CapÃtulo 35
-- Dona Ada, por favor, leve estes documentos para Joaquim e peça que leia, eu quero uma resposta ainda hoje para fechar este contrato.
-- Doutora Cristina... - estava nervosa.
-- Sim. - olhou para a secretaria com um olhar gélido e uma expressão fechada.
-- O senhor Alécio gostaria de falar com a senhora, posso encaixa-lo em sua agenda?
-- Não conheço este homem... - olhou para algum ponto da sala na tentativa de lembrar quem poderia ser. - Definitivamente não o conheço. Ele disse o assunto?
-- Ele é um dos compradores. O doutor Joaquim analisou o contrato e autorizou.
-- Joaquim o que? - vociferou - Ele não tem autonomia para isso aqui dentro. - entrou em sua sala para imediatamente sair - Daniel sabe a respeito disso?
-- Ele ainda não retornou da fazenda de Goiás, ele e seu José estão inspecionando a entrega do gado shorthon.
-- Ainda mais essa... – revirou os olhos, levantando as mãos para os céus. Melissa viu que a escolha feita tinha o valor superior ao da raça sugerida por ela e o gado não superava a qualidade da carne. - Vou até a sala de Joaquim. - saiu em disparada e com a expressão de pouquíssimos amigos, os funcionários perceberam, e saiam imediatamente da frente, todos conheciam bem o temperamento da morena, ele superava em disparada o temperamento do seu pai. Encontrou a porta fechada, quando foi abrir ouviu a voz da secretária informando que ele estava em uma ligação e "sugerindo" que ela aguardasse. Não foi necessário uma única palavra, apenas o olhar azul gélido foi o suficiente para a pobre mulher se encolher e ignorar a presença daquela mulher alta. Melissa entrou e jogou vários papéis na mesa do moreno que ao vê-la, livrou-se do telefone.
-- O que é isso, minha querida? - perguntou se levantando.
-- Quem lhe autorizou a fechar o negócio com aqueles compradores com um valor tão abaixo do mercado?
-- Conversei com Daniel e ele achou melhor, levando em consideração a encomenda e...
-- Quando foi isso? - interrompeu.
-- Ontem no final da tarde. - respondeu calmamente.
-- Desfaça o negócio, não assinarei nada.
-- O QUE? – ficou surpreso.
-- Desfaça não me ouviu? - respondeu com os braços cruzados e um olhar aterrorizador.
-- Não posso... Seu pai autorizou. - tentou se justificar.
-- Joaquim, eu não sei por que cargas d´água meu avô forçou meu pai a aceita-lo aqui, tendo em vista que você trabalha com importação e exportação... - abriu os braços e se apoiou na mesa onde o moreno acabava de cair sentado - Mas aqui, neste frigorífico, as coisas funcionam como EU quero na ausência do meu pai. Qualquer acordo ou contrato deve ser avaliado por mim, e depois decido se aceito ou não.
-- Falei com Daniel ontem, ao final da tarde e ele autorizou, só liguei para o comprador e pedi que se dirigisse a você para fechar o contrato.
-- Não vejo Daniel aqui. - respondeu olhando ao redor - Ah, ele está em Goiás, isso quer dizer que EU estou no comando. Desfaça o acordo, e se ele ainda quiser discutir números, venha até mim. Entendeu ou preciso explicar mais?
-- Cris eu não queria...
-- Entendeu?
-- S..si..sim.
-- Rasgue esta porcaria, não vou assinar. - jogou os papéis sobre o homem e saiu.
"Devo ser masoquista, quanto mais ela me maltrata, mais eu a amo, e agradeço por ser tão rica". - pensou ainda atordoado com a invasão.
Melissa retornou a sua sala, e quando entrou, deparou-se com Isadora, sentada em um sofá, lendo algum livro.
-- Estudando? – sorriu e beijou a cabeça loira.
-- Vim fazer algumas entrevistas para a pesquisa de um trabalho da faculdade aqui perto, resolvi fazer uma surpresa.
-- Almoçou? – escorou-se em sua mesa e cruzou os braços.
-- Ainda não. – mirou os olhos azuis - Alguma coisa em mente?
-- Poderíamos sair para almoçar. – piscou o olho e lançou um sorriso.
-- O que aconteceu? – levantou-se e foi até a morena – Conheço essa carinha e ela me diz que tem alguma coisa errada. – Melissa beijou o topo da cabeça de Isadora e saiu em direção a sua cadeira.
-- Papai me deu autonomia de gerenciar os negócios na ausência dele, no entanto, toma uma postura que não condiz com a liberdade e confiança delegada a mim.
-- O que aconteceu?
-- Primeiro ele fez a escolha de um tipo de gado que eu havia desaconselhado, e ontem, autorizou pelo telefone um contrato para fornecimento de carne vinte e cinco por cento abaixo do valor, apenas pela quantidade, mas se pesarmos na balança, vai sair igual ao que poderíamos ter em uma venda normal, – olhou Isadora e concluiu – sem lucros.
-- Isso você conversa e resolve depois, a assinatura do contrato pode esperar por ele.
-- Eu posso assina-lo, mas não vou. – respondeu decidida – Mandei que Joaquim desfizesse o acordo e voltasse atrás.
-- Nossa! Ele deve ter ficado irritado, imagina o que isso vai doer naquele ego imenso. – sorriu e ao perceber a expressão da morena, ficou seria. – Como ele fechou um acordo sem autonomia para isso?
-- Simples, ligou para papai e ele autorizou, esquecendo-se da idiota aqui. – respondeu com pesar e foi envolvida nos pequenos braços da loirinha – Acho que se eu fosse um homem ele me levaria mais a sério. – desabafou.
-- Não fala assim, ele ama você e adora tê-la aqui.
-- O incrível disto tudo é que meu pai não confia plenamente em mim, e meu avô, com todos os problemas que temos, assina em branco e oferece uma confiança inafiançável. – voltou a se fixar nos olhos verdes – Acredita que nesta história de compra do gado, ele foi acompanhando papai, mas não fez a compra para ele? Esta compra é exclusiva de papai, ele prefere ver o andamento da situação e só então ter uma posição. Ele confiou na minha palavra Isa.
-- Seu avô sempre teve uma adoração por você, isso é indiscutível.
-- Por que meu pai não me dá este crédito? – baixou a cabeça com os olhos cheios de água.
-- Vem cá meu bebê grande. – abriu os braços e acolheu a mulher mais alta – O importante é a pessoa que você se transformou minha linda.
-- Pena que me transformei e meu pai não percebeu isso. – choramingou nos braços da loirinha.
-- O que você acha de sairmos agora, almoçarmos em um lugar bem legal e depois passarmos à tarde, assim, juntinhas? – beijou o colo descoberto. Melissa olhou dentro dos olhos verdes e sorriu de lado, de uma forma extremamente sexy.
-- Isso parece legal. Será que tem uma chance de ter uma massagem e muitos beijos? – balançou as sobrancelhas.
-- Cem por cento de chances. – sorriu antes de ser mais abraçada e beijada. As duas estavam completamente entregues uma nos braços da outra, quando, de repente, a porta foi aberta.
-- Ops! – disse surpreso após flagrar as duas mulheres aos beijos.
-- Não lhe ensinaram a bater a porta ou pedir para ser anunciado pela secretária? – perguntou levantando a cabeça após ter o beijo interrompido.
-- Desculpe gente, não tinha ninguém lá fora, e não imaginei que vocês estivessem usando o escritório para...
-- Não completa a frase Joaquim, antes que eu perca de vez a minha paciência.
-- Calma Melissa. – Isadora pediu.
-- Cristina, eu realmente não tive a intenção... – estava com um misto de vergonha e raiva – Não tem ninguém lá fora, acho que a sua secretária foi almoçar.
-- Batesse a porta... – estava com pouquíssima paciência.
-- Tudo bem Joaquim. – tentou acalmar mais a tensão – Nós duas estávamos de saída e acabamos esquecendo onde estávamos. – o homem parecia não querer ouvir as explicações da loirinha e ignorou.
-- Cris, eu só preciso conversar com você sobre o que aconteceu...
-- Joaquim... – havia perdido por completo a paciência com o moreno.
-- Mel, por favor, este é seu trabalho. – pediu após puxar o rosto da morena para si.
-- Tudo bem. – respirou fundo – Estávamos de saída, depois nós conversamos. – foi em direção à porta e apontou para fora – Agora se era só isso, você pode sair para que eu possa me recompor?
-- Cla... claro. – saiu deixando as duas mulheres sozinhas – “Loirinha irritante! Era para eu estar com você meu amor, e não esta cadela”. – pensou após deixar a sala.
-- Alguma dúvida que vovô terá a confirmação ainda hoje? – caiu sentada em uma postura de derrota.
-- Agora não podemos mais voltar atrás. – afagou a cabeça escura, depositando um beijo em seu topo. – Vamos enfrentar de cabeça erguida, não estamos fazendo nada de errado, até porque ele já tem a certeza, desde a sua formatura. – Isadora agia com segurança, mas, na verdade, ela tremia por dentro.
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-- Vai a maior galera Isa, este é o último ano do nosso curso, depois que nos formarmos adeus, vai ser difícil reunir todos.
-- São apenas três dias Isinha. – insistiam seus amigos de curso que pretendiam participar do carnaval no Rio.
-- Não sei gente, antes preciso conversar com Melissa.
-- Então vocês realmente é um casal? – perguntou Edgar ainda em dúvidas.
-- Ah não! Poxa Edgar, todo mundo fala de Júnior, mas esta ele já matou faz tempo. – respondeu Rosa, mais uma das amigas de curso.
-- Eu sempre fui discreto, nunca me interessei pela vida alheia.
-- Então você pode arrumar outra profissão Edgar, porque nós, praticamente, falaremos não só da vida, como da cidade, profissão, país alheio. – foi à vez de Flávio intervir sorrindo.
-- Gente, por favor, não discutam. – Isadora pediu – Eu vou conversar com Mel, vou tentar convencê-la. – pensou por um minuto – Não tem um rodeio ou coisa parecida? – perguntou com um dos olhos fechados e fazendo uma careta.
-- Rodeio?
-- Sim, rodeio com cavalos, música sertaneja, coisas assim. – explicou.
-- Melissa gosta disso? – perguntou Rosa.
-- Sim. – respondeu vencida.
-- Negocia então: ela vai ao carnaval e depois você vai ao rodeio.
-- Primeira vez que você fala alguma coisa de útil esta semana Edgar. – concluiu Flávio.
-- Tudo bem. – foi à vez de Isadora encerrar o assunto.
À noite, após o jantar, Isadora foi até o escritório de Melissa para propor o passeio no carnaval, ela explicou os planos dos amigos.
-- Carnaval? Isso é ruim! – afirmou com um careta. – Gente suada, grudenta, música ruim, ui! Isso é perigoso. – constatou com uma expressão assustada.
-- Melissa! Sabia que você gostava quando éramos adolescentes?
-- Nunca gostei, apenas suportava.
-- Sério? Quem chegava lá na escola toda empolgada esperando ficar com algum garoto? – perguntou com a voz em tom de ciúme.
-- Não é que gostasse, era algo ao qual era obrigada, isso é diferente.
-- Obrigada Melissa? – colocou as mãos na cintura.
-- Sim, todos sabem como odiava isso. – pensou um pouco e concluiu – Com exceção daquele carnaval maravilhoso que você ficou comigo. – sorriu com malícia, puxando Isadora para perto do seu corpo – Meu cavalheiro mascarado. – beijou o pescoço da loirinha.
-- Tem certeza que só gostou deste carnaval? – segurava um sorriso vitorioso.
-- Absoluta. Dancei com a mulher mais linda e gostosa da festa, e depois, ainda tive o brinde de vê-la nua, no banho, com estes pelinhos dourados me chamando. – recebeu um afago no rosto.
-- Então você não me ajudou a baixar a febre naquele chuveiro? Sua verdadeira intensão era me ver nua? – perguntou com a voz rouca e repleta de desejo.
-- Lógico! Uni o útil ao agradável. – sussurrou no ouvido de Isadora, passando a língua depois. – Bem que eu poderia ter outra amostra dos pelinhos loiros novamente. – beijou e mordiscou o lóbulo da orelha loira.
-- Hum, estes pelinhos ficariam maravilhosos suados com a união do calor do Rio, e o fervo do carnaval, além do mais, depois poderíamos ir à praia, aproveitar e ficar na água, coladinhas... – foi a sua vez de beijar e mordiscar o lóbulo da orelha de Melissa – ...dançar bem juntinhas... Hum, o que você acha? – usou uma voz rouca, suave e cheia de desejo.
-- Quero, mas você vai ter que realizar tudo isso, aceita? – respondeu em sussurros.
-- Aham, acordo feito. – Melissa ergueu Isadora e a colocou sobre o sofá, beijando-a ferozmente, explorando cada ponto daquela boca macia e de hálito quente. Retiraram as roupas com urgência e se amaram.
-- Tenho certeza que me arrependerei disso: gente, suor, samba, pagode e um monte de mulher dando em cima de você. – Isadora estava envolvida em um abraço, acariciando a barriga da morena. – O que você não consegue de mim, usando esta tática?
-- Mel! – mordeu de leve o lábio inferior da morena. – Parece até que premeditei a situação. – falou com uma fingida inocência.
-- Sabe que estou falando sério e vou adiantar: ai de quem olhar por mais de dois segundos para você.
-- Sua bobona! – beijaram-se - Vem aqui que vou lhe mostrar o que vai acontecer se alguém me olhar. – segurou o rosto da morena e lhe deu um beijo, deixando-a quase sem fôlego – Viu?
-- Não vi, mas preciso sentir novamente. Repete?
Fim do capítulo
Não estão gostando? Poucos comentários e imagino logo o pior...kkkkk
Comentar este capítulo:
Alexia
Em: 05/07/2017
Ansiosa pra saber o que vai acontecer nesse carnaval com Isa e Mel adorei o fora que a Mel deu no crápula kkk e gostei mais ainda quando ele teve que vê com seus olhos as duas juntas seria tão bom se Mel não se envolvesse com esse crápula na torcida pelas duas! Bjs!
Ps autora não fique carente estamos aqui pra comentar e trocar idéias e a sua história é umas das mais lindas que já li! Até o próximo capítulo bom final de semana!
Resposta do autor:
KKKKKKKKkkk Todo mundo querendo saber do carnaval, e eu fui má, coloquei para depois kkkk Obrigada Alexia. Até a próxima beijos
josi08
Em: 03/07/2017
Ai ai autora carente.....nem pense em parar com essa história antes do fim viu.....amamos demais esse casal.....o potinho de mel nao vai fca tao melzinho assim nesse Carnaval pelo visto....ansiosa por mais capitulos...
Resposta do autor:
Só saberemos do resultado do carnaval depois. Vamos aguardar. beijos
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