FLORESCENDO
Olinda, estado de Pernambuco
Yara e padre Ignácio conversavam ao final da tarde nos fundos da Catedral da Sé. Ao mesmo tempo contemplavam o belo visual do pôr do sol e do mar.
--Quando você disse que queria se confessar, achei por bem conversarmos aqui ao invés do rito usual no confessionário. – o homem explicava – Em virtude dos últimos fatos, -- referia-se a morte de Alice -- entendi que te faria bem admirarmos a obra de Deus expressa nas belezas que Ele nos mostra todos os dias. – falava com mansidão
--Gosto muito daqui, padre. E da imagem desse marzão azul... – mirava o horizonte – Dá paz no coração... – gastou uns segundos calada – Eu... – abaixou a cabeça – Imagino que o senhor tenha ficado decepcionado comigo depois do que lhe contei, mas eu precisava dessa confissão... – sentia-se insegura – Padre Louzada me deu aquelas orientações que lhe falei mas nada mudou... Nada mesmo...
Balançou a cabeça pensativo. – Agora que você me disse tudo que desejava, deixe-me dizer algumas coisas também. – cruzou as pernas – Em primeiro lugar, meu papel não é julgar, pois nem Jesus fez isso em seus anos de apostolado. – olhava para a jovem – Estou aqui para orientá-la dentro do que a fé católica me ensinou e passar um pouco da experiência que a vida me trouxe. – pausou brevemente – Em relação a sua situação agora que nossa amada Alice partiu, fique tranquila. Eu vou me responsabilizar por você, que vai continuar morando na Casa das Religiosas. – Yara levantou a cabeça surpreendida – E você vai estudar bastante para compensar as duas semanas que faltou à escola. Não quero que reprove essa 6ª série. – aconselhou – Ao mesmo tempo, acho que sua vida precisa de um sentido de utilidade maior para suavizar a dor da perda, então você pode me ajudar nas atividades junto aos dois asilos que nossa igreja mantém. – prestava atenção nas reações da moça – A menos que não queira, claro.
--Eu quero sim! – respondeu empolgada – “Graças a Deus ele não vai me entregar pra adoção nem me forçar a ser freira!” – pensou aliviada
--E por fim, sobre o que seu coração anda sentindo sobre as outras meninas... – pensava em como abordar o assunto – Eu até entendo... Os homens acabam assustando as mulheres com tantas atitudes violentas, machistas, abusivas... – gesticulou brevemente – E você sempre viveu no meio de muitas mulheres, em tantas casas religiosas, sem ter referência paterna ou masculina pois Alice era celibatária. Acho bem compreensível que o universo feminino tenha esse encanto sobre você. – dizia sua opinião – Na sua idade, também é normal que comecemos a nos sentir afogueados, porque é o desabrochar, o florescer da vida. Tudo muito natural. – pausou brevemente – Deus tampouco espera de nós santidade, embora isso não seja um salvo conduto para sairmos pecando por aí. Mas, o que eu quero dizer, é que você não é um monstro, uma aberração ou nada do tipo.
Sentia-se ainda mais aliviada com aquelas palavras. – E o que devo fazer neste sentido? – perguntou – Eu não sei! Rezo tanto, busco não me colocar em situações, mas... é difícil e sempre vem uma pra me tentar!
Achou graça mas não riu. – Seja prudente. Veja se o que sente vem da carne ou do coração. – respondeu com tranquilidade – Se for da carne, tenha muito cuidado e não alimente. E se for do coração, avalie se é de Deus ou não. – aconselhou – Se lhe der paz, é de Deus.
Não entendia como poderia fazer tal avaliação mas não questionou. Porém, sentia-se aceita e isso lhe bastava naquele momento.
***
Yara subia a rua abraçada com uma bolsa cheia de roupas e pensando em mil coisas quando uma voz conhecida a despertou.
--Ei, peraí, garota! – falou mais alto – Espere!
Parou de andar e olhou para trás. Edivânia vinha correndo para se aproximar.
“E como sempre, lá vem ela de vestidinho colado...” – suspirou – “Ô, Virgem Santíssima!” -- pensava
--Feliz 1990! – parou diante da outra e sorriu – Ave Maria, a última vez que te vi foi ainda na missa de sétimo dia da senhora sua mãe! – fez um carinho breve no braço dela – E aí, como você tá? – queria saber – Como ficou a tua situação depois de tudo?
--Feliz ano novo pra você também! – colocou a bolsa no chão – Tô levando a vida, né? – sorriu timidamente – Continuo morando na mesma Casa, lutei muito pra passar de ano e graças a Deus consegui e tenho trabalhado nos asilos da igreja. – apontou para a bolsa – Aí dentro tem um monte de roupa que o povo doou pros velhinhos. – voltou a olhar para a outra – Tô levando pra lavar e passar, vamos separar por tamanho e na sexta a gente leva pros asilos. – explicou
Edivânia gastou uns segundos calada admirando o rosto da outra até que decidiu falar: -- Engraçado que um dia achei que tu fosse só uma beatinha fuxiqueira, mas até que você é uma pessoa boa como poucas. – cruzou os braços – Só que ainda acho que tu devia fazer coisas de gente da nossa idade também! – provocou
--Como o que, por exemplo?
--Como ir na minha festa de aniversário! – convidou – Vou fazer 15 anos e minha madrinha quer fazer uma baguncinha lá na vila. – sorria – Tu bem que podia ir... Vai ser no dia 27 de fevereiro! – comentou empolgada – Caiu bem na terça-feira de carnaval, pense!
Yara ficou pensando se ir na tal festa seria uma boa ideia. – Ainda tem um mês até lá... – não sabia o que dizer
--Dá tempo de sobra pra você arrumar uma roupa de gente jovem e não aparecer com esse visual de missionária de sempre! – zombou
--Humpf! – fez um bico – “Ela não perde a chance de me fazer troça!” – pensou contrariada – “Mas... ela me quer no aniversário dela!” – sorriu com esse pensamento em mente
***
--Ah, ah, ah!! – uma mulher gemia
“Oxe!” – Yara acordou meio zonza – “Que é isso? Tem alguém gem*ndo aqui?” – não entendia
--Ah, ah, aiii, vem... – a mulher continuava gem*ndo – Ah! Vem!
Yara reparou que irmã Justina dormia roncando pesadamente e por isso não ouvia o que se passava.
“Eu vou ver que diacho é isso!” – levantou da cama intrigada e seguiu pé ante pé em direção ao corredor
Naquela noite, as mulheres da Casa participavam de uma quermesse na praça João Pessoa. Yara não teve disposição para ir pois estava gripada e irmã Justina se dispôs a lhe fazer companhia. Não era esperado que houvesse ninguém mais no local além delas duas.
--Ah, ah, ah! – os gemid*s tornavam-se mais fortes
--Mais baixo, mulher! – outra voz feminina se fez ouvir – Tem gente lá em cima!
“Mas que diacho?” – percebeu que os sons vinham do andar de baixo – “Ah, mas eu quero ver o que é isso aí!” – estava intrigada
Ao iniciar sua descida às escadas viu uma cena que a pegou de surpresa. Imediatamente sentou-se em um degrau para não ser percebida e ficou espiando escondida por entre as grades do corrimão.
--Ah, ah, ah, vem!! – Leila estava deitada no sofá com as pernas abertas – Ah, ah, assim!! – gemia com os olhos fechados
--Você vai ter o que quer! – Clotilde estava deitada sobre a outra movimentando a pélvis com força – Toma! – falava entre dentes – Toma!
--Ah, ah, eu vou goz*r, ah! – gemia mais alto
Yara observava a cena com olhos arregalados. “Pai Nosso, irmã Clotilde e irmã Leila tão...” – estava estupefata – “Mas como é que pode isso?” – não entendia
As duas mulheres continuavam com suas roupas; ambas usavam vestido. Podia-se ver apenas a nudez das nádegas de Clotilde.
--AH!!!!!!!!! – gem*u alto arranhando as costas da outra – AH, GOZANDO, GOZANDO, AH!!! – remexia o corpo rapidamente
--Goz* mais pra mim! – Clotilde pediu mexendo-se freneticamente – Vai! AH!! – gem*u alto
A jovem engoliu em seco e acompanhou a cena com interesse e excitação. Ao final, viu quando Clotilde saiu de cima da outra e pareceu ter removido algo de dentro dela, como um pedaço de pau. Notou também que o pau estava preso a uma correia que Clotilde desatara da cintura.
--Ai... – Leila permaneceu deitada com as pernas abertas – Esse é melhor que o outro... foi mais gostoso... – sorria
--Eu sabia que você ia gostar. – respondeu ao se levantar – Agora levanta daí que pode chegar alguém da quermesse. – ajeitava roupa – Deixe guardar isso. – pegou uma bolsa de pano e guardou o acessório dentro
Yara levantou-se com pressa e saiu rapidamente com medo de ser vista. Correu para o quarto e se met*u debaixo do lençol. “O que foi aquilo, glória ao Pai?” – pensava – “Ave Maria!” -- sentia a umidade entre suas pernas – “Imagine Edivânia e eu fazendo aquilo...” – vislumbrou a imagem da outra em sua mente – “Oxe, deixe eu cuidar de dormir de novo que é o melhor que faço!” – fechou os olhos e se imaginou vivendo o que acabava de presenciar – Ai... – gem*u baixinho ao introduzir os dedos por dentro da calcinha
E tome de irmã Justina roncar...
***
Yara seguia pela vila onde Edivânia morava. Era quarta-feira de cinzas e o dia raiava anunciando que seria ensolarado. Viu que algumas pessoas saíam da vila abraçadas e cantando alto, nitidamente bêbadas. Imaginou se seriam derradeiros convidados da festa daquela que sabia atiçá-la como ninguém.
Aproximou-se da casa, que era a última do conjunto, e contornou para olhar os fundos. Por sorte viu que Edivânia lavava os pés em uma bica na parede.
--Bom dia, aniversariante! – cumprimentou sorridente
--Ah! – olhou para a índia de cara feia -- Aparecesse margarida? – perguntou com voz contrariada – A festa era ontem, visse? – secou os pés com um pano e calçou os chinelos – Me acabei de dançar! – exibiu-se -- Tô lavando os pés pra não entrar em casa sujando tudo. Agora eu só quero dormir! – preparou-se para entrar
--Não fique zangada comigo, eu não podia ter vindo ontem! – falou com muita humildade – Nunca estive em festa que não fosse de igreja e nem tenho as roupas e calçados que convêm ter pra não passar vergonha... – dizia a verdade – Mas não esqueci a data e te trouxe um presente que eu mesma fiz. – estendeu um embrulho – Bordei pra você! – ofereceu
Suavizou o olhar e aproximou-se da outra. – Own... – recebeu o presente – Deixe ver o que fizesse pra mim. – abriu o embrulho – Vixe! – exclamou admirada – Que lindo!
Yara havia comprado uma toalha de rosto na cor amarela e bordado em ponto de cruz o nome de Edivânia cercado por flores cor de rosa e uma cruz branca ao fundo.
--Já reparei que você gosta de amarelo. – explicava-se – As flores são pra embelezar o seu caminho e a cruz é pra lhe proteger de todo mal. – sorriu timidamente
Emocionou-se com o que ouviu. – Foi dos melhores presentes que recebi! – beijou o rosto da outra – Até te perdoo por não ter vindo! – sorriu
A jovem índia sentiu o coração acelerar e o rosto arder. Afastou-se rapidamente. – Que bom que gostou. – abaixou a cabeça – Era isso... – preparou-se para partir – Agora vou deixar você dormir.
--Espere! – pediu gentilmente – Me encontre na praia hoje? Lá pelas quatro da tarde? – convidou – Na direção do Clube Atlântico. – pausou brevemente – Queria conversar um pouco... – sorriu
Yara apenas balançou a cabeça em concordância. “Oh, Pai Amado... Ela mata essa pobre índia pecadora do coração...” – pensou sem saber o que esperar
***
--Eu nasci no Recife e não me lembro de paínho. Pelo que sei, ele se mandou logo depois de eu nascer. – Edivânia olhava para o mar – Maínha não parava com macho, até que quando eu tava com onze anos ela colou com um tipo. -- deslizou um dedo pela areia da praia – O cabra era beberrão, escandaloso, bruto e eu morria de medo dele, sabe? – contava um pouco de sua história – Até que um dia contaram pra ele que eu namorava um garoto e já tinha namorado uns outros. Foi um fuxico que fizeram. – pausou brevemente – Então o cabra achou que eu era puta e numa noite veio pra me pegar, sabe? Tava com doze anos... – lembrava do fato – Mas tava bêbo, o pau não levantou e ele saiu do meu quarto xingando. Dia seguinte falei com maínha e ela disse que eu era culpada, por causa de meus modos, minhas roupas e minha fama no bairro depois dos fuxico.
“E eu ainda impliquei com ela por causa das roupa colada...” – Yara pensou arrependida
As duas moças estavam sentadas nas areias da praia, de frente para o mar. Conversavam já por algum tempo.
--Eu não tinha pra onde ir, então fiquei morando mais eles mesmo. Fazer o que? – continuava seu relato – E toda noite era aquele medo dele vir pra me pegar... – emocionou-se – Depois de um ano nessa agonia, decidi me entregar prum outro cabra que vivia atrás de mim dizendo gracejo. Achei que era melhor perder a virgindade por bem do que por mal com o macho de maínha. Eu tinha certeza que mais cedo ou mais tarde ele iria me pegar à força!
--E... você teve mesmo coragem de se deitar com o tal? – perguntou com jeito
--Tive... – respondeu um pouco envergonhada – Aconteceu no carro dele... – lembrava – Eu tava com treze anos e ele com dezoito. – suspirou – Não foi nem bom nem ruim, sabe? Foi como uma coisa que eu comesse e não sentisse o gosto. – pausou brevemente – E depois daquela noite o cabra sumiu. – olhava para o mar – Mas, espia só: no dia seguinte, minha madrinha apareceu pra visitar a gente depois de anos morando em São Paulo. Ela disse que vinha morar aqui em Olinda mais a filha mais velha que descasou. – olhou para Yara – Aí eu contei tudo pra ela sobre a vida naquela casa, pedi pra vir mais ela e ela quis. – sorriu – E tô eu aqui! – balançou a cabeça contrariada – Se eu soubesse que ela viria, nunca que teria me entregado praquele cabra! – pausou brevemente – Se você já me achava uma perdida imagine agora! – comentou receosa e riu envergonhada – Nem vou espantar se não chegar mais perto de mim!
--Você não tinha como saber o que iria acontecer! – a índia respondeu de pronto – E padre Ignácio me ensinou que ninguém deve julgar ninguém. Ele também me disse que Deus não espera de nós a santidade, embora isso não seja motivo pra sair pecando. – repetia o que ouviu do homem -- Mas eu não te vejo com maus olhos, longe disso... – pausou brevemente – É capaz de você sim, querer se afastar depois do que vou te contar... – pensava se deveria falar ou não – Padre Ignácio me disse que se a gente sentir alguma coisa por alguém e isso for do coração, tem que se avaliar se é de Deus ou não. – olhou timidamente para a outra – Se der paz, é de Deus. – mirou os olhos dela – Tem vezes que você me deixa afogueada a ponto de eu não conseguir pensar em nada e nessas horas isso me assusta... Por isso impliquei com suas roupas! – confessou – E tem vezes que você me dá paz... como agora!
Edivânia surpreendeu-se com o que ouviu.
--Tenho sentimentos por você! E é isso! – confessou ao se levantar – Mais uma vez, feliz aniversário! – afastou-se lentamente andando de costas até que se virou de frente e foi embora a passos rápidos
A jovem permaneceu sentada e acompanhou a índia com o olhar até que sumisse de suas vistas.
***
Yara limpava o chão de um dos quartos da Casa esfregando com força. Fazia uma semana que não tinha notícias de Edivânia e queria esquecer. Pensava que na certa a garota deveria estar horrorizada com sua tímida declaração de amor.
Ao perceber que o pano ficara muito sujo desceu as escadas para lavá-lo na área de serviço. Quando voltava para o quarto surpreendeu-se com irmã Clotilde entrando na sala pé ante pé. Notando que a mulher não a vira, a jovem abaixou-se rapidamente e se escondeu atrás de um sofá. “Que bolsinha é essa que ela traz escondida debaixo do braço?” – pensou curiosa
--Irmã Clotilde! – uma mulher subitamente chamou em voz alta, assustando a outra – Todo mundo na igreja pra discutir sobre os preparativos da Páscoa e a senhora some? – cruzou os braços – Sorte que esqueci minha Bíblia e vim aqui buscar! – falava de cara feia
--Eu não sumi, irmã Genilse! – respondeu nitidamente constrangida – É que eu tive que ir no Recife pra... – não sabia o que dizer – Eu precisei... – tentava disfarçar que segurava uma bolsinha
--Vou pegar a Bíblia lá em cima e vamos juntas pra igreja. – afirmou de pronto ao se encaminhar para a escada – Não vá sumir de novo! – advertiu ao começar a subir os degraus – Temos muito a fazer!
--Só vou beber uma aguinha. – observava a outra com atenção – Um minuto. – falou um pouco mais alto – Praga! – resmungou sozinha – Tenho que esconder isso aqui! – levantou uma almofada do sofá e colocou a bolsinha embaixo, empurrando com força – Bem escondidinha! – constatou -- Na volta pego!
“E o que será que ela escondeu ali?” – Yara pensava intrigada
Em poucos minutos as duas mulheres deixaram a casa. Ao notar que novamente estava sozinha, Yara pegou a bolsinha e correu para o banheiro para ver o que era. Após trancar a porta, abriu o embrulho e levou um susto. – Ô, Glória! – arregalou os olhos
Tratava-se de um acessório semelhante ao que vira irmã Clotilde usando com irmã Leila, no entanto, o formato do falo parecia-lhe mais elaborado e o tamanho menor, embora mais roliço.
“E agora, meu Pai, o que fazer?” – pensava olhando para o alto – “Elas têm voto de castidade, portanto estão pecando quando usam isso aqui. Já eu não tenho voto de nada...” – argumentava para si mesma – “Então se eu ficar com isso, livro elas de cometerem mais pecado!” – concluiu – “Em compensação, o que eu vou fazer com esse troço?” – mirou o objeto em suas mãos – “Hum...” – pensava em possibilidades
***
Yara passeava de braços dados com uma idosa na praça João Pessoa.
--Obrigada por me trazer pra pegar sol, minha filha. – a mulher agradeceu
--É um prazer passear com a senhora, dona Rute. – respondeu sorridente – Além do mais a senhora ainda não terminou de me contar a história da guerra dos mascates. – pediu
--Ah, sim. – lembrou-se – Meu avô me contava essa história, que por sinal ele ouviu do avô dele! – preparava-se para narrar o que sabia
Edivânia olhava para as duas de longe, as quais não se davam conta disso. Vinha caminhando pelo outro lado da rua acompanhada pela madrinha.
--Aquela ali não é a beatinha sua amiga? – a madrinha da jovem negra perguntou ao avistar a indígena
--É... – respondeu simplesmente ao desviar o olhar
–Reconheci pelo uniforme! – brincou -- Só vive de camiseta branca e saia jeans comprida. – achava graça
--Não ria dela, madrinha... – pediu gentilmente – Yara passou a vida em ambientes religiosos. Ela foi acostumada a se vestir assim. – lembrava-se do que ouviu da outra – É uma pessoa boa...
--Ah, mas isso eu também acho! – concordou – Menina estudiosa, religiosa, respeitosa com os mais velhos, sem vícios... Excelente companhia pra você! – seguiam caminhando – Por que não convida ela pra lhe fazer companhia lá em casa nestes dias que terei de ficar em São Paulo com Mariana? – propôs – Você não pode ir com a gente por causa do colégio e não me agrada te deixar tanto tempo sozinha. – olhou rapidamente para a moça – Se quiser posso pedir pro padre Ignácio.
Edivânia ficou apenas pensando.
***
--Entre, fique à vontade. – Edivânia ofereceu tentando ser natural – A casa é de pobre mas é limpinha. – sorriu envergonhada – Vem comigo.
Yara seguia a colega timidamente pelo interior da pequena casa.
–Eu divido o quarto com Mariana – entraram no cômodo -- e ela disse que você pode usar a cama dela sem problemas. – apontou para a cama
–Se você preferir, posso dormir na sala. – ofereceu
--Se eu preferir? – estranhou – E por que eu ia preferir isso? – olhou para a outra
--Você tá diferente... – tirou a mochila das costas – Parece que fica meio sem graça comigo. – afirmou com uma certa tristeza – Eu não vou fazer nada. – pausou brevemente – Só vou te fazer companhia como dona Regina pediu. – referia-se à madrinha da jovem
Edivânia cruzou os braços e se aproximou da colega. – É verdade, eu... – pensava em como falar – Depois do que você me disse eu não soube mais o que fazer... – desviou o olhar – Em relação a você...
--Não precisa fazer nada. – olhava nos olhos – Não se preocupe comigo e nem tenha medo de mim. – caminhou até a cama que iria ocupar e colocou a mochila aos pés dela – Eu não tenho lição de casa pra fazer hoje. E você? – abriu a mochila e tirou um caderno de dentro
--Também não, por que? – observava a outra
--Quer ir comigo pro asilo Santidade? – novamente olhou para a jovem – Hoje eu prometi que ia começar a ensinar seu Antônio a escrever. – comentou – Se eu conseguir, né? – sorriu
--Ninguém nunca me convidou pra uma coisa assim. – não sabia se deveria aceitar – Não é um programa de índio? – perguntou brincalhona para mudar o clima
--Eu sou índia, então... – respondeu brincalhona também – Fazer bem aos outros faz bem. Pode não ser divertido como as coisas que você gosta, mas... enfim, vale a pena.
--Tá bom. – decidiu – Eu vou com você.
***
--Não é possível que ninguém aqui saiba do paradeiro de minha bolsinha! – Clotilde reclamava com as outras mulheres – Faz dias que ela sumiu e nada! – gesticulava
--Eu não sei de bolsa! – uma das mulheres respondeu
--Nem eu! – várias outras disseram a mesma coisa
--Faz tempo que você perturba a gente com essa conversa, irmã Clotilde! – Berenice observou – Se ainda não percebeu que nenhuma de nós sabe do paradeiro dessa sua bolsa, então, paciência! – deu de ombros
--E Yara? – Leila perguntou mal disfarçando a preocupação – Falasse com ela sobre isso? – olhava para Clotilde – “Deus do Céu, quem será que encontrou nosso consolo?” – pensava aflita
--Yara? – deu-se conta que não havia abordado a jovem – De fato eu não falei com ela... – constatou – “Como fui besta! E justo hoje ela foi pra casa daquela moça pra ficar por duas semanas!” – lembrou-se contrariada
***
--Já passasse uma semana aqui e até agora só eu fiz tudo que tu quisesse! – Edivânia reclamou bem humorada enquanto mexia no armário do quarto – Estudei, fui em asilo, em missa... – retirou umas roupas de dentro – Agora é tu que vai fazer o que eu quero! – ordenou
--E o que seria? – perguntou desconfiada ao se sentar na cama
--Essa roupa de Mariana há de te servir. – trouxe um vestido em um cabide – E nem pense em reclamar porque não é roupa justa e nem escandalosa! – entregou a outra
--Oxe! – olhou espantada para o vestido – E pra onde que eu vou com isso? – não entendia
--Hoje uma colega de minha escola vai se apresentar com o grupo de frevo lá no Clube e você vai mais eu. – pôs as mãos na cintura – Festa de gente jovem, não precisa ser de maior e a diversão é garantida! – sorria
--Ave Maria, mas eu nunca fui em festa de clube e... – resmungou
--E pra tudo tem uma primeira vez! – reclinou-se e parou com o rosto bem de frente para a outra – Você vai comigo sim! – olhava nos olhos
“Ô, aleluia, glória santa, e tem como dizer não?” – pensou ao engolir em seco
***
Edivânia e Yara vinham caminhando pelas ruas com um grupo de jovens. Chegando na entrada da vila da negra, despediram-se dos demais e seguiram sozinhas.
--Diz se não foi massa? – perguntou para a indígena – Eu me diverti um bocado! Especialmente depois de te ver tentando imitar o passo de frevo! – zombou da outra
--Como se tu soubesse fazer aquilo! – zombou também – Como é? – ensaiou uns movimentos – Ave Maria! –riram
--Ainda bem que hoje é sábado! – Edivânia falou em voz mais alta – Amanhã posso acordar bem tarde! – pegou as chaves de casa na bolsinha – Uhu! -- comemorou
--Isso é você! Eu tenho que ir pra missa... – lembrou-se do detalhe – “Ave Maria, e disposição pra levantar cedo amanhã, arrumo onde?” – pensou
--Missa tem em vários horários, não precisa ir cedo não. – abriu a porta e entraram em casa – Você é certinha demais, dona Yara! – provocou
--Pensei que já soubesse que não! – respondeu sem pensar – “Deixa eu calar minha boca!” – pensou se repreendendo
Edivânia não comentou e seguiu para o quarto. – Pode tomar banho primeiro. – ofereceu sem olhar para a outra
--Posso? – gostou do que ouviu – Tá bom. – pegou sua camisola sobre a cama – Amanhã lavo o vestido da Mariana porque suei muito com ele. – sentia calor – “Só ela pra me fazer ter coragem de ter usado isso!” – pensou
A indígena tomou banho e já saiu do banheiro vestindo a camisola. Deitou-se na cama porém não sentia sono, apesar de cansada. Pensando na vida nem reparou quando Edivânia voltou do banho.
--Yara? – chamou
--Pois não. – olhou na direção da outra e congelou – “Até a camisola dessa criatura é cheia de glória com aleluia, ô, Pai das Luzes, me defenda!” – pensou em choque
Sentou-se na beirada da cama da outra. – Você... – olhava para ela – Eu queria te dizer que tô adorando ter você aqui. – declarou de súbito – Pensei em você durante o banho... – desviou o olhar
Yara sentiu o coração disparar e sentou-se também. – Penso em você o tempo quase todo! – respondeu de imediato
Edivânia olhou para a índia novamente, segurou seu rosto com uma das mãos e sem pensar em nada mais a beijou nos lábios.
“Ave Maria, que beijo!” – mesmo sem saber exatamente o que fazer, movimentou-se para se deitar sobre a outra – Eu te quero tanto... – falava entre beijos
--Ah! – gem*u ao sentir o peso da indígena sobre si – Tira essa camisola imensa! – pediu e elas riram brevemente
--Tiro! – obedeceu e buscou despir a parceira também
--Vem! – envolveu o pescoço da jovem com os braços e a beijou – Vem!
Novamente Yara deitou-se sobre a negra, beijando-a com carinho e paixão. Permitiu que suas mãos explorassem o corpo dela livremente, ao ponto que seguia beijando-lhe os lábios e o pescoço.
--Ah! – gemia com os olhos fechados – Vem!
Yara se encheu de coragem e levou seus lábios a um dos seios da jovem. Percebendo o prazer dela com suas carícias, não se intimidou em explorar o outro seio que pedia atenção.
--Ah, ah, isso é tão bom... – acariciava os cabelos da índia – Ah... – gemia
Lembrando-se do que presenciara Clotilde e Leila fazendo mais de uma vez, Yara seguiu uma trilha de beijos e mordidas pelo abdômen da parceira até chegar no sex*. “E seja lá o que Deus quiser...” – pensou antes de mergulhar entre as pernas da jovem
--Ah! – reclinou o corpo e gem*u mais alto – Ah, não para, não para! – gostava daquela sensação até então desconhecida
Yara se manteve deleitando-se com a parceira até ouvi-la gem*ndo alto ao atingir o orgasm*.
***
--Bem que dizem que as santinhas são as piores... – sorriu ao beijar a indígena – Não imaginei que a tímida Yara Saraíba fosse tão fogosa... Tu é boa de cama, mulher! – beijou-a mais uma vez – Espero que você também tenha gostado de mim. – beijou-a
Ficou toda prosa com o que ouviu. – Você me olha e eu já gosto! – beijou-a mais demoradamente – “Ô, perdição maravilhosa...” – pensou
As duas garotas estavam deitadas de lado, uma de frente para a outra.
--Você não era virgem... – acariciou o rosto da outra – Com quem esteve antes de mim, hein? – perguntou curiosa – Eu te contei tudo de mim nesse sentido.
--Eu nunca estive com ninguém! – respondeu com verdade – Você foi minha primeira... – beijou-a – De tudo! – olhava nos olhos
--Não mente! – mordeu-lhe o lábio inferior – Verdade que nosso primeiro beijo foi desengonçado mas você pegou o jeito em dois tempos. – sorriu
--Eu juro que nunca estive com ninguém! – respondeu com segurança – Juro! – acariciava as costas da outra
--E como sabia tão bem o que fazer? – continuava duvidando
--Eu... – pensava em como falar – Bem... – sentiu as bochechas arderem – Acabei assistindo duas mulheres no ato mais de uma vez... – confessou
--Ah! – arregalou os olhos – Gente, na Casa das Religiosas?? Quem??
--Já contei tudo que você precisa saber! – beijou-a novamente
--Ai, não, eu quero saber! – mordeu-lhe o lábio inferior – Me conta, me conta... – pediu entre beijos
--Não! – desvencilhou-se com calma e se sentou – E não insista porque não vou dizer! – olhava para a amante – É um segredo que eu vou levar pro túmulo!
--Aff! – sentou-se também – Não confia em mim, né? – fez um charminho – Tá bom. – baixou os olhos – Eu te contei tudo e você me esconde um monte de coisas... nem acredito que você não era virgem...
Respirou fundo e respondeu. – Tá bom. Eu não era virgem porque me auto desvirginei. Mas você foi a única pessoa com quem estive e fim! – confessou
--Como assim se auto desvirginou?? – não entendia
--Tá, té mostro. – esticou-se e pegou a mochila no chão – Olha isso aqui. – retirou uma bolsinha de dentro – Vai entender quando ver. – entregou a bolsinha nas mãos da outra
--Ué? – abriu curiosa e se surpreendeu com o que viu – Um pinto! – arregalou os olhos – Não é grande mas é grosso! – olhou para a índia – Onde arrumou isso?? – nem imaginava
--Então... – passou a mão nos cabelos – Longa história...
Edivânia não aguentou e riu. – Você é louca! – riu de novo
--Pronto, agora te contei tudo! – deitou-se de lado novamente – Satisfeita?
--Hum... – ficou olhando o acessório em suas mãos – Ainda não... – sorriu maliciosa
***
--Ah, ah, ah!! – gemia – Assim, desse jeito, não para! – pedia com os olhos fechados
--Ah, ah, ah! – Yara gemia também enquanto penet*ava a parceira – Tá bom assim? – perguntou excitada
--Me segura pela coxa, vai! – pediu e a índia obedeceu – Ai, met* assim, vem, vem! – abraçou-a com força – Ah! Ah! – fechou os olhos – Continua assim, vem! – pedia sofregamente
--Ah!! – fechou os olhos também – “Tantas vezes sonhei de viver isso...” – pensou satisfeita – “Ô, pecado maravilhoso...” – sorria
Enquanto isso, na Casa das Religiosas, Clotilde aproveitava a calada da noite para explorar mais uma vez em vão o sofá principal da sala. “Onde foi parar, meu Pai?” – pensava revoltada – “Yara não pode ter pego!” – não conseguia aceitar – “Maldição!”
***
--Hein? – Edivânia abria os olhos sonolenta – Tu vai pra onde? – espreguiçou-se – Hum... tá cedo... – comentou manhosa
--Continue aí, durma. – respondeu com carinho – Vou pra missa. – terminava de se vestir – Nunca perdi a missa de domingo de manhã e ela me faz bem. – dizia a verdade
Gastou uns segundos calada observando a outra. – Vai pedir perdão a Deus pelo que fizemos, é isso? – perguntou chateada
--Não! – ajoelhou-se ao lado da cama – Mesmo que seja o maior dos pecados, não me arrependo de você! – afirmou com muito sentimento -- E até adoraria te namorar, mesmo que tenha que ser escondido... – pausou brevemente – Você quer?
--Own... – segurou o rosto da índia com as duas mãos e a beijou ternamente nos lábios
***
Yara chegava na Casa com o coração repleto de emoção. Estava feliz por se sentir como quem floresce diante do Amor, mas ao mesmo tempo saudosa por ter que romper o contato diário com Edivânia. “Essas duas semanas passaram voando...” – suspirou
Cumprimentou as mulheres que estavam na sala e após rápidas conversas subiu para o quarto onde dormia. Ao abrir o armário para arrumar suas coisas constatou que tudo estava fora do lugar. – Mas o que é isso? – não entendia
--Agora somos nós! – Clotilde cruzou os braços e se encostou no portal – Precisamos conversar seriamente, Yara! – falava em tom grave
“Minha Nossa Senhora da Guia me defenda!” – fechou os olhos brevemente e se virou de frente para a mulher – Sobre o que quer conversar, irmã Clotilde? – lutava para parecer inocente – Foi a senhora que mexeu nas minhas coisas?
--Acho que você pegou algo que me pertence, mocinha! – aproximou-se serrando os olhos – Abra essa mochila aí que eu quero ver! – ordenou
“Bendita hora que deixei o negócio escondido com Edivânia!” – pensou aliviada – Pode ver. – entregou-lhe a mochila despreocupadamente
Clotilde revirou a mochila e constatou decepcionada que nada havia ali que fosse de seu interesse. – Tome! – devolveu de cara feia
--O que a senhora quer comigo, irmã? – perguntou mais uma vez – Eu não tenho nada que seja seu. – afirmou de cabeça baixa
--Humpf! – nada respondeu e saiu do quarto
“Amanhã mesmo vou avisar a Edivânia pra tomar cuidado!” – pensou – “Irmã Clotilde pode nem sonhar que peguei o negócio dela!”
***
--Então eu gostaria da sua ajuda porque é importante esse toque feminino. – padre Ignácio dizia – Especialmente agora que as meninas estão bem amiguinhas acho que a senhora poderia me ajudar nessa surpresa. – sorria para a mulher – Mas claro, se assim desejar.
--Ora, padre, se eu já não negaria um pedido do senhor faz ideia quando tem a ver com Yara! – Regina respondeu de imediato – Aquela menina tem sido uma influência maravilhosa pra minha afilhada! – gesticulou brevemente – Edivânia agora é mais estudiosa, mais religiosa, visita asilos, se veste até mais bem composta! Nem acredito que ela finalmente chegou na 8ª série! – considerou – Ajudo o senhor a organizar a festinha de aniversário da menina com muito gosto! – sorria
--No que lhe sou muito grato! – agradeceu – Yara teve uma história de vida muito dura e merece que seu aniversário de 15 anos seja especial!
Em outro canto da cidade...
--Eu nunca matei aula na minha vida, mas... – segurou a mão de Edivânia – Afinal de contas é nosso aniversário de 1 ano de namoro... – sorria apaixonada – Eu não podia deixar de comemorar com você de alguma forma!
--E eu adorei a surpresa! – beijou-a – Esse aniversário é muito especial pra mim! – sorriu – Assim como um certo aniversário que vai acontecer no dia 15 de junho! – beijou-a novamente – Quinze anos de Yarinha!
--Não vai ter nada de mais, no máximo um bolo. – não sabia que planejavam uma festa para ela – Mas... junho ainda não chegou. – segurou o rosto da negra com as duas mãos – O aniversário que me interessa agora é outro! – beijou-a
--Hum... – mordeu-lhe o lábio inferior – Te amo! – beijou-a
--Também te amo! – beijou-a demoradamente
As duas jovens não sabiam que uma pessoa conhecida as havia visto e observava de longe. “Clotilde tava certa o tempo todo!” – Leila pensava – “Foi Yara quem roubou o bibelô novo, só pode ter sido!” – deduziu – “Sapatãozinha fingida miserável!” – franziu o cenho
***
Yara cumprimentava a todos emocionadamente. Havia adorado a festa surpresa na Casa das Religiosas e estava feliz com o carinho que recebia. Dentro de si, podia sentir a presença da saudosa Alice e isso lhe fazia muito bem.
--Fingida, hipócrita! – Clotilde resmungava entre dentes observando a jovem indígena – Espia como a putinha dela fica olhando toda apaixonada! – reparou -- Quem não vê que são um casalzinho? – tentava disfarçar suas emoções em um sorriso forjado – Aposto que já cansaram de se fuder uma a outra com nosso bibelô! – sentia raiva – E aquilo me custou tão caro, me deu tanto trabalho pra comprar, pra receber...
--Essa fuleiragem toda também me revolta! – Leila concordava cochichando – Especialmente vendo que padre Ignácio, irmã Justina e esse povo todo tem a indiazinha em conta de santa! – forjava um sorriso também – Mas vamos deixar pra lá. O que precisamos é ter mais cuidado com nossos segredos.
--Deixar pra lá uma ova! – olhou rapidamente para a amante – Eu vou desmascarar essa garota de um jeito que ela não vai ter defesa! – abriu um largo sorriso – Não agora, mas no momento certo que eu já sei até quando vai ser. – não tirava os olhos da jovem – A vingança é um prato que se come frio, amada irmã Leila! – cruzou os braços – Você vai ver!
***
Dezembro havia chegado e com ele o final do ano letivo de 1991. Yara estava feliz pois seu namoro com Edivânia continuava maravilhoso diante de seus olhos e as duas haviam concluído a 8ª série com êxito. Fazia planos para o ano seguinte enquanto arrumava a Casa das Religiosas para as celebrações natalinas que se aproximavam. Estava sozinha e trabalhava com gosto. “Pra ser mais perfeito, faltava só a minha mãe aqui...” – pensava em Alice
Minutos depois, a jovem é surpreendida com alguém que a abraçava por trás. – Deixando tudo bonito pro natal, amor? – beijou-lhe o ombro
--Oxe? – surpreendeu-se e virou de frente – Como entrou aqui? – sorriu
--Não é só você que tem boas ideias, amor! – beijou-a – Já sei que o portão dos fundos tá com o trinco escangalhado! – riram brevemente – Vem, vamos aproveitar que a mulherada tá toda na igreja. – beijou-a novamente
--Vamos... pro... quarto? – propôs entre beijos – Hein?
--Simbora! – segurou uma das mãos da índia e subiram as escadas correndo
--Agora sim! – entrou no quarto e fechou a porta – Vem! – puxou-a pela cintura e a beijou com paixão
As duas garotas caíram na cama de Yara e perderam-se em um gostoso amasso.
--Eu quero você... – deslizou a mão para dentro da calcinha da índia – Faz tanto tempo... que a gente... não tem jeito de... – falava entre beijos
Yara sentiu-se incendiar com os dedos da namorada penet*ando-lhe com ansiedade. – Também quero... – beijou-a e introduziu dois dedos no sex* da outra
Deitadas de lado, as jovens devoravam-se com paixão, gem*ndo alto.
--Vem pra mim, linda... – sussurrava no ouvido – Vem... – beijou-a
--Vim assim... que mandou... me chamar... – respondeu com os olhos fechados – Ai! – gem*u
A indígena subitamente interrompeu o que fazia. – Mas eu não mandei! – olhou em desespero para a namorada
De repente a porta se abriu e um grito se fez ouvir: -- Misericórdia, mas o que é isso?? – irmã Justina estava boquiaberta – Yara?? – sentia-se profundamente decepcionada
--Misericórdia! – irmã Genilse exclamou escandalizada
“Minha Nossa Senhora da Conceição!” – levantou-se de imediato ajeitando as roupas – Calma, irmãs! – pediu desesperada – Eu... – não sabia o que dizer – “Meu Deus, veio todo mundo!” – abaixou a cabeça ao perceber o olhar de reprovação que recebia das demais
Edivânia também se levantou apressada e virou-se de costas para as mulheres enquanto arrumava as roupas. “Puta merd* e agora?” – pensou com vontade de chorar – “Se minha madrinha souber disso ela vai me mandar de volta pra viver com maínha e aquele macho!” – estava desesperada
--As senhoras veem com seus próprios olhos, irmãs! – Clotilde entrava no quarto também – Eu lhes disse que essa menina é uma fingida, uma cobra abrigada no meio de nós! – acusava – Além de viver sob o pior dos pecados é uma ladra, pois foi quem me roubou! – apontava para a jovem
--Está aqui a bolsinha que irmã Clotilde tanto procurava! – Leila mostrou ao abrir o armário que jovem usava – Yara deve ter pensado que não havia mais risco e agora nem se preocupa em esconder o fruto de seu roubo!
--Mas... – a jovem não entendia o que estava acontecendo – “Como essa bolsa foi parar ali?” – derramou algumas lágrimas – “Há tanto tempo joguei ela fora!” – pensava
--Por que, Yara? – Justina chorava – Confiamos tanto em você... – olhou para Edivânia – E você também! – falava com desgosto – Acreditei que estava se tornando uma jovem melhor e no entanto...
--Eu não tive culpa de nada! – a negra retrucou em desespero – Eu vim aqui pra falar com Yara sobre uma coisa, ela me trouxe pra cá e de repente... – gesticulava desordenadamente – Me jogou na cama e começou a fazer umas coisas... Fiquei confusa e perdida!
--O que?? – Yara sentiu uma dor profunda a ferir-lhe o coração – Edivânia, como pode dizer isso? – olhava para a outra com os olhos banhados em lágrimas – Você disse que me amava...
--Como uma irmã! – afastou-se da jovem e parou ao lado de Justina – Acredite em mim, eu não tive culpa de nada! – implorou – Eu juro! – postou as mãos em súplica
--Eu acredito! – Clotilde aproveitou a deixa – Sou testemunha que essa jovem muito se modificou e se transformou em uma cristã sincera!
--E Yara se aproveitou disso! – Leila interferiu também – Ora, irmãs, sabemos que existem mulheres assim!
Sentindo-se abandonada e traída, Yara nada conseguiu dizer em sua defesa e apenas chorou profundamente.
***
--Eu realmente tentei, Yara! – padre Ignácio falava com pesar – Mas as irmãs decidiram por unanimidade que você não pode mais viver na Casa das Religiosas. – olhava para a jovem – Dona Regina tampouco quer saber de você na casa dela. E aqui, na igreja, você não poderá ficar indefinidamente. – sentia-se triste com aquela situação – E eu não tenho o que lhe oferecer além do que padre Louzada decidiu... – pausou brevemente – Internar você no convento de freiras com o qual ele tratou lá no Recife.
Yara chorava contidamente. Mantinha sua cabeça baixa.
--Eu... – o homem começou a chorar também – Não concordo em forçar alguém a seguir a vocação religiosa. Nosso ofício é sagrado e não um castigo... – passou a mão sobre os olhos – Também não mudei minha visão em relação a você por causa do que aconteceu. Já lhe disse que não estou aqui para julgar. – segurou uma das mãos da jovem – Infelizmente você ainda é menor de idade e não pode decidir nada por si mesma. – lamentou
--Fui vítima de uma armadilha, padre... – respondeu ainda de cabeça baixa – Mas nunca vou conseguir provar isso! – pensava em Clotilde e Leila – Fui vítima de uma traição... – pensava em Edivânia – Mas o que importa agora, né?
--Deus não é alheio a coisa alguma, querida. – respondeu com carinho – A cada um segundo suas obras, tenha certeza! Justiça será feita, mais cedo ou mais tarde. – pausou brevemente – Eu... procurei por aquele padre que ajudou sua mãe em Manaus. – a jovem olhou surpreendida para ele -- Camilo Roldó. – fez um gesto rápido – Atualmente ele administra a obra do Senhor em outro lugar. – pegou um papelzinho e entregou à moça – Neste endereço. – levantou-se – Agora eu tenho que ir, filha. Hora de me preparar para celebrar a missa.
Yara levantou-se também e abraçou o padre chorando copiosamente.
--Oh, minha criança... – abraçou-a com ternura e derramou algumas lágrimas – O mundo ainda é muito injusto, eu sei. – acariciava a cabeça dela – Mas confia sempre em Jesus, em Nossa Senhora e em Deus. Recebemos a promessa que os que têm fome de Justiça serão saciados. – falava com mansidão – Confia nisso! – pausou brevemente – E que Deus lhe oriente sempre quanto ao que fazer. Rogarei por ti em todos os dias de minha vida, eu lhe prometo!
A jovem não conseguia pensar. Apenas chorava.
***
Yara caminhava rapidamente pela avenida Presidente Vargas. Mochila nas costas e malinha na mão, carregava tudo que julgava possuir. De quando em vez olhava para trás na esperança de encontrar quem pudesse lhe dar carona. Já havia sinalizado para alguns veículos mas nenhum parou. Depois de algum tempo de caminhada, observou que um caminhão de carroceria aberta se aproximava e decidiu tentar mais uma vez.
“Seja lá o que Deus quiser!” – fez sinal pedindo carona – Ah, Minha Nossa Senhora! – exclamou surpreendida – Tá parando! – observou que o veículo reduzira a velocidade – Ai, me proteja, Mãe Divina! – beijou o crucifixo do cordão antes de correr em direção ao caminhão
--Oba! – uma mulher saudou sorridente – Vai pra onde, mulher? – reparou na jovem – Tô descendo o mapa!
Surpreendeu-se ao ver que se tratava de uma motorista que viajava com duas crianças. – Pra mim tá de bom tamanho! – respondeu de imediato – Me deixe ir com a senhora, por favor?
Gastou uns segundos em silêncio. – Sou mãe, viajo com meus filhos e não quero confusão. Tu é menor de idade, menina. – percebeu – Tá fugindo de quem? – perguntou desconfiada
--Sou órfão e querem me internar num convento! – disse a verdade – Por favor, me deixe ir com a senhora? – insistiu humildemente
--Convento?! – fez um gesto de desagrado – Aí não! – balançou a cabeça contrariada – Aqui na boleia não tem mais espaço mas se não se incomodar de ir na carroceria... Tá vazia mesmo. – ofereceu – Qualquer coisa, cê pensa que tá voando! – brincou
--Obrigada, obrigada! – correu para a traseira do caminhão, jogou mochila e mala para dentro e subiu do jeito que pôde
--E vamo nós! – a caminhoneira manobrou para sair e voltou a guiar pela avenida
Yara se posicionou próxima à boleia e colocou seus pertences ao lado. De pé, segurando no estrado de madeira, admirava a visão noturna de Olinda, cidade da qual se despedia naquele 31 de dezembro de 1991.
“Uma forma de te esquecer,
Não mais pisar o chão,
Estive pensando ir,
Meu amor dissolveu-se...”
Olhos marejados, vento nos cabelos e o coração cheio de dúvidas e esperanças, pensou na mãe, da qual nunca se esquecia, e nos momentos marcantes que vivera na cidade.
“Descobri a fórmula certa,
Uma moléculaaaa...
Acelerada no coração...”
Lembrou-se de Edivânia, da imensa decepção e tristeza que aquela moça havia lhe trazido e percebeu que precisava esquecer para continuar a fazer o que sempre fez: lutar como sobrevivente de inúmeras dores.
“Inventei uma solução,
Só enquanto você pisar o chão.
Eu tenho que voaaaaar...”
--Ela falou pra pensar que tô voando, né? – sorriu em meio às lágrimas – Vamos voar! – fechou os olhos
“Eu tenho que voaaaaaaaaaaar...
Eu tenho que voar...”
Por um momento, a lembrança fortuita de sua terra natal foi capaz de fazê-la ouvir seus irmãos indígenas.
“Exac wiramiri,
Nehe, exac wiramiri,
Nehe, exac wiramiri,
Nehe,exac wiramiri,
Nehe...”
Sentiu-se estranhamente conectada com o passado que lutara para esquecer.
“Nekàgaw a'e nepuràng'eteahy,
Haw a'e no nepyk a'e wà,
Nekàgaw a'e nepuràng'eteahy,
Haw a'e no nepyk a'e wà...”
Pensou em todos os ataques que sofrera na vida e abriu os olhos.
“Tenham olhos e não me vejam,
Meu vôo é alto,
Meu vôo é alto...”
Kaê Guajajara ft Nelson D – Asas (Wiramiri) [1]
“Eu sou Yara Saraíba, Yara Cayê, sobrevivente única dos Kenko Wiwa!” – dizia para si mesma – “Ninguém pode me destruir! Ninguém!” – olhava para o infinito – “Deus me manterá!” – derramou uma lágrima – “Seja lá o que me espera, estarei preparada!”
Fim do capítulo
Nota-se que gosto muito do trabalho da Kaê, que tive a oportunidade de conhecer em 2020. Essa música que finaliza o capítulo é uma delícia. Recomendo: Kaê Guajajara feat. Nelson D - Asas (Wiramiri) Clipe Oficial - Bing video
[1] Asas (Wiramiri). Intérprete: Kaê Guajajara ft Nelson D. Compositores: Kaê Guajajara e Samuel Chuengue. In: Wiramiri EP. Intérprete: Kaê Guajajara ft Nelson D. Azuruhu, 2020. Faixa 6(4min56)
Comentar este capítulo:
Ontracksea
Em: 16/01/2024
Já deu pra notar que você é bem culta e inteligente. Viajada também.
Ah essa hipocrisia do clero. Pobre Yara! Mas adoro quando ela diz ó glória!
Música top. Essa Kaê é uma artista super necessária! Aquela Território Ancestral é tocante e maravilhosa!
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jake
Em: 09/12/2023
Que cap marcante. Oq as freiras fizeram foi uma grande covardia. Invejosas e Edvania foi covarde deixou toda culpa pra Yara.Espero Justiça
Solitudine
Em: 09/12/2023
Autora da história
Boa noite, Jake!
Sim, as freiras foram hipócritas e usaram os preconceitos sociais, além da capa de religiosas, a seu favor. O caso da Edivania foi um misto de várias coisas. Você entenderá.
E sim, a Justiça sempre vem! Ainda que demore!
Beijos,
Sol
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Femines666
Em: 29/03/2023
Que desfecho inesperado meu Deus!! Que história maravilhosa tô viciada não tem jeito mas agora vou ter que sair...
Adorei a Kaê. Seu gosto musical me encanta!
Solitudine
Em: 29/03/2023
Autora da história
Fico feliz em vê-la sempre empolgada com meu proseado caipiresco.
Também adoro o trabalho da Kaê. Que bom que temos afinidade musical! rs
Beijos,
Sol
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mtereza
Em: 29/12/2022
Que capítulo lindo foi esse Sol apesar de tudo da maldade daquelas duas freiras e da covardia de Edvania amei o capítulo ainda mais por ser ambientado na minha cidade Olinda bjs estou amando a história
Resposta do autor:
Olá querida!
O episódio que aconteceu na Casa das Religiosas foi realmente triste, mas é a vida, não?
Que ótimo que ver Olinda no conto te deixou feliz e que maravilha que esteja gostando!
Beijos,
Sol
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Joabreu
Em: 20/12/2022
Bom dia,
Impactada!!! MARAVILHOSO!!!!!!!!!
BBS
Jo Abreu {}
Resposta do autor:
Olá querida!
Obrigada! Fico feliz com esse retorno!
Já descobri o que é BBS mas o que seriam estas duas chaves depois do seu nome? É seguro perguntar? rs
Coisas de caipira!
Beijos,
Sol
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Samirao
Em: 24/10/2022
E me manda o arquivo docx completo? Crio uma conta de mail só pra receber
Resposta do autor:
Mas então... não tem docx completo. Acabou-se a fase de postar e ter capítulos reserva esperando para serem postados depois. Agora é tudo em "tempo real"! kkk
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Seyyed
Em: 13/10/2022
Cararra! Fui da fofura a excitação do riso ao choro da alegria a tristeza da pena a esperança. Capítulo foda música foda .TA é como tudo que tu escreve lindo intenso e envolvente. Essas gurias já tão no meu coração S2
Resposta do autor:
Olá querida!
Minha super comentadora!
Obrigada!!!!!!!!!!
Que bom que as gurias estão no seu coração. Que se mantenham!
Obrigada por vir.
Beijos,
Sol
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Dandara091
Em: 13/10/2022
Alô autora,
Injustiças, injustiças.
Pior é que acontece.
#queremosjustica
Resposta do autor:
Olá querida!
Sim, e acontece muito!
A Justiça ainda será a base desta Terra. Esteja certa.
Beijos,
Sol
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Marta Andrade dos Santos
Em: 13/10/2022
Eita Yara e agora.
Resposta do autor:
Este saiu repetido.
Obrigada por comentar.
Beijos,
Sol
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Marta Andrade dos Santos
Em: 13/10/2022
Eita Yara e agora.
Resposta do autor:
Olá querida!
Difícil momento, não? Vamos ver para onde ela foi e o que vai acontecer.
Obrigada por continuar aqui. Espero que continue.
Beijos,
Sol
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kasvattaja Forty-Nine
Em: 13/10/2022
Olá! Tudo bem?
''Seja prudente. Veja se o que sente vem da carne ou do coração. – respondeu com tranquilidade – Se for da carne, tenha muito cuidado e não alimente. E se for do coração, avalie se é de Deus ou não. – aconselhou – Se lhe der paz, é de Deus. ''
Certo, certíssimo, e Kasvattaja concorda plenamente com a primeira parte, e vai mais longe: tudo o que é alimentado pela ''carne'', cedo ou tarde será indigesto. Quanto ao coração, bom esse, independentemente de Deus ou não, esse sempre será indigesto. Como você vê — ou lê? —, para Kasvattaja Yara está sem saída.
Kasvattaja está um pouco amarga aqui, não acha? Ai, ai...
E, Autora, não conhecia Kaê. Grata por apresentá-la. Amei!
Como dica, indico para você ouvir — talvez você já conheça, quem sabe? — ''Music For The Native Americans'', de Robbie Robertson — ele era do The Band, grupo que gravou com Bob Dylan — e que tem a participação do grupo Ulali formado por mulheres nativas americanas [Tuscarora, Apace entre outros]. Segue o link:
https://www.youtube.com/watch?v=bfai_XuZ8ow
É isso!
Post Scriptum:
''Se você fala com os animais, eles falarão com você e vocês conhecerão um ao outro. Se não falar com eles, você não os conhecerá, e o que você não conhece você temerá.
E aquilo que tememos, destruímos. ''
Dan George,
Chefe Da Nação Tsleil-Waututh
Resposta do autor:
Olá queridíssima,
Comecei a responder até que caiu a internet da roça e caipira saiu do wi-fi para o uai-fi.
Yara é uma jovem em condição de vulnerabilidade social e financeira. E isso é muito doloroso. Só que nada é para sempre, então hoje ela pode não ter saída (será que não?) mas amanhã, por que não?
Por que minha caríssima Kasvattaja está amarga? Fui eu quem lhe amargou? Lamento que você não tenha gostado do capítulo mas pelo menos de vez em quando a caipira acerta. rs Yara foi vítima de algo que é muito forte no meio de todos nós:a hipocrisia. E qual de nós nunca foi?
Adorei a música! Obrigada.
A Kaê é uma artista que vale conhecer.
No mais, estou adorando sua presença constante aqui neste conto. Continue assim e faça uma caipira feliz! rs
Beijos,
Sol
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Irina
Em: 12/10/2022
Kotinha!
Surpreendeste-me! Capítulo novo! Alviçaras!
Belo texto, emoções diametrais e humor, pois me ponho a rir com certos pensamentos da doce Yara. Pena que as verdadeiras cobras não foram desmascaradas, mas, que riam-se! Decerto não será por último!
Sabes que me pus a viajar com Yara naquele caminhão? Estive a ouvir a canção.
Para onde iremos, Kotinha? Levar-me-ás por este conto como sempre o fazes!
Aguardo pois mais de Elza.
Com estima,
Irina
Resposta do autor:
Olá querida!
Que bom que você tem vindo sempre! Mantenha o hábito, viu? Fico felicíssima com aquela que me lembra sempre a obra de Camões.
Falou muito bem sobre as irmãs. Elas não passarão impunes, pois a Lei da Vida garante que não funciona assim. E ainda bem que temos tantas encarnações para consertar essas coisas. rs
Para onde iremos? Confia na caipira e continue viajando. Espero trazer sempre boas canções para embalar essa viagem.
Elza virá na próxima. Você verá.
Igualmente a estimo.
Beijos,
Sol
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Lea
Em: 12/10/2022
Essas irmãs vão ter o que merecem,como disse o padre,a verdade tarda mais não falha;assim espero
Quanto a Edivânia,ficou com medo de ser expulsa de casa,vamos dá um desconto para ela!
Yara já sofreu tanto,me parte o coração saber que esse sofrimento está longe de chegar ao fim!
*
Boa noite,Sol!
Resposta do autor:
Olá querida!
Espero que esteja bem. Você sumiu, pensei que tivesse desgostado deste conto. Suma, não! Volte sempre! rs
A verdade sempre aparece. Mesmo quando nós, vítimas de uma injustiça, ficamos sem saber disso. Lei da Vida, é certo.
Você percebeu muito bem. Edivânia feriu os sentimentos de Yara, mas ela agiu no desespero. Também sendo uma menor em condição vulnerável, apavorou-se diante da possibilidade de voltar para a casa da mãe e viver sob ameaça constante de estupro ou outro tipo de abuso.
Yara sofreu como sofrem muitos e muitos indígenas brasileiros. Parte o coração, profundamente.
Mas, confia na caipira.
Boa noite. Beijos,
Sol
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Samirao
Em: 12/10/2022
Ai amei esse CAPS novo surpresa antes do tempo. Tô adorando acompanhar a saga das meninas! Yara me surpreendeu. Adorei a volta que ela deu nas irmãs. Duas grandes hipócritas achando que a garota é que era a ruim da história. Edivânia deu raiva mas até entendi. Medo de voltar a viver sob a tensão de ser estuprada. Tenso! E nossa Yara vai ganhar o mundo mais uma vez. Para onde? Vamos ver. Adorei tudo e vi o clipe. Você tem razão habibem bjuss
Resposta do autor:
Olá querida!
Aproveitei o feriado para postar um dos capítulos que escrevi nestas noites absolutamente em claro. Estou revisando os outros. Você sabe que só posto quando encontro conexão caipiresca. rs
Yara não imaginava que seu ato fosse ter consequências tão graves. Sem justificar as hipócritas, foi algo que coloquei aqui para refletirmos. Às vezes, algo que julgamos sem grandes considerações vem nos cobrar um preço alto demais.
Você entendeu o dilema da Edivânia. Realmente não era uma situação fácil.
Vamos ver para onde nossa Yara vai desta vez.
O clipe é uma gracinha e a música deliciosa. Eu adoro!
Beijos,
Sol
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Mille
Em: 12/10/2022
Oi Sol
Oh irmãs bandidas armaram para a Yarinha, inveja que ela estava se dando bem e não puderam usar o negócio kkkk
Edivania só pensou em livrar a cara.
Yara terá um longo caminho só espero que não caia em novas armadilhas.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá Mille! Tudo bem?
Gostou do capítulo?
As irmãs amantes, especialmente Clotilde, não perdoaram o que Yara aprontou e foram cruéis com a jovem, que é uma pobre menor de idade em condição vulnerável. Não veem onde realmente se encontra a hipocrisia...
Edivânia queria sim se livrar, mas ela se viu encurralada demais. O medo de viver sob a sombra de um estupro dentro de casa, se voltasse para o lar materno, falou mais alto. Muitas pessoas, talvez a maioria, diante de pressões do tipo, jogam a solidariedade e companheirismo no ralo. Isso é algo que me questiono às vezes, sabe? Até que ponto é humano, até que ponto é maldoso? Não sei. Mas gosto de trazer essas coisas para pensarmos juntas.
Beijos!!!
Sol
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Solitudine Em: 16/01/2024 Autora da história
Obrigada por seus elogios! Mas não sou tudo isso! Concordarei apenas com a parte do "viajada" porque a Caipira já rodou muito por esse mundo velho sem portêra, sô! rs
O "ô, glória" ou "ó, glória" de Yara era a marca registrada dela!
Sim, adoro o trabalho da Kaê e Território Ancestral sempre me emociona!
Beijos,
Sol