Capitulo 16
CAPÍTULO 16
AGORA SÃO DUAS
Das três lobas, Ameth era a que mais reclamava de cansaço, tinham passado o dia pelos arredores da tal casa noturna, que só abriu as portas as 17;00.
― Não reclame minha filha, de nos três você foi a que mais passou tempo sentada, a não ser que sua a bunda esteja doendo, pois os pés mesmo, só vi você usando quando foi para conferir as unhas que borraram o esmalte.
Nara gargalhou alto sentando no sofá e puxando Ameth para seus braços, a garota tinha feito uma cara tão espantada com o comentário da mãe, que parecia daquelas expressões que fazemos quando não acreditamos na besteira que estamos ouvindo.
―Não seja faladeira mamãe, eu dei umas cinco voltas naquele quarteirão, quem descobriu os dias de show? E quem descobriu que ali, funciona um casino cujo os frequentadores são os caídos e que também trabalham na casa de massagem tudo isso legalizado? ― A cada palavra dita, Nara apontava o indicador para Ameth, mostrando à Esther como quem dis "foi ela" enquanto a Beta subia e descia os ombros em reposta de "estou nem ai" por fim, Esther se rendeu ao charme de sua alfa e sentou sorrindo.
― Tudo bem, tirando o cansaço da donzela aí, o dia não foi dos piores, achamos a igreja, o cemitério, sabemos que a dona da casa de show contratou uma dançarina que hipnotiza o público, que a vampira que mora em local desconhecido é socia da dona, e ficou encarregada das compras e que passa por lá uma vez por semana, que por sorte ou destino, no caso hoje, ela vai fazer o estoque das bebidas. — Os olhos de Esther brilhavam de contentamento.
― Esther vamos tentar a sorte e entrar na casa de show e nos dividimos, Ameth fica na festa, eu vou para o casino e você na casa de massagem, com ajuda dos deuses encontramos a Lili por lá. ― Nara massageava os pés da amiga, que estava de olhos fechados se deleitando com o agrado.
― Vamos fazer o contrário você vai para a casa de massagem e eu para o cassino, lá é mais fácil encontrar seres do submundo incluindo os caídos alguma coisa me diz que vamos ter que dar uma voltinha nas galerias subterrâneas.
Nara sentiu seus pêlos ficarem eriçados e um certo receio chegou de mansinho, nunca tinha transitado nas galerias do submundo, e já tinha escutado muitas histórias de pessoas que foram lá e perderam a razão, enlouqueceram com o que tinham visto por lá.
― Não se preocupem, se for o caso só eu vou, já estive lá quando jovem, era um teste que minha linhagem exigia para me tornar um oráculo de respeito, e quando voltei, subi para o solo com a cor dos olhos trocados, isso foi suficiente para saberem que tinha sobrevivido e que quem estava ali não era um enviado de Lúcifer disfarçado querendo entrar no mundo dos humanos, e se eu sai eu posso voltar quantas vezes for preciso.
Ameth e Nara ficaram caladas ambas com receio de fazer uma pergunta cretina e enfurecer a loba com atestado de neurótica e que de alguma forma controlou sua loucura, mas Nara ao contrário não tinha o mesmo conhecimento de si mesma, e perguntou assim mesmo.
― Esther depois que saiu voltou lá alguma vez?
Esther se perdeu em pensamentos na viagem ao passado rebuscando memórias dolorosas.
― Uma vez quando Mascarenhas manteve Ananya em cativeiro, eu fui lá embaixo atrás de respostas e fiz alguns acordos para que eles dessem a ela a chance de escapar.
― Que tipo de acordo? ― Nara perguntou em um sussurro, Ameth já estava sentada no colo de Nara e com a cabeça enterrada em seu pescoço.
― Eu precisei mandar 33 almas entre elas tinha que ter políticos, padres, pastores, médicos e empresários, eu tive que fazer duas viagens, além do tempo ser curto, eu levei duas advogadas, com uma ficha horrível, mas eles não quiseram lá de forma alguma e me proibiram de levar advogados.
― Essas pessoas eram levadas para onde, e por que não querem advogados? — Ameth já refeito do medo perguntou a mãe se arrependendo quando viu o sorriso cínico bailando em seus lábios.
― Direto para o inferno, sem julgamento e eles não queriam advogados, porque segundo o chefão, eles estavam fazendo um excelente trabalho aqui em cima defendendo e dando uma chance aos caídos, para eles praticassem mais maldades, enquanto seus corpos perambulassem aqui entre nós.
De repente Esther ficou de pé em silêncio e olhando o nada, procurou nos bolsos da calça jeans, primeiro os bolsos da frente, muito apertados e com muita dificuldade enfiou os dedos em cada bolso não encontrou o que procurava, passando para os detrás também nada achou, ficou rodando e olhando pata lugar.
― Qual o problema Esther? Por que está rodando igual galinha quando quer pôr? ― Nara perguntou já sorrindo para que sua Beta visse que as palavras eram só uma forma de descontrair, uma brincadeirinha entre amigas e para ela não se estressar com a pergunta, o que de certa forma deu resultado.
― Meu celular está tocando e não sei aonde. — As meninas pularam longe quando uma loba de olhos multicolorido pulou no sofá farejando as costuras da encosta da cadeira e por baixo do mesmo, Ameth que salvou o momento.
― Mãe estou ouvindo um som vindo do banheiro lá de cima, perto onde a senhora dorme.
A loba pulou alto e rápido já alcançando as escadas que subiu pulando de quatro em quatro degraus. Lá embaixo dava para ouvir parte da conversa.
― Diga minha Índia…
Esther voltou rápido para onde as garotas ficaram conversando, sentou vagarosamente sem tirar os olhos de cada uma que pararam de falar para ouvir o que Sandy dizia, quando ouviu a voz da mãe Ameth empertigou e ficou sentada reta, parecia que nem respirava de tão tensa já prevendo desgraça que pela cara da sua mãe sentada à sua frente não eram boas notíci
― O que foi mulher? Por que essa cara de espanto? ― Nara sentou na ponta do sofá com a testa franzida.
Esther segurou no pulso das duas e fechou os olhos, o mundo desapareceu, a escuridão tomou conta das três que sentiram o chão desaparecer dos seus pés viajavam veloz, os mundos passavam na velocidade da luz diante dos olhos das lobas que já estavam acostumadas com a travessia no mesmo segundo uma forte rajada de vento e oxigênio, invadiu ao nariz das viajantes, quando puseram os pés no solo Nara viu sua reserva, tinham voltado para casa e à espera das três estavam as bruxas em frente a fogueira.
― Por que nos trouxe de volta Esther? ― Nara tentava se equilibrar nas próprias pernas no momento em que apareceram na lagoa, totalmente intrigada, uma vez que cada lobo podia fazer a travessia para qualquer lugar do mundo.
― Desculpe garota, mas o assunto é muito sério, se eu fosse perder tempo explicando como eu disse ia perder tempo, e trazer as duas comigo era mais rápido. Pode falar Ananya.
Nara ainda desconfiada aguardou querendo entender o que estava acontecendo, e pensando no óbvio, será que ela descobriu do rolo da Ameth com a filha e estava cobrando explicação? E completava o pensamento preocupada com Amkaly e o por que de ela não estar aqui junto com todas?
― Primeiro peço desculpas à todas por isso, mais faz menos de cinco minutos que… — A conversa foi brutalmente interrompida com a chegada de mais pessoas bem próximo surgiram, Winie, Morgana, Charles ainda segurando o barbeador e com o rosto cheio de creme enrolado com uma toalha da cintura para baixo com os olhos arregalados sem entender nada e sendo seguro por Amkaly, que também segurava Winie. Ela soltou as mãos de todos e foi para perto da mãe e de lá ficou olhando Ameth com o cheiro da sua companheira e praticamente pendurada em seu pescoço. Nara por sua vez também não gostava do clima em que estava vivendo, mas por enquanto não podia fazer nada só torcer para Ameth resolver de uma vez por todas seus problemas. A voz de Ananya a trouxe de volta a realidade. ― Pronto agora está todo mundo aqui já posso começar. Charles desculpe o mau jeito, mas a Mor... falou que você hoje esteve com a Mel no finalzinho do dia conte tudo que se passou.
Ainda sem entender nada o rapaz olhou as lobas e começou a contar o pouco que visto sem acreditar que aquilo tinha importância, mas sabendo do histórico de vida das lobas tudo tinha importância.
― Eu tinha ido para uma palestra sobre espaço e luz no ambiente, quando terminou fui no anfiteatro e lá encontrei a Melisandre, conversamos e fomos embora guardar o material dela, no corredor, eu senti uma ardência no braço, que estava no pescoço dela enquanto eu vinha andando abraçado com ela quando…
― Que tipo de ardência, ficou marca? ―Ananya tomou à frente examinando o braço do rapaz.
― Era como se tivesse queimando com ácido, quando a Mel olhou ficou, muito nervosa, lavou a queimadura e mandou que eu fosse na Mor pedir pomada, eu a senti querendo se livrar de mim, a todo momento e para olhando para os lados com medo, como eu sei que ela não é assim, fiquei por ali.
― E daí? Continua! — Esther estava perdendo a paciência e andava de um lado a outro com o semblante fechado.
― Ela mandou não sei quem se fuder, mas não tinha ninguém ali no estacionamento. Lá fora ela atropelou uma pessoa e desceu do carro, nessa hora um carro preto encostou e homens armados desceram, na mesma hora uma fumaça azul subiu impregnando o ar como gás lacrimogêneo, meus olhos ardiam e não conseguia ficar com eles abertos, os homens também nsi, e quando vi puf! Ela e a pessoa sumiram, desapareceram no ar.
― Esse é o motivo de todas estarem aqui, esses homens não estão atrás da Mel, mas sim da pessoa que entrou na frente do carro dela. — Quando Esther falou todos concordaram.
― E agora Nara, o que pretende fazer? Porque agora a são duas filhas minhas desaparecidas. ― A pergunta foi feita não pela sogra ou a amiga que passaram a ser durante os anos, mas por uma mãe que estava desesperada com duas filhas desaparecidas e sem notícias.
Todas ao mesmo tempo olharam para a alfa, não para Nara Shiva, esperando uma resposta e uma ação, Nara no momento estava se sentindo meio confusa diante de todo os olhares e rostos cobrando uma atitude, comtudo manteve a mente aberta, limpou os pensamentos buscando sua paz interior e forças ancestrais que já vieram com ela quando nasceu, precisava de sabedoria e ajuda vinda de quaisquer outros mundos, sentiu a energia fluir e a verdade sussurrar nos seus ouvidos, e com uma certeza ela falou:
― Agora nós invadimos o céu ou o inferno para trazer nosso povo de volta, tenha ela nascido ou não.
Fim do capítulo
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