tempo correr.O professor lia os longos textos e eu vi o tempo passar.logo depois da aula dele veio outra e acho que por hoje eu tinha cansado. com o bloco de gelo que se formou do meu lado aquele dia pra mim perdeu o sentido.
No fim da aula todos deixaram a sala e guardei tudo e peguei minha mochila e sai.a filha de Daniel não pensou duas vezes em sair e me ignorar.
Que garota difícil.
No estacionamento vários carros já esperavam os alunos e vi Daniel a procurar sua filha.
Sorri a ele mas ele assim que viu ela passar por mim e caminhar até ele apressada o senti tão diferente. Ele só tinha olhos para ela e quando olhou para mim me tornei uma estranha para ele. Daniel entrou no carro e foi embora com ela e me senti um verdadeiro nada.todo mundo estava partindo e fiquei ali,existindo.
Eu não era de me importar com meus próprios sentimentos.eu sentia e chorava e esquecia mas isso me lembrou de quando eu esperava meu pai vir me buscar no colégio e eu sempre era a última a sair.sempre a abandonada. Ver eles partindo juntos me deu uma dor tão diferente como nostálgica que tudo que eu queria era fugir dali o mais rápido. Minha dura realidade chamava.
Fui para o busão e peguei o ônibus de volta para casa e antes de entrar no parque de visitantes me troquei novamente do outro lado da rua em meio às árvores.
Isso seria cansativo todo dia.
Entrei e minha mãe me olhou atenta enquanto preparava algo na cozinha.
--para onde você foi abby?--perguntou ela curiosa, o que isso não era novidade. Ela adorava seguir meus passos.
--trabalhando.
--tô preparando uma coisinha pra gente comer mais tarde,em família.teu pai saiu aí e ainda não voltou..
--ele também trabalha mãe.ele não tem amante não.
--vai saber né.ele que não arranje.
--Deus me livre arranjar.--ele entrou e minha mãe abriu um enorme sorriso já indo a ele e o beijando. Ele já sabia porque tanto dengo.
--já estava achando que eu estava atrás de outra?--perguntou ele a ela e minha mãe não escondeu a careta que fez.
--fiquei preocupada.estava demorando.--ela não escondeu o sorrisinho.
--sua mãe morre de ciúmes de mim.--meu pai era um bruto mas apaixonado. Ele fazia o estilo desajustado punk rock e minha mãe era bem reservada,uma dona do lar profissa, o que fazia deles uma combinação que dava certo.ele tirou o boné e agarrou ela para mais beijos e assisti os gritinhos dela,como se ela não gostasse.
--espero não ficar assim quando casar.--comentei ganhando o olhar de ambos.
--casar?tem que pedir minha permissão entendeu?--respondeu minha mãe e meu pai soltou um risinho irônico.
--ele tem que ter muito culhão pra falar comigo.--completou meu pai e como aquele papo me enjoava.
--acho que isto...não vai rolar.
--tudo pode acontecer filha.eu não pensei que ia gostar tanto do ogro do seu pai.
--ela me ama.
--eu amo mesmo.
--aargr procurem um quarto.
Segui para meu cantinho e guardei minha bolsa muito bem escondido.sorte a minha que suas preocupações está noite estava sendo sua libido e meu pai estava muito bem distraído.
Depois do lanche resolvi tirar o resto do dia para organizar aquelas tarefas e muito bem escondida de todos. A noite depois de um bom banho resolvi aproveitar o ar livre do campo e o parque de visitantes só tinha uma coisa boa.
O ar frio que te fazia pegar um bom moletom ou se cobrir na mais quentinha manta para admirar as estrelas.na frente do trailer dos meus pais existia um grande sofá velho mas super aconchegante e sempre me deitava lá.era a melhor coisa daquela morada.o silêncio que eu precisava para por minha mente em ordem. Era divino mas com o passar das horas começou a me levar de volta ao bosque de Fortcastle e para aquela conversa com a filha do Daniel.
--Não vamos ser amigas!
--nunca?
--nunca vamos ser!
Por que eu estava me importando tanto com ela e com o que ela disse?!era só mais um trabalho, não deveria ser assim!
Meu celular vibrou sobre minha barriga e o atendi.
--oi.. (rs) sou eu o Daniel.--lá vinha ele bancando o bobo agora.
--eu sei que é você seu idiota. Roubou meu número quando me trocava é?espertinho!
--o que deu em você hoje?
--me diz você!?me viu e fez como a maioria dos meus clientes.
--não tô falando disso.aliás eu não posso falar com você logo em Fortcastle!lá ainda somos desconhecidos!
--percebi.
--o que fez com ela?me pareceu bem mais distante do que sempre mas diferente.pensativa..
--sua filha é um bloco de gelo ambulante,mais grande que a muralha de got!mas eu não desisto tão fácil,só vou precisar de um tempo.
--seja o que for que tenha tentado surtiu efeito.ela está até agora lá na sala vendo TV assistindo sei lá, esses documentários estranhos de família e casais. (Rs) esses que tem discussões e traições.
--e o que isso tem haver comigo?
--sabe quanto tempo eu tô tentando fazer essa garota sair daquele quarto e falar comigo?pff muito tempo!e ela só faz isso quando tá muito incomodada com algo e pela primeira vez não é comigo!
--que bom para você e para que fique registrado,não dê meu telefone para aquela maluca da Melo ouviu bem?
--eu queria pedir desculpa por isso.e-eu não tive escolhas a não ser aceitar esse pedido louco dela.
--eu não quero saber Daniel.
--(rs) eu não dei seu celular, pode ficar tranquila. Quero que se preocupe apenas com a minha filha.
--e me faz outro favor.
--o que?
--não me diz o nome dela. Quero descobrir sozinha.
--tá certo.
--eu vou conseguir ser amiga dela.--falei orgulhosa das minhas palavras, mas ouvi Daniel rir do outro lado da linha.
--então quer dizer que você, a tão linda Abigail Collins, realmente queria uma amiga?
--quero!você achou a puta certa para o trabalho. Sabia que assim que pisei naquele colégio minha fama rodou?parece que virei a sensação.
--(rs) você é linda, não seria difícil ter todos atrás de você mas não exagere.seu disfarce é a única coisa que tem que prezar.agora terei que desligar e espero que na próxima estaremos melhores.
--não se apressa uma boa amizade.te vejo depois.
Desliguei e que primeiro dia e que bom era saber que eu tinha alugado um quartinho na cabeça dela.
Era óbvio que ela estava louca por uma amiga, eu também estava e meu sorriso se abriu tão forte que minhas bochechas doeram.eu tinha vontade de pular daquele sofá e saltitar.eu ia ver aqueles olhinhos escuros brilharem logo logo.
Fim do capítulo
Mais um cap entregue e como é bom ficar com alguém preso na cabeça não é?
me contem o que acharam do capitulo.sempre é uma boa recompensa pela escrita.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 28/12/2023
Está caminhando bem espero que a praga da Morgan não estrague tudo.
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