CapÃtulo 1
Frio do Natal
O dia acabava. O sol despedia-se do universo, trazendo uma garoa fina e Adriana caminhava pela calçada sentindo a tristeza assolar seu coração.. “Essa garoa fria me traz imensa saudade do aconchego dos seus braços, minha amada”, - pensou Adriana suspirando profundamente, abrindo a porta de seu apartamento onde tudo era solidão sem a presença da mulher amada.
Tudo lá fora denotava alegria. As pessoas sorriam, conversando animadas trazendo seus presentes. Os namorados abraçados trocando beijos e juras de amor. Mas no coração de Adriana, tudo era saudade. O vazio era imensurável e seu corpo parecia sentir a dor que oprimia seu coração. Seu viver estava vazio sem a companhia de Lana. Ela havia partido para sempre, a morte inexoravelmente havia feito a mudança de sua amada para outro lugar, sem sequer lhe pedir permissão.
“A morte é algo inaceitável, embora todos saibam que é o fim da raça humana. Meu Deus, como conviver com essa realidade tão dorida e tão incontestável?” Adriana se perguntava sem obter a resposta Dele. As lágrimas desciam pelo seu rosto como azorrague, e ela olhava pela janela, recordando as noites felizes de natal que havia passado a o lado da mulher que tanto amara. Sentindo em seu coração que havia nascido de novo, depois do amor de Lana.
Adriana levantou-se pegando uma taça e colocando nela um pouco de vinho, precisava aquecer o frio que sentia com os pingos da chuva e com a saudade que ainda macerava seu coração. E sorveu vagarosamente o líquido, recordando as noites que o vinho adocicava ainda mais o amor entre ela e a mulher amada.
Já era tarde da noite quando Adriana subiu as escadas em direção ao seu quarto, deitou e fechou os olhos, respirando profundamente, buscando no ar a desopressão do seu peito. Abraçou-se com o travesseiro, desejando o abraço de Lana, desejando o corpo de sua amada ali perto do seu, mas nada mais ali restava dela. Sentia falta do sorriso solto da mulher amada, das conversas partilhadas e de tudo o que havia vivido ao lado de sua companheira.
Com os olhos nublados pelas lágrimas que desciam, ela se entregou mais uma vez, às recordações daquele amor, que nem mesmo a morte havia destruído.
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Era véspera de natal e Adriana andava pelas lojas, em busca de presentes, no desejo de encontrar algo bonito e sem ter que gastar tanto, para levar aos sobrinhos ao anoitecer naquela chegada do natal.
A loja de brinquedos ainda estava lotada, embora já fossem dezoito horas e ela era uma das pessoas que ajudava encher aquele espaço. Queria alguma coisa boa e barata, amava seus sobrinhos, mas tinha constatado que o cuidado com os brinquedos não era uma qualidade deles e queria evitar gastos desnecessários.
As três vendedoras estavam ocupadas, quando uma jovem apareceu dizendo:
— Olá posso ajudar?
Adriana ficou extasiada com a beleza da mulher, a fala dela atingiu seu ser de uma maneira única em toda sua existência até ali, fazendo com seu coração acelerasse de maneira quase dolorosa.
Lana era morena, olhos verdes, lábios carnudos e bem pintados com um tom suave do batom rosa. A maviosidade da voz da mulher fez Adriana respirar com vigor, buscando sair do torpor que havia sido imergida e disse:
— Sim, pode sim, eu acho. Desejo brinquedos bons e baratos. – Ela sorriu, Lana sorriu, “que sorriso lindo!” Adriana pensou.
— Tenho exatamente o que precisa, venha comigo.
Disse a mulher tomando à mão de Adriana, levando a para outro compartimento da loja. O toque aveludado da mão de Lana fez o ser de Adriana estremecer, causando nela um forte rubor.
— Minha nossa quantos brinquedos. Vamos ver se consigo me decidir. – Falou a mulher buscando encobrir a emoção sentida.
Lana mostrou diversos brinquedos e ela escolheu o que achou que era melhor.
— Muito obrigada, não teria conseguido sem sua ajuda.
Lana sorriu e disse:
— Foi um prazer ajudar.
Adriana ficou por alguns instantes sem saber o que fazer, sentindo a imperiosidade do momento, buscando entender o que sentia com a presença daquela mulher desconhecida.
— Bem... Fico imensamente agradecida pela preciosa ajuda, - disse Adriana com esforço hercúleo.
— Vou lhe dar meu cartão, caso precise de mais alguma coisa, só me procurar. Sou a dona da loja, meu nome é Lana.
— Ah sim, é sempre bom. Obrigada pela ajuda. Sou Adriana Vasconcelos.
— Feliz natal para você. – Lana disse, abraçando Adriana, que estremeceu novamente, com o cheiro que exalava do corpo da mulher.
Adriana saiu e Lana ficou ali parada olhando para ela. De onde a conhecia, - ela pensou. Quem era aquela mulher? Que sensação estranha ela tinha lhe causado, sentiu prazer no abraço de uma mulher desconhecida, na conversa com ela, um prazer diferente de tudo. Nunca a tinha visto, sabia disso, mas a conhecia, o coração lhe dizia isso. Mas de onde? Não sabia.
— Que seja cheio de luz e paz. – Disse Lana como se desejasse retardar a hora da despedida.
— Para você também. Feliz natal.
Adriana entrou no carro e seguiu para sua casa, sua cabeça estava fervilhando, o cheiro do corpo de Lana estava impregnado no seu, o calor dos lábios dela ainda estava em seu rosto e ela foi para o banho, precisava se arrumar, já estava quase na hora de ir para a casa de seu irmão.
Vestiu uma saia azul celeste, comprida, aberta dos lados, colocou uma blusa branca de seda, calçou uma sandália rasteira e seguiu para a casa do irmão.
No jardim da casa havia um grande pinheiro, que enfeitado com bolinhas coloridas e pisca-pisca, era uma belíssima árvore de natal. Na grande área várias mesas forradas com toalhas de seda vermelha e branca. A fonte exibia pequenas luzes que acendiam e apagavam enchendo de beleza e alegria os olhos dos convidados.
Hernandes levantou indo em direção de Adriana que sorridente se entregou ao abraço carinhoso do irmão, que a beijou repetidas vezes no rosto dizendo baixinho.
— Não desapareça dessa maneira, sabe que te amo.
Ela não disse nada, osculando seu rosto com carinho.
Adriana depois que cumprimentou a cunhada e os sobrinhos, que a cobriram de beijos e reclamando da falta que ela fazia, entregou os presentes que havia comprado e seguiu em direção à mesa onde estava Martinha sua grande amiga, que se levantou indo abraça-la.
— Está linda! Quantas saudades de você.
Adriana sorriu e agradeceu.
— Eu também sinto saudades de você. Como está?
— Bem e você?
— Estou bem.
— Quero lhe apresentar Suzana. – Disse Martinha, estendendo a mão para a bela mulher que sorrindo aquiesceu. E levantou exibindo a beleza de um corpo que fazia um par perfeito com o sorriso.
— Muito prazer. Martinha fala muito em você.
— O prazer é meu. – Disse Adriana sorrindo.
— Drica, sente-se aqui conosco. – Disse Martinha, chamando Adriana pelo apelido.
Adriana sorriu e aceitou o convite. Martinha era sua amiga, havia sido sua primeira namorada, viveu com ela uma grande amizade, no desejo de encontrar o amor, mas com o tempo percebeu que a amizade era o que existia e finalizou a relação, preferindo a solidão.
O movimento na casa de Hernandes cessava, já era quase meia noite quando Adriana olhou para a entrada e não podia acreditar no que via. “Meu Deus é ela! Lana!” Pensou Adriana sentindo seu corpo inteiro estremecer.
A mulher entrava trajando um vestido amarelo, justo no corpo, exibindo uma cintura fina, quadril largo e pernas bem torneadas. Usava uma sandália preta de salto alto, os cabelos negros cobriam metade de suas costas. O perfume que exalava de seu corpo invadiu as narinas de Adriana, como se ali não existisse mais nenhum outro cheiro.
Lana seguiu em direção a mesa onde estava Hernandes que se levantou tomando a mulher num abraço efusivo, depois abraçou com a mesma intensidade o homem que ela segurava pela mão. Depois Valéria cumprimentou os dois com imensa alegria e sentaram-se todos.
Adriana respirou profundamente, sem conseguir esconder a emoção da qual havia sido tomada e Martinha perguntou:
— O que houve Drica, ficou lívida de repente? Aconteceu alguma coisa?
— Oh não, só uma pequena vertigem, acho que advinda da dieta. – Ela riu sem graça.
Depois de alguns minutos Hernandes pediu licença seguindo para a mesa onde estava à irmã, tomando a pela mão a levou até a mesa e sorrindo disse:
— Pedro essa é minha irmã, Adriana.
— Olá, muito prazer, Hernandes fala muito em você.
— O prazer é meu. – Disse Adriana sentindo grande mal estar com o toque da mão dele.
— Essa é Lana a esposa de Pedro, essa é minha irmã. – Disse Hernandes apresentando as duas.
— Muito prazer Adriana. – Disse Lana exibindo largo sorriso, estendendo a mão para a jovem mulher, sem mencionar que já se conheciam.
— O prazer é meu. – Adriana também sorriu, “como a vida é surpreendente, nunca pensei que a veria aqui nessa noite.” Ela pensou, também omitindo o fato de já se conhecerem.
O encontro dos olhos denunciava e emoção que brandia naqueles corações que não conseguiam entender o motivo. Os lábios silenciosos ocultavam de todos, a comoção ali reinante.
Meia-noite soou e todos se felicitaram pelo natal. Lana foi ao encontro de Adriana que percebendo seu gesto se levantou e as duas se abraçaram e Lana disse ao seu ouvido.
— Que alegria estar aqui com você.
Adriana sentiu seu corpo arrepiar, a voz dela ao seu ouvido, o cheiro do seu perfume, a proximidade de seu corpo, que parecia denunciar prazer com o aconchego do abraço, “meu Deus, o que estou imaginando?”
— Feliz natal. – Disse Adriana se reprendendo pelo pensamento.
— Desejo o mesmo para você. – Disse Lana beijando suavemente o rosto de Adriana que sentiu sua pele suave arder.
A noite estava linda, os fogos colorindo todo o céu descendo como cascatas de luz. Adriana levantou se dirigindo ao banheiro.
— É você? – Perguntou Adriana vendo a imagem de Lana lindamente refletida no espelho.
— Decepcionada? – Perguntou Lana sorrindo.
Adriana se virou, encostando-se a pia, Lana se afastou um pouco, seus olhos verdes fixados nos de Adriana deixava a imensamente perturbada.
— Não é isso. Só não esperava.
Lana não disse nada, seus olhos estavam cravados nos de Adriana, fazendo uma investigação de onde a conhecia, mas foi em vão.
— Você está precisando de algo? Digo, está sentindo alguma coisa? Posso ajudar?
Lana ficou parada em frente à Adriana, parecia ter perdido todos seus movimentos, tomou seu rosto com suavidade entre suas mãos e disse:
— Desculpe-me, não é nada, é que tenho a impressão forte que conheço você de algum lugar. Seu jeito, sua fala, tudo isso me parece muito familiar. Perdoe-me. Eu estou bem, não estou precisando de nada, obrigada.
Disse isso e ia saindo quando Adriana saiu do torpor, tomando sua mão suavemente e disse:
— Por favor, não tem porque se desculpar, a verdade é que sinto a mesma coisa, desde quando adentrei a sua loja. Sinto como se você fosse cara para mim, algo que não sei ao certo definir. Perdoe-me também. Vamos. O tempo nos mostrará de onde nos conhecemos, se isso for preciso.
Lana sorriu e saiu, seguindo para a mesa onde estava Pedro.
Passado algum tempo, Hernandes levantou-se indo em direção a mesa onde Adriana estava e disse:
— Querida eu vim roubar você de novo para nos fazer companhia, Lana deseja lhe conhecer melhor. Com licença Martinha, fique à vontade, você sabe que está em casa.
Lana sentiu imenso prazer com a presença de Adriana ali na mesa. Os olhares delas se encontravam, vasculhando no mais recôndito de seus seres, de onde se conheciam e qual o significado de tamanha emoção irrompida de forma única na vida das duas mulheres.
A noite acabou e todos se despediram, Lana abraçou Adriana e disse ao seu ouvido:
— Cuide-se. Tem meu número, caso deseje conversar, me ligue, será motivo de muita alegria falar com você.
Ela não respondeu, Valéria vinha chegando e abraçando Lana seguiram para a porta, despedindo se com beijos.
Adriana seguiu para seu apartamento, sentindo o coração confrangido pelo sentimento desconhecido e intrigante que macerava seu ser, chegando tomou banho, vestiu-se e foi dormir, já era tarde e ela demorou adormecer.
Era domingo e ela levantou tarde, sentia-se cansada com toda a comemoração da noite anterior, em seu celular havia mensagem de seu irmão, chamando a para almoçar, mas Adriana não queria ir e virou para o lado e adormeceu, sentindo-se exaurida.
Já era meio dia quando ela se levantou, tomou banho, vestiu um short jeans, colocou uma blusa e atendeu o celular que tocava insistentemente, era seu irmão.
— Oi querido, como está?
— Drica venha para cá, o almoço vai ficar uma delícia. Convidei Pedro e Lana e ela perguntou se você viria.
Adriana respirou, Lana estaria lá de novo. Queria ficar mais ao seu lado, sem pensar em mais nada, ela respondeu:
— Está bem, eu irei.
Falando assim ela levantou, subiu as escadas que levava ao quarto, mudando de roupa, pegou a chave do carro e seguiu para a casa de seu irmão.
Meia hora depois que Adriana chegara, Lana entrava indo ao encontro dela, depois que havia cumprimentado Valéria e Hernandes, deixando Pedro envolto na conversa com o anfitrião.
O cheiro da mulher adentrou as narinas de Adriana, que foi tomada num abraço carinhoso e demorado.
— Como você está Lana? – Disse Adriana sentindo delicioso aconchego no calor dos braços da mulher que era intenso mistério.
— Estou bem e você como passou de ontem? – Disse Lana se afastando do corpo de Adriana, sentindo o seu estremecido com a proximidade.
— Bem. – Respondeu Adriana abruptamente, percebendo que Pedro as olhava de soslaio.
O almoço foi servido.
Lana revirava seu mundo interno tentando entender o que sentia por Adriana. Sua presença enchia de alegria seu coração, sentia um amor inexplicável considerando que a havia conhecido no dia anterior.
A fala de Adriana chegava aos seus tímpanos como se fora o cântico dos pássaros e ela sentia extasiada com o sorriso raramente exibido nos lábios carnudos da mulher.
O sol estava quente e a piscina convidava ao banho, Pedro, Hernandes e outro homem falavam de negócios sentados a sombra de uma árvore, Valéria estava entretida com a esposa do outro senhor ao qual Adriana havia esquecido o nome.
— Vamos para a piscina? – Disse Lana estendendo a mão para Adriana que se levantou da grama e seguiu com ela, evitando o contato de sua mão.
— A água está maravilhosa. – Disse Lana que mergulhou primeiro.
— Sim, - disse Adriana depois do segundo mergulho, — mas não nos esqueçamos do protetor solar, o sol a essa hora é prejudicial.
Adriana pegou o protetor e ia passando quando Lana disse:
— Deixe que eu passe em você, depois passa em mim, assim fica mais bem espalhado.
Adriana entregou o protetor e Lana passou suavemente em suas costas, fazendo com a mulher sentisse o corpo rebuliçado, com o toque macio de suas mãos. Buscando sair daquele contato, Adriana se afastou, alegando cuidadosamente, para não ferir a suscetibilidade da mulher, que estava bom. Estendendo a mão para Lana, ela pega o protetor e com cuidado espalha nas costas de Lana.
— Meu Deus! – Lana deixou escapar de seus lábios o murmúrio, o que fez Adriana dizer:
— O que houve? Machuquei você?
— Não, de forma alguma. – Lana disse isso se virando para ela.
— Desculpe-me Adriana é que tudo isso é tão estranho, ontem falei com você que sinto que a conheço e isso se intensificou hoje, sinto uma coisa estranha, como se você fosse imensamente importante para mim. O seu toque agora na minha pele, aumentou essa sensação. Não sei o que é isso, mas sinto que a conheço de onde, não sei.
— Sinto a mesma coisa. E para mim é muito difícil porque nunca senti isso por mulher nenhuma... – Adriana parou de falar.
— Você é lésbica? Ai desculpa, não queria ser indiscreta.
— Não se preocupe com a pergunta. Sim, eu sou. Mas sei respeitar, não se preocupe.
— Sim eu sei que sim, bem... Eu não sou, eu sou casada com um homem, mas o que sinto por você me deixa desconcertada, porque é algo que eu nunca senti. Talvez esteja confundindo meus sentimentos, não sei o que sinto ao certo.
— Eu entendo. Não se angustie, seremos boas amigas. Muitas vezes os sentimentos ficam confusos dentro de nós, mas o tempo vai colocando tudo no lugar devido. Agora falemos de coisas mais amenas.
Lana sorriu. Sim, ela tinha razão, era melhor falar de coisas mais simples, porque tudo em seu ser era uma imensa confusão e ela não saberia explicar aquela avalanche que desmoronava sua vida.
— O que você faz Adriana, digo em que trabalha?
— Sou assessora de um deputado.
Lana sorriu e disse:
— Nossa que coisa mais interessante.
— Nada disso, é um trabalho comum, mas gosto de trabalhar com ele, é um senhor bacana e luta para permanecer honesto.
— O que não é fácil, não é verdade?
— Sim, não é mesmo, diante de tudo isso que virou a nossa política. E você Lana, é dona daquela loja? Muito linda.
— Sim. Obrigada.
— É muito bonita e com a sua ajuda à decisão de compra vem mais fácil.
— Isso facilita para o cliente, que consegue se decidir com mais agilidade.
— Com certeza, eu teria demorado muito mais tempo sem a sua ajuda.
A tarde passou rápida e o dia acabou. Todos se despediram, Lana abraçou Adriana e disse:
— Posso te ligar?
— Sim, claro. Anote o meu número. – Disse Adriana um pouco desconcertada.
E o abraço se fez mais uma vez entre aqueles corpos que desejavam ficar ali por mais tempo.
Adriana despediu-se e seguiu para casa. Chegando lá, tomou banho, ficou enrolada na toalha deitada na cama, pensando. A imagem de Lana não saía de sua mente. Algo gritava dentro dela, que o amor havia atingido seu coração e ela exortada pela razão, gritava que isso não poderia ser, “Lana é uma mulher casada.” Contestava a insanidade que seu coração pontuava.
Ligou a televisão de seu quarto no intenso desejo de se refugiar daqueles pensamentos. Olhava para o filme e não conseguia entender, desligou o aparelho e fechou os olhos, pedindo a Deus, que apagasse da sua mente aquela imagem, que a livrasse daquele entrave que haviam travado seu coração e sua razão. E depois de muita peleja ela adormeceu.
Era segunda-feira, a tarde caía e o sol tingia o universo com seus raios coloridos, pintando o mais belo quadro, pela natureza. Adriana seguia para casa, quando seu celular tocou, era Lana, ela atendeu:
— Oi...
— Oi Adriana, desculpa ligar, bem... É que senti imensa vontade de falar com você.
— Por favor, não me peça desculpas. Não tem motivo para isso. Fico feliz por ter me ligado, como você está?
— Estou bem, eu acho. Não sei ao certo, pensei tanto em você hoje, ontem, agora.
Adriana ficou muda, seu coração acelerou ouvindo aquilo, tentou falar alguma coisa, mas não saiu nada e Lana disse:
— Adriana você está me ouvindo?
— Sim querida, eu estou ouvindo.
— Bem... Era isso, queria te ouvir um pouco, saber se está bem e dizer: que eu sinto saudade, parece absurdo, mas eu sinto. Tchau.
— Tchau.
Foi o que Adriana conseguiu dizer. “Droga”, - ela pensou, — “porque não disse que também sentia saudades, que a queria bem? Não posso, ela é casada e eu não quero isso para a minha vida”.
Chegou a casa e tomou banho, ligou o som, colocou uma música de Marisa Monte. Abriu a geladeira pegou a garrafa de vinho colocando numa taça e sentou-se no sofá, tomou um gole, sentindo todos os músculos de seu corpo trêmulos.
A música falava de saudade, falava da ausência, da falta que o amor fazia na vida de alguém e ela ficou ali ouvindo e pensando naquela mulher que tinha invadido todo seu ser, sem ao menos pedir licença.
A noite já ia alta quando Adriana conseguiu dormir. O dia amanheceu e ela foi ao trabalho. Sentia-se cansada, sem vontade de ir, queria ficar em casa, apagar de sua vida aquele dia em que adentrou aquela loja, queria esquecer o amor que tomava conta dela daquela maneira.
Mas não podia, tinha que ir ao trabalho isso iria ajudar esquecer um pouco a imagem de Lana, precisava esquecer tudo, lembrar somente que ela era uma mulher casada, nada mais que isso, ela era casada e ela, não se disporia jamais em ser amante ou trair alguém.
Pensando nisso lembrou-se de Pedro, sentiu algo estranho, medo, tristeza, ele despertou nela sentimentos díspares e ela pediu a Deus que afastasse dela tudo o que lembrava Lana, pediu a Deus que ela não fosse instrumento de nenhuma discórdia naquela relação. Não sabia por que, mas precisava esquecer.
Fim do capítulo
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olivia
Em: 21/11/2018
Edy minha amada autora, descobri esse conto por acaso , mais é lindo de mais! Apaixonei, que surpresa boa ! Eu não sou chegada Natal , resolve ler por que é você que escreveu ,,no primeiro capítulo já estou babando imagina o próximo! Parabéns,leitura que prende a atenção da gente!! Um grande beijo !!!!??‘???‘???‘???‘?????????
Resposta do autor:
Olívia que alegria queridona! Fico super emocionada com seus comentários. Eu gosto muito dessa história, nossa! E espero que goste do desenrolar dela.
E para mim é motivo de muita alegria saber que essa história lhe prendeu a atenção.
Beijos e vá me presenteando com seus comentários que muito me alegra.
Beijo carinhoso.
cidinhamanu
Em: 08/05/2018
@ Edy Tavares Eu sempre te entendo amore, sei como nossa vida de gente grande acaba nos afogando em responsabilidades...
Sempre que possivel estarei aqui para te dizer o quanto suas palavras e ideias me deixam feliz em ler...
Continue nos inspirando com suas histórias e alegrando com seu talento, que a cada vitória sua estaremos aqui te apoiando sempre. Que venham mais histórias, livros físicos e tudo que a vida literária possa te oferecer, pois merecimento você tem de sobra...
Beijo no coração.
Cidinha.
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cidinhamanu
Em: 08/05/2018
Olha ela aí!! Que bom que voltou Edy e repostando a primeira história sua que eu me apaixonei lendo o 1º capítulo...
Você escreve com a alma e sou apaixonada por suas obras. Elas me tocam profundamente, me fazem rir, chorar e de vez em quando me fazem querer te matar também, kkk.
Você é maravilhosa e já te falei, mas vou repetir... Você torna o mais açucarado dos clichês românticos em algo novo sem perder a essência da magia do amor...
Você trata de temas polêmicos e profundos, com uma leveza surreal... Nos remetendo a interiorização de nossos sentimentos e emoções, nos permitindo quebrar alguns paradigmas enraizados e por vezes imperceptíveis... Alguns deles tão camuflados que nem sabíamos que lá estavam...
Pois é impossível escolher uma única obra sua. Parabéns pelo seu talento e sua inspiração pra escrever essas maravilhosas obras primas. Obrigada por doar um pouco do seu tempo, nos proporcionando diversão.
Amo sua amizade, amo suas palavras, amo suas histórias, amo suas réplicas e tréplicas (como dizem algumas amigas, fazemos uma outra história nos comentários)... Enfim, AMO VOCÊ!
Bjus querida e obrigada por ter voltado!! Cidinha.
Resposta do autor:
Nossa Cidinha que emoção!!! Meu Deus você me fez vibrar de alegria, obrigada mesmo! Olha, eu estou escrevendo uma história maravilhosa, um pouco mais hot... kkkkkk... com algumas ceninhas gostosas de amor, estou ousando um pouco, rssss.... Vou reorganizar algumas outras, buscando melhorar e volto a postar, como VIDAS TRAÍDAS e A coragem do Amor. Mas, assim que terminar a inédita eu postarei aqui. Olha, você não tem noção da alegria que me proporcionou com o seu comentário, minha nossa! Gratidão pelo carinho!
Beijos.
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