Último CapÃtulo
O casamento
Os dias corriam e já fazia seis meses que Lana estava em casa, havia assumido sua vida de volta, não se recordava do que havia vivido ao lado de Pedro, para ela era como se ele nunca houvesse existido, também não se lembrava de que Adriana tinha sido seu amor no passado, sabia que ela era seu amor do presente e que seria sempre do seu futuro.
As duas seguiam no terreiro.
Adriana pegou o celular e falou com José Carlos, o pai de santo.
— Olá minha querida, como você está?
— Estou bem meu amado e você?
— Na paz. Em que posso ajudar?
— José Carlos eu na verdade quero fazer um pedido, de filha de santo para o pai de santo.
— Faça minha querida e já adianto que se eu puder fazer, considere feito.
— Desejo que você, se puder, celebre uma cerimônia simples de união entre eu e a Lana. Não desejamos nos casar no civil, achamos que nosso amor não precisa disso e tal... Mas ficaríamos imensamente felizes se você pudesse fazer isso, algo simples, com a benção do Caboclo ou do preto velho, o que for designado na hora ou por você. Para nós é importante e nos fará ainda mais felizes.
— Adriana ouça minha querida, o caboclo manda dizer que será um grande prazer para ele celebrar essa união.
— Minha nossa que alegria! Salve a força do caboclo José Carlos, salve a sua força.
— Salve a nossa força minha querida.
— Vou organizar a ornamentação, será com flores do campo e rosas, palmas, tudo simples, mas muito lindo. Agradeço meu amigo.
— Ornamente o terreiro com seu amor e com as flores e rosas do seu agrado e do agrado da Lana. Estarei vibrando. Beijos minha querida.
— Gratidão imensa, beijos.
Um mês depois Adriana ornamentava o terreiro com flores do campo, com rosas de variadas cores e com muita alegria, Consuelo, Ana Luísa e Lana ajudavam envoltas em imensa harmonia. A cerimônia seria no sábado, no dia seguinte e elas deixaram tudo pronto, seguindo para a casa de Lana e Adriana onde jantariam. O cheiro bom da comida feita por Josélia invadia a casa e Adriana agradeceu a cozinheira que sorriu.
Lana pegou um vinho e abriu, Consuelo pegou as taças e propôs um brinde:
— Brindemos a nossa amizade, brindemos ao amor, a vida.
Lana abraçou Josélia trazendo a para participar do brinde, ela era muito mais do que sua companheira de trabalho, era sua mãe amada no coração, era a sua protetora e elas brindaram e jantaram.
O dia amanheceu a cerimônia aconteceria às quatorze horas, Adriana estava emocionada, sentia que a paz havia se instalado em sua vida com Lana e agradecia a Deus por tudo isso.
O terreiro estava lotado, embora não fosse dia de trabalho mediúnico, alguns amigos de Adriana, outros de Lana, a tia Amália, todos os médiuns da casa.
Lana trajava um vestido lembrando os ciganos, florido, tecido leve, sandálias rasteiras e trazia os cabelos soltos. Adriana usava um vestido amarelo, buscando homenagear Oxum a Orixá do amor.
O chão do terreiro estava coberto de flores do campo, nos cantos jarros com rosas brancas, amarelas e vermelhas, no altar um jarro com rosas brancas.
Cantaram o hino de São Francisco e o Caboclo logo chegou. A alegria imperava no terreiro, o Caboclo convidou a todos para sentar no chão, assim foi feito. O cheiro bom das flores e das rosas trazia imensa sensação de paz.
— Sejam todos muito bem vindos. – Disse o caboclo. — Hoje é um dia muito especial para nós, todos nós do terreiro, todos os que são amigos dessas duas mulheres maravilhosas, lutadoras. Para mim é uma grande honra celebrar essa cerimônia de amor e de respeito. O amor não está condicionado ao homem e a mulher, a união e a celebração desse amor também não estão condicionadas ao homem e a mulher. A celebração, o ato da cerimônia, isso tudo está atrelada, ao amor, ao amor que faz de dois seres humanos capazes de entender o que significa esse sentimento. E Adriana e Lana entenderam, superando todos os desafios e hoje se permitem a essa cerimônia simples, mas lotada do verdadeiro sentimento que a faz acontecer, que é o amor. O meu desejo é que Deus esteja sempre com vocês filhas e que ele seja o arrimo nos momentos difíceis, o meu desejo é que todos os Orixás estejam com você, trazendo a vida das duas, paz, amor, luz, prosperidade e muita compreensão. Que nos instantes de dissabor, esse sentimento que fez vocês duas superarem tanto atrapalho, possa fazer com que as duas superem todos outros que vierem. O meu desejo é que vocês sejam felizes, que o amor e o respeito estejam sempre permeando os caminhos de vocês.
O caboclo parou um pouco pegou a alfazema e borrifou sobre as duas, depois entregou para Ana Luísa e ela borrifou sobre todas as pessoas. As pessoas estavam emocionadas e muitas choravam. Era lindo ver e sentir o que ali acontecia, o terreiro estava cheio de magia, Oxum, Iemanjá, Nanã e Iansã, emanavam sobre todos que ali estavam sua energia de amor, de coragem, de fé e todos sentiam a força que tinha ali naquele terreiro de Umbanda que servia em nome do Cordeiro.
O caboclo continuou:
— O desejo de Deus, minhas queridas é que vocês duas sigam na luz e na paz dele, entendendo cada dia mais sobre o amor e ajudando aqueles que não entenderam ainda o valor do amor verdadeiro, do amor que nasce na alma, que vive no coração. E nome Dele, eu vos abençoou e que as mãos de Jesus cubra a casa e os corações das duas.
O caboclo pediu a todos que se levantassem e que erguessem as mãos sobre as duas e cantou... — Minhas mãos estão cheias das graças de Deus, minhas mãos estão cheias das graças de Deus, todo aquele que eu toco bendito será, todo aquele que eu toco bendito será.
E todos cantaram, Ana Luísa pegou uma cesta com pétalas de rosas e todos jogaram sobre elas. O caboclo tirou um patuá que havia confeccionado e entregou um para cada e elas agradeceram a cerimônia, ao amor do terreiro e depois que encerrou, todos seguiram para casa de Lana e Adriana, onde seria a festa.
FIM.
Fim do capítulo
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Jeanny
Em: 23/06/2018
Edy querida vc está de parabéns, amei a forma que vc escreve. Lana e Adriana são lindas na sua essência, o jeito que vc descreve almas que se reencontram e se reconhecem é de arrepiar. Acredito em reencarnação e antes de conhecer minha namorada eu sonhava com ela rsrs. Feliz com o tema abordado pois são poucos.
Muita luz e sucesso sempre.
Resposta do autor:
Bom dia Jeanny que alegria seu comentário, fico grata quando o que escrevo toca alguém. Realmente esse tema ainda é pouco abordado, ainda mais sendo numa vertente da Umbanda, mas vamos seguindo. Mergulho no Passado também é carregado de espiritualidade e amor, depois que ler me diga o que achou. Mais uma vez obrigada queridona!
Bjs.
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