CapÃtulo 26 - 50 anos
Capítulo 26 — 50 anos
O apartamento não tinha cortinas, por isso pequenos feixes de luz entravam pela janela de alumínio do quarto, o deixando na penumbra e não numa escuridão total quando o sol raiava lá fora.
Flávia acordou num exaspero assustado, teve seu instante de pânico ao não reconhecer o lugar onde acabara de acordar, virou-se para o lado e encontrou a outra metade da cama ocupada por aquela pessoa que lhe fez surgir um sorriso, logo veio uma sensação de acalento no coração. Juliana dormia de bruços, com a cabeça na direção de fora da cama, pela respiração pesada parecia dormir profundamente, o que fez Flávia hesitar em abraçá-la.
Ficou um bom tempo apenas deitada de lado, olhando para a namorada que dormia e acariciando de leve suas costas, feliz e aliviada. Tudo era novo, as sensações eram diferentes. Preguiçosamente Juliana foi se virando na cama, até ficar de barriga para cima.
Se estava acordada ou não, Flávia descobriria ao subir devagarinho em seu ombro, lhe dando um beijo no rosto. Ganhou um sorriso e um suspiro manhoso. A garota virou-se e a entrelaçou com braços e pernas, já desperta.
— Bom dia, gatinha. — Juliana a cumprimentou com os rostos próximos, ganhou um beijinho.
— Bom dia para nós, na melhor manhã que já tive. — Flávia respondeu afagando os cabelos da namorada.
— Vai ficar melhor ainda quando eu preparar o café.
Flávia a abraçou ainda mais, por algum tempo ficaram em silêncio, acordando aos poucos, mãos e dedos passeando pelos corpos.
— Isso é tão bom... Temos o dia inteirinho para nós, não temos? — Flávia perguntou.
— Quase todo, vou levar você na fisioterapia às 11h.
— Tudo bem, uma horinha sem você será um tormento, mas é por uma boa causa.
— Uma ótima causa, quero você 100% recuperada.
— Já estou uns 90%.
— Uns 70%, Dona Flávia.
— O importante é que tenho fôlego para pelo menos esmagar você. — Flávia disse ao abraçá-la de forma apertada.
***
À noite o casal recebeu a visita de Maurício e Karina, que trouxe uma torta salgada para jantarem todos juntos. Assistiam TV numa conversa despretensiosa, Juliana e Maurício dividiam uma cerveja, Flávia estava deitada no colo de Juliana, no sofá maior.
— Você vai na casa dos nossos pais amanhã? — Karina, que estava numa poltrona com seu copo de vinho, perguntou à irmã.
Juliana balançou a cabeça um tanto incomodada, continuava fazendo carinho no ombro e braço da namorada.
— Acho que não, Ka.
— Faz uma forcinha pra ir.
— Você vai?
— Vamos almoçar com eles.
— Não vou, não, tá?
— Você que sabe.
— É alguma ocasião especial? — Flávia entrou na conversa.
— Aniversário de minha mãe.
— Não é um aniversário qualquer, ela tá fazendo cinquenta anos amanhã. — Karina completou.
— Acho um bom momento para você visitá-los, amor.
— Não sei... Não falei com nenhum deles depois que voltamos a namorar, eles estão meio bravos comigo, não acho que queiram me ver. E tem você também, não quero te deixar sozinha.
— Não seja por isso, estou bem, posso ficar umas horinhas sozinha.
— Nem que seja apenas para dar um abraço na coroa. — Disse Karine.
— Acho que vou acabar estragando o aniversário da minha mãe com minha presença...
— Vá desarmada, de peito aberto, eles são seus pais, por mais que ainda tenham alguma mágoa, eles te amam muito, devem estar morrendo de saudades da caçulinha. — Flávia disse já virada para cima ainda no colo dela.
— Se quiser venho cuidar da nossa doentinha. — Disse Maurício.
— Gente, eu tô bem, sério.
— Já estou desesperada por antecipação por saber que tenho que trabalhar segunda-feira e ter que deixar essa menina sozinha aqui.
— Prometo te mandar boletim médico de hora em hora. — Flávia respondeu.
— É bom mesmo, estou de olho em você.
***
— Ainda tem almoço?
Juliana entrou com passos hesitantes pela sala da casa dos pais, era quase uma da tarde de domingo. Os encontrou ainda na mesa, almoçando. Sua irmã abriu um sorriso ao vê-la, seu marido e filho também estavam ali. Seus pais a fitaram surpresos.
— Se não sentar logo vai ficar sem frango, o Lucas tá comendo tudo. — Henri, o marido de Karina, brincou.
— Oi, tia!
— Sou bem-vinda? — Juliana perguntou sem jeito.
— Claro, sempre será bem-vinda na sua casa. — Joaquim respondeu.
Juliana estendeu um pequeno embrulho na direção da sua mãe, que prontamente levantou da mesa indo na sua direção.
— Posso te dar um abraço de feliz aniversário?
— Não precisa pedir, né filha? — Wanda disse e abraçou fortemente, para alegria da caçula.
— Senta, vem comer. — Sua mãe disse e voltou à mesa.
— Tia, tem sorvete! Quer sorvete?
— Depois do almoço, e você ainda tem comida no prato, espertinho.
Após almoçar e lavar a louça, todos estavam reunidos na sala, Karina brincava no chão com o filho, Juliana também estava sentada no chão, próximo deles. Wanda mostrava alguns presentes que ganhara de parentes e amigos do bairro, por fim sossegou e sentou-se na poltrona, perto de Juliana.
— Gostou do perfume, mãe?
— Bom, né? Eu gosto assim com esse cheirinho de rosas.
— Eu sei, tinha comprado já há algum tempo, justamente por causa disso, sei que a senhora gosta desses e tá tão difícil de achar.
— Cláudia me disse que você andou prestando uns concursos, já saiu algum resultado?
— Ainda não, essas coisas demoram.
— Você tá precisando de alguma coisa no apartamento? Ganhei um jogo de talheres que não vou usar, pode levar se quiser.
— Tenho poucos talheres mesmo, posso levar alguns?
— Pode levar o jogo todo.
— Obrigada, mãe.
— Tem pratos? Escorredor de pratos? Tenho um quase novo guardado.
— Tenho sim.
— Tem cobertor suficiente para vocês duas? Edredom? Sua vó me deu um edredom no Natal, tá lacrado ainda, quer levar?
Juliana segurou o sorriso ao perceber que sua mãe sabia que Flávia estava morando com ela, e até falou com certa naturalidade.
— Tenho um de cada, se o frio chegar com tudo venho buscar, então.
— Flávia já saiu do hospital?
— Sim, anteontem.
Novamente sentiu-se feliz pela pergunta desprovida de mágoa ou julgamentos.
— Ela está melhor?
— Bem melhor, mas ainda está se recuperando, vai ter que fazer fisioterapia por algum tempo.
— Fisioterapia do que?
— Respiratória.
— Nem sabia que existia isso, é de assoprar coisas?
— Entre outros exercícios.
— Ela tem família?
— A mãe faleceu faz dois anos, o pai mora em Minas.
— Ela é de lá?
— Sim, mas mora aqui há uns quatro anos.
— Ela que incentivou Juliana para vir aqui hoje, mãe. — Karina, que acompanhava a conversa, contou.
— É verdade, Flávia inclusive mandou pedir desculpas por não ter comprado nenhum presente para mandar, ela ainda tá ruinzinha de saúde. Mas mandou parabéns.
— Agradeça, e diga que mandei melhoras.
Juliana voltou para seu apartamento no meio da tarde, com duas sacolas cheias de coisas para o apartamento. Largou na mesa e foi até o sofá, onde Flávia cochilava. Beijou sua têmpora, a acordando.
— Deu tudo certo? — Flávia perguntou meio confusa.
— Foi bem melhor que o esperado. — Respondeu e deitou atrás de Flávia, lhe abraçando. — Almoçou? Tomou os remédios?
— Sim, para as duas perguntas. Como foi o clima? Conversou com seus pais?
— Foi tudo tranquilo, estou mais aliviada agora, consegui conversar numa boa com minha mãe, ela inclusive perguntou se você estava melhor.
— Sério? — Flávia virou-se para ela. — Ela disse meu nome?
— Disse, mais de uma vez. — Juliana respondeu com um sorriso contente.
Flávia a fitava enquanto acariciava seus cabelos e rosto, assimilava a situação.
— As coisas estão começando a se encaixar, não acha?
— Acho. Chegou nossa vez, dona Flávia.
— Sabe o que eu fiz quanto você estava na casa dos seus pais?
— O que?
— Bolo de laranja.
— Ah é? É para retribuir o que eu levei para você na prisão?
— E pra lembrar do gostinho do nosso primeiro beijo.
— Eu amo seu lado romântico, sabia? — Juliana roubou um beijo. — Acho que te amo todinha.
Fim do capítulo
Antepenúltimo capítulo
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Zaha
Em: 16/05/2018
Ainnnnnn, que fofinhas!
Que lindinha a mãe de Juli! Quando se ama é assim!!! :) .Flávia incentivando e tudo!!
Faltam 2 ! Realmente foi uma estória água com açúcar..adorei! Sem mts esquemias,né?! Hahaha
A próxima que me preocupa...eu tento me aposentar, mas, principalme, vc e Drikka, n deixam! Kkkk
Beijussss
Resposta do autor:
Nada como ter apoio dos sogros né? isso faz uma grande diferença pra esse casal.
Sim, foi uma historinha simples, sem mistérios, foi bom pra espairecer minha mente depois de 3 anos escrevendo 2121.
Bjão!
Sem cadastro
Em: 16/05/2018
Ainnnnnn, que fofinhas!
Que lindinha a mãe de Juli! Quando se ama é assim!!! :) .Flávia incentivando e tudo!!
Faltam 2 ! Realmente foi uma estória água com açúcar..adorei! Sem mts esquemias,né?! Hahaha
A próxima que me preocupa...eu tento me aposentar, mas, principalme, vc e Drikka, n deixam! Kkkk
Beijussss
Resposta do autor:
Nada como ter apoio dos sogros né? isso faz uma grande diferença pra esse casal.
Sim, foi uma historinha simples, sem mistérios, foi bom pra espairecer minha mente depois de 3 anos escrevendo 2121.
Bjão!
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Morena perfeita
Em: 16/05/2018
feliz pelas duas. Agora parece que está tudo indo nos eixos.
reta final? Sério que ouvi isso? Não acredito... Indignei (rsrs) poxa!
Bom, amei o capítulo. Ansiosa pelo próximo.
parabéns!!!
Resposta do autor:
Reta final da novelinha da Globo! rs
Obrigada por me acompanhar <3
Bjos!
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Mille
Em: 16/05/2018
Muito bom mais já estamos na reta final não gostei.
Tudo maravilhoso e logo a Flávia vai fazer parte da família convivendo com eles.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Essa historinha até que se prolongou mais do que eu imaginava... rs
Peguei ela com 8 capítulos e transformei em 28, rendeu!
Grande bjo e bom final de semana, Mille!
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