Capítulo 25 Começaria tudo outra vez, se preciso fosse, meu amor
- Lu, eu teria tido as mesmas dúvidas que você. Teria buscado ainda mais do que você entender as motivações. Teria esbravejado. Não teria tido nem metade da maturidade com a qual você lidou com a situação. Teria tido muito mais raiva. Teria enlouquecido de ciúmes. Mas não teria pensado minha vida, nem por um segundo, longe de você. Não teria conseguido seguir sem você.
- Isso não responde a minha pergunta - devolveu.
- Sei que não. A verdade é que não sei. Acho que só sabe quem vive. Mas o que eu sei é que, independente de perdoar ou não, eu não viveria sem você. O perdão não é uma condição para se estar junta ou separada, ele é um passaporte para a forma como se quer viver. Sendo assim, não conseguiria viver com você, sem que fosse da melhor das formas, sem que fosse com tudo de bom que tenho pra dar, sem que fosse do nosso jeito. Bom, acho que é isso. Espero ter respondido.
- Sim, obrigada.
Luísa rodou a garrafa e disse:
- Eu de novo!
- Vá em frente!
- Você faria tudo de novo? - perguntou ela.
- Tudo o quê?
- Sua vida...
- Vamos lá. Se fazer tudo de novo significa dizer que eu viveria minha vida toda outra vez, com acertos e erros, sem poder excluir dela nem uma parte, sim, viveria cada dia. Não deixaria de repetir o que tive com você, em troca de excluir um erro.
- Um erro que te deixou sem mim - interrompeu.
- Sim. Mas o que vivi com você, foi tão maior que isso, que não correria o risco de não viver.
- Mas correu o risco de jogar tudo isso pra cima por uma aventura.
- Lu, meu amor, já falamos sobre isso, podemos falar novamente, quantas vezes você quiser, mas não terei nada de diferente pra te dar. Foi um erro do qual me envergonho e me arrependo enormemente, mas, meu bem, tá feito. Não tenho como voltar atrás. E, sim, se possível fosse, não tenha dúvida que eu voltaria. É minha vez - encerrou. - Eu pergunto - declarou Carol - Você quer seguir em frente?
- Estou tentando, mas nem sempre é fácil sair do lugar. O terreno, muitas vezes, ainda parece movediço e eu tenho medo de seguir - respondeu.
- Seria melhor se tivesse alguém segurando a tua mão? - insistiu Carol.
Luísa bebeu o resto do vinho em um único gole, passou o olhar pelos olhos da outra, pegou a garrafa de vinho, derramou no copo e balançou o líquido.
- Lu, você não precisa responder se...
- Eu vou responder. Carol, é difícil sabe? Eu posso parecer infantil, indecisa e, às vezes, sou tudo isso, mas não dessa vez. Você me fez achar que sou menor do que qualquer desejo sexu*l*, desses que você pode ter pela vizinha, pela colega de trabalho, pela aluna. Achava que a nossa relação era mais sólida que isso. Eu até entendo os efeitos da distância, do álcool, enfim, mas entender não é perdoar, passar por cima, ou seja, não é suficiente para que eu siga, entende?
- Claro. E se quem segurasse sua mão não fosse eu? - perguntou, novamente deixando as palavras lhe escapulirem.
- Solange?
- Quem sabe?
- Eu preciso responder? Não era a sua vez de perguntar.
- Vamos deixar o jogo de lado.
- Não sei se concordo com essa regra - disse Luísa, piscando o olho desafiadora.
- Tudo bem, como você quiser.
- Isso é ciúme?
- Eu preciso responder?
- Se você quiser.
- Acho que nem preciso dizer. Mas, vamos lá: sim, é ciúme.
- Difícil, né?
- Nem me fale o quanto.
- O que tem de diferente entre o que eu sinto e o que você sente? - perguntou Luísa.
- Deixamos o jogo de lado? Só pra saber...
- Se você concordar, está suspenso.
- Claro, acho que é por uma boa causa. Bom, então, a diferença é que o que eu tive foi uma aventura, com alguém que, também, só queria uma aventura. Quanto a você, não sei o que teve, mas sei que Solange é exatamente o seu número; você confia nela, o que, no seu caso, é dificílimo; e ela já deixou bem claro o interesse dela por você, além de ter deixado claro também que pra ela você não é uma aventura.
- Carol, o que aconteceu entre mim e Solange foi depois que nós rompemos - explicou.
- Nunca duvidei disso. Mas essa confirmação não diminui meu medo.
- Sabe o que é curioso? Quando me traiu, você não teve medo de me perder, mas agora você tem.
- Não é curioso não, é incoerência, machismo, chame como quiser. Quando aconteceu comigo, eu sabia que eu queria você, aquilo era só uma forma egoísta de satisfazer desejos físicos; mas você não é assim, se aconteceu alguma coisa entre você e Solange, eu sei que não foi pra provar nada, pior, sei que foi importante pra você e pra ela, já que, pra piorar bastante as coisas, ela parece ser uma ótima pessoa.
- Bom - disse Luísa fechando o vinho e colocando na geladeira. - acho que ele já cumpriu a sua função.
- Ah! Então isso foi uma emboscada? - perguntou Carol, rindo.
- Pra mim mesma, já que quem não bebe aqui sou eu.
Fim do capítulo
Opa! Como diz a música: "nada foi em vão"!
Comentar este capítulo:
Silvanna
Em: 20/10/2018
"Entender não é perdoar", a Luísa está certa. nada como a empatia! Díficil acreditar em recuperar a confiança perdida.
Autora esta é a conversa que elas precisavam.
Torcendo por elas!
Resposta do autor:
Ainda bem que você apareceu para me defender Silvanna. Muita pressão aqui nesse negócio viu?!
[Faça o login para poder comentar]
mtereza
Em: 20/10/2018
Vamos Luísa acelera ai as coisa menina kkkkk
Resposta do autor:
Aí Tereza, você precisa falar com Eva, que ficou de ver lá com Veveta (porque a gente, no caso, eu, Eva e ela somos amigas irmãs) se arrumava um trio elétrico, coisa assim, simples, pra animar esse negócio e acelerar as coisas!
[Faça o login para poder comentar]
Eva Bahia
Em: 17/10/2018
Ai nosso coracao... essas duas estao nos ensinando a testarmos nossos coracoes e mostrando que a paciencia é com toda certeza, uma virtude!! Autora querida, por favor nao nos deixe sermos vitimas de infartos rsr. Essa Luisa é DEMAIS!! Mas sei que logo logo elas estarao se amando e recomecando a vida..bjss de todo povo da terra mãe do Brasil.
Resposta do autor:
Eva querida, tudo que é difícil é mais gostoso!
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]