CapÃtulo 60 – Chantagem
Chantagem
-Eu acho que já vou. - Digo parada no mesmo lugar. –Você pode leva-los? - Pergunto para a mulher a minha frente.
-Por que não vem com a gente? - Sam pergunta se aproximando. –Você precisa vê-lo... - Seus olhos me encaram amorosos. –Ele é lindo.
-Quem sabe uma próxima vez. - Digo fazendo uma careta contrariada.
-Ah não... - Larissa reclama fazendo bico, também contrariada. –Vamos dindinha. - A garotinha me encara com os lindos olhos verdes pidões.
-Eu preciso fazer uma ligação. - Minto na maior cara dura. Sam ergue uma sobrancelha desconfiada, e eu apenas reviro os meus olhos entediada.
-Vamos titia. - Gael segura a minha mão enfocando o pobre gato que reclama agitado com a outra. –Vamos ver o cavalinho bebê. - O garotinho me pede esperançoso.
-Quem sabe depois. - Digo retirando o gato de sua mão. Ato que faz o pobre Faísca se acalmar.
-Vamos Liz. - A voz rouca soa cumplice. –Eu prometo que não iremos demorar. Então você pode fazer sua ligação. - Ela diz debochada.
-Ele é glandão titia? - Gael pergunta correndo para os braços de Samantha, que o pega no colo.
-É sim meu amor. - A mulher responde olhando em seus olhos. –Você verá o quanto ele também é lindo.
-Vamos dinda? - Larissa súplica novamente, ela se aproxima segurando a minha mão livre me arrastando em direção ao curral. Meus pés travam. Nos fazendo parar. “Eu é que não entro ali nem morta” Penso tentando arranjar um jeito de fugir.
-Vamos! - Larissa reclama. Olho para a mulher suplicante. Sam entende exatamente o que está acontecendo, sem nem mesmo que eu tenha que utilizar palavras para isso.
-Lari... - Samantha chama a atenção da garotinha. –Será que você pode ir na frente com Gael enquanto eu converso com sua madrinha? Vocês podem me esperar na entrada do curral. – Larissa apenas balança a cabeça positivamente. E faz exatamente o que Samantha lhe pede.
Samantha coloca Gael no chão que segura a mão da irmã e se vão. Me deixando sozinha com a mulher de olhos amarelados.
-O que está acontecendo? - Sam me pergunta sem desviar os olhos dos meus.
-Eu realmente tenho uma ligação importante para fazer. - Insisto na mentira.
-Você nunca soube mentir Lizandra. - Ela sussurra debochada se aproximando ainda mais.
-Quem você pensa que é para...
-Tudo bem. - Sam diz com ar de senhora do mundo. –Mas eu quero algo em troca.
-Como é que é? - Pergunta abismada.
-Sei que não tem ligação alguma para fazer. - Ela diz séria. –Sei também que não quer entrar naquele curral. - Seus olhos se estreitam perigosamente em minha direção. –Então eu quero algo em troca para te livrar dessa.
-Você está me chantageando? - Pergunto descrente.
-Se eu te convidar para jantar comigo hoje à noite você irá? - Sam pergunta me observando minuciosamente.
-Não! - Digo o mais rápido e firme que posso.
-Então sim, eu estou te chantageando. - Ela diz e me pisca um olho.
-Você não deveria fazer isso. – Reclamo emburrada.
-Liz, você escolhe. - A mulher de olhos amarelados sussurra calmamente.
Não é como se eu tivesse uma escolha. Ou tinha?
“Mas que mulherzinha irritante!” Penso em passos largos até a entrada da casa principal da fazenda. “Quem ela pensa que é?” Dou um suspiro cansada. Minha manhã estava tão agradável antes dela aparecer. Aperto sem querer o Faísca que estava acomodado tranquilamente em minha mão direita.
-Desculpe Faísca. - Peço erguendo o filhote de gato. Olhando com carinho. –Foi sem querer. - Digo lhe beijando o topo da cabeça.
Para a minha total supressa, Rodrigo e Priscila estavam nos esperando. Eles vieram buscar as crianças para almoçarem na casa dos pais de Priscila. Entreguei o gato para Pri. Conversamos um pouco até a chegada desagradável do Dr. Gustavo. Que como sempre me irritou em uma facilidade tremenda. Não suportei por muito tempo. Me despedir e fui fazer algo mais agradável do que ficar frente a frente do homem que conseguiu destruir o meu mundo.
Estou despreocupada trabalhando em algumas fotografias. Estou aqui há horas. Nem havia visto o tempo passar. Se não fosse por vovó Catherine nem mesmo tinha me alimentado. Me perdi completamente no tempo. Nem mesmo havia notado que não havia almoçado. Nem que estava com fome para tal. Mas quando vovó trouxe-me um lanche no período da tarde, não me fiz de rogada.
Meus olhos brilham encantados. Esse é o meu pequeno mundinho precioso. Eu me perco e me encontro em cada detalhe. Sou extremamente encantada por esse meu refugio. Não posso compara-lo com a música, jamais faria isso. Mas foi o que encontrei mais próximo de me libertar. O mais próximo de um ar gentil.
Observo minuciosamente os traços, as variações de cores a composição de um todo tão complexo que alucina. Um sorriso feliz foge de minha boca. Olho encantada para uma foto em preto e branco de Larissa. Ela está distraída sentada sobre um balanço com o Faísca nos braços. Seus olhos expressivos sempre amáveis. “Quem sabe um dia terei meus próprios filhos” balanço a cabeça expulsando esse pensamento.
Me levanto-me da cadeira. Meu corpo inteiro está dolorido. Preciso de um longo banho de banheira. Preciso retirar de mim o cansaço e de quebra esses malditos pensamentos que insistem em surgir. Tenho que ir o mais rápido que posso para longe daqui. Mas eu prometi para vovó que ficaria... que ficaria ao mesmo até seu aniversario que será daqui há pouco mais de um mês, e contando.
-Meu Deus, um mês inteiro. - Reclamo revoltada andando até a porta da pequena sala.
Vovó Catherine insistiu para que eu ficasse com essa sala para que eu possa trabalhar mais à-vontade. Como irei passar mais tempo por aqui do que imaginei. Aceitei. Existem dezenas de fotos espalhadas. Penduradas. Grudadas e esquecidas. Eu nunca estive mais à-vontade em meu caos. Em um cantinho improvisei uma câmara escura para que eu possa relevar as fotos. Vovô Bernardo me ajudou. Tudo está confortavelmente em seu lugar. Menos eu.
Ando despreocupada pelo corredor. Mas sempre evito olhar para o lado. Por que bem ali está a sala do piano. Não me atrevi a pisar os meus pés lá. Nem mesmo me atrevo a olha-la. Quem sabe assim eu sobrevivo.
Sinto a água cair sobre o meu corpo me anestesiando. Estou embaixo da ducha do chuveiro. Minhas mãos estão espalmadas sobre a parede a minha frente. Minha cabeça está abaixada, deixando a água acariciar a minha nuca. Só tenho direito a um banho rápido. Fecho os meus olhos indignada.
-Quem ela pensa que é?! - Resmungo baixinho erguendo a minha cabeça.
Samantha apareceu há pouco mais de uma hora para me buscar para o maldito jantar. Eu nem mesmo havia aceitado. Mas agora lá estava eu, correndo para não perdemos a reserva.
-Que se foda! - Digo aproveitando um pouco mais daquela calmaria.
Faço tudo ao meu tempo. Talvez assim ela desista.
-Você está linda! - Samantha sussurra sentada ao meu lado na direção. Finjo que não é comigo, e continuo a olhar pela janela do lado do passageiro.
Samantha foi exclusivamente irritante. Me infernizou tanto que acabei aceitando. Só para ver se ela me deixava em paz. Não levei a sério sua pequena chantagem de mais cedo. Mas agora aqui estou eu, sendo levada para jantar pela mulher de olhos amarelados. Jamais imaginei que ela estivesse falando sério. E nem que me encheria ao ponto de aceitar ao seu pedido.
Ligo o aparelho de som. Ouço um sorrisinho fugir de seus lábios. Isso me irrita demasiadamente. Coloco uma música qualquer. Eu fui obrigada a aceitar o jantar, não quer dizer que...
-E então, como ficaram as fotos? - Sam abaixa o volume me fazendo soltar um suspiro irritado. E volta a insisti a puxar assunto. –Vamos, diga-me.
-Ficaram lindas. - Digo seca.
-Bem que você poderia fazer...
-Nem pensar. – Corto-a antes que diga algo.
-Mas você nem sabe o que eu iria falar. - A mulher de olhos amarelados reclama.
-Não acha que já foi o bastante por um dia? - Me volto em sua direção.
-O quer? - Seus olhos fogem para se encontrar com os meus por alguns segundos.
-Você não tinha o direito de fazer isso. - Minha voz soa acusadora.
-Te convidar para jantar? - Sam pergunta sem entender.
-Me chantagear para consegui isso. - Reclamo emburrada.
Fim do capítulo
Bom dia!
Olha eu aqui de novo. Rsrsrs...
Espero que estejam gostando. Bom comecinho de semana pra todas nós.
Bjus...
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Kiss Potter
Em: 20/03/2019
Demorei para retomar a história. A Liz está mais calma do que eu imaginava. Afinal, foi muita dor. Eu tinha certeza que ela iria reagir muito mal ao reencontro com a Sam.
Sam pode mesmo ser bem irritantr quando quer. Rsrsrs
Estou amando a história. Espero ansiosa pelo próximo!
Bjs.
Resposta do autor:
Bom dia!
Realmente. Liz está bem mais calma do que o esperado. Mas o esperado nem sempre é o que acontece. Então que sejamos surpreendidas pelo inesperado. Afinal, jamais saberemos nossa reação em determinadas situações até que ela aconteça. Somos diariamente surpreendidos por nós mesmos.
Fico feliz de saber que a estória está agradando. rsrsrs...
Bjus...
LeticiaFed
Em: 20/03/2019
Hummmm...vamos lá, Sam, não desista! Liz resmunga, fica emburrada, se esconde mas atendeu ao convite/intimação/chantagem da Sam. Vejamos o que acontece no jantar.
E por favor mantenha sua reputação de autora querida e volte logo, OK? ;)
Boa semana, beijo!
Resposta do autor:
Rsrsrs...
Posso tentar manter essa reputação, mas não prometo nada.
Bjus minha linda.
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deni
Em: 18/03/2019
De uma uma coisa nonguem pode reclamar. SAM é persistente.
Resposta do autor:
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Renata ferraz
Em: 18/03/2019
Boa noite Luah!
Como já lhe disse antes. A sua escrita é um verdadeiro vício. Adoro mergulhar em cada linha escrita. Estou verdadeiramente encantada.
Eu me perco e me encontro em sua profundidade, em sua turbulência de sentimentos. E espero que continue me agraciando com esse seu lado dramático e sensível. Que continue me dando o prazer de conhecê-la um pouco mais a cada dia.
De sua sempre R.F
Bjus meu anjo
Resposta do autor:
"De sua sempre R.F" Hahaha... Engraçadinha vc em Rê?! kkkk...
Finalmente tenho a honra e o prazer de um comentário seu.
Obrigado minha linda.
PS: Saudade de vc minha bruxinha
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