CapÃtulo 3
O encontro
O interfone tocou, Adriana atendeu e pediu ao porteiro que deixasse Lana subir e logo ela estava ali na porta de seu apartamento. Estava linda. O cheiro de seu perfume atingiu com intensidade o nariz de Adriana que sentiu seu coração acelerar, fazendo barulho, como se fosse de um carro velho, ela temeu que a amiga escutasse.
— Oi. – Disse Lana.
Lana trajava uma saia azul piscina, curta, deixando a mostra a beleza de suas pernas, uma blusa azul escuro e sandálias rasteiras com pedrinhas que brilhavam. Seu sorriso era lindo e Adriana disse:
— Entre, por favor.
O calor que invadiu aqueles corpos, quando o abraço os envolveu, somente elas duas saberiam falar. Adriana não sabia o que dizer, sentia seu corpo estremecer a cada segundo e seu rosto ardia como se estivesse com febre. Então se sentaram. Lana começou a falar:
— Senti muita saudade de você. Não te vê, todos esses dias foi algo que me proporcionou uma dor inenarrável. Adriana, eu não sei ao certo o que está acontecendo comigo, mas sinto um amor muito diferente por você, é como se eu te conhecesse de outras vidas. Não sei se existe mesmo isso, mas o que sinto por você tem me tirado o sono. Então penso que não pode ser somente de agora, entende? Somente desses meses que nos conhecemos.
Adriana não dizia nada, não sabia o que falar, ali na sua frente estava Lana, falando do seu amor, falando do sentimento que a invadia, da mesma maneira que havia tomado conta de Adriana, mas era uma mulher casada e não poderia continuar com isso. Fazendo um grande esforço ela disse:
— Lana eu amo você, desde primeiro instante que te vi na loja, mas ouça-me, você é casada e com um homem, sinal que é hetero e eu não sei como lidar com tudo isso.
— Adriana eu sei que não é fácil para você, mas para mim, é menos ainda, sou casada sim, com um homem, mas a verdade é que nunca o amei e me casei por outros motivos, que não foi o amor. Mas a verdade é que desde dia em que vi você, tudo em mim ficou muito confuso. Nunca senti isso por ninguém, muito menos por uma mulher.
Os olhos delas estavam fixos uns nos outros, os lábios pareciam secos, ávidos pelo toque, pelo calor do outro, Adriana estava emocionada, seus olhos estavam cheios de lágrimas.
Lana se aproximou mais dela e disse:
— Ensina-me a entender esse amor.
Adriana alisou seus cabelos, desceu a mão pelo seu rosto e acariciou, fazendo todo o ser de sua amada sentir um prazer imensurável e ela sorriu, pegando a mão de Adriana e beijando com devoção.
Era amor o que enchia aqueles corações e Lana disse:
— Tudo ficará bem, só quero ficar por perto, sentir que também está perto de mim, só quero sentir esse amor, essa sensação de paz que me invade quando estou ao seu lado, por favor, não me mande embora da sua vida.
— Acho que não conseguirei fazer isso, também gosto de você por perto. – Ela disse isso e sorriu.
— Fico muito feliz em saber disso.
Adriana a abraçou acariciou seus cabelos, beijou sua testa, seus olhos, Lana sorria, era prazer o que sentiu, olhou para ela, ficaram assim por segundos e Adriana encostou seus lábios nos dela, foi um beijo suave e ela correspondeu. Não podia ser pecado aquele amor, não podia negar o que sentia com o calor dos lábios de Adriana nos seus.
A tarde passou e as duas ficaram ali, conversando, rindo. Já era noite quando Lana retornou para casa, estava feliz. O prazer ao lado da mulher amada tomava conta de todo seu ser e ela se despediu.
Adriana ficou em casa, sentia uma mistura de alegria e medo, temia por Pedro, não queria ser motivo de dor para ele, temia por Lana, que era casada e que corria risco com toda essa gama de sentimentos, mas estava feliz, o abraço da mulher amada, o cheiro dela, enchia seu ser de alegria e nesse instante pediu a Deus que tivesse compaixão por elas.
Lana chegou a casa e Josélia a esperava para jantar. Ela tomou banho e as duas jantaram, Lana tomou a mão da senhora que trabalhava com ela há anos, que era muito mais do que somente a sua ajudante, mas que era sua amiga, sua protetora.
— Josélia venha comigo, sente-se aqui do meu lado. – Disse ela sentando-se no sofá. A senhora sentou-se, sabia que sua patroa sofria com algo e aguardou.
— Preciso falar, estou me sentindo sufocada com tudo isso. Sei que você é muito mais do que a minha companheira de lida, sei que é minha amiga e em você confio, como confio em mim.
Josélia sorriu emocionada, sabia do carinho que Lana nutria por ela e a recíproca era verdadeira. E ela falou:
— Pode falar Lana, sabe que pode confiar em mim. Somos amigas.
— Você acredita em reencarnação? Acredita que possamos reencontrar pessoas que nos foram importantes em outras vidas e sentir isso, digo, sentir algo que nos demonstre que essa pessoa seja conhecida de outra época?
— Isso é um fato, mesmo que muitas pessoas não acreditem, nós vivemos em outras existências sim e nelas cometemos erros e acertos e hoje estamos de volta ao orbe terreno para sanar as nossas dores, para aprendermos a ser mais humanos.
— Tudo isso parece tão ilusório Josélia, eu nunca acreditei muito nisso, até esse natal agora. Eu vou te contar a história, eu conheci uma mulher na loja, ela entrou e as meninas estavam todas ocupadas e então eu fui atender. Veja bem, eu juro que para mim ela era conhecida, puxei pela memória, mas não tinha nenhum registro da fisionomia dela, mas em mim, na alma, no meu ser, eu sentia que a conhecia.
— Eu entendo. Isso é comum. Na verdade estamos no mesmo ciclo de vidas passadas, do amor ou do desamor. Mas... Continue.
— Agora eu vou falar da parte mais difícil para mim, Josélia eu estou muito confusa, porque o que sinto por ela é algo que vai muito além da amizade, você me entende? Sinto prazer na companhia dela, mas não o prazer normal de duas amigas, eu sinto desejo por ela, meu Deus! Gosto do cheiro dela, da proximidade do corpo dela, quando me abraça, é como se o céu descesse até mim, me enlevo. Tudo isso para mim Josélia é muito estranho, porque nunca senti nada parecido. Não sei precisar o que me faz sentir tudo isso, mas começo a perceber que é um amor diferente do amor de uma amizade pura, digo, não que eu ache que esse amor é impuro, você entende?
— Sim eu entendo minha querida. – Disse Josélia com imenso carinho.
— Queria muito conseguir entender um pouco mais, eu me sinto perdida com tudo isso, vidas passadas, amores de outras épocas, não sei ao certo, mas eu tenho a nítida impressão que conheço Adriana de outros tempos. Josélia, você acha que eu sou lésbica? Ai meu Deus, que confusão que está aqui dentro de mim. – Disse Lana apontando para seu coração.
Josélia sorriu e disse:
— Eu não sei e isso somente o tempo lhe dirá.
— Josélia eu sei que você frequenta um centro, que dia é o encontro lá? Gostaria de conhecer, conversar com alguém que pudesse me esclarecer um pouco, sei lá.
— O encontro acontece sempre na terça-feira, ou seja, é amanhã.
— Posso ir com você?
— Sim é claro.
Lana combinou com Josélia que iria com ela no encontro espiritual, embora sentisse que não iria, temia o terreiro. Josélia morava ali na mansão, havia um quarto imenso o qual ficava na parte inferior da casa e que Lana tinha feito questão que ela ficasse nele, visto que não tinha família em Brasília e isso iria lhe poupar o gasto com aluguel e faria companhia a ela, quando Pedro estivesse em viagem, o que sempre acontecia.
Terminada a conversa Lana subiu para seu quarto, deixando Josélia envolta com seus afazeres, que depois seguiu também para seu quarto em busca do descanso.
Lana deitou tomando um travesseiro e apertando ele em seus braços, suspirou profundamente, pensou em Adriana e ligou:
— Alô. – Disse Adriana, que sentiu seu coração acelerar quando viu o nome da mulher amada no visor do celular.
— Oi Adriana, desculpa se incomodo você...
— Por favor, não fale isso. – Disse Adriana antes que ela terminasse a frase. — Você não me incomoda nunca.
— Fico feliz em ouvir isso. Não podia dormir sem falar com você e então... Bom... Eu liguei para ouvir sua voz e desejar a você uma boa noite.
— Boa noite para você também, minha amada dorme com Deus.
— Adriana...
— Fale.
— Dorme com Deus.
Disse isso e desligou o celular, seu coração estava acelerado, seu rosto queimava e seu coração gritava a saudade que parecia não ter fim.
Os dias passavam e Adriana seguia para casa, sentia nesse dia imensa saudade de Lana e ligou.
— Oi... Que bom você me ligar.
— Desculpa, a verdade é que desejo te ver, claro que se você puder.
— Sim claro, eu posso. Fale-me a hora e o lugar que eu irei.
— Talvez seja melhor na minha casa ou sei lá, podemos pegar um cinema, o que acha?
— Vou até sua casa. – Disse Lana resoluta. Desligou e celular. Estava eufórica com a ideia de ver Adriana. Estava feliz com sua ligação, ela também a amava.
Saiu mais cedo da loja, chegando a casa foi direto para o banho e se arrumou, ligou para Pedro.
— Oi minha amada.
— Querido vou ter uma reunião com um fornecedor e devo demorar mais do que o normal.
— Não se preocupe meu bem, acredito que devo sair daqui direto para Goiânia, tenho uma reunião com um cliente e então só voltarei amanhã à noite. Fique tranquila.
— Está bem. Boa viagem.
Lana despediu-se do marido com o coração acelerado, odiava mentir, mas não queria falar que iria à casa de Adriana.
Adriana abriu a porta, Lana estava ali e era toda, sorriso. As duas ficaram minutos nos braços uma da outra, era um prazer imensurável que sentiam.
— Entre, por favor.
Lana entrou. Adriana havia comprado rosas amarelas e brancas dispondo às num lindo, dando ainda beleza a sua sala.
Adriana também se sentou ao lado de Lana após ter servido para as duas um licor de anis. Elas brindaram. Os olhos de Lana brilhavam, seu corpo estava em êxtase, o cheiro de Adriana adentrava suas narinas e ela respirava como se ele fosse o próprio ar. Não tinha mais como negar tudo àquilo que sentia, estava apaixonada por aquela mulher. Mas isso não era pecado, - ela se afirmava.
— O que foi? - Perguntou Adriana, depois que desistiu de adivinhar o que sua amada estaria pensando. — Em que está pensando, assim, me olhando?
— No quanto amo você. – Disse Lana sorrindo. Não podia mais fugir daquele sentimento que tomava conta dela, o amor povoava seu ser.
Adriana sorriu. O que fazer diante de tudo isso? Amava Lana, com todas as forças de sua alma, a queria, como nunca tinha desejado outra mulher, mas como permitir toda aquela avalanche de sentimentos? Lana era casada. Pedro era seu marido, o homem que ela havia jurado fidelidade e amor, até que a morte os separasse e ela estava ali na sua frente falando que a amava. O que fazer com essa informação?
Adriana não disse nada. O que dizer?
— Não vai me falar nada? Eu disse que amo você. Olhe para mim, olhe em meus olhos. Eu a amo. Nunca amei ninguém dessa forma, nunca amei meu marido dessa forma.
— Porque se casou com ele?
Lana suspirou profundamente. Seus olhos encheram de lágrimas e Adriana ficou sem jeito diante daquela situação e disse:
— Por favor, perdoe-me a indelicadeza. É que não sei o que dizer diante disso tudo. Não precisa me falar nada.
Lana deixou uma lágrima escorrer de seus olhos e falou:
— Não se preocupe, estou bem. Talvez seja bom falar um pouco dessa história minha, para que você possa entender e não me ter como uma pessoa vulgar na minha relação com meu marido.
— Oh! Não, por favor, não fale isso. Olhe. – Disse Adriana tomando seu rosto em suas mãos, o que fez o corpo de Lana estremecer com aquele toque. — Não a vejo dessa forma, nunca.
A proximidade do corpo de Adriana, no seu, o cheiro dela roubando sua respiração, o rosto de Lana ainda envolto pelas suas mãos, os olhos presos nos dela, Lana estava hipnotizada com tudo. A vontade que invadia aqueles seres, era a vontade do amor, desse sentimento que ia muito além do julgamento do que é certo ou errado.
As duas estavam inebriadas por tudo aquilo e Lana chegou seu corpo para mais perto do corpo de sua amada, Adriana suspirou tentando oxigenar o cérebro, não conseguiu. Lana juntou seus lábios aos dela, com suavidade, seu hálito quente e perfumado fez Adriana esquecer a resistência. Um beijo suave, o medo parecia querer interferir naquele contato, Adriana o espantou, Lana tomou sua mão, beijando com suavidade, envolvendo seu corpo em seus braços. E o beijo fez com que todo temor sumisse e as duas se amaram ali mesmo. O paraíso se fez naqueles corpos, em suas almas a sinfonia do prazer era regida pelo maestro chamado amor e elas ficaram abraçadas, tentando constatar que era real. Adriana acariciava os cabelos de sua amada, que sorria intimamente, aconchegada na maciez de sua pele. Ali não cabia recriminação, não era permitida a intromissão da culpa ou de qualquer preconceito.
— Você está bem? – Perguntou Adriana, quebrando o silêncio que pairava de forma mágica ali entre as duas.
— Sim minha amada. – Disse Lana osculando suavemente seus lábios com um beijo.
— Quer comer algo? Podemos pedir alguma coisa ou eu faço.
— Peçamos algo. Assim não te ausentas muito tempo de perto de mim. – Falou Lana esboçando um largo sorriso. – Era lindo aquele jeito de sorrir, pensou Adriana.
— Adriana, venha para cá. – Falou Lana sentando-se no sofá, onde Adriana também se sentou.
— Quero que saiba como se deu meu casamento. Bem... Eu conheci Pedro quando tinha treze anos, faltavam poucos meses para eu fazer quatorze anos. Minha mãe morreu, eu ainda era criança, contava dois anos de idade, logo em seguida meu pai se casou de novo e minha madrasta nutria imensa raiva por mim. Meu pai se vendo diante de toda aquela situação, resolveu me entregar para minha tia que morava na capital. Nós morávamos no interior do Piauí. Éramos paupérrimos e minha tia tinha condições de vida melhor, então meu pai juntou o fato da minha madrasta não gostar de mim, com o fato de não ter condições para me criar com as coisas que eu merecia, segundo ele e mandou morar com ela.
Adriana nada dizia. E Lana continuou seu relato, depois que tomou um gole de suco.
— Eu então fui para Teresina morar com a irmã do meu pai, que era casada. Ela tinha uma filha. O marido dela era um homem estranho, estava sempre me olhando, como se quisesse me abater. – Nesse instante ela limpou duas lágrimas que desceram.
Adriana já imaginou o que havia ocorrido e disse:
— Minha amada não precisa falar de coisas que acarretam tristezas.
— Eu sei que não, mas desejo lhe contar. Estou bem. – Disse Lana e continuou:
— Um dia minha tia havia saído e eu fiquei em casa, porque percebia que para ela não era agradável andar comigo. Eu era diferente delas, eram cultas e se vestiam muito bem. Eu era da roça, tinha poucas roupas, o estudo que eu tinha era quase nada comparado à qualidade das escolas que ela frequentava. Então nesse dia meu tio, o marido dela na verdade, bem... Ele começou a me assediar.
— Não sei bem como as coisas foram acontecendo, ele vivia me falando de morte, de que muitas meninas eram assassinadas ali na cidade. Fui ficando com medo. Um dia o marido da minha tia a convenceu de que era importante para as pessoas verem que ela me tratava igual a sua filha, afinal ele iria se lançar candidato a vereador da cidade e dizia não ser de bom tom para ele, essa diferença na família. Eu ouvi a conversa toda. Fiquei muito triste, mas já sentia que para minha tia, não era motivo de alegria a minha presença na casa dela. Então ele arrumou tudo e me matriculou na escola que minha prima estudava.
A comida chegou e Adriana levantou para receber e pagar. Lana ajudou com os pratos e elas foram para a mesa e jantaram. Lana mudou de assunto e elas relaxaram um pouco mais.
Terminada a refeição Lana continuou, queria que Adriana soubesse o motivo de seu casamento com Pedro.
— Então nessa escola eu conheci o Pedro, ele era quatro anos, mais velho do que eu, era filho de um senhor muito rico. Ele se apaixonou por mim. Estava sempre por perto, me protegia da minha falta de conhecimento da cidade grande, da diferença em que eu era tão exposta. Um dia me pediu em namoro, eu aceitei. Não o amava, mas ele havia se tornado importante para mim, ele era meu anjo protetor e eu me sentia muito sozinha. Nesse dia eu fui para casa, sentia um medo que eu não sabia precisar de onde ele vinha. A noite chegou e eu fui me deitar logo, meu tio ainda não havia chegado e isso me tranquilizou.
Adriana não queria ouvir aquela história, sabia aonde ela iria chegar, mas respeitou a necessidade de sua amiga falar e ouvia com atenção cada palavra.
— Já era tarde e eu levantei para tomar água, estava sedenta, a noite era quente. O medo ainda não tinha cessado e eu levantei com cuidado, colocando uma capa que cobrisse meu traje de dormir. Quando abri a porta do quarto, ai meu Deus. Ele estava lá, empurrou-me de volta para o quarto e me jogou na cama. Eu não consegui reagir, ele parecia ensandecido, começou a me beijar, segurando meus braços e ali sem que eu pudesse fazer nada ele me violentou. Depois me disse: — Não fale nada com a sua tia, lembre-se que muitas meninas morrem aqui na cidade.
Dos olhos de Lana as lágrimas desciam em profusão. Adriana a abraçou. Seu corpo tremia. Sua fala emudeceu por vários minutos e ela ficou ali, acolhida no calor daquele amor em forma de abraço.
Lana secou as lágrimas, olhou para a amiga e disse:
— Então depois desse dia, senti como se a vida tivesse acabado para mim. Eu ia fazer quatorze anos, dentro de cinco meses. Ele saiu do meu quarto e eu fiquei ali, a sede me devorava e eu levantei e tomei água, tive a impressão que tomava vinagre. A noite passou e eu não dormi, sentia como se qualquer hora ele fosse voltar e levantei várias vezes para conferir se eu havia mesmo trancado a porta.
— Meu Deus que coisa mais triste. – Disse Adriana com lágrimas que desciam de seus olhos.
— Minha tia voltou de viagem, já era tarde da noite, ela não percebeu nada, acho que ela nunca reparou em mim, então eu passei a evitar qualquer saída à noite. Passei a ter pesadelos durante o sono, achava que ele sempre voltaria.
— E você não contou para sua tia?
— Tive muito medo, ele havia falado que muitas meninas morriam na cidade e eu entendi que se falasse, ele me mataria ou mandaria alguém fazer, depois acho que minha tia nunca iria acreditar. Ela não gostava de mim.
— E como fez?
Lana parou um pouco, como se estivesse voltando ao passado e disse:
— O Pedro percebeu. Meu tio odiava a ele. Então ele me pediu em casamento e mesmo contra a vontade do pai dele, nos casamos quando eu fiz quatorze anos. Não teve festa, o pai dele era contra, afinal eu era pobre e ele era filho de fazendeiro e dono de concessionária. Essa é a minha história. Ele foi meu salvador. Pedro nutria por mim, algo desconhecido, sua paixão exacerbada por mim, às vezes, me incomodava, mas eu sempre o desculpava, ele era meu anjo da guarda, tinha me protegido da insanidade do marido da minha tia e me libertado de viver com elas.
Adriana não sabia o que dizer. Lana se aconchegou em seu abraço e ficou ali por alguns segundos, depois olhou em seus olhos e disse:
— Não o amo, eu nunca senti nada do que sinto por você, em relação ao meu marido, mas tenho gratidão a ele. Você entende?
— Sim minha querida. Eu entendo.
Lana disse:
— Eu queria ficar aqui hoje com você, mas acho que não é aconselhável, então vou para casa, já é tarde.
— Sim. Eu entendo. E acho que talvez também não seja aconselhável.
Adriana acompanhou Lana até o carro e as duas se despediram com um abraço e ela seguiu para casa.
No carro o homem a seguiu, falando ao celular.
— Ela saiu da casa da moça. Despediram-se com um abraço, nada demais.
Fim do capítulo
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