Deixa eu te conhecer - CapÃtulo 3
Melissa chegou exausta e mais uma vez pensou em Liz, como gostaria de vê-la sorrindo e receber o seu abraço sincero. Como gostaria de sentir mais uma vez o aconchego dos seus braços, o calor do seu corpo. Jogou a jaqueta na cadeira, abriu a geladeira e pegou um pedaço de pizza que tinha deixado.
“Você tem que parar de comer besteiras amor, sua rotina é muito cansativa tem que alimentar-se direito”
Melissa lembrava com nitidez das coisas que Liz lhe falava... Por que ela tinha lhe deixado? Por que não estava ali? Precisava tanto do seu amor. Não tinha conseguido acostumar com a falta que ela fazia e a saudade que sentia parecia não ter fim, tudo em sua volta lembrava a mulher que tanto amou e tinha certeza que não amaria nenhuma outra.
“Não haverá ninguém depois de você meu amor, nenhuma outra mulher ocupará o lugar que foi seu em minha casa e em meu coração, eu prometo.”
Ainda lembrava de cada palavra que disse no dia em que foi visitar o túmulo de Liz, depois que recuperou-se totalmente do acidente e voltou a vida normal não teve mais ninguém e não tinha nenhuma intenção de quebrar a promessa que havia feito à Liz.
Estava deitada no sofá assistindo a algum programa chato e provavelmente não fazia a mínima ideia do que estavam falando, adormeceu com uma foto de Liz nas mãos estava exausta e não apenas fisicamente, estava cansada de toda aquela dor que ainda era latente em seu peito. Será que algum dia iria passar? Será que voltaria a ser feliz?
Annie estava deitada e sentia-se inquieta não sabia responder o porquê daquela ansiedade, mas seu pensamento parava na delegada, não sabia explicar o que sentia quando estava ao lado dela, era uma sensação que nunca havia sentido e era bom de sentir. O cuidado, o carinho e a atenção que aquela mulher lhe dava era extremamente cativante e sentia-se segura quando estava com ela, como nunca sentiu antes...
Virava de um lado para outro na cama e enquanto o despertador do seu relógio não acionasse sabia que ainda era madrugada. Annie vivia em uma eterna noite e o que lhe orientava era o relógio que a cada hora acionava um sinal sonoro diferenciado dos minutos. O dia era aquele período quente e barulhento cheio de vida, sons e cheiros enquanto a noite era fria, quieta com poucos sons e naquele momento desejou que o calor chegasse logo.
Melissa estava na polícia federal há oito anos e nesse período tornou-se conhecida, respeitada, admirada, temida e também muito odiada. Nada a intimidava e tinha verdadeira paixão pelo que fazia. Tinha 42 anos e começou muito cedo na carreira policial, passou pela Militar, Civil, Federal e ainda tinha planos de subir um pouco mais. Gostava de explorar o máximo em tudo, saber até onde conseguia ir e desafiava seus medos.
Era rígida em muitos aspectos e o cuidado com o corpo não era diferente, a sua profissão pedia uma grande resistência física e apesar de muitas vezes comer besteiras tinha uma alimentação balanceada e não dispensava a academia, pilates e o muay thai. Era uma mulher intimidadora e muito atraente, talvez a sua postura, o seu porte, a liderança nata e a fama de durona rendesse os mais diferentes devaneios de seus colegas de trabalho, mas todos sabiam que “delegata” não estava disponível, o que era uma pena....
O dia estava extremamente cansativo e sentia o corpo dolorido da noite dormida no sofá, estava analisando várias investigações e teve que sair em diligência por vários lugares e comandar uma operação difícil e tensa em uma favela, estava exausta e um pouco irritada. Relaxou o corpo na cadeira e quando fechou os olhos lembrou-se de Annie e como se sentia leve e alegre em sua companhia. Haviam sido apenas dois encontros, mas gostava de conversar com ela, de ficar próxima a ela e aquilo era estranho, pois desde que perdera Liz não tinha deixado ninguém aproximar tanto e Annie derrubava as suas barreiras de uma forma assustadora. Respirou fundo. Ela estaria lhe esperando na praça... mas o certo seria não ir.... Seria o melhor para as duas.
Annie ajeitava os cabelos cuidadosamente, estava um pouco frio e a brisa insistia em bagunçar os fios, não se importava com aparência e não arriscava em fazer combinações, afinal, poderia correr o risco de sair fantasiada de palhaça (bom, provavelmente seria o que as outras pessoas achariam), mas naquele dia estava mais cuidadosa e queria que Melissa lhe visse “apresentável” até batom pediu que a sua vizinha passasse em seus lábios. Chegou um pouco mais cedo e estava visivelmente ansiosa, sentou-se no banco e ficou esperando as horas passar e Melissa chegar... As horas passaram, mas Melissa não veio e a ansiedade virou frustração, aperto no peito, estava se sentindo uma idiota, é claro que Melissa tinha coisas mais importantes e legais para fazer do que perder seu tempo com uma desconhecida e ainda por cima cega. Sentiu-se envergonhada.
Abriu a bolsa e as mãos tocaram em um lenço pegou e passou em seus lábios tirando o batom, pegou a guia (não estava confiando em suas pernas nem em seus sentidos) e levantou-se para ir embora. O vento frio batia em seu rosto enquanto caminhava e não soube identificar se tremia de frio ou de nervoso, chegou , fechou a porta rapidamente, sentou-se no sofá e deixou que as lágrimas caíssem. Não queria sentir aquilo e sabia que Melissa não havia lhe prometido nada nem mesmo a sua amizade, mas por um milésimo de segundo pensou que seria importante para Melissa, sentiu-se importante para alguém.
Não soube definir quanto tempo passou deitada no sofá e assustou-se com batidas na porta, ainda sentia frio e suas mãos estavam geladas, sentou e escutou mais uma vez batidas na porta. Levantou-se apressada sem importar se estava com os cabelos bagunçados e os olhos vermelhos, antes de pegar na maçaneta a escutou chamar.
-Annie você tá aí? Sou eu, Melissa, abra.
Annie abriu e não deu passagem, deu um passo para frente, levantou o rosto e pela primeira vez agradeceu por ser cega não queria mesmo olhar para Melissa.
- Annie, como você está? – perguntou preocupada.
- Bem – disse fria – O que você quer?
- Eu quis te ver. Você está bem? – achou Annie pálida demais.
- Sim Melissa, estou ótima.
- Não está – segurou uma das mãos dela – Nossa, você está gelada Annie. O que aconteceu? Vamos entrar.
- Não precisa se preocupar eu estou bem – disse tensa – Pode ir embora.
- Não vou! Quero saber o que aconteceu – passou por Annie e entrou.
- Eu estava te esperando na praça – falou com raiva – Eu sei que não acertamos nada, eu sei que você não me prometeu nada, mas eu fui e fiquei te esperando até quase todo mundo sair e eu pensei que você fosse aparecer – segurava as lágrimas – Estou sendo uma idiota e vou me arrepender por isso, mas eu pensei que poderíamos ser amigas.
Melissa não esperava aquela reação de Annie e sentiu-se culpada por tê-la feito passar por aquilo, não podia ter falado que iria vê-la nem dado esperança que voltariam a se ver. Aproximou-se dela e a abraçou.
- Me desculpe Annie – apertava o corpo contra o seu – Eu não queria ter feito você passar por isso, me desculpe.
- Você tem muitas coisas mais importantes não iria perder seu tempo comigo – tentou sair do abraço.
- Não fala isso – deslizou os dedos pelos cabelos de Annie – Você é importante... eu não fui a praça, mas trouxe café para a gente – a afastou sorrindo.
- Café?.
- Sim, café, leite, pão, queijo, biscoitos e afins – sorriu.
- Sério?
- Sim – sorriu – Da última vez sair sem tomar café, então resolvi trazer para tomarmos juntas.
- E onde está tudo?
- No carro – sorriu – Eu mereço uma segunda chance, não é?
- Não é a mesma coisa, você passou em algum lugar e comprou essas coisas não é preparado na hora – escondeu o sorriso.
- Mas comprei com muito carinho – sorriu – Me desculpe Annie – disse sincera.
- Só irei fazê-lo porque estou querendo tomar café – sorriu.
- Então não saia daí volto rapidinho – saiu apressada.
- Pronto! Agora vamos tomar café – Melissa sorriu.
Estavam sentadas na mesa e conversaram sobre várias coisas, elas queriam se conhecer mais um pouco, saber da rotina e do que gostavam e Melissa sentia-se cada minuto mais à vontade.
- Você é sempre assim gentil?
- Geralmente sou durona – sorriu.
- Deve ter muita gente com medo de você né?
- De certa forma sim – sorriu.
- E você gosta do que faz?
- Eu amo – falou emocionada – amo o que faço.
- Mas não é perigoso?
- Muito.
- E mesmo assim você gosta?
- Adoro viver perigosamente – gargalhou – Mas também gosto da sensação de fazer algo bom para o meu país, combater o tráfico, as drogas, os roubos...eu me sinto importante e realizada.
- Você fala com tanto amor... é lindo de se ouvir.
- E você gosta do que faz?
- É bom ensinar alguém a enxergar, mesmo que seja com as pontas dos dedos – sorriu.
- Eu te admiro muito – Melissa falou enquanto lavava a louça.
- Pelo que? Não faço nada de extraordinário, pelo contrário – falou triste.
- Eu não penso assim – aproximou dela – Vamos lá para a sala.
Melissa sentou próximo a Annie e pode ver como ela estava bem melhor, a palidez tinha passado, as mãos não estavam mais geladas e podia ver um sincero sorriso em seus lábios.
- Annie, eu imagino que para a pessoa cega a percepção das coisas são diferentes, como você faz para criar a imagem de algo?
- Quando a pessoa não nasce cega eu creio que seja mais fácil, pois se alguém lhe entrega um copo, ou lhe fala de uma flor ou cor ela sabe o que é, apesar de não ver ela já conhece. No meu caso eu nunca enxerguei então para mim é tudo subjetivo e sensorial. Eu conheço e faço a distinção das coisas pelos aromas e texturas. Comigo não dá para falar “objeto redondo da cor branca” eu não sei o que é branco e algo redondo não tem textura – sorriu – Eu conheço os aromas e as texturas. E talvez isso me faça conhecer as coisas melhor do que alguém que enxerga, eu sinto, eu conheço a essência. Enquanto vocês apenas veem eu enxergo e essas coisas são totalmente diferentes.
- Eu sempre achei a mesma coisa – sorriu.
- Enxergar é muito além do que simplesmente ver, você pode ver uma árvore, uma flor, uma pessoa e isso ser simplesmente normal sem nada especial, pois é natural à sua visão. Quando enxergamos vamos além do olhar, ao enxergar contemplamos sua totalidade, percebemos a sua essência. Para mim uma árvore não é apenas uma árvore, para eu saber que ela é árvore eu preciso conhecer, tocar, sentir e só depois eu sei e conheço como árvore. Eu não vejo uma árvore Melissa, eu a enxergo.
Melissa estava extasiada com tudo o que Annie acabara de lhe falar, nunca havia feito uma reflexão tão intensa e a forma como Annie falava a levou para outra dimensão, e naquele momento pode concluir que aquela mulher a sua frente não via com os olhos, mas enxergava com a alma.... e teve medo disso.
- Você conhece as coisas pelo tato?
- Não apenas pelo tato, mas pelo cheiro e faço associações com músicas e texturas – sorriu.
- Sério?
- Sim, eu lhe conhecia pelo seu perfume de jasmim – sorriu.
- Mas eu não uso perfume com essa fragrância.
- Mas para mim você exala esse aroma... algo suave e ao mesmo tempo intenso... eu sabia que estava por perto.
- Então você me enxergou bem antes de me conhecer?
- De certa forma sim.
- Interessante essas associações que você faz... nunca pensei nisso.
- Você nunca precisou querida, seus olhos ironicamente te impedem de enxergar e sentir o que está além da sua visão.
- Está vendo que você faz coisas extraordinárias – sorriu.
- Me fala como você é.
- Como assim?
- Suas características físicas – sorriu.
- Vou tentar.
- Sou morena.
- Não conheço cores – sorriu – Pense em um aroma.
- Isso vai ser difícil – sorriu.
- Você consegue... pare de apenas ver e passe a enxergar...
- boom....beeem.... a minha pele é como o cheiro de canela – disse depois de uns segundos - você conhece?
- Sim, claro – sorriu – eu adoro o cheiro assim como o chá.
- Então, a minha cor é cheiro da canela.
- E os cabelos?
- Pretos, desculpe – sorriu - cheiro do café feito na hora – sorriu.
- Olhos?
- Aroma cítrico... uma mistura da laranjeira com o limão... Não estou indo bem né?
- Na verdade está ótima – sorriu – Está no caminho certo.
- Sou alta, tenho 1,85m.
- Isso eu sabia, ou melhor, eu sabia que você é alta.
- É mesmo?
- Sim, pelo ponto de onde sai o som da voz posso saber que é alta – sorriu – E você é bonita?
- Sou simpática – falou tímida.
- Eu perguntei se você é bonita.
- As pessoas falam que sim.
- O que importa para mim é o que você acha.
- Acho que sim, não sou de tecer elogios a meu respeito – sorriu – Mas você pode tirar suas próprias conclusões – disse segurando as mãos de Annie.
- Você deixa?
- Claro – sorriu.
Melissa ficou de frente para Annie pegou suas mãos e as colocou em cada lado do rosto. Annie deslizou devagar as mãos pelo rosto de Melissa, contornou com cuidado, passou pelas sobrancelhas largas e arqueadas, passou pelos olhos, tocou o nariz afilado, o queixo e com os dedos tímidos tocou os lábios, sentiu a maciez deles, subiu novamente até tocar nos cabelos, deslizou os dedos pelos fios e retirou o que os prendia em um coque, acompanhou a descida das ondulações até chegar aos ombros e desceu as mãos pelos braços de Melissa até chegar às suas mãos, as colocou entre as suas, passou os dedos entre os delas e ficou alguns minutos repetindo os movimentos.
- Você é linda – saiu como um sussurro - E não apenas fisicamente, o belo é relativo. O belo está nos olhos de quem ver e em meu caso, no coração de quem sente - sorriu.
- Obrigada – disse tímida – Você que é linda Annie e não apenas fisicamente – segurava as mãos de Annie – Me desculpe por ter te magoado hoje, por ter feito me esperar e não aparecer, me desculpe.
- Está tudo bem – sorriu – de verdade! Melissa, você disse que não tinha ninguém com quem se preocupar em casa – fez uma pausa – mas você usa uma aliança...isso significa que tem alguém.
Melissa afastou-se um pouco de Annie, não queria entrar naquela história nem estragar o momento tão bom que estavam tendo com lembranças ruins, mas decidiu ser sincera com ela.
- É uma aliança de casamento Annie.
- E ele não se importa de você chegar tarde?
- Annie, eu era casada só que um acidente me roubou o amor da minha vida – disse triste.
- Oh! Desculpe, eu não sabia...eu não queria que...
- Não se preocupe – deu um sorriso amarelo – Está tudo bem.
- E depois dele você não ficou com mais ninguém? Não quis outro? Tenho certeza que os homens babam por você – sorriu.
- Depois dela – disse com ênfase – não houve outra.
- Dela? – perguntou admirada – Isso quer dizer que...
- Eu sou lésbica Annie, fui casada por seis anos com a mulher mais maravilhosa que já conheci, mas há quatro anos a perdi... ela e o bebê que tanto desejamos – a voz saiu trêmula – E desde então minha vida perdeu a cor, o sentido, a alegria.
- É por isso que você vai à praça?
- Sim, era o lugar predileto dela, foi lá que nos conhecemos e íamos sempre.
- Ela faz muita falta, não é?
- Demais... é como se a qualquer momento ela fosse aparecer com aquele sorriso lindo, ou me recriminando – as mãos estavam trêmulas – Ela era tudo para mim Annie e..e..eu não tive nem a oportunidade de me despedir dela, de dar um último beijo e dizer que a amava.
- Tenho certeza que ela sabia disso.
- Minha vida perdeu o sentido naquele acidente.
- Sei que você perdeu uma pessoa que amava muito, mas você está viva e ainda tem uma vida toda pela frente, ela não ficará bem enquanto você não voltar a viver de verdade.
-Não é fácil.
- Eu sei que não e se não tiver um motivo forte para continuar que seja por ela. Você é linda, inteligente, decidida não se entregue dessa forma à tristeza, esvazie esse peso que tanto te faz mal, deixa que as cicatrizes sequem. Lembra quando eu disse no primeiro dia que conversamos que você tinha uma grande angústia? E que precisava descarregar esse peso? Volto a dizer a mesma coisa.
-Eu a amo.
- Mas a sua vida não pode parar – fez uma pausa – Ela não vai voltar para você Melissa... nunca mais... mesmo que você deixe todas as coisas dela da mesma forma que estavam quando saiu de casa, mesmo que suas roupas ainda estejam no guarda-roupa, mesmo que você compre as guloseimas e comidas prediletas dela, a sua esposa não irá voltar para você.
- É que... – não conseguiu argumentar pois as lágrimas vieram com força.
- Desculpe por ter falado dessa forma eu não tinha o direito... mas você precisa continuar seguindo e tem que fazer isso de verdade, aproveitar a oportunidade que a vida te deu de continuar. A sua esposa onde estiver não quer te ver assim.
Annie aproximou-se de Melissa e a puxou para um abraço, não falou nada apenas deixou que ela chorasse a sua dor e naquele momento desejou fazer alguma coisa para aliviar a sua dor.
- Obrigada por compartilhar esse momento comigo – falou enquanto afagava os seus cabelos.
- Eu não falo disso com ninguém –sussurrou – eu não consigo.
- Muito obrigada por me mostrar um pouco da sua dor... por não ser apenas a delegada federal, mas sim Melissa com seus medos, fraquezas e dor... eu nunca vou esquecer isso – falou emocionada.
- Desculpe – Melissa enxugou as lágrimas – Eu não costumo chorar assim.
- Eu sinto a sua dor Melissa e não precisa ser tão dura com você mesma, não quando estiver comigo.
- Obrigada – sorriu – Tenho que ir Annie.
- Já? Está cedo.
- Não, já está na minha hora.
- Obrigada por ter deixado eu te conhecer.
- Eu que tenho que agradecer pelos momentos ótimos... te admiro mais – sorriu – Fica bem.
Melissa levantou e pegou as chaves do carro sentiu uma sensação diferente, uma vontade de ficar mais um pouco, de ter a companhia daquela mulher que em poucos dias estava lhe fazendo tão bem.
-Vamos nos encontrar outra vez? – Annie lhe tirou dos pensamentos.
- Claro – sorriu – Se não puder ir até a praça virei aqui...eu posso?
- Sempre que quiser – sorriu – Tome esse número é daqui de casa – falou tímida – Quando quiser da um oi...
- Certo, ligarei sim, fica bem e qualquer coisa me procure vou deixar meu cartão com você é só pedir para alguém me ligar.
- Obrigada! Até mais Melissa e deixe a sua esposa seguir o caminho dela.
Melissa saiu da casa de Annie sentindo-se mais leve, quando deixou a delegacia estava decidida a não ir a praça mesmo sabendo que provavelmente Annie estivesse lhe esperando, mas achou melhor não ir nem aproximar-se demais daquela mulher, não tinha medo de se envolver com ela, mas de alguma forma sentir-se ligada a ela. Tinha desviado a rota e ido longe, mas ao passar em frente a uma delicatessen lembrou-se do café que havia prometido tomar com Annie, passou alguns metros e deu a volta estava tentada demais a ir para simplesmente ignorar, comprou as coisas e fez o caminho oposto chegando a casa de Annie.
O que realmente não esperava era que aconteceria todas aquelas coisas, a decepção no olhar de Annie, a sua forma de conhecer o mundo e a vontade que sentiu de lhe contar um pouco sobre o que aconteceu com Liz. Não conseguiu controlar a velocidade que tudo aconteceu, quando se deu conta estava falando de algo tão íntimo que geralmente não costumava compartilhar com ninguém, mas Annie era diferente, tudo com ela era diferente e sentia-se segura ao seu lado. Era como se o tempo parasse e todas as sensações ficassem mais intensas, fazia muito tempo que não se sentia tão bem com a companhia de uma pessoa.
Foi inexplicável o que sentiu quando ela tocou o seu rosto e a forma como os dedos deslizavam em suas sobrancelhas, olhos e boca, sentiu como se aquelas mãos tão macias e ao mesmo tempo frágeis pudessem lhe curar, tocar o mais profundo do seu ser e sentiu medo do que estava sentindo, não soube explicar o que era, mas Annie estava tornando-se um bálsamo...um doce bálsamo.
Fim do capítulo
Olá, queridas leitoras,
Muito obrigada pela leitura e comentários, esse feedback é muito importante para mim. Desejo que continuem acompanhando e comentando!
Abraços!
Comentar este capítulo:
Mille
Em: 06/02/2019
Ola Ninne
Mel se abrindo com a Anne,.
Gostando da delicadeza das duas, Annie com certeza vai curar as cicatrizes da Mel. A Liz não deixará de ocupar o coração da Mel nem mesmo o filho(a).
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá Mille,
É um processo muito complicado para a Melissa, despois de tantos sofrimentos aparece alguém com a leveza da Annie e isso é um choque para ela. Mas a Annie saberar lidar com isso, se a Melissa ajudasse um pouco rsrsrs.
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]